Preseason Game – Week 2: Browns @ Redskins
Preseason não pode ter hype? Ai pode, pode. Até dá direito a um Monday Night Football (nada como acostumar as massas, desde cedo), com transmissão nacional, só para colocar sobre as luzes da ribalta dois jogadores mediáticos. Um, Robert Griffin III, que procura recuperar a aura de puto maravilha granjeada na temporada rookie. Outro, Johnny Manziel, neófito nestas andanças, mas veterano na exposição à fama. Mesmo que, por claros interesses de audiência, o jogo fosse reduzido à mera batalha entre estes dois, havia mais motivos de interesse. Muitos mais. Dois técnicos ainda a adaptarem-se a novas realidades (Jay Gruden, saído da coordenação ofensiva dos Bengals e herdando um dos tronos mais apetecidos na NFL e Mike Pettine, com background elogiado de coordenador defensivo, agora numa tarefa árdua de recuperação de uma franquia anedótica nos últimos tempos), imensas armas de destruição maciça no ataque (sobretudo nos Redskins, que adicionaram o explosivo DeSean Jackson a Pierre Garçon e Alfred Morris), passando por defensores que pedem meças aos melhores nas suas posições (Brian Orakpo e Karlos Dansby, por exemplo).
Mas, num conselho sempre amigo, quem consome jogos de forma ávida, devia ser avisado do seguinte: É preseason, o que equivale a disparates sem fim, a jogos inenarráveis e a um aumento crescente de flags, que voam pelos campos como se possuíssem vida própria. E este jogo não fugiu à regra. Futebol trapalhão, erros primários, drops, turnovers e penalidades. Teve, no entanto, uma 2ª parte com mais e melhor acção e um final emocionante, com os Skins a pararem a desesperada tentativa do two-point conversion dos Browns, já sem tempo no cronómetro. Num resumo ligeiro, duas coisas se destacaram: a defesa de Washington está bem e recomenda-se e o ataque dos Browns é pedestre, roçando a mediocridade.
Washington Redskins
1 – É sempre difícil tirar ilações e colar-lhes o rótulo de definitivas. É preseason, lembram-se? Como se pode medir a eficácia da defesa – de qualquer defesa – se muitos titulares dos ataques contrários são poupados? Pode-se louvar o crescimento qualitativo da defesa dos Redskins, no jogo frente aos Patriots, se não enfrentaram Tom Brady, por exemplo? É nesse equilíbrio entre realidades mutáveis que se tem que encontrar um ponto de coerência. Em relação ao que existia anteriormente, a defesa de Washington tem sido mais agressiva na DL e menos permissiva na secundária, conseguindo criar expectativas positivas para a regular season. O ataque dos Browns não lhes colocou grandes problemas. Nem Hoyer nem Manziel foram capazes de fazer mover as jogadas, por inépcia própria e pela evidente falta de playmakers no ataque. Brian Orakpo e Ryan Kerrigan foram tremendos, mostrando que, quando saudáveis, são um duo explosivo. Kerrigan acabou o encontro creditado com dois sacks, um a cada QB opositor, mostrando capacidade disruptiva e velocidade de execução. O seu movimento, no 2º sack, sobre Mitchell Schwartz, é sublime.
2 – Surgiram, nos dias antecedentes ao jogo, alguns reportes, não confirmados, que o balneário dos Redskins se encontra dividido na aceitação de RG3 como QB principal. Boato, ou algo mais do que isso? Não sendo uma situação nova, dado que em 2013, com as evidentes dificuldades físicas de Griffin a limitarem o seu jogo, alguns sectores clamavam pela titularidade de Kirk Cousins, é com alguma surpresa que se assiste ao seu ressurgimento. Polémicas à parte, a franquia dispõe de dois excelentes quarterbacks, com estilos diferentes. RG3, não fazendo do scrambling o seu modo de vida único, é menos atreito a permanecer circunscrito ao pocket, não deixando de ser eficaz por causa disso. O embate com os Browns mostrou as virtudes de ambos e alguns erros de pormenor. Tanto RG3 como Cousins foram interceptados, mas os erros foram largamente ultrapassados pelo que de positivo foi feito. Nesse capítulo, Cousins comandou com sucesso duas drives para touchdowns, enquanto RG3 (interceptado por Joe Haden numa tentativa de passe para DeSean Jackson), teve como coroa de glória uma bomba para Andre Roberts, de 49 jardas.
3 – O jogo corrido tem sido, nos dois últimos anos, o cerne de qualidade do ataque, o meio mais confiável para atingir os fins, mas não teve um jogo bem conseguido contra a DL dos Browns. Alfred Morris teve um fumble perdido e nunca conseguiu encontrar os buracos necessários para esticar as jardas. Não deverá, no entanto, ser motivo de preocupação. A unidade tem talento e profundidade, com vários backs de características complementares, que podem dar uma dimensão extra à equipa. Alfred Morris, Lache Seastrunk, Evan Royster e Roy Helu dão garantias de manutenção do sucesso dos anos anteriores.
Cleveland Browns
1 – E agora? Se Mike Pettine deixou correr a competição para a titularidade no seu posto mais importante no ataque, que ilação retirará das exibições dos seus quarterbacks? Se a análise incidir só sobre esta partida contra os Redskins, o head coach bem que poderá levar as mãos à cabeça, em sinal de desespero, enquanto profere meia dúzia de asneiras. Nem Hoyer nem Manziel justificaram a ascensão à titularidade, num jogo em que as oportunidades de lançarem escassearam. Mike Shanahan, coordenador ofensivo, resolveu testar o jogo corrido, aproveitando para dar snaps a Ben Tate, presumível titular como running back. Como se isso não bastasse, a própria OL esteve numa noite francamente desastrosa, cometendo erros primários, sobretudo quando se fala de atletas de topo, como Alex Mack (mau snap logo no lance inaugural, permitindo um sack fácil a Ryan Kerrigan) ou Joe Thomas. Tudo somado, a noite foi uma perfeita inutilidade, terminando invariavelmente em punts e com vários lançamentos mal calibrados (Hoyer falhou um para Andrew Hawkins, completamente isolado, e Manziel não fez melhor ao falhar por completo Jordan Cameron numa crossing route). Entre ambos, os números eram elucidativos ao intervalo: 4 em 15, no passe, para modestas 45 jardas. Manziel teve direito a uma audição mais demorada, jogando quase a 2ª parte toda, alternando alguns bons lançamentos com tentativas de corrida onde sofreu na pele as consequências. A finalizar, uma evidente prova de imaturidade, que fez as delícias dos tablóides. Ao reagir a pretensas provocações do banco dos Redskins, o dedo médio da mão direita levantado, em todo o seu esplendor, num gesto que teve tanto de obsceno como de frustração. Mas não é isto de que é feito Johnny Football?
2 – Na luta fraticida entre Manziel e Hoyer, que pode inclusive ter custos acrescidos no rendimento da equipa, quem aproveitou os poucos snaps de que dispôs foi o 3º stringer, Connor Shaw, igualmente um rookie. Aproveitando o garbage time, Shaw jogou bem, falhando apenas um passe, lançando para 123 jardas e um TD, que pareceu saído de um truque de prestidigitação.
3 – O jogo corrido mostrou alguma qualidade. Ben Tate será o titular e mostrou alguma capacidade para furar a sólida linha defensiva dos Redskins, conseguindo uma média de 5,1 jardas por corrida. Como seu backup, o rookie Terrance West mostrou igualmente algumas credenciais. O sector mais sólido foi indiscutivelmente a defesa. Nas quatro primeiras posses de bola dos Redskins, os Browns conseguiram um fumble recuperado (Craig Robertson), uma intercepção (Joe Haden), uma paragem junto à goal line de quatro downs e nova intercepção por Tashaun Gipson






