College Football 2016: Big Ten Preview

Paulo Pereira 31 de Agosto de 2016 Análise Jogos College, College, Jogadores College Comments
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College Football 2016: Big Ten Preview

A poucos dias de se iniciar nova temporada do College, a Big 10 ganha espaço mediático, enquanto conferência que pede meças actuais à SEC, tradicionalmente vista como o sumo da nação, aquela onde se digladiam os melhores programas futebolísticos. Eis a Big Ten, em 7 pontos fulcrais:

1. A Rivalidade

Tem uma rivalidade que ameaça tornar-se cada vez azeda. O jogo anual entre Michigan e Ohio State corresponde ao mais aguardado, por parte dos adeptos de cada equipa e esse sentimento palpitante, transformado em ambiente febril, acentuou-se com o aparecimento, em cada um dos lugares de head coach, de emblemáticos treinadores. Do lado dos Buckeyes, a vinda de Urban Meyer, o arquitecto por detrás do domínio dos Gators na SEC, levou a um salto qualitativo, visível no recrutamento, o elemento diferenciador no mundo universitário, e no título ganho em 2014. Os Wolverines, afastados da glória e enredados nos seus próprios pecadilhos, incensaram a vinda de Jim Harbaugh. Um treinador com um perfil como o de Harbaugh representa uma pedrada no charco e isso foi logo visível, no ano de estreia (e bem antes, na offseason), com a capacidade de atraírem prospects de elevado talento. Se juntarmos a este duo o excelente trabalho feito, ano após ano, por Mark Dantonio, mítico treinador dos Spartans de Michigan State, percebe-se o porquê do interesse dos media nacionais, tornando a Big 10 a nova coqueluche das transmissões televisivas.

2. As Duas Divisões

A conferência divide-se em duas zonas, que deram lugar a duas divisões distintas, denominadas East e West. O lado East é aquele que apresenta os pesos-pesados Michigan, Ohio State e Michigan State, contando ainda com Penn State, Indiana, Rutgers e Maryland. A outra divisão, ganha no ano passado de forma algo surpreendente por Iowa, apresenta programas históricos, à procura do regresso à ribalta, como Nebraska e Wisconsin, contando ainda com equipas tradicionalmente competitivas como Northwestern, universidade que recolhe a simpatia na zona de Chicago, Minnesota, Illinois e Purdue. Os últimos vencedores da conferência foram Michigan State (batendo Iowa, em 2015, na final), Ohio State (demoliu Wisconsin, por impensáveis 59-0, em 2014, abrindo caminho rumo ao título nacional), Michigan State (derrotou Ohio State em 2013) e Wisconsin (vencendo o título de conferência em 2012 e 2011, com vitórias sobre Nebraska, por impensáveis 70-31 e Michigan State). O vencedor da conferência tem acesso directo a um dos mais emblemáticos bowls games, o Rose Bowl, excepto se for apurado para o playoff.

3. Os Jogos Imperdíveis

Há jogos e jogos, e logicamente há aqueles que são rodeados, a marcador, no calendário, vários meses antes de acontecerem. Com enorme impacto pela luta divisional, na própria conferência e com os resultados a terem repercussões no ranking nacional e no acesso aos playoffs, eis alguns imperdíveis. Mas mesmo imperdíveis, aconteça o que acontecer. Esqueçam a vossa vida social, a namorada que quer passear, os amigos que vos convidam para a farra nas noites de Sábado. Não se atrevam a desperdiçar: Dia 03/09, Wisconsin versus LSU | Dia 10/09, Pitt versus Penn State | Dia 17/09, Nebraska versus Oregon,  Notre Dame versus Michigan State e Oklahoma versus Ohio State| Dia 24/09, Michigan versus Penn State | Dia 15/10, Wisconsin versus Ohio State | Dia 22/10, Iowa versus Wisconsin e Penn State versus Ohio State | Dia 29/10, Michigan State versus Michigan | Dia 05/11, Ohio State versus Nebraska | Dia 19/11, Michigan State versus Ohio State e, FINALMENTE, dia 26/11, Ohio State versus Michigan

4. Michigan [Wolverines]

Os Wolverines são apontados, quase unanimemente pela imprensa especializada, como os favoritos a vencer a conferência. Esse facto, ainda meramente teórico, mostra bem o impacto que a chegada de Jim Harbaugh teve em Michigan, capaz de revitalizar o moribundo programa. No seu primeiro ano ao leme da equipa, e apenas com meros meses no recrutamento, Michigan fez sonhar a sua vasta legião de adeptos, mas terminou o ano com um amargo de boca, após duas derrotas, distintas na forma como foram averbadas, mas similares no travo amargo da bílis que deixaram. Ao inacreditável desaire frente aos Spartans, com um inenarrável fumble num punt, com meros segundos no cronómetro, seguiu-se uma tareia dolorosa (42-13), no jogo contra os Buckeyes. A nova temporada permitirá ver o crescimento na qualidade da equipa mas colocará, na mesma, um elevado grau de exigência, com visitas aos campos dos principais rivais, Michigan State e Ohio State. Já sem Jake Rudock, o quarterback que, findo o período universitário, tenta agora a sua sorte nos Detroit Lions, a principal dúvida no ataque reside em saber quem será o seu substituto. Para o lugar, existem duas possibilidades, nas figuras de John O’Korn, transferido de Houston, ou Wilton Speight, que liderarão um ataque com um corpo de receivers talentoso e uma linha ofensiva que sofreu um upgrade, face ao que existia no ano passado. Mas é na defesa que se concentrarão os olhares, dado que a unidade é tida como o bastião, o cerne de toda a dinâmica da equipa. Com um novo coordenador, Don Brown, vindo de Boston College, é previsível que os adversários tenham enormes dificuldades em pontuar, face à qualidade que foi sendo coleccionada. Na secundária, o rei e senhor é o cornerback Jourdan Lewis, um nome a reter para o futuro a médio prazo, na NFL. A linha defensiva, já de si poderosa, recebeu um dos mais aclamados prospects, com a chegada de Rashan Gary. Falta agora o resto. Transformar isto tudo num grupo sólido, competitivo e capaz de dar o título da conferência a Michigan, algo que não acontece desde 2004. Podem ser os principais candidatos, mas a ponta final do calendário, com jogos fora de portas em Ohio State e Michigan State, é brutal.

5. Ohio State [Buckeyes]

De Harbaugh para Urban Meyer, um nome já lendário depois de ter colocado os Gators na ribalta, numa equipa saudosa com Tim Tebow, Aaron Hernandez, Percy Harvin, Brandon Spikes, Carlos Dunlap, Joe Haden, Riley Cooper, os manos Pouncey. Meyer, depois de um período sabático de recolhimento, que o afastou da competição, regressou…e em força, colocando os Buckeyes a rivalizarem, no topo, com Alabama. Desde a sua chegada que Ohio State assumiu uma cultura de vitórias incontinente, com um 50-4 que demonstra o poderio da equipa, com o recrutamento a trazer sempre a necessária renovação. Mas este ano, mais do que nunca, será essa capacidade de recrutar talento do high school que será colocada à prova. Apesar da equipa, em 4 anos, ter apenas perdido um jogo contra rivais da Big 10, Meyer terá apenas 6 titulares de regresso, numa sangria que o deixa sem experiência em lugares nevrálgicos. No recente draft, 5 Buckeyes foram escolhidos no primeiro round, verdadeira prova da imensa qualidade da equipa, com um total de 12 jogadores escolhidos (e todos nas primeiras 4 rondas). Como reagirá a equipa à perda de Ezekiel Elliott (mais de 1800 jardas no ano passado)? À saída de Cardale Jones, quarterback que tenta a sua sorte nos Bills, ou de Braxton Miller, um playmaker transformado em arma letal, agora nos Texas? Ou à saída de Joey Bosa (Chargers), Darron Lee (Jets), Vonn Bell (Saints), Eli Apple (Giants), Joshua Perry (Chargers) e Adolphus Washington (Bills)? Caberá a um bando de neófitos tentar sobreviver a uma temporada dura, mas existe pelo menos a garantia de que, no ataque, o comando será entregue a alguém com capacidade para ser um fenómeno. JT Barrett regressa, após lesão, procurando replicar a sua temporada de 2014, quando tomou de assalto a competição e terminou em 5º, na votação para o Heisman. Num esquema ofensivo que privilegiará um play-calling mais suave, explorando as habilidades de dual-threat de Barrett, as dores de crescimento esperadas serão suavizadas, mas esta equipa parece poder rivalizar com as anteriores, depois de um período de maturação. Com capacidade para terem um breakout year, convém manter debaixo de olho jogadores como Mike Weber, o substituto natural de Elliott, Nick Bosa, o irmão mais novo de Joey, ou Sam Hubbard. Mas os jogos fora de portas em Oklahoma, Wisconsin, Michigan State e Penn State parecem uma tarefa demasiado hercúlea para um grupo tão improvado de jogadores.

6. Michigan State [Spartans]

Eclipsados no meio do mediatismo trazido por Meyer e Harbaugh, os Spartans de Michigan State continuam a ser uma força a ter em conta, na conferência. Com um carismático técnico na figura de Mark Dantonio, venceram 2 dos últimos 3 campeonatos da Big 10, e conseguiram obter o passaporte, em 2015, para os playoffs. Aí, a mais-valia de Alabama mostrou todo um mundo de distância, com Michigan State a ser facilmente dominado, em jogo transmitido nacionalmente. O programa futebolístico da universidade viverá, esta temporada, um desafio único: manter a competitividade, mesmo que “entalados” na mesma divisão dos dois pesos pesados Michigan e Ohio State. Será uma tarefa gigantesca a que aguarda a equipa, não só dentro de campo. A capacidade de recrutamento de Michigan e Ohio State, nacionalmente apenas comparável à de Nick Saban em Alabama, minguará o talento disponível para os Spartans, enquanto reforçará os seus mais directos rivais. É neste jogo de equilíbrio aparente que a capacidade de Dantonio e da sua equipa será testada. Depois de perder algumas pedras nucleares (o QB Connor Cook, o DE Shilique Calhaoun e o OT Jake Conklin), com a necessidade de reconstruir a OL e a DL, e com jogos difíceis no primeiro mês de competição, os Spartans parecem uma aposta arriscada para revalidar o título na conferência. Com questões evidentes em quem liderará o jogo de passe (Tyler O’Connor parece ser a aposta mais previsível), e com a partida de jogadores importantes na defesa, terão, na recepção a Ohio State e a Michigan, os grandes testes de fogo, se bem que a ida, logo na 3ª semana de competição, a Notre Dame, encerre desafios elevados.

7. Iowa [Hawkeyes]

O espectáculo na conferência não se resume à divisão East. Na outra, Iowa assume desde logo um favoritismo natural, depois de uma das mais brilhantes temporadas na história da universidade. O 12-0 inesperado do ano passado deveu-se à solidez da equipa mas, igualmente, a um calendário acessível, que não lhe colocou no caminho qualquer adversário de topo da conferência. A temporada de 2015, inesquecível, pode não ser irrepetível. Iowa, perdendo o título de conferência para os Spartans, num confronto competitivo e equilibrado, obteve depois o apuramento para uma das mais prestigiadas bowls, a Rose Bowl. Aí, frente a Stanford e um endiabrado Christian McCaffrey, a impotência tomou conta das expectativas, com a derrota por 45-16 a fazer a equipa descer, finalmente, à terra. Com um ataque eficaz, pontuado pelo QB CJ Beathard e os dois tailbacks LeShun Daniels e Akrum Wadley, e uma defesa com alguns nomes fortes de regresso, como o CB Desmond King ou o DT Jaleel Johnson, os Hawkeyes partem como favoritos a repetir a presença na final de conferência, mas terão a forte concorrência de Nebraska, equipa que acabou 2014 em grande, ao vencer o bowl game contra UCLA (depois de ser elegível com mais derrotas – 7 – do que vitórias – 6), que apresenta um ataque com qualidade, apesar da inconsistência do seu jogo de passe, liderado pelo QB Tommy Armstrong.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.