San Francisco 49ers at New Orleans Saints
| 1 | 2 | 3 | 4 | F | |
|---|---|---|---|---|---|
| San Francisco 49ers | 7 | 7 | 14 | 3 | 31 |
| New Orleans Saints | 7 | 7 | 7 | 0 | 21 |
Furacão Fangio
No dia 14 de Janeiro de 2012, em Candlestick Park, São Francisco, Califórnia, os New Orleans Saints caíram aos pés daquela que foi uma das maiores surpresas na NFL na temporada transacta, com um TD de Vernon Davis a nove segundos do final da partida. Com esse amargo de boca, a formação de New Orleans via no jogo desta Jornada 12 da NFL a oportunidade perfeita para vingar o resultado que os arredou da luta pelo título.
Com uma série de 5v-1d nos últimos 6 jogos, depois de um arranque para esquecer com quatro derrotas consecutivas a abrir a temporada, os Saints procuravam contra os 49ers continuar a senda de vitórias, a que não foram alheios os regressos do Linebacker Jonathan Vilma e do treinador adjunto Joe Vitt, após o Bounty Scandal que teve efeitos devastadores para Drew Brees e companhia.
Se os Saints se apresentavam para este jogo como um dos melhores ataques da NFL, pela frente tinham “apenas” a segunda melhor defesa da prova, em termos estatísticos, mas a melhor ao nível de pontos permitidos ao adversário. A equipa de Jim Harbaugh chegava ao Louisiana com um impressionante registo de 7v-2d-1e, liderando a NFC West com margem significativa sobre os Seattle Seahawks.
A grande novidade para esta partida seria a aposta assumida em Colin Kaepernick, na sua segunda temporada na NFL, como QB titular, relegando Alex Smith para as segundas opções. O jovem QB fez dois grandes jogos na ausência de Smith, pelo que Harbaugh demonstrou toda a sua confiança na fórmula de sucesso que tinha garantido uma folgadíssima vitória sobre os Chicago Bears na semana anterior.
Curiosidade ainda para o facto de os Saints apresentarem ao longo dos últimos anos um impressionante registo de 14v-0d em Novembro, o que no campo psicológico lhes garantia mais uma vantagem à entrada para este jogo importantíssimo, perante um Mercedes-Benz Superdome a rebentar pelas costuras.

Defesa dos 49ers arrasa New Orleans
Fonte da Imagem: Associated Press
O Jogo
Apesar de habituada a ser fustigada por furacões, a cidade de New Orleans não estaria por certo à espera de um de nome Fangio, em Novembro, quando os radares meteorológicos já não registam actividade semelhante. Vic Fangio, coordenador defensivo da equipa de São Francisco, foi o mentor de uma vitória que carimba em definitivo o passaporte dos 49ers para os playoffs, dada a vantagem que possui sobre os seus perseguidores Seahawks, a cinco semanas do final da regular season. Apenas uma improvável série de cinco derrotas consecutivas poderia pôr em causa o título de campeões da divisão à equipa de Jim Harbaugh.
Cinco sacks e duas intercepções para TD por parte dos 49ers foram a resposta à eterna pergunta sobre se quem ganha os jogos: são as defesas ou os ataques? A defesa dos 49ers fez praticamente os mesmos pontos do ataque e decidiu o resultado a seu favor.
Contudo, à beira do intervalo, nada fazia prever tal desfecho. Os Saints lideravam por 14-7 e após uma intercepção tinham a oportunidade de aumentar a vantagem nos dois minutos finais da primeira parte. Mas foi neste momento que o jogo conheceu a viragem decisiva. Brees, até então quase perfeito, permitiu a intercepção de Ahmad Brooks para um return TD de 50 jardas, empatando o jogo na ida para o descanso.
A mesma situação repetir-se-ia no início do terceiro período, fazendo o parcial atingir 21-0 para os 49ers, e a partir desse momento os Saints nunca mais se encontraram. Ainda viriam a reduzir mas sem nunca chegarem a ameaçar verdadeiramente a vitória da equipa da costa oeste. Com a equipa da casa em crescendo nas últimas semanas, principalmente defensivamente (o que foi confirmado nesta partida), só mesmo parando o ataque liderado por Brees seria possível calar os mais de 65 mil que lotaram o Superdome. A estratégia montada por Vic Fangio conseguiu-o, o que é demonstrado não só pelos sacks e intercepções já mencionadas, mas também pelo reduzido número de jardas conseguidas pelo chão pelos Saints, apenas 59, quando nos três jogos anteriores haviam conseguido sempre 140 ou mais jardas.
Com um jogo muito físico, foi impressionante ver a facilidade com que a defesa dos 49ers rompia a protecção a Drew Brees e somava sacks que fizeram perder muitas jardas aos anfitriões. Para isso contribuiu também o facto de os Saints terem de apresentar como Right Tackle o recém contratado William Robinson, devido às lesões dos habituais titulares. Com apenas quatro dias de treinos, este foi o elo mais fraco e o início da derrocada da sua equipa.
Ainda assim, Brees conseguiu dar continuidade ao seu recorde de jogos consecutivos com passe para TD, aumentando-o para 54 partidas. E a sua defesa conseguiu o melhor jogo da época em termos de jardas permitidas. Ironicamente, foi a defesa coordenada por Fangio a ganhar o jogo.
Na próxima quinta-feira, em Atlanta, frente ao seu rival histórico, os New Orleans Saints vão ter de se refazer da devastação de mais um furacão, sob pena de poderem morrer na praia, depois de uma épica recuperação que os deixou a sonhar com os playoffs.
Links
Highlights do jogo: http://www.nfl.com/videos/auto/0ap2000000100772/49ers-vs-Saints-highlights
1º Período
Se o jogo iria ser decidido pelas defesas, cedo deu para perceber essa supremacia. As três primeiras posses de bola (2 dos Saints e uma dos 49ers) terminaram em punt sem que qualquer das equipas lograsse um First Down sequer.
Mas seria o jovem Colin Kaepernick a aparecer primeiro na partida. Com um passe para Mario Manningham, o WR receiver furtar-se-ia aos tackles adversários e atingiu as 20 jardas de New Orleans, com um ganho total de 40 jardas. Os 49ers eram os primeiros atingir a Red Zone e rapidamente conseguiriam abrir o marcador através do seu QB. O mesmo Manningham ganhou mais 13 jardas na jogada seguinte, para Kaepernick fechar o drive com uma corrida curta de 7 jardas, sem qualquer oposição.
Drew Brees não lhe ficou atrás e com um drive de 79 jardas empatou a partida perto do final do primeiro período. O ponto alto foi a recepção de Joseph Morgan, de 33 jardas, num passe longo de Brees que deixou os Saints perto da Red Zone contrária. O TE David Thomas faria o TD, num passe de Brees de 6 jardas, naquele que foi o seu segundo TD da época, nos poucos minutos em que é utilizado em detrimento do indiscutível Jimmy Graham (que tinha celebrado o seu 26º aniversário na véspera).

Kaepernick dá início à vitória dos 49ers
Fonte da Imagem: Reuters
2º Período
No segundo período do jogo a história não foi muito diferente do primeiro, alternando-se essencialmente a marcha do marcador e as primeiras grandes jogadas das defesas de ambos os lados. Seria a defesa dos Saints a primeira a aparecer e a adiantar a equipa no marcador, pela primeira e única vez. Rafael Bush aproveitou a falha de Ted Ginn Jr. na recepção de um punt de Thomas Morstead e agarrou à primeira a bola das mãos do adversário, permitindo a Brees começar o ataque na linha das 11 jardas de São Francisco.
Como melhor ataque da NFL na Red Zone, Brees não teve qualquer dificuldade em adiantar a sua equipa no marcador com um passe para o inevitável WR, Marquis Colston, para o seu 56º TD da carreira, todos a passe de Drew Brees.
Depois de mais algumas posses sem pontos para nenhuma das equipas, a defesa dos Saints voltou a demonstrar a melhoria que tem apresentado de jogo para jogo, com o CB Patrick Robinson a interceptar um passe de Kaepernick, após um péssimo snap dos de São Francisco, que levou ao erro do QB.
Faltavam 38 segundos para o final da primeira parte com a bola nas 44 jardas de New Orleans. O estádio ansiava por mais um TD antes do intervalo… só que não esperava que fosse para os forasteiros. Num momento decisivo do jogo, a defesa dos 49ers apareceu de forma decisiva. Um passe para Jimmy Graham foi antecipado por Ahmad Brooks sobre a linha do meio-campo, com o Outside Linebacker a conseguir correr até à end zone sem oposição, garantindo o empate ao intervalo.

Brooks empata à beira do intervalo
Fonte da Imagem: San Francisco 49ers
3º Período
O derradeiro momento da etapa inicial acabaria por ser decisivo em termos psicológicos. Com a primeira posse de bola do período complementar a pertencer aos 49ers, os de Harbaugh não se fizeram rogados e carimbaram a reviravolta no marcador.
Com um passe longo no 3º down no início do drive, Kaepernick encontrou o TE Delanie Walker num ganho de 45 jardas. Duas jogadas depois, era a vez do RB Kendall Hunter correr com a bola 21 jardas, deixando Kaepernick na linha de 6 jardas dos Saints. O QB de 2º ano não se fez rogado e precisou apenas de uma jogada para conseguir o TD. Um passe curto para a direita para Frank Gore permitiu ao RB somar o seu primeiro TD da época numa recepção (soma 5 rushing TD).
Com os 49ers de novo na frente, a equipa do Louisiana tinha de voltar a correr atrás do resultado. Conseguiram-no na primeira parte. Na segunda, as esperanças de igual desiderato foram devastadas pelo Furacão Fangio. Segunda posse de bola consecutiva com intercepção para TD. Assim terminou a primeira parte. Assim começou a segunda.
No primeiro down da posse de bola dos Saints, Brees sofreu o primeiro de cinco sacks. No segundo down, já com 18 jardas para conquistar, o QB dos anfitriões procurou Colston, num lançamento um pouco alto. O WR ainda conseguiu voar para tocar na bola, mas sem a conseguir segurar, caindo aparatosamente no chão de cabeça (felizmente sem danos de maior, regressando ao jogo depois de um teste de contusão cujo resultado foi negativo). A bola foi parar às mãos do Safety Donte Whitner que correu 42 jardas para mais um TD.
Se a poucos segundos do final do primeiro tempo, a equipa de São Francisco lutava para não ficar com 10 ou 14 pontos de desvantagem no descanso, quem diria que com três minutos jogados do terceiro período, os 49ers liderariam o marcador por 14 pontos?
Drew Brees sabia que estava esgotada a margem de erro e que só um jogo perfeito até final poderia permitir aos Saints chegar à vitória, que os colocaria pela primeira vez esta época com um saldo percentual positivo.
Arrancando das suas 20 jardas, Brees liderou o drive de início ao fim, destacando-se um passe longo fantástico, para uma não menos extraordinária recepção de Lance Moore, para um ganho de 43 jardas. A posse de bola dos Saints terminaria com mais um passe de Brees para TD para o Fullback Jed Collins. Voltavam a sonhar os Saints, com apenas sete pontos a separar as equipas e muito tempo por jogar.
Porém, até final do terceiro período, pouco houve a destacar. Apenas mais um sack da defesa dos 49ers a Brees, e uma dupla lesão, na mesma jogada, do WR Kyle Williams e do RB Kendall Hunter dos 49ers que não mais voltariam ao jogo.

Colston em queda naquela que seria a intercepção que virou o jogo em definitivo
Fonte da Imagem: AP Photo/Bill Haber
4º Período
E quando parecia que o quarto período seria frenético de emoção… o furacão Fangio fechou por completo o caminho à equipa de Joe Vitt. O período derradeiro abriu com uma longuíssima posse de bola da equipa da costa oeste, que se havia iniciado quando ainda restavam mais de dois minutos para jogar no terceiro período, com a bola na linha das seis jardas de São Francisco.
Não conseguiriam o TD, mas os 49ers percorreram 85 jardas em 16 jogadas e durante mais de seis minutos, até que David Akers juntou mais três pontos ao marcador, com um Field Gold de 27 jardas, obrigando os Saints a necessitar de pelo menos duas posses de bola para poder ganhar a partida.
Só que até final, e apesar de três posses de bola, os Saints apenas conseguiriam por uma vez passar a linha de meio-campo… e quando faltavam quatro segundos para o término do encontro.
Até lá, Brees sofreu mais três sacks, nunca conseguindo encontrar o antídoto necessário para parar a agressiva defesa dos 49ers. Também os de São Francisco não marcaram mais qualquer ponto até final, apesar de Gore ter festejado um TD que viria a ser anulado por Holding de um companheiro. David Akers tentou dois Field Goals, mas se no primeiro, a 50 jardas, falhou no alvo, no segundo viu o seu pontapé ser bloqueado, a 33 jardas dos postes, por Malcolm Jenkins que asseguraria a posse de bola para os da casa.
Nota final para o facto de nesta jogada o DT Brodrick Bunkley dos Saints ter sido expulso por pontapear na cabeça um adversário que se encontrava por terra.

Jenkins bloqueia Field Goal de Akers
Fonte da Imagem: Michael C. Hebert
As Nossas Escolhas
MVP: Defesa dos 49ers. Muitas vezes se questiona se é mais importante ter uma grande defesa ou um grande ataque para se ganharem títulos. Os 49ers (a par dos Bears e dos Ravens) são provavelmente o maior exemplo de que é possível ambicionar o título com uma grande defesa.

Furacão defensivo dizimou New Orleans
Fonte da Imagem: David Grunfeld, Nola.com |The Times-Picayune
Este domingo à noite, em New Orleans, o coordenador defensivo Vic Fangio, preparou uma estratégia de sucesso para parar o prolífico ataque liderado por Drew Brees.
É impossível destacar um jogador, numa defesa que conseguiu dois TD por intercepção e cinco sacks ao que para muitos é considerado o melhor QB da NFL da actualidade. A somar a estes dados, registe-se o facto de ter parado o rushing game dos Saints, que depois de um início de época para esquecer, somava mais de 140 jardas por jogo nos últimos três encontros que havia disputado. A defesa dos 49ers apenas permitiu 59 jardas ganhas aos Saints e começou aí a sua vitória, obrigando Brees a jogar pelo ar.
Positivo: Colin Kaepernick – Muito se falou na última semana sobre quem Jim Harbaugh escolheria como QB para iniciar o jogo em New Orleans. A escolha foi a mais popular (os adeptos dos 49ers não morrem de amores por Alex Smith), mas a ver pelo resultado final, também a mais acertada. O longilíneo QB de segundo ano, Colin Kaepernick, deu uma cabal demonstração do seu valor somando 231 jardas, um passe para TD e um TD em corrida. Permitiu apenas uma intercepção, mas nem isso o fez tremer, conseguindo sempre um jogo muito consistente e fugindo mais do que uma vez ao sack da defesa de New Orleans.
Delanie Walker – O Tight End dos 49ers foi um protagonista improvável do jogo. Como número dois da posição, Walker é poucas vezes alvo do QB da sua equipa. Contudo, num só jogo, em New Orleans, somou praticamente o mesmo número de jardas que havia conseguido em 11 jogos da presente temporada.
Defesa dos Saints – Foi o patinho feio da equipa durante semanas. Steve Spagnuolo foi contratado na off season, após a saída de Greg Williams (que mais tarde seria suspenso por tempo indeterminado devido ao Bounty Scandal), mas apesar da sua valia, não se conseguem fazer milagres na NFL num par de semanas. Levou tempo, mas a defesa dos Saints parece ter encontrado o seu rumo. Frente aos 49ers, apenas sofreu dois TD’s, conseguindo o jogo com menos jardas permitidas ao adversário esta época (231 de passe e 144 pelo chão). Não conseguiram nenhum sack, mas conseguiram uma intercepção. Faltam cinco jogos para o final da regular season, mas se o milagre dos playoffs for atingido, as perspectivas de a defesa estar ao seu melhor nível na fase decisiva da época são muito boas.
Negativo: Drew Brees/Offensive line Saints – Pode parecer algo injusto destacar negativamente um jogador que passou para dois TD’s e somou 267 jardas. Contudo, de Brees espera-se sempre a perfeição. A sua eficiência nos 3rd downs foi paupérrima (27%) mas muito por culpa dos seus tackles e guards ofensivos que o protegeram de forma deficiente e permitiram cinco sacks aos 49ers. Numa altura em que a defesa dos Saints está claramente em crescendo, o ataque terá de manter o nível sob pena de o sonho dos playoffs morrer em definitivo.
Jimmy Graham e Vernon Davis – Os Tight Ends de Saints e 49ers são dois dos melhores jogadores da NFL nesta posição. Graham pareceu ter ficado na sua festa de anos na véspera, conseguindo apenas quatro recepções para um ganho de 33 jardas. Vernon Davis temos sérias dúvidas que tenha aparecido em New Orleans sequer. Aquele que foi o carrasco dos Saints na época passada, foi completamente anulado pela defesa dos Saints, não tendo conseguido uma única recepção ao longo de toda a partida.
Pierre Thomas – Com o regresso de Darren Sproles à equipa, o RB Pierre Thomas parece ter perdido o seu espaço. Chris Ivory, que praticamente não tinha sido opção até à lesão de Sproles, assumiu-se como uma excelente alternativa, assim como Mark Ingram, de quem à muito se esperava um salto qualitativo. Jogador decisivo no título frente aos Colts em 2010, Thomas terá de lutar arduamente para recuperar o seu lugar.





