Highway 101
Fez no passado domingo 23 anos que Jerry Rice fez a sua 101ª recepção para TD, passando a ser o jogador com mais recepções para TD da história da NFL. A jogada histórica pode ser visualizada aqui, com um comentário está à altura do momento: “Highway 101 belongs to Jerry Rice – next Exit: Hall Of Fame”.
Se actualmente a ocasião não parece ser motivo de grande destaque, a realidade é que Jerry Rice detém o recorde de recepções para TD desde esse dia, e não se vislumbra que o venha a perder no futuro mais próximo – muitos analistas consideram-no mesmo como o recorde mais seguro da NFL, apesar da liga ser cada vez mais baseada no passe.
Observando a tabela com o top 15 desta categoria, três jogadores merecem destaque: Don Hutson, Steve Largent e Jerry Rice.
Don Hutson
WR dos Green Bay Packers, nas décadas de 1930 e 1940, conseguiu em 11 anos 99 recepções para TD, numa altura em que o jogo de passe era usado esporadicamente, e as temporadas tinham apenas 10 jogos de época regular seguidos do jogo de atribuição do título, tendo Hutson participado e ajudar a ganhar 3 títulos. O seu número – 14 – foi o primeiro número a ser retirado pelos Green Bay Packers. As suas 99 recepções para TD – correspondentes a uma média de 0,85 TD por jogo, são um número absolutamente astronómico ainda para mais em virtude da época em que foram conseguidos. Extrapolando esta média para os 303 jogos efectuados por Jerry Rice, Hutson teria 259 recepções para TD! Absolutamente incrível!
Steve Largent
O segundo nome merecedor de destaque é Steve Largent, WR dos Seattle Seahawks, com o dorsal 80 (também o primeiro número a ser retirado pelos Seahawks), e o primeiro receiver a conseguir tirar partido da alteração das regras que permitiam um maior ênfase no passe. Largent não era um jogador particularmente rápido – dizia-se na brincadeira, que lhe crescia musgo no seu lado norte – mas era um jogador com umas mãos fenomenais e um coração e uma vontade do tamanho do mundo. As suas 100 recepções para TD em 200 jogos ao longo de 14 anos, são a prova disso mesmo.
Jerry Rice
Finalmente, Jerry Rice. Rice não jogou em nenhuma universidade de renome (Mississipi Valley State), e, quando os olheiros o cronometraram na corrida de 40 jardas, a sua velocidade (4.71 segundos) não impressionou ninguém. No entanto, Bill Walsh viu nele algo que era difícil de definir e explicar – “velocidade de futebol”. A “velocidade de futebol” era o facto de, com equipamento completo – joelheiras, uniforme, chumaços e capacete – a fazer os padrões ditados pelas jogadas, ou já com a bola nas mãos após uma recepção, Jerry Rice transformar-se no jogador mais rápido em campo, tendo raramente sido apanhado por detrás. Uma ética inigualável e um regime intensíssimo – raiando o obsessivo – de trabalho de condicionamento físico permitiram-lhe completar 20 temporadas ao mais alto nível, traduzidas nas suas 197 recepções para TD (uma média de 0,65 por jogo), e sempre com o lendário número 80 nas costas. Aliás, o facto de Rice referir Largent como um dos seus ídolos e inspiração, valeu-lhe o facto de Largent ter autorizado e solicitado aos Seahawks que fosse assignado a Rice o “seu” número 80, aquando da breve passagem (6 jogos) deste pelos Seahawks no final da sua carreira.
Ranking |
Jogador |
TDs |
Anos Activo |
1 |
Jerry Rice+ |
197 |
1985-2004 |
2 |
Randy Moss |
156 |
1998-2012 |
3 |
Terrell Owens |
153 |
1996-2010 |
4 |
Cris Carter+ |
130 |
1987-2002 |
5 |
Marvin Harrison |
128 |
1996-2008 |
6 |
Tony Gonzalez |
111 |
1997-2013 |
7 |
Antonio Gates (35) |
103 |
2003-2015 |
8 |
Tim Brown+ |
100 |
1988-2004 |
Steve Largent+ |
100 |
1976-1989 |
|
10 |
Don Hutson+ |
99 |
1935-1945 |
11 |
Larry Fitzgerald (32) |
96 |
2004-2015 |
12 |
Isaac Bruce |
91 |
1994-2009 |
13 |
Don Maynard+ |
88 |
1958-1973 |
14 |
Andre Reed+ |
87 |
1985-2000 |
15 |
Lance Alworth+ |
85 |
1962-1972 |
Hines Ward |
85 |
1998-2011 |
|
Paul Warfield+ |
85 |
1964-1977 |
Legenda: jogadores com o sinal “+” após o nome são jogadores que fazem parte do Hall Of Fame; jogadores sublinhados são jogadores que ainda estão activos neste momento e têm a sua idade entre parêntises; jogadores em negrito são jogadores que começaram a carreira antes de Jerry Rice; jogadores em negrito e em itálilco são jogadores que jogaram a totalidade da sua carreira antes de 1978, altura em que as regras permitiam o contacto “intensivo” com os WR para lá de um espaço de 5 jardas, enquanto o QB não tivesse efectuado o passe)
Entre vários artefactos de Jerry Rice presentes quer no Pro Football Hall Of Fame, quer no museu dos 49ers, aquele que mais me impressionou foi um conjunto de 206 bolas suspensas do tecto num dos corredores do museu dos 49ers:
Essas 206 bolas representam os 206 TDs marcados por Rice (195 recepções para TD, 10 em corrida e um passe para TD) em 16 épocas ao serviço dos 49ers. Rice retirou-se como líder em todas as categorias relevantes para um WR, sendo que entretanto o recorde de mais recepções para TD numa época (23) foi batido por Randy Moss em 2007 ao serviço dos Patriots (Rice conseguiu 22 em 1987 em apenas 15 jogos), e o recorde de jardas em recepções numa época (1964) batido por Calvin Johnson em 2012 (Rice tinha conseguido 1848 em 1995).
Rice domina por completo nas categorias relativas a recepções na post-season, e em 4 SuperBowls (3 vitórias) tem dois jogos com 3 recepções para TD, e outro onde recebeu 11 passes para 215 jardas (foi nomeado MVP).
E, apesar de ser apenas o 34 melhor marcador da história da NFL (Morten Anderson lidera com 2544), os 1256 pontos de Rice são suficientes para o consagrar como o melhor marcador não-kicker, e deixar o segundo melhor não-kicker a uns “míseros” 33 TDs de distância.
“World”, “Fifi” (alcunha colocada por Joe Montana, devido a um penteado estranho de Rice na sua época como rookie), “Flash 80”, ou a segunda metade dos refrões “Montana-to-Rice” ou “Young-to-Rice”, evocam o seu nome, mas a melhor forma de o descrever é mesmo a sua última alcunha nos 49ers: G.O.A.T., iniciais de Greatest Of All Time!
… E no Entretanto…
Após o afastamento de Paraag Marathe, anterior Presidente dos 49ers, e suposta fonte de vários dos rumores das duas últimas temporadas com efeitos negativos nos 49ers (o último dos quais o anteriormente referido sobre a falta de empenhamento de Kaepernick no estudo do play-book e de filme dos adversários), para um papel secundário – limitando-se a ficar com responsabilidades na negociação de contratos dos jogadores e na gestão do tecto salarial, cumpre registar que o número de “fugas” parece efectivamente ter diminuído. Se tal facto se fica a dever ao efectivo afastamento da fonte das mesmas, ou à menor necessidade de arranjar possíveis “bodes expiatórios” em virtude de uma relativa melhoria da performance da equipa, em especial no que ao ataque diz respeito, não é certo, pelo que apenas resta aguardar.
Durante esta semana, apenas é digno de registo a informação que Colin Kaepernick se teria reunído com os responsáveis da equipa – provavelmente Trent Baalke e Jed York – sendo que nesse encontro teria sido veiculado o interesse dos 49ers em continuarem a contar com Kaepernick na temporada de 2016. O tempo encarregar-se-á de o demonstrar, mas tenho para mim que tal se destina apenas a manter um aparente interesse de modo a melhorar a posição negocial dos 49ers, quando estes tentarem trocar Kaepernick no defeso.
Por outro lado, Joe Montana – com todo o peso que o seu nome traz associado – prestou declarações onde considera que Blaine Gabbert tem feito um excelente trabalho dadas as circunstâncias, e que os 49ers cometeriam um erro caso o deixassem sair da equipa. Montana, concretizou esta opinião, declarando estar positivamente surpreendido pela capacidade demonstrada por Gabbert para improvisar desfechos favoráveis em jogadas onde as primeiras opções se encontram cobertas, não só com o braço, descobrindo receivers para completar passes, mas também usando as pernas para extender as jogadas ou através de corrida do próprio Gabbert. Se levarmos em conta o facto de Montana, mesmo no pico da popularidade de Kaepernick, ter criticado o facto deste entrar em pânico quando as primeiras opções se encontravam cobertas, e não ter capacidade para extender as jogadas, as declarações de Montana são um forte patrocínio de um dos deuses do panteão dos 49ers a Gabbert. Esperemos que não lhe suba à cabeça!
Thriller na Cidade Ventosa
Ainda não perdoei aos Bears o terem-me estragado o meu primeiro jogo dos em casa dos 49ers. Numa tarde fantástica em Setembro do ano passado, e com um estádio a estrear na época regular, os Bears recuperaram de uma desvantagem de 10 pontos ao intervalo, marcando 3 TDs sem resposta no último período para estragar a festa por 28-20. Ou se calhar, devo é agradecer ao Kaepernick a segunda metade absolutamente deplorável, onde foi interceptado duas vezes, sacked quatro, e cometeu uma penalidade de delay-of-game na drive final absolutamente inacreditável. Em retrospectiva, esse jogo foi o prenúncio do que se ia seguir ao longo da temporada, nomeadamente um playcalling duvidoso – apenas três corridas pelos RBs no último período, e 3 corridas por Kaepernick; Kaepernick completamente perdido em situações de pressão, e a abandonar o pocket quando a primeira opção se encontrava coberta; e, uma apatia generalizada do ataque, refém desta estranha maneira de jogar. Curiosamente, Shaun Draughn alinhou nessa partida pelos Bears, nas special teams.
Não posso levar a mal tanto Vic Fangio como Adam Gase terem optado por Chicago, em detrimento de San Francisco. Fizeram o que qualquer pessoa de bom senso teria feito face ao que se passou no processo de recrutamento do substituto de Jim Harbaugh, mas não consigo deixar de pensar como teria sido esta temporada com Gase a comandar o ataque, e com Fangio a garantir a continuidade na defesa.
O jogo começou com San Francisco no ataque, mas a primeira série foi um 3-and-out. Aliás, as 3 primeiras séries de San Francisco foram três 3-and-out. Em comum nestas três séries, o facto de a primeira jogada ser sempre uma corrida – só me vem à cabeça o último ano de treinador de Mike Nolan e os dois anos completos de Mike Singletary, com Alex Smith, onde o primeiro down era sempre corrida, e o segundo down, um passe curto. Invariavelmente, isso resultava sempre num 3rd-and-long, a defesa descia para cobrir o passe comprido, e invariavelmente Alex Smith não conseguia completar um passe comprido, e lá vinha o punt da ordem, deixando sempre a equipa numa má posição no campo. Pois bem, em Chicago, nos primeiros 16m28s de jogo, o que tivemos foi precisamente isso. Resultado? 5 jardas de ataque conquistadas no primeiro quarto – muito mau.
A coisa só não foi o desastre completo porque a defesa esteve à altura – emperrando o ataque de Chicago nas linhas de 22 jardas e 33 jardas de San Francisco nas primeiras duas drives de Chicago, forçando dois field-goals; e porque São Bowman, candidato fortíssimo ao ProBowl e, quanto a mim, a Comeback Player of The Year, lê uma jogada na perfeição, avisa os colegas que se segue um screen, embrulhando uma intercepção com fitinha e tudo para Jimmy Ward, que transforma num TD. Bowman usou um microfone durante o jogo, pelo que é perfeitamente perceptível as suas palavras no video anexo.
Sneak peek of #49ers LB @NBowman53 Mic'd Up. His “I knew the screen was coming” call –> @Ward_Jimmie's pick 6. https://t.co/QPkPUI89dv
— San Francisco 49ers (@49ers) December 7, 2015
A jogada é importante por dois motivos: primeiro, porque foi o primeiro TD no primeiro quarto dos 49ers nesta temporada (na semana 13! Miséria!) … infelizmente, ainda não foi desta que o ataque marcou no primeiro periodo; e em segundo lugar porque Jimmy Ward foi vitimizado por Brandon Marshall – que se fez valer da sua envergadura física – em dois dos três TDs do último quarto no encontro do ano passado. Com a sua reputação ligeiramente reparada, o primeiro quarto terminou com um empate a seis, pois o extra-point dos 49ers foi bloqueado – a primeira vez que tal acontece desde 2003.
Ora na primeira vez que uma série de San Francisco não começa com uma corrida, Gabbert marcha a sua equipa 81 jardas em 6m36s para um TD, aproveitando para demonstrar por várias vezes a sua capacidade de extender as jogadas elogiada por Montana. Fica na retina uma corrida de 8 jardas onde Gabbert escapa a 4 adversários.
Após uma drive sem sucesso de Chicago, Gabbert pega de novo na equipa e ganha 33 jardas em 6 jogadas, mas emperra na linha das 38 jardas de Chicago. Um field goal da linha das 38 jardas é efectivamente um field-goal de 56 jardas, o que é o mais comprido da carreira de Phil Dawson, e portanto arriscado. Apesar de faltarem 8 jardas para o primeiro down, Tomsula decide não arriscar ir para primeiro down – é assim que se perdem jogos! Cumpre referir que caso os 49ers tivessem tentado conquistar o primeiro down e falhado, e Chicago tivesse ficado com a bola na sua linha das 38 jardas, não seria nada de extraordinário, visto esse ser precisamente o ponto de partida médio das séries de Chicago até esse momento. Punt no ar, e Quinton Patton dá um salto fantástico e mais de duas jardas dentro da end-zone consegue bater a bola atrás das costas para trás. A bola ressalta num jogador de Chicago e nada menos do que 7 jogadores dos 49ers conseguem atrapalhar-se mutuamente sem recuperar a bola antes que esta saia pela linha final! Touchback e Chicago retoma posse na linha de 20 jardas – o punt rendeu 18 jardas. Enfim …
A drive de Chicago emperra no meio do campo, e San Francisco tem uma derradeira oportunidade para fazer alguma coisa com posse de bola nas suas 6 jardas, um timeout e 1m44s para jogar. Uma vez mais, o conservadorismo de Tomsula vem ao de cima, e com 4 corridas seguidas de Draughn, San Francisco queima o tempo que falta, aparentemente satisfeito com o empate a 13 que se registava. Talvez fosse o receio de perder mais alguém por lesão, uma vez que Aaron Lynch, Vance McDonald e Navorro Bowman recolheram todos à cabine durante a primeira metade para serem testados para possíveis concussões cerebrais. McDonald e Lynch não mais voltaram a jogar, mas Bowman regressou na segunda metade.
O terceiro período foi, para efeitos do ataque dos 49ers, semelhante ao primeiro: duas séries, dois 3-and-out, 4 jardas conquistadas. Valeu a defesa que impediu Chicago de acrescentar algo ao pecúlio.
Na segunda série de Chicago do último período, a defesa de San Francisco consegue impôr o seu primeiro 3-and-out, com um sack de Jaquiski Tartt. Na realidade, Tartt agarra Jay Cutler, e com uma manobra digna da WWE puxa-o e faz com que Cutler embata violentamente no chão com a cabeça. Cutler demora a pôr-se de pé, mas assim que chega ao seu banco, começa a falar com o seu coordenador ofensivo ao telefone, e acaba por “dispensar” o teste para concussão – manobra inteligente, mas se calhar a NFL tem que estar atenta a esta situação. A drive seguinte de San Francisco resulta em mais um punt de Pinion, não sem antes se registar mais uma pérola do play-calling de San Francisco – no seu primeiro 3rd-and-short da segunda metade da partida San Francisco tenta um passe comprido. A bola embate com estrondo no chão, e Pinion volta a entrar em acção. Com 7m25s para jogar, Chicago toma posse de bola na sua linha das 17 jardas. Cutler – sem ser submetido ao protocolo de concussões – marcha a sua equipa até à end-zone de San Francisco em seis jogadas, a última das quais uma corrida de 4 jardas de Ka’Deem Carey.
3m27s para jogar e Gabbert tem que tirar um coelho grande da cartola. Com a bola nas suas 36 jardas, e após sofrer uma sack – Joe Staley tenta bloquear o seu adversário directo com os olhos, e este naturalmente derruba Gabbert – e completar um passe de 10 jardas para Anquan Boldin, Gabbert corre para um primeiro down. Aliás, Joe Staley teve um jogo muito mau, sendo que por várias vezes foi ultrapassado sem qualquer dificuldade pelos seus adversários directos, resultando em duas sacks e várias outras situações complicadas para Gabbert. Após o two-minute warning e mais uma corrida de 7 jardas por Gabbert, com 1m52s para jogar, e a 3 jardas de um primeiro down, Gabbert recebe o snap, recua e constata que o meio do terreno está completamente liberto de defesas. Lesto, apressa-se a aproveitar esta avenida, e após fazer um defesa falhar a placagem com uma finta de corpo, percorre as jardas em falta para completar o seu TD de 44 jardas – das 70 jardas desta última drive, Gabbert conquista 60 com as suas pernas.
Após a conversão do ponto extra, jogo empatado a 20. Pinion chuta a bola e eis que as special teams de San Francisco borram a pintura toda – Deonte Thompson consegue encontrar uma passadeira vermelha do lado esquerdo e galga 74 jardas até à linha das 35 de San Francisco. Com 1m32s para jogar, e a necessitar de ganhar meia dúzia de jardas para ter um field-goal de uma distância confortável, Chicago vai-se limitar a correr a bola, queimar tempo e nem os três timeouts de San Francisco são suficientes para os 49ers terem a bola novamente. E Chicago ganha num field goal …
Isto foi o que eu escrevi no meu bloco de notas, após ver o kick-off return de Chicago. Levantei-me desconsolado, e fui preparar o meu jantar, enquanto ouvia o comentário a descrever o jogo tal como tinha previsto: Chicago a gerir o relógio, os 49ers a gastarem timeouts, e a derrota já ali. Chicago consegue um primeiro down, e após ter o cuidado de colocar a bola bem no centro do terrenol, pede o seu segundo timeout com 2 segundos para jogar. Robbie Gould, tem um field goal de 36 jardas para converter – game over. Maaaaaaas … Gould falha! Wide left! Vamos a overtime! O jantar pode esperar!
😀
San Francisco ganha a moeda ao ar, e como tal escolhe atacar primeiro. Acontece que o overtime é para todos os efeitos um período impar, e que acontece nos períodos impares? Pois … 3-and-outs. E a primeira série não destoa, com três passes consecutivos para Anquan Boldin incompletos. Punt, bola para Chicago e Cutler responde com três passes incompletos. 3-and-out dos Bears. Quem marcar ganha!
Punt para Bruce Ellington, que ainda tenta escapar pelo lado direito, mas sem conseguir conquistar terreno. 1st-and-10, bola nas 29 jardas de San Francisco, Gabbert recebe o passe, as atenções concentradas em Boldin – destino dos últimos 5 passes de Gabbert, mas eis que Torrey Smith se escapa na linha das 50 jardas pelo lado esquerdo, beneficiando de Boldin ter ficado com dois defesas sobre ele na linha das 45 de San Francisco. Gabbert vê, lança uma bomba que acerta em cheio nas mãos de Smith na linha das 35 jardas de Chicago. Em “velocidade de cruzeiro” – pois o passe não foi atrasado, como era costume com Kaepernick – e sem ninguém pela frente, Smith só tem que garantir que ninguém o apanha por detrás! TOUCHDOWN 49ers! BALL GAME! Vitória feia, mas saborosa.
Este passe prova que Gabbert afinal “tem braço” e não se percebe porque é que o play-calling é tão conservador. Aliás, a maioria das drives para TD de Gabbert têm sido em situações com pouco tempo, onde é necessário ser mais agressivo. Acho que está na altura de “lhe tirar as rodinhas” e ver se ele se consegue aguentar “a pedalar”. O jogo contra Cleveland parece-me vir no momento certo para isso mesmo e não para, de acordo com um dos rumores que circulou na semana passada, Johnny “Football” Manziel fazer uma audição para o lugar de QB titular dos 49ers … Johnny “Football” nos 49ers seria o princípio de uma década de mediocridade!
O embate em Cleveland vai ainda permitir a Phil Dawson, a Shaun Draughn e ao coordenador defensivo Eric Mangini reverem um estádio que conhecem bem. Esperemos que saiam do mesmo satisfeitos!