Wild Card Weekend: Indianapolis Colts

Paulo Pereira 5 de Janeiro de 2015 Análise Jogos NFL, NFL Comments
Indianapolis Colts vs Cincinnati Bengals

Wild Card Weekend: Indianapolis Colts

Os Colts conseguiram ficar por cima

Os Colts conseguiram ficar por cima
Foto de Brian Spurlock-USA TODAY Sports

Indianapolis Colts, 26 vs Cincinnati Bengals, 10

O esperado duelo pontual, com dois ataques prolíficos, levou um rude golpe logo à nascença, quando se soube que AJ Green e Jermaine Gresham não jogariam pelos Bengals. A equipa de Cincinnati via-se assim delapidada dos seus dois principais executores, no jogo aéreo, levando a uma completa transformação do seu ataque. Este, vibrante e fulgurante, na primeira metade da regular season, era vincadamente adepto do jogo de passe. As lesões já citadas, a que se somaram em diferentes períodos da temporada as de Marvin Jones e Tyler Eiffert, levaram a uma crescente aposta no jogo corrido, onde emergiu Jeremy Hill, rookie talentoso que, com a ajuda de Giovani Bernard, podia sustentar as drives. Os Colts, no entanto, não tinham que se preocupar com as lamúrias do adversário. A NFL é uma liga desgastante, onde as lesões são uma realidade incontornável. Sabia-se que, também pelo factor-casa, a equipa era favorita, mas residiam ainda muitas dúvidas quanto ao real valor. O último terço da temporada mostrou uma faceta diferente dos Colts, permissivos na defesa e com dificuldades acrescidas no ataque, onde Andrew Luck se transformou num turnover-prone.

As dúvidas, no entanto, foram rapidamente erradicadas, com a drive de abertura. Nove jogadas, 71 jardas e um touchdown corrido, que finalizou da melhor forma a cirúrgica forma de movimentar a bola. Uma OL capaz de proteger Luck, impedindo as ténues tentativas de pressão da DL dos Bengals, com o quarterback a lançar à vontade, escolhendo criteriosamente os alvos, sempre apoiado pelo jogo corrido onde Daniel Herron parece ter ganho definitivamente o lugar. O encontro foi equilibrado, na primeira metade, quer pela criatividade dos Bengals, que usaram Rex Burkhead e Ryan Hewitt no jogo de passe, para ganhos substanciais, quer pela inépcia dos receivers dos Colts, com vários drops comprometedores. TY Hilton esteve desastrado, nesse capítulo, deixando escapar a bola em duas ou três ocasiões em que os ganhos teriam sido relevantes. A juntar a isto, há que destacar outros erros primários do ataque, com Dwayne Allen a ter duas false starts e Donte Moncrief a fazer uma falta ingénua, na end zone, levando à anulação de um touchdown de Coby Fleener. A jogada capital do encontro, o momento game changer, aconteceu no 3º período e praticamente sentenciou as dúvidas residuais sobre o vencedor. O lance foi espectacular e demonstrativo do enorme potencial de Luck. Os Bengals atacaram o pocket numa blitz, com Reggie Nelson a conseguir penetrar no backfield. Valeu aí a prestimosa ajuda de Dan Herron, cujo bloqueio permitiu que Luck desse uns passos em frente, fugindo do tráfego. No momento da fuga, o defensive end Carlos Dunlap mergulha, à procura do tackle, conseguindo agarrar uma perda de Luck. O passe do QB, naquele preciso momento, foi espantoso. Em corrida, sob intensa pressão, enviou a bola com força e precisão, para a end zone, onde o receiver Donte Moncrief tinha acabado de ganhar separação do seu marcador. Touchdown!

Para além de Luck (31/44, 376 jardas e 1 TD), que merece crédito pelo desempenho no jogo (e que braço fantástico ele tem), importa referir que, pela primeira vez nos últimos 3 anos, um running back dos Colts totalizou 141 jardas. Não foram todas no solo, mas Dan “Boom” Herron tem sido a centelha que o pobre jogo corrido da franquia necessitava. O miúdo conseguiu 56 jardas corridas e 85 recebidas, marcando um TD e mostrando porque ascendeu à titularidade, em detrimento do inefectivo Trent Richardson. Na defesa, que criou os ajustamentos necessários ao intervalo, sobressaiu (finalmente) Jerrell Freeman, um monstro de força, omnipresente em todo o lado. Foram 15 tackles , 1,5 sacks e um forced fumble sobre Andy Dalton, no último período, mostrando que a unidade não vive apenas da inspiração de D’Qwell Jackson.

Agora, um reencontro que ameaça tornar-se um clássico. Um Broncos versus Colts que colocará, novamente, Peyton Manning a enfrentar a sua equipa de sempre na NFL. Será uma passagem de testemunho virtual entre o decano quarterback e o jovem Luck, cujas qualidades fazem pensar que a sua carreira poderá atingir o mesmo brilhantismo da de Manning.

 

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.