Minnesota Vikings: Two in a Row

Paulo Pereira 9 de Novembro de 2014 Análise Jogos NFL, Análises, Equipas NFL, NFC North, NFL Comments

Minnesota Vikings: Two in a Row

*Aviso à navegação. Se procuram uma crónica minuciosa, perfeitamente detalhada, racional e completamente isenta ideologicamente, vieram ao sítio errado. Este é um artigo escrito com paixão exacerbada, com coração transbordante de afecto pelos purple & gold, em que não se faz qualquer concessão, mínima que seja, aos adversários. Aqui grita-se SKOL a cada jogada perfeita dos Vikings e apupa-se qualquer um que use uma cor contrária. É, por isso, por vossa conta e risco que lerão as linhas seguintes. Não digam que não foram avisados.

Wild Game. A fucking wild game. And i love it. Every second. Foi um jogo intenso, duro, enervante, com a defesa dos Vikings a jogar com “sangue nos olhos”, de forma agressiva e apaixonada. E, no final, tudo se resumiu à capacidade de alheamento de um rookie de aspecto franzino. Teddy Bridgewater. A forma cool como ele liderou a drive final, que colocou a franquia de Minnesota à frente do marcador, é reveladora da qualidade destacada em muitos relatórios de scouts. Teddy fez um jogo competente. Não coloquemos aqui adjectivos elogiosos que mascarem algumas debilidades. Não é preciso esse artifício. Todos sabemos que a curva de aprendizagem do miúdo terá alguns momentos penosos, as chamadas dores de crescimento. Mas, para o auxiliar, é necessário um plano de jogo consistente, que o proteja e evite uma exposição prolongada. Os Vikings souberam criar um, que serviu na perfeição aos seus intentos, erradicando erros e protegendo a bola. Foi esse o mandamento nº 1 na recepção aos Vikings. Proteger a bola. Evitar turnovers. Foi um encontro de duas partes distintas, com muitas histórias paralelas para contar.

A primeira metade do jogo, que tinha como interesse acrescido assistir ao regresso de Robert Griffin III, mostrou o lado mais negro da equipa de Mike Zimmer. Um grupo indisciplinado, cometendo penalidades em demasia, como se lhes desse prazer dar tiros nos próprios pés. O ataque não existiu, praticamente, demasiado soluçante e sem encontrar o ritmo perfeito. As culpas, nesse campo, podem ser assacadas a vários intervenientes, mas a falta de coesão na OL, sempre titubeante na protecção a Teddy, contribuiu para o fraco desempenho do ataque. A competitividade do jogo foi mantida, nesse espaço de tempo, pela defesa. O sector foi instrumental ao não permitir que os Redskins abrissem uma vantagem no marcador demasiado penalizadora. O 10-0, favorável à equipa de Jay Gruden [uma das curiosidades do jogo era o reencontro, de lados diferentes da barricada, dos ex-coordenadores dos Bengals, no ano passado], era justo, mas expunha igualmente algumas lacunas na equipa da capital. A OL, onde reside um dos melhores letf tackles na liga, na figura de Trent Williams, era exposta de forma regular, incapaz de lidar com o pass rush dos Vikings, a cargo de um diabólico Everson Griffen e de um competente Brian Robinson. Tudo se transfigurou com a intercepção lançada por RG3 (um péssimo passe), que despoletou a reacção dos Vikings. Teddy encontrou a sua habitual válvula de segurança e Chase Ford marcou mais um TD. Na segunda parte, repleta de acção, Norv Turner resolveu libertar o two-headed monster, com Jerick McKinnon e Matt Asiata a dinamitarem a defesa dos Skins pelo solo e a marcarem. TD após TD.

Destaques positivos

  • Teddy Bridgewater, franchise QB – Ai de quem fale mal do menino, ao meu lado. É novo? É. Inexperiente? Sim. Mas joga, caraças. E como. Para já, pode gabar-se de ter liderado dois fourth-quarters comebacks. E está só no seu primeiro ano. A 1ª parte foi frustrante, mas ele permaneceu incólume, não afectado por qualquer ponta de pressão. Fez jogadas quando foi necessário, como no primeiro TD para encurtar distâncias, capitalizando a INT de RG3. Depois, quando os Vikings perdiam e o relógio não parava, teve uma drive cirúrgica, conectando-se com Rhet Ellison, Greg Jennings e, claro, Chase Ford, em passes precisos, mantendo uma calma tremenda. Pelo caminho, foram 268 jardas lançadas. Está no bom caminho…
  • Everson Griffen, bulldozer de serviço – Ai cum caraças. Está numa forma assombrosa. Temível. Merece, se continuar assim, cada cêntimo do contrato milionário que recebeu na offseason. Tem sabido fazer esquecer a lenda Jared Allen. Contra os Redskins foi disruptivo, infernizando a vida a Trent Williams, coleccionando mais um sack – e vão 9 – e mostrando utilidade como run defender. A sua melhor jogada, aliás, apareceu contra o jogo corrido, quando atropelou Roy Helu, num 3-and-1, impedindo o running back de conquistar o desejado first down.
  • Chase Ford, tight end backup é a tua avó – Nunca mais lhe chamem isso. Backup tem algo de pejorativo, sobretudo quando utilizado para realçar que o jogador apenas está ali como substituto temporário. Não é Kyle Rudolph, mas tem enorme mérito neste recente assomo de dignidade dos Vikings. É suficientemente atlético para incomodar os defesas e, mesmo não tendo números assombrosos (5 recepções, 66 jardas e 1 TD), oferece linhas de passe preciosas na end zone e no centro de campo. Conseguiu um dos highlights do jogo, ao receber uma bomba de Teddy, junto à linha lateral, na drive decisiva.
  • Shariff Floyd, DT com orgulho – Que ano 2 está a ter! Finalmente, começa a justificar os predicados anunciados quando foi draftado. É um monstro na DL, parando a corrida e trazendo pressão pelo centro. Obteve mais um sack e forma uma parelha tremenda com Linval Joseph. There’s a new Sharrif in town (piadola de ocasião).
  • Matt Asiata, RB que afinal também corre – Sim, é um dos alvos habituais da minha má-língua. E não, não me vou penitenciar por falar mal dele. Acho-o mediano, mas envolvido no ataque da forma como Norv Turner o fez, na 2ª metade, torna-se imparável. O coordenador ofensivo resolveu criar um híbrido, misturando McKinnon e Asiata, no one-two punch que foi enfraquecendo o adversário e amealhando jardas. Foram 100 jardas, no total de ambos, mas 86 delas vieram na 2ª metade, retirando pressão de cima de Teddy. Pormenor importante: Asiata soube finalizar drives. Fê-lo por 3 vezes, marcando touchdowns animicamente importantes.

Destaques negativos

  • Chad Greenway, ex-linebacker de qualidade – Oh boy, o que me custa escrever isto. Greenway foi sempre um dos meus jogadores predilectos, desde que comecei a acompanhar os Vikings. Mas o linebacker já não é o jogador de outrora, lento e parecendo sempre em rewind, vagaroso a reagir. Conseguiu um sack, obrigando o adversário a ir para um punt, mas a sua exibição resumiu-se a isso, no plano positivo. Greenway não tem conseguido estancar a corrida, falhando em preencher o gap junto do front 4, permitindo um ganho abismal a Alfred Morris. Teve tackles falhados e uma mão-cheia de más decisões, não sendo actualmente um jogador confiável.

E pronto. Os Vikings vão para a semana de bye com um suplemento anímico importante, regressando daqui a duas semanas para defrontarum velhor rival. A ida a Chicago, crucial quando os jogos para o final da regular season começam a escassear, colocará à prova a maioria do que escrevi acima. Será que o ataque consegue novo jogo sem turnovers? E a defesa conseguirá colocar pressão sobre Cutler e Cª, ajudando a vencer num campo onde os Vikings não encontram a felicidade desde 2007?

 

 

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.