Wild Card Weekend: Carolina Panthers

Paulo Pereira 5 de Janeiro de 2015 Análise Jogos NFL, NFL Comments
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Wild Card Weekend: Carolina Panthers

Cam Newton fazendo o seu movimento assinatura

Cam Newton fazendo o seu movimento assinatura

Carolina Panthers, 27 vs Arizona Cardinals, 16

Está completa a transformação. Os Carolina Panthers, que pareciam arredados do título de divisão, quando a prova atingiu a sua metade, conseguiram vencer o duelo contra os vizinhos geográficos e, depois disso, levar de vencida o primeiro contendor que encontraram pela frente nos playoffs. Foi um encontro previsível, à excepção dos tiros nos pés que a franquia de Carolina resolveu dar, como forma de apimentar o suspense. Os dois vectores que suportaram o triunfo foram aqueles que permitiram a reviravolta, na regular season. A defesa e o forte jogo corrido. Na defesa, as alterações introduzidas por Sean McDermott, o coordenador defensivo, quase em desespero de causa, permitiram solidificar a secundária, na ponta final da regular season. A dispensa de Antoine Cason, claramente ultrapassado pelos acontecimentos dentro de campo, e a elevação dos rookies Bene Benwikere e Tre Mason, coincidiram com a ressurreição do sector. E assim, depois de levar de vencida os Saints e Falcons, no duelo particular na NFC South, os Panthers sufocaram os Cardinals, incapazes de gizarem algo de relevante no ataque. O esforço concertado da defesa, onde pontificou o omnipresente Luke Kuechly, coadjuvado por Thomas Davis, fez com que o adversário atingisse mínimos históricos, apenas com 78 jardas no ataque, recorde nos playoffs. Por sua vez, no ataque, o running game fez o esperado. Adicionou jardas e permitiu sempre um escorreito avanço no terreno. O jogo no solo ganhou 188 jardas, a maioria vindas das correrias de Jonathan Stewart, bastante elusivo e capaz de se furtar a tackles. Conseguir jardas no solo é relativamente fácil para qualquer running back. O difícil é somá-las após contacto ou evitando o mesmo. Stewart é, nesse quesito, um dos melhores na prova, como comprovam os 9 tackles falhados que a estatística mostra, na tentativa dos Cardinals do pararem. Não que Stewart precisasse de grande ajuda, mas ter um QB com facilidade em scrambles como Cam Newton, torna tudo mais fácil. Newton, ou por opção ou por ainda estar em convalescença do acidente de carro, não explorou muito as suas skills no solo, mas as 7 corridas permitiram ganhar 35 jardas e vários downs importantes, como no 3º período, com tudo ainda em aberto, em que as suas fugas com sucesso do pocket permitiram um first down num 3-and-9 e num 3-and-12.  Cam Newton venceu o seu primeiro jogo na postseason, nas não teve uma partida brilhante. Algo desastrado no passe, pouco preciso no capítulo de se conectar com os receivers, falhou vários alvos abertos e procurou sempre a primeira leitura, mesmo que esta o obrigasse a lançar para coberturas apertadas. Os seus 2 passes para TD resultaram, no caso de Fozzy Whittaker, num screen que o running back transformou num ganho de 36 jardas e, no de Mike Tolbert, numa play action bem orquestrada que deixou o RB completamente isolado para receber e caminhar até à end zone. Como dito acima, o jogo manteve-se equilibrado, durante grande parte do tempo, por erros primários dos Panthers. Os Cardinals pareciam uma equipa moribunda, apenas a respirar por se encontrar ligada à máquina. As constantes lesões debilitaram imenso a franquia de Arizona, mas as dádivas dos Panthers permitiram a manutenção do sonho, até ao 4º período. Primeiro Brenton Bersin tem uma paragem cerebral difícil de explicar, tocando na bola num punt, quando tinha desistido de o retornar. O erro, que tornou a bola jogável, foi aproveitado pelo special team do adversário, que recuperou a bola. Os Cards, que perdiam por 10-0, acabaram por marcar e reduzir a diferença. Depois, Jerricho Cotchery perdeu completamente o rumo na rota que corria, levando a que o passe de Newton fosse interceptado por Antonio Cromatie, jogada que depois culminou no 2º TD dos Cardinals.

Para além do mencionado Stewart, os homens do jogo para os Panthers estiveram na defesa. Kuechly foi fantástico em todas as facetas do jogo, quer caindo em cobertura (conseguiu uma intercepção), quer contra a corrida. 10 tackles, 2 passes defendidos e uma sobrenatural capacidade de leitura das jogadas, não permitindo veleidades aos adversários. Ao lado dele, um exemplo de resiliência. Thomas Davis, linebacker, tem uma capacidade tremenda de superação, conseguindo regressar à competição, mesmo após 3 torn ACLs. E fê-lo recuperando o tempo perdido, elevando o seu jogo. Davis esteve quase perfeito na cobertura, caindo sobre os receivers e atacando a bola de imediato, limitando os ganhos, atacando igualmente com qualidade o pocket.

Agora, venha o diabo e escolha. Dependendo sempre do resultado do último jogo da jornada, entre os Cowboys e os Lions, os Panthers irão viajar. O destino promete ser árduo. O que escolheriam: Seattle ou Green Bay?

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.