Free Agency 2014: O Top 5

Paulo Pereira 26 de Dezembro de 2013 Jogadores, NFL Comments
Free Agency

Free Agency 2014: O Top 5

É um paliativo. Um mero alívio momentâneo, no meio da dor de estarmos – e termos profundo conhecimento disso – sem futebol americano nos próximos meses. Custa. E muito. Ainda não consegui aprender a conviver com isso. Rick Eisen (cujo livro foi dissecado aqui) tem uma teoria interessante. Não existe defeso na NFL. Existem duas temporadas. Uma com futebol. A outra sem. Ambas complementam-se e têm atractivos para justificar a atenção dos adeptos. Talvez. Eu gosto de alguns dos eventos na temporada sem futebol. Vibro com a especulação pré-draft. Anseio pelo grande momento da revelação dos nomes dos rookies, escolhidos por cada equipa. E sigo naturalmente o mercado de jogadores livres. Mas sabe a pouco. No entanto, é o que se tem, até que o futebol jogado regresse.

O artigo, aproveitando uma lista saída há umas semanas no Bleacher Report, apenas procura situar o fã quanto aos nomes que podem atingir o marcado de free agents. Uma nota, no entanto, servindo de aviso aos menos precavidos. É possível que alguns nos nomes mais sonantes não atinjam a free agency. Existe uma figura que serve de protecção ao clube que ainda tem os direitos dos jogadores. A famigerada franchise tag. Esta, se usada, impedirá por exemplo que Jay Cutler apareça livre e disponível, testando o mercado. Mas essa franchise tag não será, em nenhum caso, usada de ânimo leve, pelas implicações que tem. Desde logo porque o seu uso significa um esfriar da relação laboral entre atleta e entidade patronal, mostrando que não foi possível, até ao momento da sua utilização, as partes chegarem a um acordo para a renovação contratual. Depois, pelo peso no cap space. A franchise tag usa a média dos 5 atletas mais bem pagos na posição para estabelecer, à partida, os direitos dos jogadores e os deveres da franquia. Por exemplo, se os Bears resolverem usar a franchise tag em Cutler, terão que contar com um contrato que rondará os 16 milhões. Por um ano. Valerá a pena? Essa é a pergunta que Phil Emery terá que responder, se não conseguir (caso tenha interesse) negociar com o seu quarterback um acordo mais extenso. Comecemos então pelo ataque. Quem são os quarterbacks que podem tornar-se jogadores livres:

Quarterbacks

Foto de ChicagoMag

Foto de ChicagoMag

1. Jay Cutler

Na relação de amor/ódio que estabeleceu com os fiéis adeptos de Chicago, Cutler sempre se mostrou, acima de tudo, um jogador resiliente. Jogando, anos a fio, protegido por uma patética linha ofensiva, que o sujeitou a punições severas, o quarterback alternou momentos brilhantes com outros que gostaria que fossem esquecidos. Se algo foi mostrado, nesta temporada, é que Cutler não parece indispensável ao ataque agora gerido por Marc Trestman, reconhecido guru no aperfeiçoamento de quarterbacks. O seu backup, Josh McCown, aproveitando a ausência de Cutler por lesão, realizou algumas notáveis exibições, mantendo os Bears vivos na corrida por um posto nos playoffs. Mas McCown não é o futuro. Mais velho do que Cutler, nunca seria o rosto desejado para a posição, em termos futuros. Cutler, prestes a fazer 32 anos, quererá realizar o contrato da sua vida, tendo sempre em mente os valores pagos, em anos recentes, a quarterbacks como Matt Ryan, Matthew Sttaford, Aaron Rodgers e Joe Flacco, só para mencionar alguns. E é isso que estará em cima da mesa, quando chegar a hora da decisão. Irão os Bears oferecer um contrato que ronde, em média os 16/17 milhões por ano? Contentar-se-á Cutler com valores menores? É que, para todos os efeitos, se Cutler atingir o mercado de free agents, terá interessados. E não serão poucos, dispostos a apostarem no veterano para suprirem a carência na posição.

2. Michael Vick

Desaparecido das notícias, depois da explosão de Nick Foles, Vick tem consigo o rótulo de injury prone, nos últimos anos, incapaz de se manter saudável uma temporada inteira. Vick sabe que, nesta altura, não terá hipóteses de ser titular em Philadelphia. Contentar-se-á com o papel de backup? Ou preferirá arriscar as suas possibilidades, jogando com o interesse que o mercado de free agents tem por veteranos quarterbacks? Vick ainda é um jogador com laivos de antigamente: um atleta refrescante, capaz de empolgar com a sua habilidade de corrida, emulando na perfeição os conceitos da read-option. Poderá atrair algum interesse de clubes que procurem o mesmo sucesso dos Redskins de 2012 ou de outros que vejam nela uma opção de curto prazo, enquanto solidificam o status de um promissor QB, mantendo Vick a titular como forma de não pressionar o crescimento do potencial franchise na posição.

3. Josh McCown

É pena ter 35 anos. A temporada que realizou nos Bears, após a lesão de Cutler, mostrou um jogador confiante, com óptima presença no pocket, gerindo o ataque sem sobressaltos e, invariavelmente, tomando as opções certas. Isso tudo, transmitido em primetime, poderá valer-lhe o acrescento de alguns zeros nos próximos cheques. Equipas com problemas na posição poderão ver nele uma apólice de seguro, permitindo que o ataque não sofra sobressaltos, enquanto o rookie escolhido no draft aprende os segredos da posição. McCown talvez não consiga capitalizar o seu rendimento em dólares. Se algo foi aprendido pelas diferentes franquias, nos últimos anos, é que “queimar” etapas na procura de um QB acaba invariavelmente mal, como atestam os exemplos de Kevin Kolb e Matt Flynn, generosamente pagos sem nada de relevante para mostrar. Haverá mercado para McCown ser titular, em algum lado?

4. Josh Freeman

A situação de Freeman já foi dissecada de inúmeras maneiras. A mais explícita apareceu num recente artigo de Peter King que, fazendo contas ao valor pago pelos Vikings e às semanas de permanência com a camisola purple & gold, chegou à conclusão que Freeman auferiu 166 mil dólares semanais…para não jogar. Um tiro no pé de 2 milhões de Rick Spielman, general manager dos Vikings, provavelmente atraído pela sensacional temporada de 2010 do jogador, em Tampa. 25 touchdowns, apenas 6 intercepções e 3.451 jardas pareciam indiciar o aparecimento de uma nova estrela, com os anos seguintes a arrefecerem o entusiasmo. E agora? Depois da saída dos Buccanners, com vários dedos a acusarem a intransigência de Greg Schiano como desfecho para o folhetim, julgava-se que Freeman teria sucesso, mesmo que relativo, nos Vikings. Aparentemente, após ser lançado às feras, na sua primeira semana, contra os Giants, ele deixou de merecer a confiança da equipa técnica, mesmo que a posição tenha vivido em permanente sobressalto. A sua juventude e o potencial talento poderão permitir-lhe recuperar o estatuto de rising star, mas será difícil ver alguém apostar nele, de forma declarada, após os recentes insucessos. Um caso interessante a acompanhar, na longa offseason de 2014.

5. Chad Henne

Chad Henne é um daqueles jogadores de quem não se espera literalmente nada de relevante, parecendo talhado para ser coadjuvante num ataque, remetido ao mero papel de backup. Com passagens pelos Dolphins e Jaguars a titular, Henne teve momentos bons alternados por outros medíocres. Infelizmente para ele, estes últimos foram sempre em maior número, o que não lhe deverá atrair números chorudos, no próximo contrato.

Running Backs

Se a competição se tornou, com o passar do tempo, num festival de passes e jardas aéreas, assistindo-se ao minguar da importância do jogo corrido, sobretudo no draft e no 1º round, este continua a ser relevante nos esquemas tácticos das franquias. O mercado, em 2014, terá alguns nomes sonantes, com provas dadas anteriormente, que podem fazer salivar os head coaches, evitando a procura do próximo running back nos rounds inferiores do draft. Logicamente que, em termos meramente financeiros, custará sempre mais a aquisição de um destes nomes do que a aposta num talento ainda com tudo por provar. É que Alfred Morris (escolha dos Redskins no 6º round) não se encontram todos os dias…

Foto retirada de Firstcoastnews.com

1. Maurice Jones-Drew

Big name, right? Sim…se nos reportarmos a 2011. Desde aí Maurice Jones-Drew tem vivido um calvário de lesões e problemas físicos que impediram o seu uso regular. O que farão os Jaguars, em modo rebuilding? Apostarão na renovação, sabendo à partida que MJD pode já não ser o jogador explosivo de outrora? Ou, vendo o sucesso dos Bucs (com a escolha de Mike James no draft e de Bobby Rainey, undrafted) e dos Redskins (ainda o exemplo de Alfred Morris), optam por escolher o próximo franchise running back no draft de 2014? Se atingir a free agency, acredito que MJD atrairá interesse. Debelados os problemas físicos, o que fica é um jogador experiente, de 29 anos (a fazer em 2014), que pode ser importante numa equipa com um ataque estabelecido. A sua produção, com uma linha ofensiva consistente e um quarterback experiente, rodeado de armas em seu redor, poderá aumentar os seus números.

2. Ben Tate

Gosto de Ben Tate. Considero-o um dos running backs mais underrated da liga. Pode ser titular numa equipa? Julgo que sim, como se constata nos generosos números que colocou, nas várias temporadas em Houston. Mesmo na sombra de Arian Foster, de quem se tornou um fiel escudeiro, Tate tem agora a oportunidade de conseguir um belo contrato. Em Houston ou noutro lado, eis a questão.

3. Rashad Jennings

Tapado nos Jaguars, vivendo das sobras deixadas por Maurice Jones-Drew, apenas este ano Rashad Jennings saltou para a ribalta, ao chegar a Oakland. Os Raiders, sabedores das constantes mazelas de Darren McFadden, precaveram-se com um backup sólido. Jennings tratou de capitalizar a oportunidade, quando ela surgiu, conseguindo um par de jogos excelentes. Sem McFadden, lesionado pela enésima vez, Jennings poderá ter despertado a cobiça de algumas franquias, que estão sempre à procura de running backs. Os Raiders têm aqui uma decisão difícil para tomar. Oferecem contrato a quem? Rashad Jennings ou Darren McFadden?

4. Knowshon Moreno

É uma das novelas a acompanhar na offseason. Fica em Denver ou vai para outras paragens? Nos dois últimos anos os Broncos gastaram picks em Ronnie Hillman e Montee Ball. Moreno, que parecia ser descartável, assumiu-se como parte integrante – e importante – do ataque, levando o jogo corrido para outro nível. Ball, que parece ser a aposta de futuro para a posição, tem vindo lentamente a emergir no depth chart, mostrando a qualidade com que vinha referenciado. Moreno provou, durante esta permanência em Denver (incluindo no ano passado, com a lesão de McGahee), ser um running back talentoso, que funciona bem fora do backfield, com umas boas mãos nas jogadas de passe a valerem-lhe mais jardas adicionais. Mercado não lhe faltará, mesmo que os contratos recentes para running backs não sejam já tão apetecíveis como antigamente.

5. Darren McFadden

Uma pena. Darren McFadden tem tudo para ser um running back de top. Tudo? Skills tem…o pior é o resto. A quantidade impressionante de lesões que o mantêm afastado do palco, impedindo a sua progressão e regularidade, podem atrasar as núpcias com um novo pretendente. Os Raiders são uma equipa que, em 2014, respirará melhor, com mais de 60 milhões de espaço livre no cap space para atacar a free agency e o draft. A equação na franquia será simples: existe interesse em manter McFadden? A emergência de Rashad Jennings, aliada à polivalência de Marcel Reece (o fullback foge ao estereotipo da posição, auxiliando o jogo corrido amiúde), podem tornar dispensável a antiga pick de 1º round. Mas o talento, que é visível, atrairá sempre interesse, em Oakland ou noutro lado qualquer, pese o crescente rótulo de injury prone.

Com cada vez mais quarterbacks a passarem a fasquia das 4.000 jardas/ano e intrincados esquemas tácticos que usam um set de receivers e tight ends, o jogo tem assistido à explosão de jardas aéreas. Os contratos dos anos recentes, envolvendo os quarterbacks, dão bem a ideia do futuro imediato da NFL. As franquias procuram, cada vez mais, rodear os seus astros de alvos talentosos, que satisfaçam o apetite desmesurado do jogo de passe e aproveitem as habilidades de quem gere o ataque. Não é por isso de estranhar que os receivers sejam o fruto mais apetecível no mercado de free agents. E, tal como Mike Wallace provou, ao ser enterrado em milhões por mudar de Pittsburgh para a solarenga Miami, existe sempre alguma equipa disposta a cometer loucuras. Preparem o livro de cheques, senhores…

Wide Receivers

Foto retirada do site ESPN.Go.com

1. Eric Decker

Quem é que não sonhava em ver Erik Decker a envergar as cores da nossa equipa? Isso pode bem vir a acontecer, na época 2014. Decker faz parte do tridente ofensivo dos Broncos, formando o melhor grupo de receiver com Wes Welker e Demaryius Thomas. Com a sua segunda temporada consecutiva acima das 1.000 jardas, sera difícil que a franquia de Denver o deixe partir. Mas…
Existe sempre um mas. Decker quererá, por certo, um contrato chorudo, ao nível do que Mike Wallace conseguiu no ano passado, quando se mudou para os Dolphins. Conseguirão os Broncos encaixar essas exigências no seu salary cap? Ou poderemos assistir a algo semelhante ao que ocorreu com o emblemático Wes Welker, que saiu dos Patriotd (algo que se considerava improvável) e aterrou em Denver, na free agency do ano passado. Decker não é o protótipo do wide receiver nº 1, mas é um complemento fantástico a qualquer ataque. Pode, no entanto, prevalecer a tese de que ele é mais um produto criado pela genialidade de Peyton Manning, do que propriamente um jogador talentoso. Se assim for…

2. Brandon LaFell

Underrated, no cômputo geral da liga, LaFell tem conseguido um sólido 2013, servindo como apêndice de Steve Smith no ataque dos Panthers. LaFell tem um tamanho decente e uma velocidade apreciável, características que o podem tornar atractivo num mercado sempre sequioso de receivers que consigam dar um boost em qualquer ataque. É provável que os Panthers, a realizarem uma óptima campanha, o pretendam reter, mas apenas pelo custo certo. A franquia de Carolina tem vivido, sobretudo, pela excelência defensiva, com o ataque a parecer demasiado anémico, por vezes. O draft trará, como sempre, uma nova fornada de receivers, com qualidade e a preço bem mais baixo. LaFell tem o rótulo de inconsistente, com a irregularidade exibicional a poder afastar alguns interessados.

3. James Jones

Um caso similar ao de Eric Decker. Jogador explosive, extremamente veloz, tornou-se – a par de Jordy Nelson – num dos destaques dos Packers. A mesma dúvida, no entanto, assola a maioria das mentes. Será James Jones um jogador que produz em qualquer esquema e com qualquer quarterback, ou a sua produção está intimamente ligada ao talento insuspeito de Aaron Rodgers? Jones, pelo que tem feito e pela curva evolutiva da sua carreira, dispensa bem alguma desconfiança que surja. Mas, como habitualmente, nenhuma franquia toma uma decisão baeada na impulsividade ou cedendo ao lado emocional. Jones é bom, mas está integrado num grupo igualmente talentoso, onde não faltam alvos. Os Packers podem achar que a relação qualidade/custo não se coaduna com os ideais da franquia, deixando-o testar o mercado de free agents em Março. E aí, meus caros, não faltariam interessados a salivar pelos seus serviços.

4. Hakeem Nicks

A má prestação dos Giants, em 2013, terá os seus custos, quando for feita a avaliação de final da temporada. Algumas – muitas – cabeças irão rolar. Nicks poderá ser uma delas. Temporada desapontante, com Nicks a ver Victor Cruz a receber um contrato chorudo, enquanto ele se dividia entre jogos perdidos por mazelas físicas e exibições risíveis. A mensagem dos Giants parece perceptível. O tempo de Nicks na Big Apple deverá conhecer o seu epílogo no final da competição. O crescendo de minutos de Rueben Randle, aposta do draft de 2012, na equipa titular, acentuam essa teoria. Se isso acontecer, que interesse atrairá Nicks no mercado? Antes de qualquer resposta, existem factores que ajudam a perceber o insucesso do receiver em 2013: o errático jogo de Eli Manning, que nunca contribuiu para a fluidez ofensiva; a péssima linha ofensiva, algoz da equipa no ataque; a incerteza no jogo corrido, vivida no início da temporada, tornando a equipa dependente em excesso do jogo de passe. Se isso for tido em conta, Hakeem Nicks parece um produto apetecível para qualquer franquia desejosa de um puro WR nº 1. O único senão: a quantidade de jogos que ele perde por lesões.

5. Andre Roberts

Pode não ter merecido o tempo de antena de outras unidades semelhantes, mas o trio de wide receivers dos Cardinals é bom. Bastante bom. Larry Fitzgerald, Michael Floyd e André Roberts são um trio que se complementa na perfeição, ajudando o aerial attack tão do agrado de Bruce Arians. A explosão definitiva de Floyd, auxiliar precioso de Fitzgerald, roubou minutos a Roberts, relegado para um papel secundário pouco atractivo. Em Arizona ou  noutro lado qualquer, Roberts deverá conseguir um porto de abrigo e mais uns milhões na conta bancária. As suas skills, percorrendo as rotas curtas e intermédias, facilmente adaptado ao slot, tornam-no num jogador intrigante e apetecível.

Conforme enunciado acima, o ranking das diferentes posições foi retirado do site Bleacher Report. O resto foi parcialmente traduzido (numa tradução livre e adaptada), com algumas conclusões não imputáveis ao referido site.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.