SEC: Uma Conferência de Sonho
- Melhor conferência do College? Mas há dúvidas? A SEC tem um estatuto à parte, no competitivo mundo universitário. Sim, é lá que reside o [crónico] campeão. E sim, é lá que moram a maioria dos emblemáticos jogadores. Aliás, duas das principais estrelas jogam na SEC. Curiosamente, nem Johnny Manziel nem Jadeveon Clowney são jogadores de Crimson Tide. Mas Alabama não se queixará. O seu roster tem um absurdo número de talentosos atletas, que se vão sucedendo, ano após ano, pese a sangria para a NFL. É impressionante a capacidade regenerativa de Alabama, mantendo-se competitiva, mesmo sofrendo sempre perdas significativas nos drafts para o mundo profissional. A SEC apresenta facilmente 5 ou 6 equipas que cabem no top-10 de qualquer ranking. É um facto que a PAC 12 ou a BIG 12 têm qualidade, boas equipas, mas nada comparável ao que se vive na SEC. Um mundo à parte.
- O mais assustador, no meio disto tudo, é que após ter conquistado 3 títulos nos últimos 4 anos, Alabama pode gabar-se de ter o melhor ataque na era Nick Saban. O treinador, uma espécie de mago visionário que revolucionou por completo a história da universidade, tem um toque de midas no recrutamento. As suas defesas estão sempre repletas de grandes, físicos e velozes jogadores. Chega a ser intimidante a forma agressiva e atlética como a defesa se exibe, diferenciando-se do resto da competição. O ataque, mesmo vivendo na sombra do notório papel da defesa, mostra igualmente predicados temíveis. Alabama acabou 2012 com a defesa nº 1 da prova, com o ataque a marcar uma média de 38,7 pontos/jogo, ranqueado em 12º a nível nacional. Mesmo perdendo Eddie Lacy para a NFL, a estrutura mantem-se quase imutável. Como quarterback AJ McCarron é o ideal, para liderar o ataque. Sereno e equilibrado, terminou 2012 com 30-3, no rácio TD-INT. Lacy já tem substituto, com TJ Yeldon a assumir a batuta no jogo corrido, seguindo a já longa linhagem de excelentes running backs (Mark Ingram, Trent Richardson, Eddie Lacy). Amari Cooper deixou de ser uma revelação, para assumir com direito próprio o estatuto de um dos melhores wide receivers da competição. A linha ofensiva, importante para a implementação do jogo de ataque, tem Cyrus Kouandjo, Anthony Steen e Ryan Kelly, com OJ Howard, jogador versátil para a posição de tight end, a poder ser a revelação da temporada.
- 3. O mais marcante na SEC é a sua competitividade. Fala-se de Alabama como se a equipa planasse num patamar superior a todas as outras. Isso em parte é verdade, com os títulos ganhos a relembrarem-nos disso mesmo. Mas Alabama, que venceu a final em grande estilo frente a Notre Dame, escapou milagrosamente da derrota na final da conferência, frente a Geórgia. E, na regular season, foi in-extremis que venceu LSU. Isto significa o quê? Precisamente o escrito no início do ponto. Mesmo com o favoritismo a pender para a equipa orientada por Nick Saban, existe uma mão cheia de candidatos a destronar Alabama. Todos da SEC.
- Um desses putativos candidatos é a universidade de Geórgia. Os Bulldogs ficaram a meras 5 jardas de vencerem Alabama, na final da SEC, e de irem à final nacional. A equipa, talentosa em todas as posições, pede meças aos actuais campeões. Tem um QB à imagem do rival, com Aaron Murray a ser o segundo a nível nacional com maior rating na posição. O ataque foi o nº 1, em jardas por jogada, movido pela incrível dupla de freshman na posição de running back: Todd Gurley e Keith Marshall. Juntos, conseguiram mais de 2.000 jardas e 25 touchdowns, com 6 jardas de média por corrida. Com Michael Bennett, um dos mais elegantes receivers da competição, a regressar em 2013 após um torn ACL, o futuro parece risonho para Geórgia. Mas o entusiasmo deve ser devidamente acautelado. O calendário é um dos mais difíceis, quando nos referimos a candidatos ao título. Nas primeiras semanas, os Bulldogs vão a Clemson e recebem South Carolina (no ano passado, Geórgia foi derrotada por 35-7) e LSU. Particular atenção centrada no jogo com os Gamecocks, liderados pelo head coach Steve Spurrier, fora de campo, e pelo indomável Jadeveon Clowney, no relvado. O hype em redor do jogador atinge já níveis altíssimos, comparando-o a Lawrence Taylor, um dos monstros históricos da NFL. 2013 servirá, por isso, de laboratório mediático para seguir as intempestivas acções de Clowney.
- Uma das equipas históricas da SEC reside na Florida. Os Gators, que ainda revivem mentalmente os feitos sob a égide de Urban Meyer (agora em Ohio State) têm um novo timoneiro, que tem sabido manter a equipa competitiva. Will Muschamp viu partir muito talento para a NFL, no draft deste ano, mas mantém a esperança em nova temporada positiva. A defesa, o bastião e alma da equipa, possui alguns dos mais reputados defensive backs da prova. O safety Jaylen Watkins e os cornerbacks Loucheiz Purifoy e Marcus Robertson são os garantes duma unidade que permite poucas jardas aos opositores. Se combinarmos a esta secundária um pass rush ao nível dos melhores, os Gators têm tudo para se intrometer nas contas pelo título de divisão. Dante Fowler, Ronald Powell e Dominique Easley são perfeitos nos movimentos disruptivos, mantendo sempre enorme pressão sobre as linhas ofensivas contrárias.
- Não pretende ser uma lista exaustiva, mas é uma colecção de talento. Enorme. Estes são alguns dos jogadores que, com as suas qualidades, abrilhantam a conferência. Johnny Manziel, QB de Texas A&M; Jadeveon Clowney, DE de South Carolina; Amari Cooper, WR de Alabama; Jake Matthews, OT de Texas A&M; CJ Mosley, LB de Alabama; Todd Gurley, RB de Geórgia; TJ Yeldon, RB de Alabama; AJ McCarron, QB de Alabama; Anthony Johnson, DT de LSU; Cyrus Kouandijo, OT de Alabama; Ha Ha Clinton-Six, S de Alabama e vencedor do nome mais original dos últimos anos; Dominique Easley, DL de Florida; Antonio Richardson, OT de Tennessee; Mike Evans, WR de Texas A&M; Adrian Hubbard, LB de Alabama, Jordan Matthews, WR de Vanderbilt e Denzel Nkemdiche, LB de Ole Miss.
- Desse lote poderá sair o vencedor do Heisman Trophy, que premeia o melhor jogador universitário. Em 2012 Johnny Manziel fez história, tornando-se o primeiro freshman a vencer o reputado troféu. Este ano, sem a prova se ter iniciado, são avançados os nomes de AJ McCarron, Todd Gurley, Jadeveon Clowney, TJ Yeldon e Manziel como sendo os principais favoritos, juntamente com Braxton Miller (jogador de Ohio State, jogando na Big 10). Nem só de jogadores consagrados vive a conferência. Se algo ficou provado, em 2012, é que os estigmas existentes em relação aos novatos (freshman) foram esbatidos, com a vitória de Johnny Manziel. A extraordinária temporada do quarterback desfez mitos e abriu uma frente de possibilidades, levando outros rookies a sonharem com a consagração máxima. Eis alguns nomes (não só de freshman) que podem fazer furor, em 2013: Jordan Jenkins, LB de Geórgia; Robert Nkemdiche, DE de Ole Miss; Carl Lawson, DE de Auburn; Mike Davis, RB de South Carolina ou Demarcus Robinson, WR de Florida.
- Se há algo com que se pode contar, nas equipas de Les Miles, é competência. O técnico de LSU namora com o título, tentando combater a supremacia crescente de Alabama na conferência e a nível nacional. Derrotados por esse mesmo adversário, na final de 2011, LSU é sempre considerada uma das candidatas. Este ano a schedule irá testar a solidez, desde o início. O jogo de abertura, contra TCU, é um belo cartaz de apresentação para o College Football. LSU viu 11 dos seus titulares declararem-se elegíveis para o draft de 2013. A razia, que poderia inibir a ambição, é no entanto limitada pelo reload de talento. Anthony Johnson (DT), Lamin Barrow (LB), Craig Loston (S) e Jalen Mills (CB) são mais-valias na defesa, sempre a unidade nuclear em qualquer das equipas de Miles. Se o ataque se mantiver saudável, LSU pode bater qualquer equipa da SEC. Incluindo Alabama, em Tuscaloosa. Esse será um jogo imperdível para qualquer fã, numa evidente mostra que o calendário de LSU é exigente. As dificuldades não ficam por aqui, com uma viagem depois à Geórgia, para novo embate de titãs. Georgia terá que encontrar uma forma de suprir as saídas de Alec Ogletree e Jarvis Jones, agora que eles partiram para a NFL (Ogletree nos Rams e Jones para os Steelers). A perda do duo será difícil de colmatar, mesmo que Geórgia tenha Jordan Jenkins prestes a explodir. Por falar em perdas de jogadores significativos, será difícil a Texas A&M sobreviver à saída de Damontre Moore, o líder da equipa em tackles, que aportou 12,5 sacks. Sem pass rush, a defesa terá que sobreviver de qualquer forma, se quiser ter uma palavra a dizer numa eventual ida à final de conferência. Um dos jogadores que se poderá destacar é o corner Deshazor Everett. A defesa é, no entanto, a última das preocupações para os responsáveis de Texas A&M. O intenso escrutínio em que se transformou a vida de Manziel, tornado numa espécie de pop-star pela imprensa, assumiu contornos inquietantes com a acusação de que o QB teria recebido dinheiro, em troca de autógrafos em merchandising, algo veementemente condenado pela NCAA. Será difícil para a equipa emular a época anterior, agora que os adversários conhecem o estilo de jogo de Manziel. Mas o ataque, esse, continua imutável e repleto de excelentes jogadores. Mantenham debaixo de olho Mike Evans, WR. Com 8 jogos caseiros (onde figura esse emblemático confronto contra Alabama, em 14 de Setembro), a universidade pode fazer história. Todos os olhares se concentrarão no jogo de 14 de Setembro. É aí que muita coisa poderá ser decidida, tanto na SEC como numa caminhada para a final nacional.
- A SEC, pese o favoritismo de Alabama, será uma conferência aberta, em ambas as suas zonas, com várias equipas a poderem vencer e a marcar presença na final. No Este a luta será entre Georgia, Florida e South Carolina, com as restantes universidades a lutarem pela mera presença numa Bowl. Existe um fosso claro, a nível de qualidade, que separa estas três equipas das restantes. Tennessee, Vanderbilt e Missouri lutarão para terem mais de 50% de vitórias, procurando acompanhar o ritmo do trio de candidatos. Vanderbilt tem expectativas elevadas, depois de ter conseguido a primeira temporada com nove vitórias, desde 1915. No entanto, tem road trips a South Carolina, Texas A&M e Florida, para além do jogo caseiro com Georgia. Revista a ambição, uma presença numa bowl deixará satisfeitos os seus fãs.
No Oeste, temos Alabama, LSU e Texas A&M, claramente separadas das restantes equipas. Ole Miss, plenamente reforçada por uma fornada de rookies talentosos (como o top recruit Robert Nkemdiche), pode fazer alguma gracinha. Hugh Freeze foi o responsável por tornar Ole Miss novamente visível, no mapa, com 2012 a ser a 1ª temporada positiva (7-6) desde há muito. Tendo perdido no ano passado para LSU e Texas A&M por um total de 9 pontos, a mescla de experiencia e talento novo pode torná-los a breve prazo num contendor a ter em conta. É previsível que a parceria entre Bo Wallace (QB) e Donte Moncrief (WR) tenha um ano em grande. Auburn procura regressar às origens da temporada que lhe valeu o título, na era Cam Newton, recrutando para head coach o antigo coordenador ofensivo. Gus Malzahn tem a árdua tarefa de recuperar um ataque que foi o 114º a nível nacional. Com um novo QB (Nico Marshall) e um talentoso tailback na figura de Tre Mason, é previsível uma melhoria substancial, mas ainda longe dos tempos de glória recentes. Auburn terminou 2012 sem vencer nenhum adversário da conferência, apenas dois anos depois de se ter sagrada campeã.







