Washington Redskins e Robert Griffin III
Toda a excitação em redor de Robert Griffin III e, por inerência, dos próprios Washington Redskins, tem razão de ser, ou o entusiasmo vai-se esvair como ar num balão furado? Como mais um adepto das capacidades de Robert Griffin III, espero que a temporada da equipa de Washington seja coroada de êxito. E a equipa de Mike Shanahan, mesmo vivendo numa realidade extremamente competitiva, com adversários de top, tem a possibilidade de surpreender. É uma equipa algo curta, quando comparamos a profundidade do roster. Criada e pensada como capaz de resolver os problemas, tanto a nível de ataque e de defesa, revela algumas carências, que ressaltam quando acontece uma lesão. A perda de dois dos mais emblemáticos jogadores da equipa, e principais rostos do pass rush, adensou a preocupação sobre o futuro imediato da equipa. A dificuldade de substituir um jogador do calibre de Brian Orakpo, um linebacker externo com habilidades naturais para pressionar as linhas ofensivas, e de Adam Carriker, um dos defensive ends mais fortes no esquema táctico dos Redskins, apenas desnudou a fragilidade de qualquer sonho, numa competição tão dura.

Robert Griffin III é um quarterback que consegue ganhar jardas pelo próprio pé quando é necessário
Fonte da Imagem: AP Photo/Richard Lipski
Mas, de forma algo surpreendente, os Redskins continuam a galvanizar, com um futebol eléctrico, empolgante, extraindo o melhor das características dos seus jogadores. Se no ataque, actualmente, os nomes mais mediáticos são os rookies Robert Griffin III e o running back descoberto no 6º round do draft, Alfred Morris, outros têm contribuído para o sucesso, ainda a coberto de algum anonimato. Com um 3-3 na competição, mantendo em aberto a possibilidade de apuramento para os playoffs, a equipa tem mostrado resiliência às adversidades, com uma competitividade inesperada, que os mantém com a faculdade de vitória em aberto, em todos os jogos. As derrotas, frente a St. Louis Rams, Atlanta Falcons e Cincinnati Bengals, mostraram uma equipa que nunca baixou os braços. Um dos destaques no ataque tem sido a solidez da linha ofensiva que, salvo raras excepções, tem conseguido proteger o seu quarterback. Nela, sobressai Trent Williams, que tem solidificado o seu estatuto de contínua progressão. Com 3 anos de liga, Williams está a atingir aquele patamar em que deixa de lado o rótulo de eterna promessa, passando para o estágio de certeza. Defrontando alguns dos melhores pass rushers da liga – Chris Long, Robert Quinn, John Abraham, Jared Allen, Will Smith – o saldo é francamente positivo para o left tackle, que brevemente atingirá o estrelato.
Na defesa, se a perda de Brian Orakpo ou Carriker fragilizou o sector, obrigou por outro lado ao aparecimento de novos valores ou à explosão definitiva de talento ainda por lapidar. Um exemplo disso tem sido o crescimento sustentado de Ryan Kerrigan, tornando-se um valor incontornável no front seven da equipa, trazendo com a sua capacidade de penetração o elemento disruptivo que faltava.

Afred Morris dos Washington Redskins a celebrar um touchdown
Fonte da Imagem: AP Photo/Pablo Martinez Monsivais
Estes três nomes – Griffin, Williams e Kerrigan – têm algo em comum, para além das doses extra de talento. Foram todos escolhas pessoais de Shanahan, que os elegeu no 1º round dos vários drafts que leva como head coach em Washington. Um trabalho sustentado, que começa a frutificar, levando à cirúrgica supressão dos buracos existentes. Com o posto de quarterback, left tackle e pass rusher devidamente compensados, Shanahan investiu algum do imenso dinheiro disponível na free agency, procurando o wide-receiver big play. Será ainda discutível se o terá encontrado, nas figuras de Pierre Garçon ou Josh Morgan, mas a exibição de Garçon, no único jogo que disputou saudável, contra os Saints, leva a supor que está ali uma estrela em potência. O trabalho de reconstrução duma franquia não é célere. Obriga a paciência em doses suplementares e a escolhas criteriosas. Estes Redskins ainda revelam insuficiências que lhes custarão jogos e vitórias importantes. A secundária, apenas alvo de uma operação de cosmética – as adições de Brandon Meryweather e Madieu Williams não são opções de futuro – tem a premente necessidade de um cornerback. Mas o negócio de Robert Griffin III, se necessário, teve um custo elevado, privando a franquia de todas as escolhas de 1º round, até 2015. Mike Shanahan já provou, no passado, o seu talento para descobrir pérolas nos rounds mais baixos. É isso que terá que fazer, já no futuro próximo. Estes Redskins, com a introdução de ajuda na secundária e ajuda na linha ofensiva ficarão ainda mais fortes. Shanahan percebeu que, mesmo sofrendo uma média elevada de pontos por jogo (cerca de 29), basta criar e manter pressão, na linha defensiva, para permitir que depois Robert Griffin III permaneça o tempo suficiente em campo para desequilibrar. A secundária, mesmo remendada, dará para o gasto, desde que os seus ends (sejam os defensive ou os linebackers) consigam incrementar o ataque ao quarterback adversário. Neste momento, uma ilação pode ser tirada. Estes Redskins têm talento. E sabem usá-lo. Está em crescimento uma equipa de sucesso.
Be afraid. Be very afraid…