New Orleans Saints at New England Patriots
| 1 | 2 | 3 | 4 | F | |
|---|---|---|---|---|---|
| New Orleans Saints | 7 | 0 | 10 | 10 | 27 |
| New England Patriots | 3 | 14 | 3 | 10 | 30 |
It Ain’t Over Till The Fat Lady Sings
Para quem não conhece a expressão usada no título, é uma expressão coloquial da língua inglesa que alerta para o facto de nunca nada estar resolvido até ao apito final. Tem origem na ópera, mas é várias vezes usada em desporto. Nenhuma frase melhor se adequaria ao que se passou este domingo em Foxboro, no mais aguardado embate da jornada. Mas já lá vamos…
Frente a frente estavam duas das mais empolgantes equipas da NFL, habituais contenders dos últimos anos ao Super Bowl e com os dois quarterbacks (QB) com mais jogos seguidos com passes para Touchdown (TD) da história da NFL: Drew Brees e Tom Brady.
Começemos o lançamento do jogo por aí. Há uma semana, Brady tentava em Cincinnati alcançar o seu jogo 53º jogo seguido com passe para TD. Ficaria a um de alcançar o recorde de Drew Brees, conseguido no ano passado, pondo fim a uma marca com várias décadas, conseguida por Johnny Unitas, uma lenda da NFL. A curiosidade seria ver se a defesa dos New Orleans Saints conseguiria manter o recorde do seu QB… Porém a defesa dos Bengals poupou os Saints a esse segundo foco para este jogo (o outro seria, obviamente, ganhá-lo). O fim desse ciclo de 52 jogos para Brady foi o exemplo das dificuldades que o ataque dos New England Patriots tem enfrentado neste início de época, com números muito inferiores aos que tem somado nos últimos anos. Motivo? A completa alteração do leque de receivers disponíveis. Um por motivos alheios à vontade de Belichick, o Tight End (TE) Aaron Hernandez, preso por homicídio. Mas muitos outros por poupanças financeiras, como os Wide Receivers (WR) Wes Welker (que tanto jeito tem dado a Peyton Manning com oito TD’s em 6 jogos), Brandon Lloyd e Deion Branch. A estes todos junta-se o maior abono de família da equipa, mas por motivos de lesão. Rob Gronkowski, a grande referência dos passes de Brady, um TE que apenas tem Jimmy Graham, dos Saints, ao mesmo nível. Os dois elevaram a posição de TE a um outro nível… Tony Gonzalez é o terceiro mosqueteiro desta excelsa gama de Tight Ends.
E com um ataque quase só com rookies como Receivers, Bill Belichik, velha raposa dos bancos da NFL, rapidamente percebeu que a defesa teria de ser fortíssima, para manter competitiva a equipa de Boston. Com a ofensiva de Brees pela frente, este era o último teste à competência do último reduto dos Patriots, com o maior desafio a ser parar a ligação Brees-Graham, que tem somado jardas e TD’s ao longo da época. Graham entrava para esta partida à procura do seu quinto jogo seguido com recepções para mais de 100 jardas, o que lhe permitiria bater um recorde que já era seu, e de Tony Gonzalez, igualado à uma semana em Chicago.
No inicio da época poucos eram os que arriscavam considerar os Saints num verdadeiro candidato ao título. Os Power Rankings dos especialistas atiravam a equipa para o meio da tabela, mas o regresso de Sean Payton ao banco, as melhorias gritantes da defesa com a entrada do novo coordenador Rob Ryan, faziam com que os Saints já aparecessem em segundo lugar à entrada para esta sexta semana de competição.
Os ingredientes estavam reunidos para uma grande partida. E as expectativas não saíram nada defraudadas, com um dos mais emocionantes encontros da época, decidido em cima do soar do apito final.
O Jogo
Tom Brady faz um spike (atirar a bola propositadamente para o chão para parar o relógio) a 11 segundos do final do jogo. O Foxboro Stadium respira fundo. Semi despido, fruto da desistência de muitos dos seus adeptos que já não acreditavam ser possível virar o jogo quando Tom Brady permitiu que Keenan Lewis fizesse uma intercepção com 2m24s para jogar. Resta uma última oportunidade. No máximo duas. Conseguirá Tom Brady fazer algo tão característico ao longo da sua carreira, que é dar a volta ao marcador no final do jogo?
Cerca de três horas antes…
Com uma forte entrada no jogo, os Patriots dominaram a primeira parte do encontro, conseguindo algo que até ao momento os Saints não tinham experiênciado: entrarem a perder para o intervalo e terem menor tempo de posse de bola. Como conseguiram os Patriots esse feito? Uma defesa quase impenetrável, com o Cornerback Aqib Talib a assumir-se como a estrela maior, qual eucalipto que seca tudo à sua volta. Jimmy Graham que o diga, sem conseguir somar uma única recepção na partida devido à forte marcação de Talib, que apesar de ter saído lesionado no início da segunda parte, foi substituído à altura, com Graham a nunca conseguir ver a bola no jogo (também esteve uma parte da segunda parte de fora com uma lesão num pé, regressando nos instantes decisivos da partida).
Associado a essa fortíssima defesa, Brady, com snaps muito rápidos que baralharam a defesa dos Saints, conseguia liderar um ataque que viveu do seu Running Back (RB), Steven Ridley para somar dois TD’s que garantiam a liderança ao intervalo. Os Saints ainda responderam no primeiro período, com um TD de Travaris Cadet, um RB muito pouco utilizado por Payton, mas que aproveitou um passe de Brees para a única pontuação dos de Louisiana no primeiro tempo, que terminou com 17-7 favoráveis a New England.
E com os seus alvos praticamente a seco (Colston apenas teve uma recepção de 11 jardas em todo o jogo), Brees puxou dos galões com uma entrada a matar no segundo tempo e demonstrou não só o fantástico QB que é, como o infindável leque de receivers que tem ao seu dispor. Quem não tem cão caça com gato… E os Saints têm uma ninhada deles. Já falamos de Cadet, mas Toon, Ben Watson, os RB’s Thomas, Sproles e o rookie Robinson merecem também destaque. Principalmente estes três últimos, que estiveram num nível superior ao que têm vindo a exibir no início de época, o que permitiu a Brees inverter o seu jogo, apostando muito menos no passe, algo que já se tinha visto em Chicago a semana passada, mas agora de forma mais assumida. E nesse capítulo, o rookie Khiry Robinson voltou a puxar dos galões, aproveitando a ausência de Mark Ingram, cada vez mais a desilusão destes Saints. Somou 53 jardas e um TD, o primeiro da sua carreira, que empatou o jogo.
Mas o maior destaque do ataque dos Saints acabaria por ser outro rookie, Kenny Stills, um jovem WR proveniente de Oklahoma. Seria ele o destinatário do passe de 34 jardas de Drew Brees, num longo third down e 20 jardas que colocava os Saints na frente do marcador, por 24-23, com cinco minutos para jogar, depois do kicker Gostkowski ter somado seis pontos para os Patriots em dois field goals (o segundo deles de 54 jardas, igualando o máximo da sua carreira), que tinham posto os da casa de novo na dianteira depois do empate a 17 alcançado pelos Saints.
Foi uma extraordinária recepção do rookie Stills, que faria dele, provavelmente a figura do jogo, não fosse a última drive da partida. Hartley ainda iria concretizar um field goal, com pouco mais de dois minutos para jogar, que deixava os Saints com 4 pontos de vantagem e obrigava os Patriots a conseguir um TD para vencerem.
Tudo estava nas mãos de Tom Brady. Mas assim que teve a bola nas suas mãos, Brady atirou-a para as mãos de Keenan Lewis que fez a primeira intercepção dos Saints (os Patriots também tiveram uma, poucos minutos antes, numa decisão contestada pelos Saints dado o pedido de Brees de um timeout não ter sido atendido pelos árbitros, o que levou ao snap da bola já depois do relógio ter terminado sem que os árbitros sancionassem também o lance). Sobravam 2m16s no relógio e todos pensavam que o jogo estava decidido.
Puro engano. Os Saints não conseguiram o primeiro down que lhes daria a vitória e os Patriots ainda com Timeouts e com a paragem do 2 minute warning, conseguiram ir parando o relógio de forma a recuperarem a bola com 1m13s para jogar. E aí foi ver os Patriots a subirem vertiginosamente no campo. Primeiro Edelman para 23 jardas, depois Collie para mais 15, Dobson mais 6 e novamente Collie para nove jardas…
Tom Brady faz um spike (atirar a bola propositadamente para o chão para parar o relógio) a 11 segundos do final do jogo. O Foxboro Stadium respira fundo.Resta uma última oportunidade. No máximo duas. Conseguirá Tom Brady fazer algo tão característico ao longo da sua carreira, que é dar a volta ao marcador no final do jogo?
O mundo parece parar. O snap é feito e Tom Brady atira a bola para o canto esquerdo do campo. O defesa dos Saints Jabari Greer estica-se todo. A bola passa-lhe a mílimetros dos dedos. Todo no ar, por detrás de Greer está o WR Kenbrel Thompkins com as duas mãos a agarrar o passe. Os dois pés no chão. A vitória é dos Patriots!!! Agora sim a senhora gorda da expressão anglo-saxónica canta. Não há nada a fazer e apesar de ainda disporem de um retorno de bola, Sproles não consegue mais do que avançar meia dúzia de jardas, acabando mesmo por perder a bola.
Isto é a NFL. Nada está garantido até soar o apito final. Os Patriots salvaram-se da segunda derrota consecutiva. E Brady do segundo jogo seguido sem um passe para TD. Rob Ryan tem uma expressão facial que diz tudo. Impossível acreditar nesta derrota. Contudo, é uma derrota que demonstra a qualidade dos Saints e lhes dá alento para acreditarem que é possível repetir a vitória no Super Bowl de 2009. E Brady tem razões para acreditar que com Gronk de volta e com os rookies a ganhar rodagem, podem também lutar por mais um anel.
Poderá esta ser a final no Metlife Stadium, no Super Bowl do próximo mês de Fevereiro? Nova Iorque está à espera de grandes equipas e estas duas sem dúvida que encaixam no perfil!
Links
Highlights: http://www.nfl.com/videos/nfl-game-highlights/0ap2000000262211/GameDay-Saints-vs-Patriots-highlights
As Nossas Escolhas
MVP
Tom Brady: Tudo se resume aos pormenores. Aos momentos decisivos. E foi aí que Brady virou o herói do jogo. Não foi um dos melhores jogos da sua carreira com toda a certeza. Correu mesmo o risco de somar o segundo jogo consecutivo sem nenhum passe para TD, depois de 52 seguidos a conseguí-lo. Mas nos grandes momentos, aparecem as grandes figuras. E Tom Brady é um incontornável na NFL. Conseguiu a drive perfeita que permitiu aos Pats chegar à vitória. O passe para Thompkins é pura poesia!
Fez de 25 passes completos, em 43 tentativas, para 269 jardas, um TD (o da vitória) e uma intercepção (que por milagre não foi a da derrota…).
Positivo
Kenbrell Thompkins: É o herói quase acidental do jogo. Até 5 segundos do fim tinha duas recepções para menos de 30 jardas. Passaria incólume da história do jogo. Mas tudo mudo com a recepção do passe de Brady que garantiu a vitória. Soube exactamente onde se colocar, aproveitando um erro algo básico de cobertura de Greer. A culpa não é dele, obviamente, por isso, torna-se no novo herói desta equipa.
Steven Ridley: Com uma equipa orfã de receivers à altura do QB, é fundamental que os RB se assumam como forte opção para fazer a equipa subir no terreno. E sem dúvida que Ridley está à altura do desafio. E contra os Saints fez o seu melhor jogo da época. Fez o dobro praticamente o dobro das jardas conseguidas em qualquer um dos outros jogos e juntou-lhe os dois primeiros TD’s da época. Em boa altura surgiu ao seu mais alto nível, num jogo que sem ele seria impossível aos Pats chegarem ao triunfo.
Defesa dos Patriots: Optámos por toda a defesa e não apenas por Talib porque este saiu lesionado no início do segundo tempo. A forma como secou Graham merece amplo destaque. Mas na realidade não foi só ele. Colston também não existiu e isso deveu-se a um grande cobertura que tirou profundidade aos Saints. A defesa passou a ser a grande arma dos Patriots e vai garantindo vitórias. Brady complementa…
Drew Brees: Tal como Brady, pede-se sempre mais aos melhores jogadores da NFL. Mas 236 jardas e dois TD’s são um registo muito bom num jogo com tamanho grau de dificuldade. Somou uma intercepção (polémica…) que em nada mancha o seu jogo. Não teve os seus habituais receivers com espaço livre. Encontrou outros. Não se amedontra e tira o melhor dos seus colegas. O ponto alto foi mesmo o passe para Stills. Dificílimo! Apenas ao nível dos melhores!
Negativo
Jimmy Graham: Graham? No negativo? É verdade! Parece improvável depois do arranque avassalador na época, somando jardas e TD’s. Os Patriots estavam avisados para a ligação Brees-Graham e com uma lição estudada na perfeição, simplesmente apagaram o TE dos Saints da partida. Ainda foi o alvo de 2 ou 3 passes de Brees mas sem sucesso. Foi um dia não, mas mais por mérito da defesa contrário que por demérito dele.
Jabari Greer: Se Thompkins aparece nos positivos do jogo por um instante decisivo. A mesma regra aplicamos a Greer. Nada fez ao longo do jogo que justificasse estar aqui. Mas um erro de rookie na hora da decisão custou o jogo à sua equipa e como tal, acaba por ter de estar aqui. Não se pode dar espaço nas costas num momento daqueles.
Danny Amendola: Tarda em afirmar-se como substituto de Welker. As constantes lesões têm-no afastado dos jogos. Voltou este domingo, não como opção inicial, mas esteve várias vezes em campo. Resultado? Zero! Duas recepções para nenhuma jarda ganha. É muito pouco para aquela que se considera a maior referência de Brady. Soma dezasseis jardas em 3 jogos, zero TD’s. Será que as lesões o deixarão ter sucesso em Boston?








