Rapid Review: San Diego Chargers @ Denver Broncos
1 | 2 | 3 | 4 | F | |
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San Diego Chargers | 3 | 14 | 7 | 3 | 27 |
Denver Broncos | 10 | 0 | 0 | 10 | 20 |
A NFL pode gastar o dinheiro que quiser em anúncios publicitários, louvando a competitividade da prova. Pode encomendar artigos escritos, glosando com o equilíbrio encontrado na competição. Mas nada terá mais impacto em criar a ideia de uma auto-regulação do que deixar, simplesmente, os jogos fluírem. A realidade actual na NFL é esta. Qualquer equipa pode vencer o adversário. Independentemente do seu valor. Ninguém melhor do que Oliver Stone emulou isso. Any Given Sunday. Recordam-se? No jogo de abertura da antepenúltima jornada da regular season, a lógica foi mandada às malvas. Venceu o menos favorito, provocando um pequeno tremor na AFC. A 1ª seed está sem dono…
O jogo foi atípico. Por vários motivos. O ataque dos Broncos, que parece o motor de um carro topo de gama, esteve sem sincronia.

Manning a tentar um lançamento
Foto de AP Photo/Joe Mahoney
Peyton Manning foi o espelho disso, falhando passes e encontrando enorme dificuldade em fazer o ataque movimentar-se, nunca conseguindo explorar a secundária contrária. A equipa pareceu, no todo, cansada. Pior. Deu uma imagem oposta à que vigorava até agora. Pareceram acessíveis. Fáceis de domar. E unidimensionais. A equipa só existiu pela mão e braço de Manning. No jogo corrido foi inexistente. No jogo aéreo, sem Wes Welker (fora, com uma concussão), o dinamismo foi alterado. Para pior. Sem explorar os passes longos, Manning teve que confiar em Andre Caldwell (o substituto de Welker conseguiu ser interventivo, marcando os dois únicos touchdowns da equipa) para as rotas curtas e intermédias. Mas faltou sempre algo. A jogada explosiva. O passe profundo, a explorar as fugas de Demaryius Thomas. E, quando se esperava mais uma noite mágica de Manning, na busca dos recordes, os punts sucederam-se. Um após outro. Com eles, os erros. Primários. Os Broncos cometeram pecadilhos atípicos. Penalizados por terem 12 homens em campo, por duas vezes, dando first downs de mão beijada. Numa amálgama confusa, a defesa auto-infligiu várias feridas. A secundária, calcanhar de aquiles na derrota com os Ravens, no fatídico jogo dos playoffs do ano passado, voltou a soçobrar. Sem Champ Bailey, continua a ser o seu backup a jogar. Mal. Kanyon Webster viveu momentos de pesadelo, sendo humilhado por um Keenan Allen magnífico. Se atrás os erros se acumulam, na frente a pressão não tem aparecido. Von Miller continua a ser um monstro. Mas é apenas um. Rivers viveu numa redoma, protegido pela sua linha ofensiva, sem ser seriamente incomodado.
Lendo o que escrevi acima, parece que a vitória dos Chargers se deveu ao demérito do opositor. Nada de mais falso. Gosto de Mike McCoy. Sinto uma empatia imediata com treinadores jovens, que desafiam os dogmas impostos, por anos e décadas de preconceitos. McCoy chamou-me a atenção enquanto coordenador ofensivo…dos Broncos, capaz de gizar um ataque incaracterístico para aproveitar a habilidade única de Tim Tebow. O resultado? Uma surpreendente ida aos playoffs e uma épica vitória sobre os Steelers. Multifacetado, transformou o ataque de forma radical, no ano seguinte, quando lhe deram numa bandeja de prata Peyton Manning. Nesta sua primeira aventura a solo, como head coach dos Chargers, ele é o principal responsável pela reabilitação de Philip Rivers.

Rivers, o “novo” quarterback dos Chargers
Foto de AP Photo/Joe Mahoney
O quarterback dos Chargers merece crédito. E muito. Temporada de enorme qualidade, erradicando os erros do seu jogo. Com uma equipa limitada, onde as lesões têm um peso acrescido, estes Chargers já mostraram que não se intimidam com o nome do adversário. E sonham. De forma legítima…
O melhor dos Broncos: Numa exibição sofrível, é difícil eleger alguém que tenha atingido os mínimos básicos. Andre Caldwell foi um desses jogadores. Não fazendo esquecer Wes Welker, aproveitou a oportunidade para mostrar qualidade. 6 recepções, 59 jardas e dois scores. Dominique-Rodgers Cromartie foi o melhor defensive back. Secou Keenan Allen. Mas fê-lo demasiado tarde, quando o receiver já tinha feito estragos. Sem Champ Bailey, DRC parece ser claramente o mais parecido com um shutdown corner, nos Broncos.
O melhor dos Chargers: Antes de apreciações individuais de jogadores, o mérito a quem o tem. John Pagano, coordenador defensivo, transformou a unidade da equipa que mais tem sido causticada com críticas, em algo que abrandou os Broncos. Jogando essencialmente em nickel defense, com 5 defensive backs na maioria do tempo, permitiram apenas 20 pontos e 295 jardas totais, impedindo completamente o jogo corrido do adversário. São motivos para, desta vez, parabenizar a defesa. E Pagano. Depois, o homem do jogo.

Ryan Matthews a caminho do touchdown
Foto de AP Photo/Joe Mahoney
Quem mais do que Ryan Matthews? Espantosa exibição do jovem running back, rasgando a defesa dos Broncos, em 29 corridas, 127 jardas e 1 touchdown. O jogo corrido foi precioso, esticando sempre as drives e comendo segundos preciosos ao cronómetro. Referência ainda para as soberbas recepções de Keenan Allen, o fenómeno que veio da Califórnia para tomar de assalto a NFL. O rookie, com mais dois touchdowns, torna-se um dos favoritos ao prémio de rookie do ano.
E agora? Os Chargers entram na discussão pela última seed na AFC. Com 7-7 e os dois últimos jogos em San Diego, a luta vai ser titânica, torcendo por derrotas dos Ravens e/ou Dolphins. Quanto aos Broncos, estão de malas aviadas para dois jogos on the road, em Houston e Oakland. Perder é proibitivo, se quiserem manter o factor casa nos playoffs. E vencer ambos os jogos pode não chegar. Também aqui se torce por uma escorregadela de Brady e Cª.