Rapid Review: Cleveland Browns @ New England Patriots
1 | 2 | 3 | 4 | F | |
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Cleveland Browns | 3 | 3 | 13 | 7 | 26 |
New England Patriots | 0 | 0 | 11 | 16 | 27 |
Se não viram, arrependam-se. Não foi um jogo memorável, do ponto de vista de exibições colectivas e/ou individuais. Não preencherá, sequer, os padrões médios de entretenimento, quando falamos de actividade desportiva. Mas teve o quinhão necessário de drama para torná-lo inesquecível, a curto prazo. Com direito a um comeback improvável, com uma pitada de milagre, coadunando-se com a época em que estamos. Que final, meus senhores! Não foi um Auburn versus Alabama, mas foi de cortar a respiração. Imagino o adepto normal dos Patriots, em Portugal. Um Domingo passado em família e, depois, o regresso a casa. Uma poltrona confortável. O game pass ligado à TV e eis o novo vício de muitos. NFL a bombar, em pleno. Um copo de uísque na mão, acompanhado por um prato de acepipes para ajudar a mitigar a fome. E o pensamento, comum a todos. “Finalmente, um jogo descontraído, sem stresses”. Afinal, o que é que podia correr mal, na recepção aos Browns?

Brady a liderar o improvável comeback
Foto de AP Photo/Steven Senne
Caramba, são os Browns. É fácil bater na franquia de Cleveland. Anos e anos de tiros nos pés, de constantes recomeços, de face liftings redundantes. A equipa tem talento (Joe Thomas, um dos melhores left tackles da liga; Joe Haden, um dos mais respeitados cornerbacks; Alex Mack, habitual Pro Bowler; Josh Gordon, supersónico wide receiver, já com o nome gravado na história graças aos seus dois jogos consecutivos acima das 200 jardas), mas tarda em colar essas habilidades individuais e fazer um conjunto. Mas…
3-0 no final do 1º período. Nada de preocupante. Ainda. Dont’a Hightower patrulhava a defesa toda, omnipresente contra a corrida e no passe, demonstrando ser uma máquina de tackles. Aqib Talib tinha Josh Gordon domado. Era só uma questão de Tom Brady encontrar o seu ritmo. Certo?
6-0. Intervalo. A preocupação começa a avolumar-se. Ainda incipiente, mas o desconforto no estômago a surgir, como uma premonição. Brady já tinha sido interceptado. Stevan Ridley continuava relegado para o banco, castigo por não saber segurar a bola. Shane Vereen mostrava o quão importante é para a equipa. A defesa contra o jogo corrido, alvo de inúmeras críticas em jogos anteriores, estava a funcionar. Com uma surpresa no 11. Sealver Siliga, nose tackle, com maior volume e poder do que Vellano e Sopoaga, realizava uma exibição meritória.
O resto entra para a lenda. 19-3 e 26-14 pareciam vantagens confortáveis para os visitantes. Sobretudo esta última, quando Cameron marcou um TD, a 3 minutos do final. Há algo que os Patriots habituaram os seus fãs. Resiliência. A equipa pode abanar, torcer, mas raramente quebra. Edelman recebeu um passe de Brady para encurtar distâncias, a minuto e meio do fim. Depois, um onside kick recuperado e uma drive cirúrgica de Brady (com direito a uma flag algo questionável), levando Amendola a marcar novo TD, a meros 30 segundos do fim. O final hitchcockiano não terminou ali. Campbell ainda colocou a equipa em field goal range. O pior é que o kicker é Billy Cundiff. 57 jardas é uma distância difícil. Facto. Mas um punhado de jogadores conseguia acertar o pontapé. Cundiff falhou novamente, no estádio em que a sua carreira com os Ravens foi por água abaixo.
O melhor dos Browns: Jason Campbell. O quarterback dos Browns foi quase perfeito, numa exibição serena, segura e confiante, terminando com um rating de 116, 391 jardas e 3 passes para touchdown. Campbell, veterano com passagens meritórias pelos Redskins e Raiders, provou que merece ter lugar num roster. A titular? Os seus dois alvos primários foram excelentes. Campbell lançou 17 vezes para Jordan Cameron e Josh Gordon, com estes a capitalizarem 16 desses lançamentos. O tight end recuperou de uma série de jogos medíocres, terminando com 9 recepções, 131 jardas e 1 TD, constituindo um verdadeiro pesadelo para a secundária e corpo de linebackers dos Patriots.

Josh Gordon liberta-se de Aqib Talib, para marcar um touchdown
Foto de AP Photo/Steven Senne
Gordon, por sua vez, estilhaçou a perfeita marcação de Talib, no 1º período, terminando com mais 151 jardas e novo touchdown, mostrando que já é, hoje em dia, um dos mais dinâmicos e perigosos receivers da competição.
O melhor dos Patriots: Se o jogo corrido não funcionou em pleno, o ataque foi sempre movido com um combustível explosivo: Vereen. Que fantástica exibição do jovem running back, demonstrando uma versatilidade que o tornou, imagine-se, o melhor dos receivers da equipa. Um quebra-cabeças irresolúvel, Vereen foi sempre o porto seguro a quem Brady recorria, em apertos, terminando com 153 jardas aéreas. MVP, não vos parece? Brady merece referência, pelo papel no improvável comeback. Medíocre na maioria do tempo, foi mecânico e frio na abordagem final do jogo, penalizando os erros do adversário. Recuperou de uma primeira parte apagada, terminando com 418 jardas e 2 passes para a vitória.

A lesão de Gronk
Foto de AP Photo/Steven Senne
Nota final para a lesão de Gronkowski, colocando um ponto final na temporada do fenómeno. Compreendo que a NFL não se deva transformar numa espécie de flag football. O desporto é viril, duro, com inúmero contacto físico, tendo sempre este lado negativo. Mas a NFL, que tem feito um esforço assinalável para corrigir as lesões cerebrais, resultantes de concussões, penalizando duramente os helmet-to-helmet, não pode depois considerar legais os low hits, devastadores para as articulações dos joelhos. Desta feita, foi cobrada nova vítima. Até quando?