Minnesota Vikings: Quem Serão os Wide Receivers?
É sempre um exercício especulativo, tentar destrinçar as várias unidades de cada equipa. E esse sentimento de pura adivinhação é adensado pelo facto de, salvo alguns treinos dispersos que envolveram rookies, não existir qualquer actividade regular, desde o Super Bowl. Por isso, como prever quem ficará no roster, quem brilhará na temporada que se avizinha ou quem será liminarmente cortado, no final do training camp? Não existindo uma ciência exacta para responder à minha questão, usa-se uma mistura de palpites, exibições passadas e expectativas. E rezamos para que dê certo. Vamos então colocar mãos à obra e esculpir aquilo que será, provavelmente, o corpo de wide receivers dos Minnesota Vikings.
Prováveis titulares
- Greg Jennings
- Jerome Simpson
Backups
- LaMark Brown
- Stephen Burton
- Greg Childs* (provavelmente entrará na temporada ainda na lista de lesionados, chamada de physically unable to perform list)
- Erik Highsmith
- Cordarrelle Patterson*
- Rodney Smith
- Chris Summers
- Adam Thielen
- Joe Webb*
- Jarius Wright*
(o asterisco informa qual o jogador que fará parte do roster final)
A unidade de receivers dos Vikings sofreu uma transformação. E não foi um mero facelift. Foi algo bem mais profundo, com várias alterações a mudarem radicalmente a futura forma de jogo da própria franquia. Percy Harvin saiu, de malas feitas para os Seattle Seahawks. Com ele, partiu um jogador dinâmico, com as suas características a tornarem-no difícil de substituir. Harvin é um playmaker, capaz de retornar um punt de forma frenética, jogar no slot, onde a sua velocidade provoca mossa nas defesas ou usado no backfield, ludibriando os adversários, capaz de transportar a bola à maneira dum running back. Talento único, era o principal destaque no jogo aéreo, com o restante depth chart a fazer apenas figura de corpo presente. Michael Jenkins saiu igualmente, encontrando – para já – um lugar nos New England Patriots. Devin Aromashodu foi também uma baixa casuística, que pouca saudade deixará na cidade. Os Vikings, mesmo com Harvin, estiveram sempre órfãos duma deep threat, alguém capaz de espartilhar as secundárias dos opositores, esticando o jogo até à red zone. Jerome Simpson nunca conseguiu ser essa figura, incapaz de se adaptar à realidade gélida de Minnesota, perdendo sucessivo tempo de jogo por mazelas físicas.
O panorama, finda a época de 2012, não era famoso, e requeria um makeover que dotasse o ataque de jogadores competitivos. Rick Spielman, o general manager que tem a hercúlea tarefa de reerguer a franquia, deitou mãos à obra. Usou a free agency para trazer Greg Jennings, dos rivais Packers, suprindo a referida carência duma deep threat e, ao mesmo tempo, galvanizando a massa adepta com uma contratação sonante. Primeiro problema resolvido. Jennings, mesmo perdendo tempo de jogo em Green Bay, por questões físicas (11 jogos nos dois últimos anos), tem ainda muito para dar. Pode ser usado colado à linha, desafiando as secundárias, ou utilizado pelo meio, indiferente ao tráfego. O seu provável parceiro será Jerome Simpson, que nunca viveu para superar as expectativas criadas em seu redor. Num ano atípico (2012), em que perdeu por castigo os 3 primeiros jogos, Simpson mostrou flashes de brilhantismo, mesmo que parciais, conectando-se com Ponder em algumas catches que mostraram o seu atleticismo. Tal como Jennings, o segredo com Simpson é simples: manter-se saudável. Se isso for conseguido, os Vikings ficam com uma dupla dinâmica, capaz de suprir a ausência do elemento surpresa que Harvin sempre conferia ao ataque.
O draft serviu para complementar o corpo de receivers, dando-lhe a necessária profundidade, com a escolha de Cordarrelle Patterson a manter-se fiel à filosofia implementada por Spielman: rejuvenescer a equipa, dotando-a de qualidade via draft, num projecto de médio/longo prazo, com a janela de oportunidade a ser maior. A escolha de Patterson foi ousada, com Spielman a não ter pejo em trocar várias picks pelo atleta, um prospect longe de estar finalizado. Patterson é enorme (6,3 pés e 205 pounds), rápido e com aquele potencial inato de se poder transformar rapidamente num jogador de elite, à imagem recente de Julio Jones ou AJ Green. Mas não é ainda um produto acabado, com incipientes route runnings (algo que terá que melhorar, gradualmente), com as suas skills a serem usadas inicialmente onde Harvin deixou um vazio difícil de preencher: retornador. Na universidade de Tennessee, Patterson foi sempre perigoso com a bola nas mãos, capaz de transformar a mais básica jogada numa explosiva acção. Pode, a médio/longo prazo, ajustar-se ao papel que Harvin tinha nos Vikings, usado pela equipa técnica numa multiplicidade de papéis, sempre imaginativos e engenhosos. O roster contará ainda com Jarius Wright, um rookie em 2012 que, aos poucos, foi ganhando espaço na equipa principal. Mais pequeno que os seus colegas de grupo, é rápido e com boas mãos, sendo provavelmente o eleito para a posição de slot receiver.
Se os Vikings resolverem ficar com 5 receivers, o último lugar será disputado de forma agressiva por uma mão cheia de jovens ambiciosos, todos com habilidades que podem ajudar a equipa, de uma forma ou de outra. Greg Childs, parceiro universitário de Wright, teve uma lesão brutal dem 2012, não disputando nenhum minuto oficial, ainda convalescendo na reabilitação física. É provável que permaneça naquele limbo criado pela PUP (physically unabel to perform), permitindo que o 5º posto seja ocupado por Joe Webb, anterior backup quarterback. Não é lícito que Webb consiga sobreviver ao training camp e aos cortes que reduzirão gradualmente o número de efectivos, até estarem descobertos os 53 eleitos. Mas Webb sempre foi um atleta intrigante, fisicamente dotado, cujas características naturais apaixonaram anteriormente Brad Childress e, agora, Leslie Frazier. Pode ser neófito na posição, o que atrasará a sua aprendizagem de rotas, mas vale a pena a tentativa. Dos outros não rezará a história. Stephen Burton é o nome mais facilmente reconhecível, mas pouco fez de relevante nos dois anos como profissional. Rodney Smith destaca-se pela altura – 6,6 pés – Adam Thielen é um undrafted rookie que conseguiu bons momentos no minicamp e os restantes são rostos da practice squad.
Interessa comparar esta unidade com as dos rivais de divisão, tentando perceber se os Vikings conseguiram diminuir a distância que os separava dos outros contendores. Se parece óbvio que os Packers continuam a ser a franquia da NFC North com o melhor grupo de WR (Jordy Nelson, James Jones e Randall Cobb), atrevo-me a escrever que a equipa de Minnesota saltou para a 2ª posição, suplantando Bears e Lions. Estes têm o sobrenatural Calvin Johnson, mas pouco mais, depois do affair Titus Young e da lesão de Ryan Broyles. Os Bears, com um Brandon Marshall que criou uma empatia única com Jay Cutler, têm Alshon Jeffery com enorme potencial e um Earl Bennett que não provoca qualquer entusiasmo.
Concluindo, os Vikings, mesmo perdendo Harvin, estão melhores. E melhoraram pela necessidade imperiosa resultante da troca com os Seahawks, que obrigou a equipa a apostar forte no mercado de free agents, num movimento contra-natura, e os levou a apostar de forma ousada no draft.





