A View From the Bay: E Agora?

Hugo Taxa 23 de Outubro de 2016 Análises, Equipas NFL Comentários Desligados
Dallas Cowboys v San Francisco 49ers

A View From the Bay: E agora?

Mesmo quando a época começa 1-2 (a caminho de 3-13) há sempre uma ténue esperança de que os astros se alinhem, o ataque faça click, a defesa se torne um bloco, e por um milagre qualquer a nossa equipa se torne competitiva. Foi com este espírito que encarei o jogo com os Dallas Cowboys.

O jogo até não começou mal, com os 49ers a conseguirem montar duas drives bem gizadas a abrir o jogo, que redundaram em outros tantos TDs. Não que os problemas verificados anteriormente – playcalling excessivamente conservador no 1st down, ou as rotas dos receivers a ficarem atrás dos sticks não se verificassem, mas de uma maneira ou outra, Gabbert e os colegas foram mantendo as drives vivas. No segundo período Dallas equilibrou o jogo, e empatou a 14 já nos segundos finais do mesmo.

San Francisco tinha a bola para abrir o 3º período, e consegue um field-goal, para retomar a liderança. Mas, após duas trocas de bola sem grande sucesso, Dallas pega na bola nas sua linha de 22 jardas. Abrindo com uma corrida de Ezekiel Elliot que apenas chega à linha de scrimmage, no 2nd down Dak Prescott faz um passe curto para o seu lado direito na direcção de Brice Butler, que escapa a Keith Reaser e Eric Reid conseguindo arrancar 11 jardas e um first down. Na imagem vê-se Navorro Bowman a cair sozinho. Duas repetições depois, Bowman ainda está no chão, a ser assistido. Não! Não pode ser! Mais uma repetição e vê-se Bowman a agarrar o seu calcanhar … só pode ser tendão de Aquiles. Isto significa uma paragem de pelo menos 8 meses … o fim da sua época (e o fim da época dos 49ers).

Até este momento, Elliot tinha 53 jardas ganhas em 11 corridas. Primeira corrida após a lesão de Bowman? 23 jardas e mais uma lesão do rookie Dashard Robinson, que se vinha a destacar durante o jogo como o melhor dos Cornerbacks dos 49ers, por oposição ao inconstante Tramaine Brock. Mais 3 corridas de Elliot e após um passe de Dak Prescott, mais uma corrida para 17 jardas de Elliot – começou o Ezekiel Elliot Show! Na jogada seguinte, os Cowboys tomam a liderança pela primeira vez no encontro, 21-17. Nick Bellore – o suplente de Bowman – está a ser “comido de cebolada”.

Mais uma troca de punts e San Francisco fica com a bola nas suas 45 jardas. Torrey Smith consegue ligeira vantagem sobre o seu marcador pessoal e Gabbert decide lançar uma bomba … que mais não é do que uma horrível intercepção – quase parecia um punt. O passe é curto e mal direccionado, Smith não tem a mínima hipótese de fazer a recepção. Dallas consegue um field goal na sequência da intercepção e os 49ers têm uma derradeira oportunidade de empatar o jogo. Arrancando com a bola das suas 25 jardas, Gabbert marcha os 49ers 45 jardas em 2m11s e 6 jogadas. 4th-and-6, da linha das 35 jardas de Dallas, Gabbert recebe o snap olha para Torrey Smith, e endossa-lhe a bola, sendo que este – a deep threat dos 49ers – estava a correr uma rota com uma profundidade de 3 jardas quando 6 eram necessárias. Inacreditável! Turnover on downs.

Quando o cronómetro fica a zeros, Ezekiel Elliot tem 138 jardas em 23 corridas, e a época dos 49ers acabou. Não vai haver milagre.

No dia seguinte, a dura realidade é confirmada – Navorro Bowman fez uma ruptura no tendão de aquiles e é colocado em IR. A perspectiva é que a época se torne um penoso arrastar de situações em que se vai suspirar intensamente por Bowman, e pela falta da sua ubiquidade na defesa.

“Short Week”

Uma semana mais curta, devido ao encontro com os Arizona Cardinals estar agendado para a quinta-feira seguinte, não augurava nada de bom. Antes do jogo, os rumores apontavam para uma proposta de reestruturação do contrato de Kaepernick que lhe abriria as portas para a titularidade. À partida, a vontade de ver o jogo com os Cardinals já não era grande, sendo que as desoras do mesmo me forçariam a ver o jogo em diferido … Isto é, até acordar na manhã seguinte e ver o “box score do jogo”: Cardinals, 33 – 49ers, 21 … até nem foi muito mau! E as estatísticas individuais? A vontade passou logo, quando se lê que Drew Stanton fez 11 para 28, 124 jardas e 2TDs, e David Johnson conquistou 157 jardas em 27 corridas, também para 2TDs. Face a este panorama, nem sequer é necessário ver o jogo – mais uma exibição deplorável da defesa, onde a falta de Bowman se nota nos números de Johnson, e uma reedição da incapacidade da Secondary de fazer uma cobertura eficaz, como já tinha sido patente nos jogo com os Panthers, Seahawks e Cowboys. Gabbert manteve a titularidade mas foi interceptado duas vezes. Não vi o jogo. Há limites à capacidade de resistência, e ainda há muito sofrimento pela frente nesta época.

A Mais Longa Semana

A seguir a um jogo de Thursday Night, temos sempre uma semana mais longa. E uma semana mais longa no estado actual dos 49ers é sempre mau, pois em vez de utilizarem o tempo extra para consolidarem o jogo ou melhorarem a eficácia, o tempo extra é sempre utilizada para criar novas polémicas internas, e aumentar o grau de disfunção da Franchise. Meu dito, meu feito. Face à ineficácia do ataque, Chip Kelly disse que ia analisar a situação e fazer tudo o que fosse possível para injectar uma nova vida no mesmo. Em virtude dos rumores da semana anterior, na terça-feira, dia 11 foi feito o anúncio – Colin Kaepernick seria o QB titular no jogo contra os Bills.

Não chegava o facto de LeSean McCoy estar super-motivado para embaraçar o seu anterior treinador no primeiro reencontro entre ambos, toca de arranjar mais um potencial foco de polémica.

Os resultados não se fizeram esperar – uma tareia monumental às mãos dos Bills. LeSean McCoy fez “gato-sapato” da defesa dos 49ers, convertendo um 3-and-20 em corrida, e registando 106 jardas e 2TDs em 11 corridas ao intervalo. Aliás, o resultado ao intervalo era enganador, pois os 17-13 a favor dos Bills não espelhavam minimamente a diferença observada em campo. Antes do jogo acabar McCoy ainda acumularia mais 36 jardas e um TD, tornando-se o 4º RB consecutivo a ganhar mais de 100 jardas em corrida contra os 49ers. A humilhação foi ainda maior pois os Bills colocaram o segundo QB em jogo quando tinham uma vantagem de apenas 15 pontos e mais de 9 minutos ainda para jogar.

Do lado dos 49ers, sem querer escalpelizar de imediato os números de Kaepernick – que não foram famosos – há a registar um passe longo para TD para Torrey Smith, numa jogada em que não se pode dizer que os Bills ficaram mal na fotografia … porque nem sequer figuram nela! A falha defensiva foi de tal ordem que Torrey Smith teve tempo suficiente para recuar 3 ou 4 jardas para receber o passe – que ficou curto! (onde é que já vimos isto antes?) – de Kaepernick, tomar um café, ler um jornal, e só quando se levantou da mesa da esplanada é que o primeiro defesa dos Bills aparece no enquadramento. Para referência, foi pior do que o TD que os 49ers concederam a Jimmy Graham no terceiro encontro da temporada.

E Agora?

Bem, agora Chip Kelly vai manter Kaepernick como titular no encontro contra Tampa Bay.

A situação da equipa é embaraçosa. No jogo contra os Bills, os 49ers foram derrotados em todos os aspectos do jogo – em termos de táctica, gestão do jogo, vontade e talento. Os analistas consideram que a equipa – de cima a baixo – é uma trapalhada pegada. Lisa DeBartolo, filha do pequeno-grande Eddie DeBartolo e pessoa escolhida por este para fazer a sua introdução no Hall Of Fame, deu um pontapé nas partes baixas de seu primo e presidente dos 49ers, Jed York, ao fazer retweet de um artigo (http://www.pressdemocrat.com/sports/6201808-181/lowell-cohn-this-49ers-mess) que demole por completo a liderança de Jed York, culpabilizando-o pela desordem e pela vergonha em que os 49ers se tornaram.

Tweet - Lisa DeBartolo

Tweet – Lisa DeBartolo

Logo depois justificou o seu tweet:

 

 

Neste momento, as perspectivas apontam para os 49ers conseguirem uma das primeiras 5 picks no draft de Abril do próximo ano … mas por este caminho, estou certo que escolheremos no Top3!

 

About The Author

Hugo Taxa

Em meados da década de 80, e após ver vários episódios do "Eight is enough" na televisão (onde o filho mais novo aparecia no genérico com um capacete dos 49ers) tornei-me fã dos 49ers. A partir de 1990 tive a sorte de ter um vizinho de origem americana que recebia a Sports Illustrated, e que me dava as revistas após acabar de ler as mesmas. Segui assim as temporadas de 90, 91 e 92 pelas revistas (com de cerca de 3 meses, entre o jogo acontecer e eu ler a crónica sobre o mesmo na revista) até ver o meu primeiro Super Bowl na SIC em 1993, em directo. Tinha um teste na terça-feira seguinte, mas a antecipação era tanta que não me consegui concentrar no estudo durante o fim--de-semana ... e chumbei - tive que ir a exame!

Em 1996 acedi ao meu primeiro site na internet - espn.com. O objectivo era apenas seguir a NFL; e com o aparecimento da DSF no alinhamento da TV Cabo finalmente comecei a ver a Regular Season na TV - com comentários em Alemão!
20 anos depois me ter estreado a ver Super Bowls, acho que me posso gabar de apenas ter perdido o de 2000, e de ter visto em directo alguns dos momentos emblemáticos da NFL: Dan Marino a obter o recorde de jardas; Barry Sanders e Terrell Davis a correrem para 2000 jardas; Emmitt Smith a quebrar o recorde de Walter Payton; John Elway a "fazer de helicóptero" para ganhar o seu primeiro Super Bowl; e o melhor jogador de sempre - Jerry Rice - a dinamitar defesas adversárias.
A NFL pauta-se pelo equilíbrio, o que se traduz em todas as equipas terem os seus momentos altos e baixos. No entanto, mesmo em épocas difíceis como 2003 ou 2004 a fé nunca esmorece - 49ers Faithful!