College Football 2014: Week 15 Review – Finais de Conferência

Paulo Pereira 9 de Dezembro de 2014 Análise Jogos College, College Comments
Arizona-Oregon-Football

College Football 2014: Week 15 Review

O volume da competição diminuiu, mas nem por isso o college football deixou de ter interesse. Muito pelo contrário. Chegamos agora à hora das grandes decisões, com muita coisa em jogo. Este fim-de-semana tratou disso mesmo, aproximando-nos mais um passo dos primeiros playoffs da prova. Essencialmente, o Sábado colocou um ponto final em algumas aspirações, com as finais de conferência a mostrar quem estava verdadeiramente mais forte. Há muito para dissecar, já a seguir, e algum suspense no ar, até que o comité responsável pela elaboração e divulgação dos 4 finalistas divulgue os eleitos. Face ao que se passou, Oregon e Alabama estão confortavelmente instalados, merecendo a ampla aprovação de quem acompanha a prova. Para os outros dois lugares, perfilam-se uma mão-cheia de candidatos, com currículos sólidos e pretensões justas. Florida State deverá, face à invencibilidade patenteada nos dois últimos anos, merecer o passaporte para o “mata-mata”. Mas as suas recentes exibições, com vitórias sofridas, abrem algumas interrogações. Enquanto isso, Ohio State, Baylor e TCU aguardam. Sofrida e nervosamente. Quem será contemplado? Quem ficará de fora? Todos eles venceram, no Sábado. Todos mostraram argumentos sólidos e motivos fartos para continuarem em prova. Mas os lugares escasseiam. Não gostava de estar no lugar de quem tem que decidir…

Os Jogos da Semana

Arizona, 13 vs Oregon, 51 [final da PAC-12]

Os Ducks enterraram mais um fantasma que os atormentava. Quem não acompanha regularmente o futebol universitário pode ser iludido pelo resultado final, achando que este era apenas mais um jogo desequilibrado, entre duas equipas de poderio diferente. Mas não. Oregon ainda persegue o seu primeiro título nacional, que pareceu estar perto de alcançar várias vezes, nos últimos anos. Geralmente, a universidade esbarrava num contendor que se assumia como a sua Némesis. Stanford liquidava, na regular season, as aspirações de Oregon. Até que os Ducks ultrapassaram a sua besta-negra. Mas apareceu outra. Arizona ameaçava tornar-se o novo pesadelo de Oregon. A turma de Rich Rodriguez venceu os Ducks no ano passado. E este ano, novamente, adensando o apetite para este reencontro na final da PAC 12. Desta feita, a turma de Marcus Mariota não permitiu qualquer veleidade, transformando o encontro num passeio, vincando a sua supremacia. Isso, no entanto, não deve levar ninguém a menosprezar o que foi feito, até aqui, por Arizona. Belíssimo trabalho de Rodriguez na angariação e desenvolvimento de talento, colocando 3 nomes nos destaques do ano: o QB Anu Solomon, o RB freshman Nick Wilson e o portentoso linebacker Sccoby Wright. O jogo teve um início lento, por parte do ataque de Oregon, mas suficiente para abrir uma vantagem confortável. As primeiras 4 drives dos Ducks valeram apenas 6 pontos (e demasiadas penalidades, com 10 na primeira parte), mas a defesa foi magnífica, parando o ataque dos Wildcats (Anu Solomon esteve claramente debilitado, com uma lesão na anca). Depois, apareceu o mais que provável vencedor do Heisman Trophy. Mariota deu mais um show particular, quer no passe, onde terminou com um 25/38, 313 jardas e 2 touchdowns, que na corrida, onde apesar de mais contido (10 corridas para 33 jardas), foi letal, marcando por 3 vezes. Os números finais da temporada são épicos: 3783 jardas de passe, 669 jardas corridas, 53 touchdowns e apenas 2 intercepções. O jogo não teve qualquer história, na 2ª metade. Estes Ducks estão merecidamente nos playoffs e prometem mais do que isso. Será desta?

Alabama, 42 vs Missouri, 13 [final da SEC]

Soa familiar, não soa? Alabama venceu a SEC. Outra vez. É mesmo uma questão de ame-se ou odeie-se o programa orientado por Nick Saban, mas o mérito tem que ser dado. A universidade é, quase sempre, o paradigma da competitividade, o alvo a abater e, mesmo num ano em que gerou mais dúvidas do que certezas, foi capaz de vencer a conferência e apurar-se para os playoffs. Fê-lo em grande estilo, não permitindo qualquer veleidade ao adversário. Pela segunda vez consecutiva, Missouri atinge a final da SEC (um feito enorme para uma universidade que apenas chegou à conferência em 2012), apenas para sentir o travo amargo da derrota. No ano passado claudicaram frente a Auburn. Este ano, perante Alabama, que desde cedo controlou o encontro, com o seu ataque up-tempo, misturando formações, ao bom estilo do seu coordenador Lane Kiffin. A defesa continuou a ser agressiva a intratável, mas permissiva nas deep balls, no que deverá ser um aspecto a ser corrigido. Com um TD na drive de abertura e um 21-3 categórico ao intervalo, os Crimson Tide resolveram o encontro e limitaram-se a uma gestão controlada dos danos. Ainda se assistiu a uma resposta de Missouri, no 3º período, marcando 10 pontos sem resposta, mas isso apenas serviu para demonstrar a frieza e maturidade do ataque de Alabama. Com 21-13, engendraram uma drive longa, roubando tempo ao cronómetro e amealhando jardas, sobretudo por Derrick Henry no solo. O running back tornou a eclipsar TJ Yeldon, assumindo-se neste encontro como o protagonista do ataque, com 141 jardas e 2 scores. As jogadas mostraram novamente o brilhantismo táctico de Kiffin, que parece encontrar sempre a melhor fórmula para descobrir as fraquezas do adversário. Mesmo perante Missouri, uma das melhores defesas da prova, Alabama teve facilidade em somar jardas sobre jardas. Merece igual destaque o papel de Blake Sims, que soube ser cirúrgico e preciso no passe. Mesmo não recolhendo as preferências do publico ou os favores dos especialistas, o quarterback está a caminho de se tornar o recordista de passe na longa história da universidade.

Ohio State, 59 vs Wisconsin, 0 [final da Big 10]

E agora, senhores do comité? Quem é que vai aos playoffs? Que bela dor-de-cabeça que a equipa de Urban Meyer criou. Os Buckeyes pareciam arredados da consideração final para ocupar um dos 4 lugares de finalistas, suplantados pela eficiência de TCU e Baylor, cujos ataques explosivos se mostravam mais empolgantes do que a equipa de Ohio, devastada por lesões. E era isso mesmo que mantinha a universidade no limbo: as lesões. A de início de temporada, da sua principal estrela Braxton Miller, custou-lhes a única derrota da temporada. Mas, curiosamente, desvendou-lhes o diamante que possuíam. JT Barrett assumiu a batuta de quarterback e fê-lo de forma genial, levando Ohio à final de conferência, enquanto mostrava credenciais para ser finalista do Heisman. Mas o destino atacou novamente, e Barrett sofreu uma lesão devastadora, que o afastava deste jogo e do restante da época. Pensou-se que seria o golpe final. Ohio State estava confinada ao third stringer quarterback, Cardale Jones. E percebia-se melhor a preferência do público e comité por outras equipas. Mas Ohio, na final frente a Wisconsin, não se limitou a jogar. Provou um ponto e fez uma declaração. Em horário nobre. Eles têm que ser levados em conta. Que jogo fabuloso realizado por toda a equipa, com um game plan que deixou confortável o noviço quarterback, criando-lhe as condições necessárias para ser eficiente. Tudo começou na 1ª drive, efectuada de forma precisa e competente e culminada num belo passe de 39 jardas para Devin Smith. Estava dado o mote. A defesa, que aparecia como a 2ª melhor da nação, fez o resto, parando a principal ameaça do adversário, o candidato ao Heisman Melvin Gordon. O running back de Wisconsin nunca teve a vida facilitada, limitado a 76 jardas, com o front seven de Ohio a tapar todos os caminhos no solo. Quem brilhou no jogo terrestre foi Ezekiel Elliott, com fantásticas 11 jardas de média em cada corrida, marcando a diferença e dando uma dimensão extra ao ataque, que não precisou de ficar dependente do jogo aéreo. Este existiu e o que se pode dizer é que Cardale Jones não sentiu o peso da estreia. Mostrou-se sempre um jogador calmo no pocket, procurando a melhor rota e nunca se limitando a um jogo conservador. Tentou por várias vezes as deep balls, aproveitando as características física de Devin Smith (o receiver teve apenas 4 recepções, mas marcou touchdowns em 3 delas), provando que, com ele, Ohio consegue manter-se competitiva. E derrotar o opositor, numa final, com números tão expressivos, deverá ter valido o carimbo no passaporte para o sonho. Os Buckeyes sabem lidar com as adversidades. Têm-no mostrado, ao longo da época.

Georgia Tech, 35 vs Florida State, 37 [final da ACC]

What a game! Mais um, na já recente tradição dos Seminoles, em que a equipa escapa por uma unha negra. A final da ACC, que tinha a presença duns surpreendentes Yellow Jackets, foi emocionante e competitiva. Desta vez, ao contrários de jogos anteriores, Jameis Winston apareceu a tempo integral, não cometendo erros primários e catapultando a equipa para nova temporada sem derrotas. São já 29 encontros consecutivos sem conhecer o sabor do desaire. Uma semana depois de ter lançado 4 intercepções contra os rivais Gators, foi a melhor versão de Winston que apareceu em campo, terminando com um notável 21 em 30, 309 jardas e 3 touchdowns passados. Talvez tenha sido isso o elemento definidor entre dois conjuntos que se equivaleram. Georgia Tech foi sempre um opositor de respeito, marcando 4 TDs nas seis primeiras drives do encontro e iniciando o 3º período de forma imperial, com uma drive de 14 jogadas e 7 minutos. Mas esse foi o canto do cisne. A seguir a defesa dos Seminoles conseguiu parar o adversário, nas 3 drives seguintes, permitindo a ultrapassagem no marcador. Precioso, durante o jogo todo, foi o running back de Florida, Dalvin Cook. Para além de se assumir como uma das revelações da competição, destronando da titularidade Karlos Williams (não jogou a final com uma concussão), o freshman ajudou Winston, dando dimensão terrestre ao ataque. Com o grosso do trabalho, visível nas 31 corridas, Cook teve uma exibição ao nível das que habituou quem segue o college. 177 jardas, 1 touchdown e mais 43 jardas quando se incorporou no ataque, fora do backfield.

O Quarterback da Semana

Cardale Jones, Ohio State. Sim, Mariota exibiu-se em grande plano. Sim, JameisWinston mostrou porque é o detentor do Heisman Trophy. Mas tenham em conta apenas o seguinte. Na final de conferência, Jones teve a sua estreia como quarterback. Fê-lo em condições de enorme pressão, não só porque o encontro dava ao vencedor o título da conferência, mas sobretudo pelas ramificações que um triunfo daria para os playoffs. Ohio não estava apenas obrigada a vencer. Tinha que fazê-lo em grande estilo, procurando cativar os cépticos membros do comité, que se aprestavam para descartar a universidade do lote dos 4 finalistas, após a lesão de JT Barrett. É compreensível. O comité procura gerar um lote de 4 equipas acima de qualquer suspeita, ultra-competitivas e sem pontos fracos relevantes. Os Buckeyes tinham perdido Braxton Miller e JT Barrett e eram obrigados a entregar o comando do ataque a um perfeito desconhecido. Cardale mostrou ao que vinha logo na drive inicial. Com forte presença no pocket, conduziu com perfeição as sucessivas jogadas, culminando a drive com uma bomba downfield para o 1º TD da partida. Depois, mesmo se controlado pelo plano de jogo, que apenas o fez lançar 17 vezes no encontro (acertou 12 passes, para 257 jardas, numa média de 15,1 por passe, lançando para 3 scores), mostrou equilíbrio e maturidade. Se era por dúvidas na posição que os playoffs estavam periclitantes, não será mais. Ohio State merece uma vaga.

O Wide Receiver da Semana

Merece menção o esforço denodado de Tyler Lockett, mesmo derrotado no embate entre a sua alma mater, Kansas State, e a diabólica máquina de ataque de Baylor. Lockett, na sua temporada senior, foi instrumental na excelente prova de Kansas, que chegou a nº 9 do ranking. Contra Baylor, 14 recepções que demonstram a dependência da equipa no jogo aéreo, mas também ilustram as dificuldades de qualquer defesa em tentar pará-lo. 158 jardas ganhas e um touchdown, acabando a época com notáveis 93 recepções, 1351 jardas e um total de 10 TDs. Receiver que parece replicado do protótipo do speedster, usando a velocidade para se furtar a marcações, será um dos nomes a ter em conta, no futuro draft. Aguarda-o uma longa carreira na NFL.

O Running Back da Semana

Ezekiell Elliott, Ohio State. 20 corridas, 220 jardas e 2 touchdowns, eclipsando a contraparte de Wisconsin, Melvin Gordon. Elliott foi o apoio crucial para uma equipa que estreava novo quarterback. A presença de um jogo corrido dominador retirou imensa pressão dos ombros de Cardale Jones, evitando o recurso sistemático ao passe (18 jogadas de passe e 38 de corrida). O ponto alto da noite foi a corrida de 60 jardas, com apenas uma sapatilha, depois de ter perdido a outra, logo no início do snap. Fantástico jogo!

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.