JJ Watt: A Criar Estragos, desde 2011

Paulo Pereira 11 de Fevereiro de 2016 Jogadores, NFL Comments
JJ Watt

JJ Watt: A Criar Estragos, desde 2011

O que têm em comum, por exemplo, Ray Lewis, Reggie White, Bruce Smith, “Mean” Joe Greene ou Mike Singletary? Várias coisas. Jogadores de futebol americano, é uma delas. Estrelas defensivas na NFL, outro factor que os torna numa irmandade restrita. E o facto de terem vencido, por duas vezes, o título de Defensive Player of the Year? Também. Serve este intróito apenas para traçar uma linha virtual na areia, um factor divisor, um elemento que, no meio da grandeza, consegue mesmo assim brilhar.

Nenhum dos nomes acima mencionados, a que poderia juntar mais um punhado deles, venceu o galardão referido. Por 3 vezes. JJ Watt é a excepção à regra. O único, para além do incomparável Lawrence Taylor. Mas Watt, que namora com a excelência desde que se estreou com a camisola 99 dos Texans, tem ainda uma longa carreira pela frente, podendo coleccionar mais algumas distinções. Na noite de Sábado, antecedente ao Super Bowl 50, Watt viu a generalidade da crítica atribuir-lhe a distinção pela 2ª temporada consecutiva, algo que já não acontecia desde 1982, ano em que Lawrence Taylor, o destrutivo defesa dos Giants, conseguiu o feito.

Agora, com 3 prémios em apenas 5 anos (Taylor conseguiu o seu 3º no sexto ano de permanência na liga), o desafio seguinte é ainda maior. E não, não é vencer o 4º. Ou o Super Bowl. É manter-se relevante, numa competição dura, fisicamente desgastante, onde enfrentará linemens sedentos de desejo de o parar, com os coordenadores ofensivos a criarem complexos esquemas, rodeando-o de inimigos. Watt, no auge da sua forma, é um exemplo quase único no quesito de ética de trabalho, procurando sempre a superação, num afã obsessivo que o leva, ano após ano, a [procurar] ser melhor. Esse ajustamento mental, sempre necessário, funciona como o carburador, a ignição, para aquilo que se assiste semanalmente nos campos de futebol: uma besta indomável, com uma plêiade de truques, cirúrgico como pass rusher, eficaz como run defender e competente na coverage.

Pressente-se que o único obstáculo que o pode abrandar…é ele mesmo. Watt tem sabido, nestes intensos 5 anos, suplantar toda a oposição e vencer as barreiras, mesmo que estas surjam na forma de lesões. 2015 viu-o, nos 5 jogos finais da regular season, na fase mais crucial da temporada, quando os seus Texans procuravam a conquista do título de divisão, como forma de colocar um ponto final na hegemonia dos Colts, jogar com uma mão partida e, já na postseason, com uma lesão na coxa. Os números finais reflectem o seu carácter, a sua forma indómita de reagir à adversidade: 17,5 sacks, 9 passes defendidos, 3 tackles for loss.

2016 verá Watt a perseguir a imortalidade. A tarefa parece hercúlea mas, para quem até hoje sempre venceu a desconfiança, quer na entrada para a universidade (e os seus Badgers), quer nos relatórios dos scouts, tudo parece possível.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.