Minnesota Vikings: Quem Tem Algo a Provar?

Paulo Pereira 8 de Julho de 2014 Análises, Equipas NFL, Jogadores, NFC North, NFL Comments
Minesota Vikings

Minnesota Vikings: Quem Tem Algo a Provar?

Está quase, mas o tempo parece arrastar-se, nesta recta final da offseason. Os dias correm vagarosos, o tédio instala-se e os training camps, que se iniciarão no final do corrente mês, nunca mais chegam. Num Verão atípico, com o sol a brincar às escondidas com a chuva, resta especular sobre o que acontecerá, daqui a umas semanas. A ausência de actividade actual será substituída, não tarda nada, pelo frenesim dos trabalhos de campo, onde 90 homens em cada franquia disputarão os reduzidos lugares disponíveis no roster. Todos, ou quase todos, entram no relvado com algo por provar, desde o rookie undrafted que almeja desesperadamente por reconhecimento, até ao veterano estabelecido vindo de uma temporada medíocre, obrigado a lutar pelo direito à existência. Mas, mesmo entre aquele punhado de jogadores que, sabendo que farão parte dos 53 integrantes finais do roster, existem questões em aberto. Pelos motivos enunciados acima, ou por terem a posição ameaçada pela chegada de um jogador para o mesmo lugar.

Ben Goessling, o repórter/jornalista da ESPN, insider sobre os Vikings, tem gerado uma série de artigos [excelentes, como de costume] sobre os futuros integrantes do roster da franquia de Minnesota que mais têm a provar, na temporada que se avizinha.

Jamarca Sanford

Jamarca Sanford

Jamarca Sanford
Foto de Brace Hemmelgarn-USA TODAY Sports

Um deles é Jamarca Sanford, integrante de um sector permeável em 2013, alvo do habitual coro de críticas e que sentiu, provavelmente, a orfandade da liderança que era dada por Antoine Winfield. Na secundária, Sanford joga como strong safety, ao lado de Harrison Smith, o putativo free safety titular. Sanford, mesmo sendo um dos melhores defensive backs do roster na cobertura, viveu um 2013 algo turbulento, padecendo de problemas físicos que interferiram na sua mobilidade e performance, dentro de campo. Os problemas na virilha e joelho fizeram-no perder jogos, substituído por Andrew Sendejo. E, neste desporto tão competitivo, isso costuma ser meio caminho andado para o posto ficar ameaçado. Sendejo jogou invariavelmente bem, ameaçando a utilidade de Sanford no futuro. Com os habituais ajustes orçamentais, por causa do cap space, Sanford viu-se na incómoda situação de dispensável, com a permanência no roster ameaçada pelos valores que iria auferir. A situação foi resolvida com um pay cut, mostrando igualmente a disponibilidade do jogador para vingar com as cores purple & gold. O training camp surge assim como crucial para Sanford, que terá que competir com Sendejo, Robert Blanton, Kurt Coleman e o rookie Antone Exum (se bem que este deva ser usado, de forma reduzida, como backup de Munnerlyn, cornerback do lado direito).

Aparentemente, Sanford possui uma vantagem sobre os restantes competidores…se a parte física não o obrigar a claudicar. Mike Zimmer pretende implementar uma defesa mais agressiva, com os seus safeties a jogarem maioritariamente em cobertura individual ao homem. Segundo a bíblia das estatísticas, o Pro Football Focus, Sanford cedeu apenas 0.33 jardas por snap, enquanto na cobertura dos receivers contrários. Se for capaz de emular essa capacidade, Sanford conseguirá a titularidade…mas a mesma não lhe dará uma grande vantagem, face à real competição existente. Ao menor indício de fraquejo exibicional ou quebra física, Sendejo ficará reduzido ao papel de nickel back.

Jerome Simpson

Jerome Simpson

Jerome Simpson
Foto de Pioneer Press: Chris Polydoroff

Outro dos nomes avançados por Goessling é o do wide receiver (problemático) Jerome Simpson. Simpson irá jogar, em 2014, pelo contrato. Pese ter conseguido o máximo de carreiras em jardas, em 2013, os Vikings ofereceram-lhe um contrato de apenas 1 ano e 1 milhão, mostrando que não estão convencidos quanto à importância e utilidade de Simpson, sobretudo devido aos regulares problemas off the field (prisão por condução embriagado, em Novembro), que lhe poderão acarretar uma suspensão por parte da NFL (2ª prisão em 3 anos). Simpson, se realmente motivado para mostrar as suas qualidades, poderá ter um 2014 grandioso. Porquê? Por um factor apontado por Goessling, que faz todo o sentido.

Com Norv Turner como novo coordenador ofensivo, os Vikings terão um aerial attack onde uma deep threat (como Simpson) pode vingar, sobretudo porque a mera presença de Adrian Peterson no backfield obrigará a atenções redobradas sobre o running back e consequente single coverage aos receivers. É provável que essa função primária seja efectuada por Cordarrelle Patterson que, com a sua velocidade, cria maiores dores de cabeça aos defesas opositores, mas Simpson terá o seu quinhão justo de snaps. Especulando – e desejando ardentemente – que a NFL não suspensa o jogador, pelos motivos citados acima, Simpson entrará no training camp como o 3º receiver na depth chart, atrás do consagrado Greg Jenning e de Patterson. Face às qualidades que possui, e dada a competição existente, para além dos nomes citados, ser constituída por jovens inexperientes (Jarius Wright, Adam Thielen, Kain Colter, Erik Lora), é previsível que Simpson mereça bastantes snaps no ataque, podendo atingir os seus máximos de carreira em 2014.

Everson Griffen

Everson Griffen

Everson Griffen
Foto de Bruce Kluckhohn-USA TODAY Sports

Saltando do ataque novamente para a defesa, a saída de Jared Allen e Kevin Williams, dois dos rostos mais mediáticos nos últimos anos, abriu uma enorme interrogação. Que DL terão os Vikings na época que se avizinha? Julgo que, nesta fase, nem o staff técnico sabe. O que existe, actualmente, é um mero esboço, em que a produtividade dos dois elementos que saíram (sobretudo a de Allen, dado que Williams está já no ocaso da carreira) será substituída por algumas aquisições na free agency e rookies. Ou seja, o que ainda está improvado, pouco ou nada testado, terá que mostrar, neste primeiro ano da era Mike Zimmer, uma evolução significativa. Everson Griffen terá, por isso, responsabilidades acrescidas, não só por ter mostrado, nos anos anteriores, flashes de talento para a posição, mas de forma algo irregular, mas sobretudo pela confiança que a franquia lhe demonstrou, nesta offseason. Ele (tal como Jared Allen) era free agente, mas viu o seu potencial recompensado com um contrato avultado. 5 anos e 42,5 milhões, mostrando a todos que os Vikings acham que ele é o herdeiro natural de Allen. O problema? A irregularidade mencionada acima. Griffen tem talent. Facto. Mas poderá demonstrá-lo, semana após semana? Griffen apenas iniciou um jogo, em 4 anos, jogando sempre num papel rotacional, substituindo ou Allen ou  Brian Robinson. O jogador aparenta ter as ferramentas necessárias para a função de pass rusher. É rápido, mesmo parecendo fisicamente pesado, e suficientemente atlético para coleccionar sacks nas poucas oportunidades de que dispõe. Mas o desafio que o espera é elevado, com a carga de trabalho a aumentar. O máximo de snaps que jogou, até agora, foram 717, numa temporada, número que crescerá para cima dos 1000, este ano. Com Mike Zimmer aos comandos, o que é esperado dele não é apenas a regularidade. Griffen deverá ter um papel semelhante ao de Michael Johnson, dos Bengals, quando orientado pelo mesmo Zimmer. A sua função primária, mesmo sendo um defensive end, será pavimentar o caminho para os defensive tackles porem cobro imediato a jogadas de corrida dos adversários. Como? Eliminando do seu caminho os blockers. A sua produção, por isso, nunca deverá ser comparada com a de Jared Allen. Griffen terá uma época produtiva, em 2014, se evoluir como run defender e, ao mesmo tempo, amealhar algo perto dos 9/10 sacks.

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.