Cardinals @ Saints: Caça aos Pássaros

João Malha 24 de Setembro de 2013 Análise Jogos NFL, NFL Comments
Cardinals vs Saints Destaque

Arizona Cardinals at New Orleans Saints

1 2 3 4 F
Arizona Cardinals 7 0 0 0 7
New Orleans Saints 7 7 3 14 31

Caça aos Pássaros

Favoritismo total dos New Orleans Saints na sua outrora fortaleza invencível, o Mercedes-Benz Superdome. Nos últimos anos, com Sean Payton no comando da equipa da Big Easy, os Saints tinham um registo de invencibilidade no seu reduto, mas com o escândalo do Bountygate, que afastou o técnico do comando da sua equipa na temporada passada, o forte de New Orleans cedeu e foram várias as equipas que ali venceram. Com Payton de volta, as muralhas parecem estar de pé novamente. Que o digam os rivais Falcons, aqui derrotados na primeira semana da presente temporada.

Com um registo imaculado, os Saints iam tentar confirmar o seu favoritismo, enquanto os Arizona Cardinals, de Larry Fitzgerald, procuravam manter um ritmo de vitórias, depois de terem levado a melhor sobre os Lions na Week 2.

Curiosidade para ver se a equipa dos Saints regressava ao seu melhor no ataque, já que nas duas primeiras semanas, Brees e companhia não fizeram jus ao seu estatuto de melhor ataque da NFL. Estatísticas horríveis na Red Zone (apenas 1 conversão em sete tentativas), nada condizentes com o valor que a equipa tem. Mesmo no ano para esquecer que foi 2012, os Saints tiveram uma percentagem de conversão na Red Zone de 68% e apenas num jogo tinham falhado por mais de 50% as tentativas de concretização na fase de decisão. Em mais de metade dos encontros tinham somado 31 pontos. A produção ofensiva este ano tinha-se ficado por 23 e 16 pontos, respectivamente, nos jogos iniciais da temporada.

Os Cardinals, por sua vez, agora liderados pelo QB Carson Palmer, entraram da pior forma com uma derrota contra um rival da sua divisão, os St. Louis Rams, mas inverteram o infortúnio, vencendo os Lions na semana seguinte. Larry Fitzgerald é a grande figura da formação do Arizona, um Receiver mítico da NFL, que agora conta com a qualidade de passe de Palmer para poder somar mais jardas e TD. A aquisição do RB Rashard Mendahall é também um trunfo para a equipa de Bruce Arians (proveniente dos Colts, depois de ter assumido a equipa na ausência de Chuck Pagano em 2012, devido a um cancro), garantindo-lhe excelentes opções tanto no chão como no ar.

Se em termos de estatísticas ofensivas as equipas apresentavam à entrada para esta Week 3, registos quase iguais, na defesa, os Saints estiveram muito fortes contra o passing game dos adversários nas duas primeiras semanas da prova, enquanto os Cardinals se mostraram mais fortes contra o rushing… curioso, dada a inoperância do rushing game dos saints e o fortíssimo passing game que a equipa apresenta. Manter-se-iam as estatísticas após o encontro?

 O Jogo

Começamos pela resposta à pergunta da análise prévia ao jogo. De facto, a oposição ao jogo aéreo dos adversários não é o forte da defesa dos Cardinals. Que o digam Brees, Graham, Colston ou Sproles, que somaram 342 jardas pelo ar neste encontro. Uma partida que praticamente não teve história, ainda que a machadada final só tenha surgido no último período de jogo.

Apesar de a equipa do Arizona ter conseguido uma drive inicial de excelência, com doze jogadas e 80 jardas conseguidas para o TD do RB Alfonso Smith, de 3 jardas, a produção ofensiva da equipa visitante acabou ao fim dos primeiros sete minutos do encontro.

Daí para a frente seguiram-se punts, punts e mais punts. E na única vez que a equipa conseguiu voltar a aproximar-se da red zone dos Saints, já no quarto período, um passe de Palmer acabaria nas mãos do rookie Kenny Vaccaro (mais uma vez a deixar excelente impressão), pondo fim a qualquer hipótese de voltarem a somar pontos no marcador.

Entre o TD inaugural de Smith e a intercepção de Vaccaro, o jogo só teve um sentido. Liderados pelo inevitável Drew Brees, os Saints marcaram na primeira posse de bola, através de Robert Meachem, repondo a igualdade, nos primeiros pontos do WR que regressou a casa, após um ano sem grande sucesso em San Diego.

Jimmy Graham colocaria os Saints em vantagem no final da primeira parte, Greg Hartley aumentou em 3 pontos a contagem, com um Field Goal, e Brees afastaria em definitivo os Saints no marcador, com um raro running TD, após a defesa contrária ter-se esquecido de o marcar, tal a quantidade de vezes que Brees arriscou o passe. O QB texano não esbanjou a oportunidade e correu 7 jardas para o seu primeiro TD da época. No final, haveria ainda tempo para mais um TD de Graham, agradecendo novo passe de Brees, em mais um jogo em que somou totais acima das 100 jardas, alcançando 358 jardas em 3 jogos, para 4 TD. Sem dúvida, uma dupla de referência da NFL.

Nota final para a curiosidade dos Saints terem abdicado do Running Game na primeira parte, chegando mesmo ao intervalo com jardas negativas neste capítulo, o que é algo raríssimo. As críticas a Mark Ingram (ausente neste jogo por lesão) até podem parecer injustas com tão fraco registo na contenda inicial.

Pela primeira vez após a vitória no Super Bowl, os Saints voltam a começar a temporada com registo 100% vitorioso após três semanas de competição. Um bom presságio para a equipa de Sean Payton?

As Nossas Escolhas

MVP

Drew Brees orientando os Saints

Drew Brees orientando os Saints
Foto de Jason Miller/Getty Images

Drew Brees. Que é, a par de Rodgers, Brady e Peyton Manning, o melhor passador da NFL, ninguém tem dúvidas. Novidade mesmo foi o TD conseguido em corrida, de 7 jardas, o que é uma raridade para o QB dos Saints. Esteve praticamente perfeito ao longo de todo o jogo, não fosse a intercepção que permtiu aos Cardinals no segundo periodo, felizmente para a sua equipa, sem consequências de maior.

Somou 342 jardas para 3 TD’s, num total de 29 passes completos em 46 tentativas, para oito receivers diferentes, números bem reveladores do quase inexistente jogo pelo chão dos Saints, mas também da grande qualidade da equipa em termos de receivers. Pena os quatro sacks de que foi alvo, fruto, presume-se, da ausência do seu RG, Jahri Evans, que obrigou à estreia do rookie Tim Lelito, que nem sempre conseguiu garantir a cobertura exigida.

Positivo

Saints Pass Rushers. Depois de um ano para esquecer, em que a defesa dos Saints bateu todos os recordes negativos somando 7.042 jardas permitidas aos adversários, merece realce o trabalho que Rob Ryan tem desenvolvido, com a equipa a ocupar um impensável quinto lugar no ranking das melhores defesas da NFL. Ontem foi o dia de Cameron Jordan e Junior Gallette brilharem, assegurando juntos três dos quatro sacks conseguidos pelos Saints, o que levou Carson Palmer, no final da partida, a elogiar esta dupla, e revelar as enormes dificuldades que lhe causaram.

Jimmy Graham. Depois de ter batido, na semana passada, em Tampa, o seu recorde de jardas num só jogo, 179 jardas em 10 passes, o TE dos Saints mostrou estar a passar um grande momento de forma, que o tornam no melhor na sua posição na NFL (apenas Gronkowski, dos Patriots, a recuperar de lesão parece poder superá-lo). Somou mais 9 recepções para 134 jardas e dois TD’s. Um gigante cada vez mais difícil de travar.

Kenny Vaccaro. O rookie proveniente do Texas foi por muitos analistas considerado a melhor escolha do draft, de entre os nomes menos óbvios. E Vaccaro parece apostado em comprová-lo. Depois de na primeira jornada ter sido decisivo a desviar o último passe do jogo, garantindo a vitória dos Saints frente aos Falcons, diante dos Cardinals somou a primeira intercepção da sua carreira na NFL, aniquilando de vez qualquer hipótese da formação de Arizona se aproximar no marcador.

Khiry Robinson. O RB rookie que os Saints recrutaram após ninguém o ter escolhido no Draft, estreou-se da melhor maneira, aproveitando a ausência de Mark Ingram. Foi apenas opção no final do encontro, quando tudo estava decidido, mas aproveitou da melhor forma os quatro carries que lhe foram dados, conseguindo ser o RB com mais jardas do jogo, 38, superando Sproles e Thomas, que juntos tiveram mais 10 carries que Robinson. Estará aqui uma alternativa a ter em conta para o running game dos Saints?

Negativo

Cardinals. Podíamos realçar o fraco jogo de Palmer, a inoperância da defesa no jogo pelo ar (algo que as estatísticas já previam), a inoperância do Rushing Game da equipa… São tantos os pontos negativos que, na realidade, pouco há para elogiar. Talvez a eficácia de Fitzgerald e Floyd quando chamados a intervir. De resto, foi tudo muito mau, o que demonstra que dificilmente será este ano que os Cardinals regressam aos Playoffs.

A sorte também nada quis com a equipa de Bruce Arians, principalmente em termos defensivos, dado que mesmo antes do início viram-se privados do seu NT Dan Williams, devido à morte do pai num acidente de viação quando viajava de Memphis para New Orleans para assistir à partida, e durante o jogo foram somando baixas (o OLB Lorenzo Alexander, o S Rashad Johnson e o OLB Sam Acho), uma delas bizarra, com Rashad Johnson a perder a parte de cima do seu dedo do meio da mão esquerda! Já foi operado e espera-se que consiga recuperar, mas ninguém percebeu até agora como tal aconteceu. Nem o próprio Johnson que só após tirar a luva é que reparou que tinha perdido a parte de cima do seu dedo, após ter blocado Darren Sproles no retorno de um punt da sua equipa.

About The Author

João Malha

Profissional da área de comunicação e marketing, e sempre ligado ao desporto, sempre me fascinou o conceito de showbiz dos norte-americanos no que toca à promoção de qualquer espectáculo desportivo. Quando em 2003, a SportTv transmitiu pela primeira vez o Super Bowl, com estrondosa vitória dos Buccaneers de John Gruden sobre os Raiders, a curiosidade cresceu e ano após anos comecei a seguir as transmissões do maior evento desportivo mundial. Mas como em tudo na vida (pelo menos na minha forma de estar), é preciso um motivo mais forte para nos agarrarmos às coisas. Uma paixão que nos alimenta. E foi isso que aconteceu em 2010, aquando da final de Miami, ganha pelos Saints frente aos Colts do lendário Peyton Manning. Nesse dia senti finalmente que aquela era a minha equipa! E o aparecimento da ESPN America ajudou a não mais largar este desporto espectacular, que sigo semanalmente. Na Week 1 da temporada 2012/2013, cumpri o sonho de ir ver um jogo dos Saints ao vivo, ao Mercedes-Benz Superdome. Não vi os Saints vencerem, mas quem sabe se não terei a oportunidade de dizer que assisti ao primeiro jogo na NFL de um dos maiores QB’s da sua história, Robert Griffin III. Ver os Saints ao vivo foi uma experiência única que me faz olhar para o desporto com outros olhos. Quero saber mais e mais sobre o jogo, a sua história, lendas, regras, tácticas, etc. Let’s play ball!!!!