S.Francisco 49ers at Atlanta Falcons
1 | 2 | 3 | 4 | F | |
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S.Francisco 49ers | 0 | 14 | 7 | 7 | 28 |
Atlanta Falcons | 7 | 14 | 0 | 0 | 24 |
Kaepernick Effect

Um fenómeno recente, que tomou de abalada a liga. A ascensão meteórica de Colin Kaepernick é um dos assuntos do ano
FOnte da Imagem: AP Photo/Mark Humphey
E pronto. Caminha-se a passos largos para o final da temporada, prestes a desvendar o vencedor da época. Um campeão coroado após uma maratona de jogos, numa competição cada vez mais equilibrada e decidida, muitas vezes, por pontuais aparições da Sorte ou Azar, entidades que interferem de forma regular com os desfechos dos encontros. Foi uma bela caminhada, pontuada por espectáculos de grande nível. Estes tiveram o seu epicentro nos playoffs, a partir da divisional round. A emoção. O suspense. As grandes jogadas. A capacidade de superação. Tudo se reuniu, nas duas últimas semanas, para presentear os fãs com inolvidáveis jogos, daqueles que perduram na memória, anos a fio. Era com expectativa que se aguardava o embate entre duas das mais fortes formações da NFC. Os Falcons, finalmente, venceram uma partida a eliminar, sob a égide de Mike Smith. Derrotando, de forma dramática, os Seahawks, a equipa de Atlanta ultrapassou os seus receios mentais, que a tolhiam nas alturas cruciais. Equipa adulta, maturada nos últimos anos, jogava em casa, perante um público entusiasta, sabendo que uma vitória carimbaria a segunda aparição de sempre num Super Bowl. No conforto do camarote luxuoso, o general manager Thomas Dimitroff seria, porventura, um dos mais nervosos, com o desenrolar da partida. Contratado por Arthur Blake, o dono, para resgatar a franquia do opróbrio, após o escândalo Michael Vick, Dimitroff procurou emular o sucesso que tinha conhecido, enquanto braço direito de Bill Belichick nos Patriots. A mesma criteriosa escolha do treinador, o quase desconhecido Mike Smith. A aposta num quarterback cerebral, com laivos de Tom Brady. A construção do roster via draft, introduzindo apenas algumas peças vindas da free agency. A caminhada, com avanços e recuos, foi árdua, sofrendo revezes nos playoffs. Mas, finalmente, a equipa parecia conseguir atingir o que lhes estava preconizado, no papel. Tornarem-se campeões e iniciarem uma dinastia, dotando a franquia de condições permanentes para ser competitiva. Do outro lado, o ressurgimento duma equipa histórica, com a precocidade associada à presença na final. Quem, no seu mais elementar bom senso, arriscaria profetizar, após a contratação de Jim Harbaugh em 2011, que os 49ers estariam presentes em anos consecutivos na final da conferência? Que poção mágica teria o ex-treinador de Stanford para fazer como César e usar o célebre “chegar, ver e vencer”? Num passe de mágica, a equipa de S.Francisco dominou a sua divisão, afastou adversários e chegou às portas do Super Bowl. No ano passado apenas a infelicidade individual de Kyle Williams, com dois crassos erros no retorno de punts, evitou a ida ao jogo supremo. E este ano? Confirmaria a equipa o favoritismo que lhe era atribuído, com o efeito Colin Kaepernick a a sentir-se, em Atlanta?
O Jogo
Um déja-vu inicial, com os Falcons a massacrarem a defesa dos 49ers, onde um combalido Justin Smith mostrava estar longe da melhor forma física e não conseguia estancar o metódico jogo de passe do adversário. Matt Ryan, robótico, beneficiava duma excelente protecção da linha ofensiva para usar as suas duas armas letais: Júlio Jones e Roddy White. Uma defesa até pode ser coesa. Dar mostras semanais de solidez. Parecer inexpugnável. Mas passes teleguiados e movimentação constante dos receivers tornam-na permeável. E assim, com uma simplicidade que deixou todos atónitos, os Falcons chegaram a um confortável parcial de 17-0, parecendo senhores do jogo. Se algo a temporada ensinou ao espectador é que os dogmas existem para serem desfeitos. Vantagens confortáveis? Pfff. São anuladas, quando se acertam marcações e se soltam os talentos individuais. Os Seahawks tinham mostrado as debilidades destes mesmos Falcons, na semana passada, levando-os ao limite. Zach Miller, o tight end, teve o melhor jogo da temporada, explorando as crossing routes e mostrando que aquela zona do terreno podia ser crucial. O plano de jogo dos 49ers tentou, logicamente, emular esse sucesso. Vernon Davis, desaparecido nestes playoffs, revelou-se instrumental na recuperação, dando linhas de passe seguras a Kaepernick. Este, por sua vez, foi mais contido no scramble, permanecendo no pocket, usufruindo do trabalho da linha ofensiva (mesmo que Mike Iupati tenha sentido enormes dificuldades em segurar Corey Peters), usando a read-option como arma principal para dinamizar o ataque. A sua parceria com Frank Gore foi decisiva, abusando da defesa contrária, incapaz de parar o jogo terrestre. O momentum inicial dos Falcons definhou, num ápice. Ainda teve um estertor, quando a vantagem de 17-14 foi alargada, em novo touchdown de Júlio Jones. Mas era visível que os 49ers eram melhores, mesmo adiando a resolução da contenda. David Akers falhou um field goal, incapaz de capitalizar a intercepção de Matt Ryan. O kicker, numa notória curva descendente, parece ter chegado ao fim dos seus dias de profissional. Depois, como se o destino se tivesse encarregado de perseguir a franquia de Jim Harbaugh, nova ultrapassagem no marcador foi adiada, quando Michael Crabtree tem um fumble (notável trabalho de Dunta Robinson, a conseguir sacar a bola) bem junto da goal line. Era, também aqui, uma reviver dos acontecimentos datados de um ano atrás, quando estes mesmos 49ers perderam na final de conferência, mercê de dois [graves] erros individuais de Kyle Williams, no retorno de punts. Há que dar crédito ao trabalho do coordenador defensivo dos Falcons. Uma semana de trabalho intensa, analisando o ataque do opositor, e o que se pode dizer é que Kaepernick foi manietado. Jogando sempre com o front seven bem aberto, tapando os caminhos de fuga pelas laterais, o quarterback dos 49ers foi quase sempre obrigado a permanecer confinado ao pocket. A estratégia resultou, mas de forma parcial. Kaepernick não é um jogador unidimensional. Se não pode correr, usou o passe ou a já referida read-option, dinamitando o jogo através de Frank Gore. A read-option resulta da acção do quarterback, recebendo o snap e analisando de forma rápida a defesa contrária, usando depois uma espécie de playaction para ludibriar os oponentes, simulando a entrega da bola ao running back ou, em alternativa, usando o handoff e correndo ele. Se, como se viu, a estratégia dos Falcons passava pela contenção de Kaepernick, com os defesas com o alerta máximo para qualquer movimentação do QB, Kaepernick limitou-se a explorar essa atenção concentrada em si para dar rotas de fuga a Frank Gore. O efeito foi devastador, com a defesa incapaz de se adaptar a essa ilusão criada na linha de scrimmage.
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Highlights do Jogo: http://www.nfl.com/videos/auto/0ap2000000128766/49ers-vs-Falcons-highlights
1º Período
“Aí vêm os Falcons” Quase como se de um grito de guerra se tratasse, os Falcons iniciaram a contenda a todo o gás, imitando o que tinham feito, uma semana antes. 3 minutos e meio e voilá. TD. Passes de 13 jardas (Júlio Jones) e 16 (Roddy White) para finalizar em crescendo, numa bomba de 46 jardas, recebida por Júlio Jones. Impressionante início dos Falcons. Depois de um 3-and-out por parte dos 49ers, novamente Matt Ryan abusando da secundária contrária. Passes longos, bem medidos e precisos, para ganhos substanciais. A drive, travada nas 17 jardas dos 49ers, permitiu um field goal fácil de Matt Bryant (35 jardas), colocando o resultado em 10-0. Shutout dos 49ers, em 15 minutos de pura ineficácia.
2º Período
Que melhor início de período podia ser pedido, ao começar praticamente a alargar a vantagem? A defesa dos Falcons tinha, ainda no 1º período, frustrado nova investida dos 49ers, que esbarraram em novo 3-and-out. Matt Ryan passou para Roddy White, num ganho de 23 jardas (impressionante os lances de 20 ou mais jardas que os Falcons concretizaram, em apenas 15 minutos) no derradeiro lance do 1º período. No snap inicial do 2º, Ryan lançou nova bomba para Júlio Jones, precisamente de 20 jardas, colocando o estádio em completo delírio. Não era caso para menos. 17-0 e um mar de inesperadas facilidades. Os mais precavidos terão, no entanto, recordado o jogo anterior, com os Seahawks, que recuperaram duma desvantagem de 20 pontos e ameaçaram a vitória, até ao derradeiro suspiro da partida.
E o mesmo voltou a acontecer. O front7 dos Falcons não deixava Kaepernick correr? No problem. O quarterback usou nova estratégia, ludibriando as marcações na linha de scrimmage, optando por usar Frank Gore. A opção atacante não se coibiu, no entanto, de usar o passe. Randy Moss e Michael Crabtree tiveram ganhos importantes, na drive, permitindo que a bola viajasse até à linha de 15 jardas dos Falcons. LaMichael James finalizou a jogada, numa corrida cheia de estilo, com vários cuts a enganarem os adversários. 17-7.
Foi a vez do ataque dos Falcons ter uma rápida aparição. Entraram, falharam e saíram. Bola nos 49ers, que começam a drive com uma penalidade de 9 jardas (holding de Mike Iupati). Mesmo com essa contrariedade, Kaepernick encontrou Vernon Davis, pela 1ª vez no jogo, para um ganho de 19 jardas. Depois, na sua única investida fora do pocket, o mesmo Kaepernick correu 23 jardas. Logo de seguida, com 15 jardas dadas por uma falta pessoal de Stephen Nicholas, o QB voltou a encontrar Vernon Davis, no centro do campo, completamente sozinho. 25 jardas e bola a apenas 4 jardas de novo TD. Foi o que aconteceu. Kaepernick to Davis e touchdown. 17-14. Jogo ao rubro.
Os Falcons conseguiram reagir, num balão de oxigénio precioso. Matt Ryan usou White e Jones para ganhos sucessivos, terminando uma rápida drive num passe de 10 jardas para quem? Tony Gonzalez, tight end de profissão, figura emblemática da equipa, recebendo o seu (sabe-se agora) último touchdown na carreira. 24-14 e novo fôlego para a acossada equipa da casa.
3º Período
Mesmo com o atraso no marcador, pressentia-se que seria uma questão de tempo até os 49ers passarem para a frente do marcador. O ataque tinha descoberto a fórmula mágica para subir no terreno, em constantes ganhos. Randy Moss, discreto mas eficaz, conseguiu uma recepção de 21 jardas. O duo de running backs acrescentou sempre pequenos ganhos. Kaepernick fez o resto. Passe de 20 jardas para Delainie Walker, o tight end que tinha tido problemas de drops na semana passada, e depois para Randy Moss, num ganho de 17. Sem perderem muito tempo (apenas 3 minutos e meio) os 49ers plantaram-se na red zone adversária. Frank Gore fez o resto, correndo as últimas 5 jardas e colocando o marcador em 24-21.
A pressão fez, finalmente, mossa. Matt Ryan sofre um dos raros sacks do jogo. Procurando recuperar as jardas perdidas, força o lançamento para Roddy White. Este escorrega, levando a bola a ser interceptada por Chris Culliver. Primeiro turnover do jogo, que dava a possibilidade dos 49ers passarem para a frente, pela 1ª vez. Tudo parecia encaminhado para isso quando Kaepernick tornou a mostrar a empatia crescente com Vernon Davis, num ganho de 29 jardas. A drive esbarrou na linha das 20 jardas dos Falcons. Os 49ers preferiram o field goal, em detrimento dum 4-and-2. David Akers, no entanto, desperdiçou o ensejo e falha o FG de 38 jardas. Tudo igual, mas era notório que o nervosismo tinha feito a sua entrada, na mente de vários intervenientes no jogo. Na drive consequente Matt Ryan tem novo erro, ao receber um snap e a retirar momentaneamente o olhar da bola. Foi o suficiente para esta resvalar nos seus dedos e cair para o relvado. Aldon Smith, felino, recuperou o fumble e deu a posse de bola para a equipa de S.Francisco.
4º Período
Últimos 15 minutos, com a tensão crescente a ser quase insustentável. Kaepernick tem o passe com mais ganho da noite, encontrando Michael Crabtree, num lance de 33 jardas. Os 49ers ficaram colados à glória, bem dentro da red zone do adversário. Apenas 5 jardas separavam a equipa de novo TD. No lance seguinte, Kaepernick procurou novamente Crabtree. O lance, num aparente ganho de 3 jardas, permitiria uma óptima posição para o snap seguinte. Mas o receiver procurou, como tantas vezes, ganhar mais alguma coisa, mesmo pressionado por dois adversários. Parecia que o lance teria sucesso, mas a última investida de Dunta Robinson provocou o fumble, bem em cima da goal line. A bola, recuperada pelos Falcons, permitiu a manutenção da liderança. E os 49ers ficaram novamente frustrados, como se perseguidos pelo Destino. Seriam eles capazes de encontrar forças para tentar, novamente? A resposta é um SIM. Rotundo. Os Falcons ficaram com a bola, é certo, mas numa péssima situação no terreno, emparedados pela próprio end zone. Não conseguindo circular o esférico, saíram num 3-and-out, colocando a ofensiva dos 49ers novamente em acção. Para valer, desta feita. Gore e Anthony Dixon fizeram o trabalho de sapa, ajudados por uma recepção de Crabtree, de 9 jardas. Depois, novamente Frank Gore a correr as últimas 9 jardas e a colocar o marcador no resultado final.
Os Falcons, recebendo a bola com mais de 8 minutos e necessitando de um touchdown, procuraram avançar no terreno, enquanto esgotavam o relógio. A intenção era clara, num risco assumido. Marcar o TD da vitória e, ao mesmo tempo, deixar um tempo residual no cronómetro, impedindo uma posterior reacção do adversário. Estratégia arriscada, mas correcta, que poderia ter tido sucesso. Os Falcons chegaram às 13 jardas do adversário. Matt Ryan sofreu um hit violento, que o colocou combalido. Foi o final dramático, quando o 4º down não foi concretizado com sucesso. Ali, com a goal line bem visível, os Falcons morreram de forma digna e algo cruel.
As Nossas Escolhas
MVP: Jim Harbaugh. Quem disse que o MVP de um jogo tem que estar lá dentro, a jogar? Quebremos esse dogma. Antes da chegada de Jim Harbaugh à cidade, os 49ers coleccionaram 8 temporadas consecutivas com mais derrotas do que vitórias, permanecendo afastados da ribalta. Jim adoptou o papel de um feiticeiro, conseguindo algo impensável. No seu ano de estreia venceu a divisão, entrou nos playoffs e fez renascer a mística em redor da franquia, ao chegar à final da NFC. Derrotado, de forma dramática, conseguiu fazer o roster superar psicologicamente dessa perda, enfrentando nova temporada com o mesmo espírito de conquista. O resultado está à vista. 19 anos depois os 49ers chegam ao Super Bowl. E fazem-no com mérito, que tem que ser distribuído por imensa gente. À cabeça, o estratega. A mudança de quarterback, em Novembro, provocou forte celeuma, levantando um rol de dúvidas quando o fiável Alex Smith foi preterido em relação ao inexperiente Kaepernick. Criticado duramente (também eu achei incompreensível e arriscada a alteração) por poder hipotecar, com esse movimento, todo o trabalho feito, tem agora a consagração merecida, provando que a alteração foi crucial para aumentar ainda mais o grau de perigosidade destes 49ers.

Imagem de pura felicidade, Jim Harbaugh é conduzido para o balneário, no final do encontro
Fonte da Imagem: AP Photo/Dave Martin
Positivo: Júlio Jones acabou o encontro como a principal figura dos Falcons, tendo sido o mais incómodo adversário dos 49ers. O seu desempenho foi magnífico, merecendo uma presença no Super Bowl. Fazendo uso da sua velocidade e capacidade de desmarcação, foi desde cedo uma evidente dor de cabeça para a secundária dos 49ers, incapaz de travá-lo. Terminou o jogo exausto, com 11 recepções, 182 jardas e 2 TDs. Jogo memorável mas que lhe deixará um travo amargo de desilusão. Igualmente merecedor de crédito, o seu parceiro do lado oposto foi competente. Roddy White, 7 recepções para 100 jardas, constituiu sempre uma alternativa fiável no jogo aéreo, evitando que as atenções do adversário se centrassem apenas em Júlio Jones. Tony Gonzalez, animicamente despedaçado no final, jogou como sempre. O tight end, futuro Hall of Famer, realizou a sua última partida na NFL, numa carreira recheada de momentos de qualidade e talento…mas sem títulos. Pela primeira vez, Gonzo (como é carinhosamente apelidado pelos adeptos), jogou uma final de conferência, na esperança de terminar os seus dias de profissional na festa suprema do futebol americano. Não foi possível, mas deixou a sua marca no jogo. 8 recepções, 78 jardas e 1 TD são números gratificantes na despedida.

Festa final dos 49ers, celebrando a ida ao Super Bowl, 19 anos depois
Fonte da Imagem: AP Photo/Dave Martin
Nos 49ers foi evidente a vulnerabilidade do adversário ao jogo terrestre. Frank Gore mostrou a eficiência do costume, correndo 21 vezes, para 90 jardas e 2 touchdowns. O seu backup, o rookie LaMichael James, promete ser um caso sério na NFL. Vindo com enorme hype da universidade de Oregon, onde o agora treinador dos Eagles explorou a sua velocidade e talento, tem solidificado a sua importância no roster, nas últimas semanas. Marcou um TD, pela primeira vez na carreira profissional, numa corrida de 15 jardas, mostrando os predicados que o tornaram famoso no College. Colin Kaepernick, se limitado no jogo corrido, foi eficaz na condução das drives. 16/21 no passe, 233 jardas e 1 TD, recebido por Vernon Davis, numa noite em que evitou cometer erros crassos. Vernon Davis teve, conforme dito acima, uma noite excelente, assumindo-se como ameaça mais letal face ao apagamento de Michael Crabtree. 5 recepções, 106 jardas e uma finalização de sucesso. Elogios repartidos entre [quase] todos os membros da OL, que mantiveram a solidez habitual na protecção ao passe e foram excelentes como run blockers. A excepção foi o left guard, Mike Iupati, numa noite particularmente difícil. Na defesa, deve destacar-se o aparecimento do linebacker Aldon Smith. Ele, no seu segundo ano, é o melhor pass rusher dos 49ers, em termos de produtividade. Mas, estranhamente, quando namorava o mítico recorde de Michael Strahan, no número global de sacks numa época, decresceu assustadoramente de forma. O seu último sack foi obtido na jornada 14. Não foi ainda que ele chegou ao quarterback, mas pelo menos revelou um dinamismo suficientemente disruptivo, criando brechas na OL dos Falcons. 2 hits e 5 hurries e muita ajuda contra o jogo corrido, irrompendo no backfield e obrigando a alterações de rotas dos running backs, logo fadadas ao insucesso.
Negativo: Matt Ryan caminhava, a passos largos, para um jogo memorável, se a partida terminasse ao intervalo. Até lá, Ryan foi dono e senhor do encontro, penalizando os 49ers e mostrando uma segurança e firmeza que pareciam inabaláveis. O pior veio na 2ª metade. As marcações na secundária de S.Francisco foram afinadas, não permitindo os ganhos de jardas verificados até ao intervalo e os erros apareceram. Dois erros que maculam a exibição do quarterback e foram instrumentais no destino final do jogo. Uma interceptação e um fumble perdido, quando a bola enviada do snap não foi agarrada, deram oportunidades de sobra ao adversário para recuperar o atraso no marcador.

Matt Ryan, imagem do desalento dos Falcons, após uma derrota que assumiu contornos de dramatismo
Fonte da Imagem: AP Photo/David Goldman
A defesa também não sai incólume da derrota. Se é certo que o estratagema de impedir Kaepernick de fugir do pocket resultou em pleno, falhou no global. O jogo corrido dos 49ers foi sempre consistente, acrescentando jardas. Akeem Dent, Sean Weatherspoon e Stephen Nicolas podem gabar-se de não ter existido uma corrida do adversário acima das 15 jardas (o lance do TD de LaMichael James), mas existiram ganhos sistemáticos de 5,6 e 7 jardas, permitindo que o ataque fosse dinâmico, a partir do 2º período.
Nos 49ers é estranho eleger Mike Iupati como elemento com performance negativa, mas a realidade foi mesmo essa. O left guard, habitualmente sólido em ambas as vertentes de protecção (passe e corrida), vindo duma notável exibição frente aos Packers, foi titubeante e permeável, revelando enormes dificuldades para suster Corey Peters, a quem permitiu um sack e uma série de pressões. Tarrell Brown, o cornerback do lado direito, e Dashin Goldson, free safety, não saíram imaculados da partida, com Júlio Jones a colocá-los em situações algo humilhantes.