Pittsburgh Steelers at Tennessee Titans
1 | 2 | 3 | 4 | F | |
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Pittsburgh Steelers | 10 | 0 | 3 | 10 | 23 |
Tennessee Titans | 6 | 10 | 0 | 10 | 26 |
O Aço Já não tem a Mesma Qualidade
Franquia histórica, os Pittsburgh Steelers sempre foram tidos como uma equipa dura, capaz de suportar reveses em série. Com o mantra “antes quebrar do que torcer”, rapidamente os adeptos se foram identificando com uma forma quase única de encarar a competição, com jogadores emblemáticos a perpetuarem essa mística. Pois bem, até o aço de melhor qualidade verga, ao inexorável avanço do tempo. O início da temporada de 2012 tinha já produzido uma quantidade apreciável de baixas na equipa de Pittsburgh. Sem jogo corrido, com Rashard Mendenhall e Isaac Redman a curarem maleitas físicas, assistiu-se a constantes contrariedades. Na defesa a perda de James Harrison e LaMarr Woodley, se foi um descanso para adversários, revelou-se um problema sem solução na própria equipa, com o pass rush a ficar tímido. Na secundária, Troy Polamalu tornou-se um problema, em vez de ser uma solução. O veterano jogador, outrora um felino na abordagem ao jogo, omnipresente em todo o lado, é agora um colecionador de lesões, sucedendo-se umas às outras. E depois, para finalizar o relatório hospitalar, a linha ofensiva, rejuvenescida por adições vindas do draft, tem claudicado devido a infortúnios constantes. David DeCastro, que se pressupunha vir a ser uma referência no futuro imediato, no posto de right guard, soçobrou na preseason, com um veredicto implacável a acompanhá-lo: fora para o resto da temporada. Mesmo assim, onde outros cederiam a tanto infortúnio, os Steelers denotaram o espírito combativo que é a imagem de marca. Lutando, tornando as suas forças em elementos marcantes nos jogos, mantiveram a nau a navegar em águas calmas, com 50% de vitórias. Mas o Destino, essa entidade que troça dos planos do comum dos mortais, teimou em infernizar-lhes a vida. O que se passou no confronto com os Tennessee Titans roçou o inimaginável, deixando a franquia à beira de um ataque de nervos. O aço, que parecia vibrante e indestrutível, quebra com uma facilidade espantosa. Querem apontar? Maurkice Poncey, o center que é a âncora da linha ofensiva, saiu lesionado no 1º período, com a perna direita maltratada. Uns minutos depois, quando o 2º período se aproximava do fim, foi a vez de Marcus Gilbert, o right tackle, ceder ao azar, agarrado à anca. Duma assentada, 40% da linha ofensiva perdia a consistência, sendo remendada pelo que havia no banco. Depois, ao longo do jogo e em alturas críticas, Mike Tomlin assistiu, algo incrédulo, às lesões de Mendenhall e Redman, com o seu jogo corrido a ficar guilhotinado duma assentada. Isso serve de atenuação da derrota, mas não justifica tudo. Os Titans eram, antes deste jogo, o 26º ataque e a 29ª defesa e cederam sempre 30 pontos ou mais em cada um dos jogos da fase regular. Querem melhor prova de que o aço temperado da equipa de Pittsburgh já não tem a mesma solidez?
O Jogo
Um upset. Mais um, numa liga que teima em desafiar os cânones. Estes Titans, com apenas uma vitória conseguida de forma improvável contra os Lions, pareciam ser uma equipa amorfa, sem chama nem qualidade sustentada, arrastando-se de forma inofensiva num lago de tubarões. Os Steelers, por outro lado, trilhando um calendário de jogos exigente, resistiam à ausência de jogadores nucleares, mantendo-se dentro do expectável. Mas este desafio era de crucial importância. Para ambos. Uma derrota dos Titans significaria o fim abrupto da temporada e, provavelmente, uma sentença de despedimento a pairar sobre Mike Munchak, o seu treinador. Para os Steelers só a vitória interessava, permitindo-lhes manter-se na corrida pelo título de divisão. Assistiu-se, por isso, a uma partida com litros de suor e entrega, com os dois opositores a lutarem de princípio ao fim, pelo triunfo. Prevaleceu, no final, o empenho dos Titans, onde a veterania e experiência de Matt Hasselbeck foram cruciais nos momentos determinantes. A presença dele no pocket, aliada a uma inesperada coesão na linha ofensiva, resguardou sempre o passe, permitindo que um ataque, anteriormente anémico, conseguisse lutar de igual para igual com um contendor superior. Chris Johnson, ainda longe do jogador que anteriormente dominou o jogo corrido na NFL, conseguiu exibir-se num plano aceitável. A defesa, quer contra o jogo corrido, quer na defesa do passe, melhorou de forma significativa, excepção feita à big play concedida a Mike Wallace. E assim, de forma improvável, os Titans ganham um balão de oxigénio, permitindo a continuação da esperança.

Ben Roethlisberger, queterback dos Pittsburgh Steelers a fazer um passe durante o jogo contra os Tennessee Titans
Fonte da Imagem: AP Photo/Wade Payne
Nos Steelers, a uma semana de novo jogo complicado, contra o rival de divisão Bengals, as nuvens negras vão-se acumulando. Se o jogo corrido nunca teve expressão, com as lesões a apoquentarem os seus principais jogadores, a fragilidade na linha ofensiva obrigará a uma exposição mais acentuada de Ben Roethlisberger, à merce dos pass rushers adversários. Não me parece que estes Steelers consigam inverter a tendência de queda…
1º Período
Duelo inicial de kickers, com Rob Bironas a inaugurar o marcador, num field goal de 22 jardas, conclusão duma drive de 9 jogadas e 47 jardas. A resposta, por Shaun Shuisham, de 29 jardas, empatou a contenda a 3. Um dos momentos da noite aconteceu a 5 minutos do final do encontro, quando Ben Roethlisberger resolveu testar a solidez da secundária do adversário. A bomba, enviada com precisão, voou 55 jardas, aterrando depois nas mãos de Mike Wallace. Este ludibriou a marcação de Jason McCourty (que fica muito mal na fotografia do lance, falhando clamorosamente no tackle) e correu para a end zone, numa jogada que demorou apenas 12 segundos e percorreu 82 jardas. Rob Bironas atenuou a distância no marcador, em novo field goal.
2º Período
Só deu Titans. Primeiro, com o special team a revelar o apuro de forma. A unidade já tinha sido fundamental no shootout com os Lions, tendo conseguido alguns momentos brilhantes nessa partida. Contra os Steelers, novo motivo a assinalar, quando se fizerem as contas no final da temporada. Um punt bloqueado, de forma magnífica, com a bola a ser recuperada na linha de 1 jarda do adversário. Um presente, capitalizado depois por Jamie Harper para a concretização do TD. Os Steelers foram sempre incapazes de reagirem. Ben Roethlisberger, que esteve globalmente bem na condução do jogo, cometeu um erro, vendo o seu passe para Antonio Brown ser interceptado por Jason McCourty. Os Titans aproveitaram o erro para colocarem mais 3 pontos no marcador, cortesia do kicker de serviço, Rob Bironas.
3º Período
Já sem Mendenhall, o uso constante de Isaac Redman, aberto na linha lateral e recebendo passes, transformados depois em muitas jardas, parecia ser a solução perfeita para os Steelers. Baralhando as marcações, que pareciam incapazes de lidar com a compleição física de Redman, os Steelers íam avançando no terreno. Até que nova inoportuna lesão os privou do jogador que mais desequilíbrios vinha provocando. Luziu Baron Batch, aproveitando os seus minutos de titular, mas o marcador só sofreu alterações num field goal de Shaun Shuisham, de 28 jardas.
4º Período
Sem Rashard Mendenhall e Isaac Redman, os Steelers pareciam condenados a ser uma equipa apenas de jogo de passe. Quem assim pensava rapidamente se desenganou. Não que tenha surgido uma carta nova, jogada como trunfo. Mas Baron Batch, um jogador que permaneceu num anonimato para 99% dos fãs de futebol americano, gravou o seu nome na partida. Beneficiando da ausência das referências no jogo corrido, Batch aproveitou algumas corridas, revelando uma interessante combinação de força e agilidade. O touchdown conseguido, bem junto da goal line, colocou os Steelers à frente do marcador, por 20-16. A drive seguinte poderia ter significado o fim do embate, quando o passe de Hasselbeck para Kendall Wright foi interceptado por Lawrence Timmons. Shaun Shuisham não desperdiçou a hipótese de marcar novo field goal, igualando o seu recorde pessoal, de 52 jardas. 23-16 a 8 minutos do fim. Reagiram os Titans, que igualam a partida num lance de Hasselbeck para Kenny Britt. Faltavam 4 minutos e 25 segundos. Os Steelers jogaram com o relógio, mas revelando alguma ineficácia na progressão. A 54 segundos do final e parados no 3º down, a opção pelo field goal revelou-se arriscada. A 54 jardas (Suisham tem como máximo de carreira 52 jardas), mesmo com a direção certa, o pontapé foi curto, naquele que constituiu o primeiro falhanço na temporada para o kicker dos Steelers. E depois, Matt Hasselbeck conseguiu a frieza de colocar a equipa em field goal range. Game over, com sabor amargo, para os Steelers.
As Nossas Escolhas
MVP: Profissional até à medula, aceitou placidamente o lugar de mentor de Jake Locker, sabendo que os Titans tinham que encontrar uma solução de futuro, a si vedada pela idade. Mas, com a lesão do jovem quarterback, Hasselbeck viu-se no centro da acção. Em Minnesota a vida não lhe correu de feição, nunca criando laços emocionais com os seus receivers. Ontem, perante o público que o idolatra, tudo foi diferente. Hasselbeck não tem números assombrosos para mostrar. 25/44 em passes, 290 jardas, 1 touchdown e 1 intercepção podem dar a ideia dum jogo mediano, mas Hasselbeck foi tudo menos isso. Sereno na condução da partida, nunca se deixou afectar pela pressão do adversário nem pela necessidade de recuperação, no 4º período. Foi cirúrgico na drive final, numa conexão com Jared Cook que colocou o seu kicker numa posição confortável para decidir o destino do jogo.

Matt Hasselbeck, quarterback dos Tennessee Titans conseguir conduzir a sua equipa para uma suada vitória
Fonte da Imagem: AP Photo/Joe Howell
Positivo: Chris Johnson, que procura fugir a sete pés do epíteto de bust, conseguiu um jogo aceitável, mostrando algum brilho e fulgor que têm estado desaparecidos neste 2012. Pago principescamente, o running back dos Titans tem defraudado expectativas, revelando uma inutilidade exasperante. Com uma irrisória média de jardas por corrida, CJ conseguiu desta feita impulsionar a equipa, parecendo que quer inverter a tendência recente. Precioso a sair do backfield, onde a sua apetência para segurar bolas o transformou num alvo prático para Hasselbeck, foi uma pela importante no triunfo da equipa. Rob Bironas, o kicker, parecia que ía ter uma noite para esquecer. O seu primeiro field goal, de 22 jardas, esbarrou com estrondo no poste direito, ressaltando para dentro, num lance fortuito que colocou a equipa à frente do marcador, por 3-0. Depois desse susto, Bironas calibrou a mira e nunca mais provocou sobressaltos aos adeptos. 38, 47 e 40 jardas foram as marcas seguintes, com a última a ser preciosa, permitindo a vitória no último segundo. Jared Cook, o tight end, foi precioso em algumas jogadas, tendo influência directa na vitória. Foi ele que recebeu o passe de Hasselbeck, fungindo depois a James Harrison, num lance de 25 jardas que colocou Rob Bironas em field goal range, a 1 segundo do fim. Jason McCourty inicou de forma desastrada o jogo, permitindo que Mike Wallace marcasse numa jogada de 82 jardas. Mas depois disso o cornerback esteve excelente, permitindo apenas mais duas recepções no jogo todo, para ganhos mínimos de jardas. Foi instrumental ao antecipar-se a Antonio Brown, à beira do intervalo, para uma intercepção, depois capitalizada num field goal. Destaque merecido igualmente para a dupla de defensive tackles, imperiais contra o jogo corrido. Jurrell Casey e a revelação da temporada Mike Martin estiveram bastante em jogo, acumulando sucessivas paragens nas investidas dos running backs contrários.
Nos Steelers, várias referências positivas, pese a derrota. Isaac Redman tornou-se o primeiro running back dos Steelers, nos últimos 42 anos, a ter mais de 100 jardas recebidas num jogo. Redman, se ineficaz no jogo corrido, marcou a diferença na recepção do passe, revelando dotes até agora desconhecidos. Muitas das jardas amealhadas foram arduamente conquistadas após contacto com o adversário. Revelando um poder físico tremendo, o running back protagonizou algumas jogadas espantosas, arrastando literalmente os jogadores que o tentavam travar.
Negativo: Nos Titans merece crítica a estranha tendência do grupo de wide receivers para droparem bolas em situações de concretização.
[http://sportsillustrated.cnn.com/football/nfl/gameflash/2012/10/11/4970/index.html#photos]
Kendall Wright, o rookie que chegou do draft cumulado de elogios, foi o receiver com melhor produção, mas perdeu um touchdown certo ao falhar a recepção dum passe bem medido. Kenny Britt, anteriormente tido como um jogador com potencial enorme, tarda em justificar essa confiança. Vindo duma lesão no ligamento cruzado do joelho, que terminou abruptamente a temporada de 2011, Britt tem tardado em encontrar a forma que o notabilizou. Com algumas desventuras fora de campo (a tradicionaol prisão por conduzir embriagado, naquilo que parece ser uma moda crescente nos jogadores da NFL), Britt quase que passava ao lado do jogo. Procurado insistentemente por Matt Hasselbeck, apenas apanhou 3 das 10 bolas dirigidas a si. No 4º período, ao sofrer um tackle de Ike Taylor, desperdiçou um touchdown garantido, provocando uma onda de vaias no estádio. A redenção chegou na jogada seguinte, mas mesmo aí revelou uma insegurança atípica na recepção, quase deixando cair a bola.
Nos Steelers, o espectro da derrota iniciou-se bem cedo. Ryan Mundy leva o ónus da culpa no punt bloqueado pelos Titans, ao falhar a cobertura, deixando um jogador adversário totalmente livre para conseguir chegar à bola. Ike Taylor, o experiente cornerback, sai do jogo com uma nota negativa. Se conseguiu uma jogada brilhante, no 4º período, ao efectuar um tackle sobre Kenny Britt que fez o receiver dos Titans largar a bola, naquele que parecia ser um touchdown certo, comprometeu as aspirações da equipa, logo na jogada seguinte, ao deixar o mesmo Britt sozinho na end zone, para uma recepção fácil. Para além disso, Ike Taylor revelou sempre enormes dificuldades a acompanhar as fugas dos receivers contrários, perdendo demasiado terreno nos passes longos. Cometeu 3 pass interference, que se revelaram demasiado custosos à equipa e permitiu 8 recepções, num total de 126 jardas.
Keenan Lewis, o outro cornerback, ficou a saber quão ténue é a linha que separa um herói dum vilão. No 4º período, quando os Titans procuravam o touchdown que empataria a contenda, Lewis adivinhou o lançamento de Hasselbeck, conseguindo intrometer-se à frente do receiver para aquilo que parecia uma intercepção certa e, provavelmente, o ponto final na incerteza do vencedor. Mas, como se acometido por tremuras repentinas, Lewis deixou escapar a bola por entre as mãos, permitindo uma nova vida aos Titans. Blame on You. O resto da defesa também não escapa ao rol de críticas. Se os 3 sacks conseguidos parecem ser um dado relevante, a realidade foi totalmente diferente. Durante grande parte do tempo, os Steelers foram incapazes de pressionares Hasselbeck, com Brett Keisel e Ziggy Hood a serem presas fáceis para os adversários.