Minnesota Vikings Report: Vítimas de Bullying!
30-13.
E é isto.
A realidade minnesotiana. Ano após ano. Pode parecer prematuro, inconsequente ou demasiado precoce começar o rol de críticas. Pode ser, aliás, confundido com um atirar de toalha ao chão. Não é. Não, por enquanto. Mas é um artigo de carpir mágoas. De chorar a derrota, num estado miserabilista. De nos sentirmos derrotados, caídos no fundo de um poço, sem parecer que vamos conseguir reerguer-nos. Ou seja, sinto-me como um adepto dos Browns. Sem esperança.
Não sou um fã dos Vikings de tempos imemoriais. Apaixonei-me tardiamente pelo futebol americano (2008) e pelos purple & gold na temporada seguinte, cortesia de Brett Favre, verdadeiro ícone cá por casa. Mas, desde que me recorde, a franquia vegeta entre o entusiasmo (como na 1ª temporada de Favre ao leme) e a mediocridade, mas sempre com um ponto em comum: falha na altura crucial. Este jogo com os Packers não era apenas um encontro de rivalidade geográfica, de recalcamentos competitivos, nem de ajuste de contas. Podia significar uma passagem simbólica de testemunho, uma inversão no domínio dos cheese heads na divisão, uma nova era de hegemonia na NFC North. Os Vikings tinham a oportunidade perfeita para, num só jogo, se colocarem como favoritos na divisão e infligirem um rude golpe ao opositor.
Mas, qual Adamastor, soçobraram novamente quando confrontados com a sua besta negra. Um jogo que, depois de um início auspicioso, resvalou para a mediocridade que tem vindo a ser camuflada. Foi um tormento, nos períodos seguintes, com a linha ofensiva a ficar exposta e a permitir um espancamento brutal a Teddy Bridgewater. Não foi bonito de se ver…
Os Melhores Purple & Gold
Teddy Bridgewater: Nem que fosse por se ter levantado, depois de cada hit. Perdi-lhes a conta. Sacks foram 6. Pancadas, encontrões e afins passaram para a casa de dois dígitos. O quarterback de Minnesota viveu sempre pressionado, sob cerco, sem tempo para conseguir encontrar linhas de passe. Nas referidas circunstâncias, o seu 25/37, 296 jardas, 1 TD e 0 INTs foram excelentes. Teddy foi resiliente e sobreviveu, para contar a história. Combalido, mas pronto para nova batalha. Fica é o aviso. Com novo pass rush assim, e com nova debacle da OL, não teremos jogador muito mais tempo. Teddy não é Russell Wilson, que parece o Houdini fora do pocket, livrando-se de tackles com souplesse. Teddy é um miúdo ainda, que tenta fazer demasiado pela equipa, sem se aperceber que se expõe a problemas maiores.
Kyle Rudolph, Jarius Wright e Stefon Diggs: Entre o duo de receivers, 10 recepções, 116 jardas e alguns cruciais first downs. Foram dinâmicos e jogaram, dentro das limitações do ataque. Fizeram-no com intensidade, mostrando que o futuro na posição está assegurado, nos próximos anos. O tight end obteve o seu máximo de carreira, com 106 jardas e um touchdown, mostrando capacidade anímica de recuperação, após o desastre exibicional em Oakland. Rudolph é um dos casos mais intrigantes do roster, parecendo fadado para o sucesso, possuidor de todas as ferramentas para essa ocorrência, mas com o desenvolvimento atrasado, ano após ano, por motivos variados. Finalmente, na sua 5ª temporada e 58º jogo, passou da marca das 100 jardas. Continua a ser uma desilusão mas pode ser que este tenha sido o primeiro jogo do resto da sua carreira.
Os Piores Purple & Gold
Mike Wallace: Aqui, estou em território confortável. Nunca gostei dele. Nem um pouquinho. E ele faz pouco para criar empatia com os adeptos. Nem que fosse, para aí de 15 em 15 dias, apanhar uma bola. Ou duas. Mas ter um tipo destes, pago a peso de ouro, pretenso receiver nº 1 do roster, a passar sistematicamente ao lado dos jogos, é desesperante. Apetece fazer como no The Walking Dead e dar-lhe o tratamento usado para os zombies. Uma moca, com pregos, na porra da cabeça. Dos 38 passes tentados por Teddy, Wallace não apanhou um. Surpresa? Nope. É coerente na sua regularidade. Nos últimos 4 encontros, tem um total de 26 jardas. Não é gralha. São mesmo 26 jardas, em 4 jogos. Eu, por 3% do salário dele, com apenas um joelho funcional e com 44 anos, aposto que era capaz de fazer melhor.
Linha Ofensiva: Não há que enganar. A multitude de acontecimentos, quando é feito o snap, leva-nos a perder a maioria dos acontecimentos, fora do raio de acção da bola. É normal. E compreensível. Cada jogada, cada down, é um intrincado e complexo mundo de movimentos e contra-movimentos, de acções e reacções, um micro-cosmos onde tudo parece acontecer ao mesmo tempo. Há, no entanto, quem acompanhe minuciosa e cirurgicamente cada snap, cada pormenor, avaliando desempenhos baseado em factos e não de forma empírica. O Pro Football Focus é, há muito tempo, uma companhia imprescindível para quem adora estatísticas, análises criteriosas e catalogações correctas. Pena que seja a pagantes. Mesmo assim, na sua forma gratuita, espreme, expõe e dilacera os comportamentos dos jogadores. Segundo eles, a OL cedeu 20 hurries contra os Packers. Datone Jones, um serviçal backup, foi apenas o rosto mediático dessa agressividade, coleccionando 2 sacks e mais uma quantidade de hits. Toda a linha foi permeável, vivendo sufocada pela excelência do adversário. Curiosamente, a mesma OL que se tinha safado contra a defesa dos Broncos, soçobrou de forma estrepitosa agora, num bullying de vizinhos que já chateia. À excepção de Joe Berger, todos os outros elementos da guarda pretoriana cederam mais de 4 hurries. Matt Kalil foi o expoente da ineficiência, mas algo desculpabilizado por jogar contundido. Brandon Fusco foi uma desgraça, continuando, a par de TJ Clemmins, a serem dois dos piores offensive linemen da competição. Mesmo o fiável Mike Harris falhou, uma e outra vez, 60 minutos de jogo transformados em pesadelo. Irónico, no meio disto, é que na maioria das pressões, os Packers conseguiram ser disruptivos sem colocar homens-extra na DL. Nem isso foi preciso.
A defesa: Não me fo***. Quem permite – e reabilita – que Eddie Lacy corra mais de 100 jardas, algo que parecia impossível nas últimas semanas, não merece elogios. Deixar um gordalhão como o Lacy, vivendo imerso em lesões, correr que nem um desalmado, mostra o pobre nível de execução num dos movimentos mais básicos do futebol americano: o tackle. Quando assim é, transformamo-nos em beneméritos. Uns gajos porreiros, com uns capacetes de aspecto cool…e pouco mais. Tenham vergonha e deitem algo abaixo. De preferência, já no próximo jogo.
Arbitragem: Isto não é soccer, onde o prato do dia é criticar, em termos menos próprios, os árbitros, os seus progenitores e restante família. Nem foi pelos homens do apito que os Vikings perderam, mas foi irritante ver a quantidade de penalidades duvidosas, na 1ª parte, que foram marcadas. Sempre com um denominador comum. As flags só apareciam contra os Vikings. Mera coincidência, claro…
O Freguês que se Segue
Atlanta. Adversário directo na luta pelos playoffs. Estamos naquela fase em que é necessário fazer contas. Faltam 6 jogos. Todos contam. Um pequeno deslize e é a morte do artista. Os Vikings podem ir aos playoffs de duas formas. Uma, vencendo a NFC North, cenário ideal que daria o factor casa no 1º jogo a eliminar. A outra, não vencendo a divisão, é garantir a 5ª ou 6ª seed. E, para esses dois lugares, há muitos candidatos. Um deles, os Falcons. Estes não vencerão a divisão, dominada de forma primorosa pelos Panthers. Assim, a equipa de Dan Quinn só pode almejar a presença na postseason numa das referidas seeds, tornando este confronto duplamente importante. Os Vikings, com 7-3, sabem que se vencerem os Falcons, com 6-4, os afastam quase matematicamente dos playoffs. Mas é mais fácil escrever do que fazer. Os Falcons estão em crise. Aparenta ser profunda, depois das várias derrotas consecutivas, algumas em casa. Mas têm valor. E muito. Possuem Julio Jones, indiscutivelmente um dos melhores receivers da prova. Vai ser um pesadelo marcá-lo. Têm jogo corrido. Devonta Freeman é empolgante e dá vida ao ground game. Saiu com uma concussão, contra os Colts, e Tevin Coleman, rookie backup, foi uma desilusão. Rezemos, sem desejar mal a Freeman, que ele fique mais uma semana de fora. Matt Ryan é um dos bons quarterbacks da liga, mesmo que atormentado por recentes decision makings questionáveis, como a pick 6 do último embate, que enterrou a equipa. A defesa tem alguns valores interessantes, como a dupla de cornerbacks, Desmond Trufant e Robertt Alford, mas falta-lhe depth, como se viu contra os Colts, quando Jalen Collins entrou no terreno de jogo e foi logo comprometido. Tudo dependerá da abordagem seguida no plano de jogo por Norv Turner e Zimmer. A corrida foi rapidamente relegada para 2º plano, quando os Packers abriram vantagem no marcador. Como se viu, a inexistência de solidez na OL tornou o jogo de passe nervoso, menos preciso. Será crucial, em Atlanta, dar snaps suficientes a Adrian Peterson. O ground game pode serenar a equipa, construir uma vantagem e gerir o cronómetro. Aconteça o que acontecer, não saiam de lá sem uma vitória!
Artigo publicado originalmente na página de Facebook Minnesota Vikings Portugal