NFL Preseason 2016: Week 1 – parte 3

Paulo Pereira 16 de Agosto de 2016 Jogadores, NFL Comments
Dak Prescott dos Dallas Cowboys

NFL Preseason 2016: Week 1 – parte 3

Dak Prescott, QB | Dallas Cowboys

É gratificante, para quem acompanha o college, ver que o/os jogador/es predilecto/s singram no patamar seguinte, a NFL. Eu não fujo à regra, tendo tornado as tardes de Sábado na antecâmara perfeita para preparar o repasto de Domingo. Ou seja,no Sábado faço de scout amador, consumindo até à exaustão jogos de universidades diferentes, começando à tarde e arrastando a paixão por madrugada fora. Vou criando laços de empatia com jogadores que, por diferentes motivos, me cativam. Faço um fast forward sobre a minha devoção a Johnny Manziel, capítulo aparentemente encerrado. Mas tinha outros nomes, muitos, por quem nutria afeição. Dak Prescott é um desses. Quarterback de Mississipi State, revitalizou o programa futebolístico da universidade, retirando-o de saco de pancada da SEC e tornando-o competitivo. Após o draft, onde foi eleito no 4º round, aterrou em Dallas, ambiente quase perfeito para ter sucesso. Backup de Romo, cujo histórico de lesões e os 36 anos lhe dão garantias de que, num arco temporal de 2/3 anos, poder almejar à sucessão. O trilho a percorrer, no entanto, não é fácil. Metido na depth chart como third stringer, atrás de Kellen Moore, viu a desconfiança nas suas capacidades quando, após a lesão de Moore, que o afastará 3/4 meses da competição, os Cowboys equacionaram contratar Nick Foles ou Josh McCown. A única forma que existe de dissipar desconfianças é jogar. E bem. Foi o que Prescott fez, contra os Rams, em Los Angeles. Numa noite quase perfeita, ele terminou com um 10 em 12, no passe, para 132 jardas e 2 touchdowns. Seguro, confiante, com enorme presença no pocket, não se limitou ao passe fácil ou conservador. Explorou todas as rotas e não se coibiu de lançar deep balls. E o passe magistral para Terrance Williams, num dime de 32 jardas, coroou a noite e deixou-nos a todos a salivar por mais. Será que nasceu uma estrela?

Nelson Spruce, WR | Los Angeles Rams

Nas tardes de Sábado de que falei acima, vou descobrindo tesouros e entusiasmando-me com universidades fora do eixo natural de grandeza da FCS. Num desses zappings, deixei-me enamorar, há dois anos atrás, por um receiver chamado Paul Richardson, de Colorado. A equipa era medíocre, mas o miúdo não enganava e foi draftado pelos Seahawks. Apesar da saída dele, permaneci por lá, fiel. E deixei-me enamorar por Nelson Spruce, o sucessor de Richardson. Spruce, algo franzino, é veloz e foi monstruoso, em todos os jogos que assisti. No draft deste ano não foi escolhido, mas os Rams deitaram-lhe a mão, como undrafted player. Já se sabe. Nestas condições, o espaço de manobra é quase diminuto. A profundidade da unidade de wide receivers nos Rams também parecia não ajudar à pretensão de um lugar ao sol. Kenny Britt, Tavon Austin, Brian Quick e uma mão cheia de prospects a lutarem pelas restantes migalhas. O que se pode dizer é que Spruce aproveitou, para já, o tempo de antena, tendo-se transformado no jogador mais eléctrizante na 2ª metade do jogo com os Cowboys. Jogando no slot, conquistou 6 recepções, dinamizando o jogo, com as suas 51 jardas e um touchdown. Bela estreia para o líder de recepções da Pac-12.

DeMarco Murray e Derick Henry, RBs | Tennessee Titans

Com a escolha do franchise quarterback resolvida, depois de terem eleito Mariota no draft do ano passado, o front office dos Titans arregaçou mangas e começou o facelift do roster. Se uma das prioridades passava por fazerem um upgrade na linha ofensiva, evitando males maiores ao seu quarterback, outra das exigência era dotar o jogo corrido de qualidade. No papel, o combo conseguido com o veterano DeMarco Murray e o rookie made in Alabama Derick Henry parecia promissor. Na prática, essa ideia rapidamente foi ultrapassada. O duo ultrapassou o que se aguardava, demolindo por completo a DL dos Chargers. Correndo com ímpeto, personalidade e enorme fulgor físico, Murray e Henry roubaram os highlights todos do encontro, terminando com um total de 167 jardas e 2 touchdowns. O de Murray, então, é lindo e merecedor de visionamento repetitivo. Um cut na linha de scrimmage, a fuga para a linha lateral e o burst final, escapulindo-se ao tackle de Adrian Phillip, num sprint de 71 jardas. O ground game, que servirá de estratégia principal aos Titans, aparenta estar de boa saúde.

Tyler Boyd, WR | Cincinnati Bengals

É prematuro afirmar que os Bengals podem ter aqui uma pérola, mas a exibição do receiver vindo da universidade de Pittsburgh deixa antever um cenário de sucesso, num futuro a curto prazo. Boyd foi usado de várias formas, com os Bengals claramente a explorarem as qualidades do jogador. Fosse como punt returner, como slot receiver ou alinhando no outside, Boyd correspondeu sempre e teve um momento de puro génio, ao receber um passe de 40 jardas de AJ McCarron. Correndo uma rota sem mácula, com o cornerback a respirar-lhe, literalmente, em cima do pescoço, a catch por cima do ombro, em plena corrida, é um daqueles momentos arrepiantes, para quem assiste, quase como se os astros se tivessem alinhado para nos presentear com uma jogada perfeita.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.