Minnesota Vikings Report: E Vão 4 Seguidas!
Felizmente não há fotografias para mostrar o meu estado de espírito, naquele exacto momento. Mas, não sendo bom a desenho, deixo aqui uma pequena amostra de como me sentia. Por momentos, emulei aqueles touros, que entram nos desenhos animados, furiosos e frustrados, com os olhos mostrados em close up, vermelhos de raiva, os cascos raspando ameaçadoramente na relva. Ao ver Teddy Bridgewater caído, vítima de um cheap shot, fiquei assim. Mas não calado. Recorri a todos os vernáculos conhecidos, em língua materna e estrangeira, apostrofando LeMarcus Joyner pelo hit gratuito e violento. Mas a minha fúria, se endereçada naquele momento ao jogador dos Rams, tinha um alvo e destinatário diferente. Gregg Williams, o inefável e abjecto coordenador defensivo da franquia de Saint Louis. Esse c*****, %&&TG***, troglodita de um raio, foi o arquitecto, para aqueles mais esquecidos, de uma página negra recente na NFL: o bounty gate, o sistema de recompensas que premiavam os jogadores que lesionassem alvos importantes nos adversários. E é isto. Uma besta que devia estar afastada, para sempre, da NFL, viveu um período sabático de um ano, para voltar, ao abrigo da política de segundas oportunidades que, só para alguns, é implementada. Já se sabe que a sociedade americana vive mergulhada num mundo de cinismo e hipocrisia, punindo severamente miúdos que gostam de fumar umas ganzas, mas deixando que anormais do calibre de Greg Hardy continuem a jogar, blasfemando contra Ray Rice, pelo chocante vídeo do nocaute à namorada, mas reinserindo uma mente como Williams, como se este fosse alguém digno de uma mera acção pedagógica.
Se ainda não perceberam no discurso acima, assumo que o hit em Teddy foi tudo menos inocente. Não numa situação daquelas, quando se tem na sideline adversária a figura sinistra de Williams. Aquele lance, que pode ter repercussões no futuro imediato dos Vikings, colocou KO o quarterback dos purple & gold, logo numa altura em que ele tinha conseguido sincronizar o ataque, e provocou um profundo golpe na equipa, incapaz de, a partir daí, de progredir de forma consistente no terreno. O resultado final, de 21-18, obtido no prolongamento, premeia logicamente a equipa mais esclarecida, nos momentos decisivos, mas teve um sabor amargo, pelos motivos enunciados.
E para não ficarem a pensar que é implicância minha, aqui vai mais uma acha para a fogueira. “I don’t think they’re a very clean football team. I hope the league checks the history of the defensive coordinator when they consider discipline this week”. A frase dura, pouco habitual na NFL, onde a irmandade e espírito corporativo falam mais alto, resume bem o que eu penso e é dita, sem pudor e complexos, por Zimmer. Se alguém, que vive intensamente o futebol, como um head coach, sabendo tudo o que se passa na competição, desde o rumor mais disparatado até à novidade murmurada em conluio, aponta o dedo desta forma, é porque efectivamente Gregg Williams está longe de ser um “produto” concertável. É punir esse ****** com mão pesada. O ideal era metê-lo num campo de futebol, com JJ Watt e Ndamukong Suh a correr atrás dele.
Num jogo intenso, disputado nos limites, perante uma óptima defesa dos Rams, eis quem brilhou:
Os Melhores Purple & Gold
Adrian Peterson: Continua a denotar uma preocupante tendência para fumbles, somando mais dois no jogo. Mas estes, felizmente, não provocaram mossa. Um foi recuperado e o outro saiu pela linha lateral. Independentemente desses erros, All Day foi ele mesmo. Um monstro de trabalho, uma força tremenda, que esteve lá quando foi necessário. Na altura crucial, no prolongamento, com um titubeante Shaun Hill no comando do ataque, adicionou jardas preciosas, conseguindo dar uma posição confortável a Blair Walsh para o field goal da vitória. Foram 125 jardas, 50 das quais obtidas no 4º período e no prolongamento. Num dia que colocava frente-a-frente Adrian Peterson e Todd Gurley, numa hipotética passagem de testemunho, AP mostrou que ainda tem muito para dar e venceu o duelo ao rookie dos Rams.
Linval Joseph: O defensive tackle foi – e vão-me perdoar a repetição do substantivo – um monstro. Imperial no comando da DL, esteve omnipresente e foi castrador das intenções alheias. Coleccionou um máximo de carreira de 10 tackles, incluindo 3 tackles for loss e ainda dividiu um sack com Andrew Sendejo. A sua habilidade para controlar a linha de scrimagge foi o elemento definidor no jogo, impedindo a habitual exuberância de Gurley.
Blair Walsh: Se isto fosse um exercício da escola primária, a professora obrigar-me-ia a escrever, umas 100 vezes, a frase “nunca mais falo mal de Blair Walsh”. E era um castigo inteiramente justo, pela minha precocidade nas críticas e, crime lesa-majestade, por ter pedido a cabeça do kicker, quando este atravessou um período de menor acerto. E como isso agora parece pertencer a um passado longínquo. São já 14 field goals marcados consecutivamente, e dois field goals que são game-winners, esta semana e na jornada anterior, frente aos Bears em Chicago.
Mike Zimmer: Porque sim. Por ser um head coach que aparenta profissionalismo e competência. Por ter reerguido a franquia, em ano e meio. E por não embandeirar em arco. O pior da schedule está para vir, sabemos disso, mas sente-se confiança e a defesa está a jogar como nunca. Mas Zimmer merece elogios por mais. Por isto, por exemplo: “We’re focused on the next game. That’s all that matters. The records, the playoffs, there’s nothing we can do about that today. We’ve just got to play the next game the best we can”. É isto. Pés bem assentes na terra.
Zimmer também revelou atenção – e um par de big balls – quando aceitou, no prolongamento, defender em detrimento de ser o 1º a atacar. Num dia ventoso, jogando ao ar livre, a manobra foi arriscada, mas a decisão foi certeira. Debaixo daquela faceta circunspecta, Zimmer revelou não ter medo de adoptar uma posição de risco, como se andar num trapézio sem rede fosse algo usual na sua vida. Os Rams, se marcassem um TD, venceriam o jogo e todos os dedos apontariam o técnico e a sua decisão pouco ortodoxa como culpados. Mas tudo correu bem. Merecidamente.
Harrison Smith: Chamam-lhe “The Hitman”, pela forma agressiva e brutal como pune os atacantes que caem no seu raio de acção. É, indiscutivelmente, o melhor jogador da secundária dos Vikings e um dos melhores safeties da competição. A sua jogada no prolongamento, logo a abrir as hostilidades, foi tremenda. Atacou a linha de scrimmage com efectividade, impedindo Todd Gurley de encontrar uma rota para fugir, provocando uma perda de 6 jardas ao running back. Foi um tónico precioso, para o 3-and-out que se seguiu.
Mike Harris: Tem passado abaixo do radar da atenção geral, mas o right guard tem vindo a coleccionar sucessivas exibições acima da média. Numa linha ofensiva que tem vindo gradualmente a elevar o seu jogo, Harris tem sido um tampão, como pass protector, no lado direito, tarefa difícil quando se sabe que, ao seu lado, joga o rookie TJ Clemmins. O seu papel não se tem limitado ao de guarda pretoriano de Teddy. Vejam o touchdown de Adrian Peterson. A sua rota de corrida. A cratera que se abriu à frente do running back foi um presente de Harris, que personalizou um catterpillar naquela acção, empurrando o defensor umas boas jardas para trás.
Trae Waynes: Tremi, confesso, quando Terence Newman saiu lesionado. Waynes tem sido uma decepção e a mera presença dele em campo provoca calafrios a qualquer mortal. Mas Waynes até se safou bem. É um facto que o jogo aéreo dos Rams não é temível, mas Foles tentou a sua sorte, mal vislumbrou o rookie em campo, sem sucesso. Waynes ainda terá um longo caminho a percorrer, mas é com passos destes que a confiança surge. Ainda continuo a sonhar com um draft em que, em vez dele, fosse escolhido Marcus Peters, mas não vale a pena perder tempo com cenários alternativos.
Os Piores Purple & Gold
Cordarrelle Patterson: Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust. Bust.
As lesões: A NFL é uma competição dura e com um vincado traço de crueldade. A lesão de Cole ensombrou a vitória dos Vikings, colocando o middle linebacker na enfermaria, para o resto da temporada. Num jogo que poderia ser aproveitado por Cole, relegado para um papel secundário com a ascensão de Eric Kendricks, o destino pregou-lhe uma partida e impediu-o de mostrar o seu valor. E Cole, mesmo suplantado na depth chart por Kendricks e Gerald Hodgers, tem qualidade. Muita, até.
O Freguês que se Segue
Oakland Raiders. Noutra altura, seria o adversário ideal para somar a 7ª vitória e dar um passo gigantesco rumo aos playoffs. Mas não agora. Estes Raiders merecem respeito. Acompanhei, com alguma curiosidade, o trabalho de sapa de Reggie McKenzie, o general manager. A tarefa que se deparou ao ex-executivo dos Packers, onde aprendeu o métier com Ted Thompson, era hercúlea. Um roster pobre, minado por decisões incongruentes de Al Davis, nos seus últimos anos de vida, e um cap space caótico, repleto de contratos absurdos. McKenzie demorou quase 3 anos a limpar a “porcaria”, contando com a paciência da direcção, com a falta de resultados. Mas, finalmente, os resultados começam a aparecer. Nem é pelo 4-4 actual, mas sim pela imagem de competitividade que a equipa deixa, capaz de disputar o resultado até aos últimos segundos com os Steelers, em Pittsburgh, ou manter um braço de ferro com os Broncos, a melhor equipa da divisão. Os Raiders, com um cap space aliviado, tentaram fazer furor na free agency, mas os big names olharam com desconfiança para o passado desportivo recente. O que veio, no entanto, foi suficiente e dotou o roster de experiência. Rodney Hudson, por exemplo, é um dos melhores centers, um colosso na linha ofensiva, que tão bem tem resguardado Derek Carr. Aldon Smith, despachado por uns 49ers que perderam a paciência com os constantes problemas do linebacker, e Malcolm Smith, o MVP do Super Bowl ganho pelos Seahawks, juntaram-se ao grupo, tal como Michael Crabtree. Com eles veio qualidade e veterania, necessária para contrabalançar a juventude pescada nos dois drafts recentes. E aqui reside o segredo do sucesso, a fórmula para tornar a franquia naquilo que ela já foi no passado: respeitada. Derek Carr, Khalil Mack, Amari Cooper, Clive Walford, Mario Edwards Jr são talentosos, jovens lobos sôfregos por brilhar. É isto que espera os Vikings. Uma equipa que, em casa, despachou recentemente os Jets, vulgarizando a defesa novaiorquina, tida como uma das melhores da prova. Vai ser um jogo intenso, que representará um desafio enorme para a também nova equipa de Zimmer. Mas, galvanizados pelo sonho de, finalmente, podermos discutir a liderança da NFC North, o caminho só pode ser um. O da vitória. Skol!