NFL Touchdowns & Turnovers: Week 9
Touchdowns
1- Game Changing Play
Esta é uma rubrica diferente. E não encontrem no significado do que escrevi alguma dose de petulância. Nada disso. Aqui pretende-se, mais do que dissecar exibições ou focalizar triunfos, colocar a atenção do leitor em pequenas pinceladas de génio que, por si só, podem ter um peso acrescido no cômputo geral. Pode ser uma jogada, uma estratégia, um lance de inspiração ou um erro grosseiro que, vistos no momento, parecem inócuos e insignificantes mas que, colocados na sua verdadeira dimensão, são bem mais importantes do que inicialmente se considerava. Por exemplo, qual o peso da correria louca de Jeremy Hill, contra os Jaguars, naquela solitária aceleração rumo à end zone? Se pesarmos o lance como apenas mais uma jogada, num encontro de 60 minutos e com um resultado de 33-23, somos capazes de aplaudir a espectacularidade do lance, e pouco mais. Mas falta algo. Pesar a importância dos pontos, perante o que se passava. E, feito isso, já não foi apenas mais uma jogada. Foi A jogada. A decisiva. A que decidiu o jogo. A que permitiu que os Bengals mantivessem a liderança na divisão. Os Bengals venciam de forma confortável e desafogada, por 17 pontos, já no 4º período. Blake Bortles, em nova tarde pouco inspirada, lançou com pouco precisão, mas o receiver Allen Hurns foi capaz de adaptar a rota, receber a bola e marcar um TD. 10 pontos de avanço ainda para os Bengals. Sinais de desconforto? Ainda não, aparentemente. Jogada seguinte, depois do kick recebido, com Andy Dalton a iniciar a drive nas 20 jardas do próprio terreno. Num lapso mental, o quarterback dos Bengals tenta um passe estranho, já no 3º down, que bate na cabeça do seu left tackle e é interceptado. Óptima posição de campo para os Jaguars, que acabam por capitalizar e marcar novo TD, por Denard Robinson. E assim, num ápice, os Jaguars encurtam a distância, marcando 14 pontos. As bancadas silenciam-se. É visível o incómodo na sideline dos Bengals. O plano de jogo fica ainda mais conservador, procurando minimizar erros e gastar cronómetro. Até que…
Com o momentum do jogo claramente do lado dos Jaguars, que pressentem poder obter uma importante e anímica vitória, Jeremy Hill, rookie running back que ficou com o grosso do trabalho com a lesão de Giovani Bernard, rompe pelo meio da box adversária, furta-se a tackles e sprinta para a end zone dos Jags. 60 jardas preciosas, num dia em que Hill correu para 154 e marcou por duas vezes. Pode estar aqui a chave para a vitória na divisão. Neste lance. Neste triunfo obtido de forma bem mais desesperada do que se pensava. Quando se analisar a temporada, após o seu final, se verá o peso definitivo do lance de Jeremy Hill.
2- O Regresso do Filho Pródigo e um Quarterback de Elite
É estranho, mas quando se fala de quarterbacks de elite, naquelas entediantes discussões que grassam pelas redes sociais, há um nome pouco recorrente e que, no entanto, nos vai deleitando e relembrando da sua qualidade. Falo de Ben Roethlisberger, o colossal jogador dos Steelers, que cavalga actualmente um dos melhores momentos de forma da sua carreira. Pertencente a uma classe de QBs especial, que deu à NFL Eli Manning e Phillip Rivers, Big Ben já tem os dedos da mão cravejados com dois anéis de campeão. Mas isso, para a discussão, nem importa. A qualidade não se mede com títulos, nem o nome deve ser perpetuado na história apenas pela conquista dos mesmos. Roethlisberger tem um braço canhão e uma forte presença física, que lhe permite a extensão de jogadas para lá do limite do razoável. Na altura crucial da temporada, e numa fase em que a AFC North está fortemente competitiva, Roethlisberger assumiu a responsabilidade de carregar literalmente a equipa aos ombros. Nos dois últimos jogos, ambos em casa frente aos Colts e aos figadais inimigos dos Ravens, ele passou para 12 touchdowns. DOZE, num festival aéreo que chegou às 800 jardas, dilacerando secundárias e colocando em xeque defensive backs. Fê-lo suportado por uma OL porosa, permissiva, que pouco tem feito para o proteger. Os Ravens conseguiram, numa jogada, 3 sacks consecutivos, trazendo uma agressividade extra que, mesmo assim, não abrandou o ritmo do quarterback. Ano após ano rodeado de inexperientes receivers, que vão crescendo em progressão, Ben vai explorando as suas qualidades, tornando-os nomes a reter, para o futuro. Foi assim com Mike Wallace, agora nos Dolphins e com Emmanuel Sanders, refugiado em Denver. O jogo aéreo não se ressentiu com estas partidas. Os Steelers são cirúrgicos em encontrar talento nos rounds inferiores do draft. Descobriram Antonio Brown com a pick 195, agora transformado num dos melhores receivers da competição, Marcus Wheaton com a pick 79 e Martavis Bryant com a 118. Este trio teve um total de 16 recepções, 250 jardas e 4 TDs contra os Ravens. Antonio Brown ameaça os números impressionantes que colocou no ano passado (110 recepções), trazendo enorme dinamismo e velocidade para o jogo de ataque. Mas foi a ascensão de Bryant, rookie vindo de Clemson, que tem desequilibrado os pratos da balança. A sua progressão foi abrandada, no início da regular season, por uma arreliadora lesão no ombro mas, desde que foi activado na week 7, Bryant leva 5 touchdowns marcados, tornando-se já uma referência de Big Ben na end zone.
Existe, no entanto, nestes Steelers, uma história mais deliciosa do que a série imparável do seu quarterback. O rejuvenescimento que a franquia adoptou, na defesa, corria sérios riscos de derrocada, quando Jarvis Jones e Ryan Shazier, dois dos pretensos pilares da unidade para o futuro, se lesionaram na semana 3. O desespero levou o staff técnico a procurar uma solução alternativa, encontrada num jogador emblemático…mas que estava reformado. James Harrison construiu uma reputação de defesa agressivo, brutal dentro de campo, com a camisola da franquia, tornando-se um dos rostos do protótipo de atleta que os fãs dos Steelers veneram. Duro, belicoso, combativo, adepto do antes quebrar do que torcer. Harrison, claramente no ocaso da sua carreira, saiu para os Bengals, onde ainda jogou em 2013, optando por se retirar no final da temporada. Os apelos sentimentais da franquia em que ele se tornou profissional fizeram-no voltar atrás na palavra. O linebacker, no entanto, vinha para o roster mais como um mentor para os novatos, do que para ser protagonista. Estava-lhe reservado um papel de rotatividade, com poucos snaps por jogo. Mas Harrison mostrou, contra os Colts e Ravens, que ainda tem algum gás no tanque. Verdadeira força da natureza, intimidou Andrew Luck, obtendo 2 sacks, reservando o melhor para o confronto com os Ravens. Esse embate é sempre um caso à parte, numa rivalidade doentia, em que as nódoas negras e as ligaduras fazem parte da indumentária dos jogadores de ambos os lados. Foi Harrison que despoletou a reacção dos Steelers, quando estes perdiam e eram dominados, incapazes de progredirem no campo. Dois sacks e mais 4 hits em Joe Flacco, com um punhado de jogadas instrumentais, provocando um fumble, mostram quão acertada foi a sua contratação. O filho pródigo, que nunca deveria ter saído da cidade, ainda tem algo para oferecer.
3- Três Notas Dignas de Realce
- Já se sabia que a NFC West é uma divisão fortemente competitiva e que a correlação de forças, vincadamente existente noutros lados, é aqui mais ténue. Os quatro contendores possuem qualidades acima da média geral, tornando imprevisível a classificação final. Os 49ers, minados por lesões na secundária e em alguns elementos-chave na defesa, foram sobrevivendo. Mas que impacto terá a derrota caseira contra os Rams? Aquele final dramático, com os segundos a esgotarem-se no cronómetro e a equipa a perder por 3 pontos, é digno de ser visto. S.Francisco esteve perto da glória, com 4 downs possíveis a meras duas jardas da end zone. Um TD e venciam, sabendo que tinham pelo menos 3 pontos fáceis de capitalizar num field goal. E o que aconteceu? Uma e outra vez a defesa dos Rams (que infernizou a vida a Kaepernick no jogo todo) conseguiu suster a jogada. Até que Kaepernick tomou o controlo da jogada nas suas mãos e, no 3º down, tentou um quarterback sneak. Na molhada de jogadores a bola saiu disparada. Fumble. Recuperado por James Laurinatis. The end no jogo e na hipótese de recuperação. O mesmo James Laurinatis que, expressando a satisfação pelo desenlace, colocou em causa o game plan do adversário. “I was stunned that they didn’t use Frank Gore”. Uma situação de goal-line e o melhor running back da equipa não é usado? Estranho…
- Ele está de volta, numa história que encerra uma bela mensagem sobre redenção. Depois de vilipendiado em Nova Iorque, ridicularizado pelo butt fumble e por uma série de outras situações, Mark Sanchez encontrou um porto de abrigo em Philadelphia. A boa preseason já tinha mostrado que o jogador estava aparentemente reabilitado. A lesão de Foles catapultou-o para um mediatismo de que ele não se escondeu. Passes downfield, drives serenas e competentes, numa versão melhorada do Sanchez a que estávamos habituados. Ou ela sempre existiu e a mudança de ares é que alterou a nossa percepção? Nas palavras do próprio, “i’m in the place that fits my personality so well. The team has the right culture for me”.
- Don’t let anyone dress in your lockers. A mensagem é simples e perceptível. Bruce Arians quer ser o primeiro treinador a levar uma equipa ao Super Bowl, no seu próprio estádio. Podem os Cardinals conseguir esse feito? No topo actual da NFC, com um recorde de 7-1 digno de registo, a resposta é um sim. Eles podem. Será um trajecto duro e repleto de obstáculos, mas a equipa tem vindo a desafiar a lógica. Ao ataque explosivo, repleto de pérolas desconhecidas como John Brown, junta-se uma defesa que tem jogado a um nível excelente, quando tal não era expectável. Todd Bowles, o coordenador defensivo, vai amealhando elogios e será um potencial candidato a head coach, mal abram vagas em qualquer franquia. Quem esperaria que a defesa dos Cardinals fosse capaz de manter o nível do ano passado, depois de ter perdido Karlos Dansby na free agency para os Browns? Quem esperaria que sobrevivessem à suspensão de Daryl Washington, por um ano, delapidando a dupla de linebackers interiores? Ou que superassem a perda de John Abraham, o seu melhor pass rusher? Ou que ultrapassassem a lesão de Darnell Dockett, um dos mais emblemáticos jogadores do roster? No entanto, com um punhado de rookies e uma série de “John Doe”, a equipa vai aguentando. Até quando, é a pergunta que vale milhões. Mas, neste cantinho aqui de casa, guardo um espaço no afecto para torcer pelos Cardinals. Gosto de histórias assim, de superação e de desafio constante às probabilidades.
4- Best Stat Ever for a QB?
Volto ao assunto do momento. Ben Roethlisberger. Últimos dois jogos. 86 passes tentados. 65 concretizados. Percentagem magnificamente emoldurada nuns 75,6%. 94 pontos. 862 jardas. 12 touchdowns. 0 intercepções. Rating de 146,4. UAU.WOW. FUCKING AWESOME.
5- The Interception Man and The New Kid on the Block
E que tal dar um spotlight a alguém quase desconhecido do grande público? Tashaun Gipson, para além do nome curioso, é um defesa que parece possuir ADN de ave de rapina, atento aos lançamentos dos quarterbacks adversários. Gipson, free safety dos Browns, atravessa o melhor momento da sua carreira, tendo obtido contra os Buccaneers a sua 6ª intercepção da temporada. É um feito, e digno de realce. Com apenas 8 partidas disputadas, o defensive back vai coleccionando picks, transformando-se num terror para os ataques. Verdadeiro ball hawker, felino e rápido na leitura das jogadas, conseguiu transportar para a presente temporada o momentum com que acabou a anterior. É que Gipson leva 9 INTs nos últimos 11 jogos. A última, resgatando um passe de Mike Glennon, impediu o opositor de aumentar, talvez de forma irreversível, o avanço no marcador. A vencer por 7-6, os Bucs ameaçavam novo score. Não se Gipson, qual super-herói, não puder evitar.
O jogo, para quem viu, ficou marcado por um lance soberbo, que retrata a importância de todos os jogadores e o trabalho de sapa de muitos deles, feito na sombra, arduamente lutando nas trincheiras. Este, em particular, teve um impacto tremendo no desenvolvimento do encontro. Os Browns experimentavam dificuldades acrescidas frente aos Bucs. Na linha das 40 jardas do adversário, Hoyer tem a bola nas mãos, parecendo hesitar no movimento, não tendo ninguém aberto. No seu blind side aparece Lavonte David, um dos melhores linebackers da competição. O sack parece eminente, com Hoyer alheado do perigo. A jogada podia morrer ali, com os Browns atrás do marcador. Mas, num movimento com tanto de impetuoso como de precioso, o running back Terrance West (um rookie) aplica um tackle devastador. O bloqueio, duro, agressivo, mas claramente dentro das leis de jogo, retira Lavonte da jogada e dá preciosos segundos a Hoyer. Com eles, o quarterback consegue finalmente encontrar uma linha de passe e enviar a bola para um isolado Taylor Gabriel. Touchdown. Os Browns na frente. Espero que tenham agradecido a West, no locker room. Foi um dos melhores movimentos que vi, recentemente.
Turnovers
1- Nem Tudo o que Reluz é Ouro
Se no início da temporada oferecessem a qualquer fã dos Browns – qualquer um – a posição actual da franquia, com um 5-3 e senhora do seu destino, 99,9% deles aceitaria de bom grado, extáticos depois de anos de mediocridade. É um facto. O circo da preseason, rodeando Johnny Manziel, quase fez esquecer tudo o resto. Que os Browns não estavam assim tão longe de poder competir pelo título da AFC North. Que os Browns tinham várias peças bem colocadas no puzzle. Faltava muito pouco. Uma delas era estabilidade no staff técnico. A franquia, habitualmente instável e insegura, como se padecesse de alguma neurose, parece finalmente sólida e firme, com um rumo declarado. A escolha de Mike Pettine foi cirúrgica. O ex-coordenador defensivo dos Bills mantém um agradável low profile, com uma abordagem honesta da realidade, parecendo confiante no comando de tudo o que rodeia a equipa. Então, perguntarão os mais impacientes, o que falta mais? Preencher a posição mais importante. A de quarterback. Sim, a maioria, levada pelas estatísticas e pelas vitórias, gritará que já existe um, em Brian Hoyer. E tudo parece confirmar essa constatação. Com Hoyer a equipa está 4-1, nos últimos 5 jogos e 7-3 nos em que ele foi titular. É um facto. E até posso dar para este peditório mais uns argumentos de peso. Hoyer tem feito isto, sabendo lidar com a pressão – intensa – da imprensa sobre Manziel, e sem 3 Pro Bowlers no ataque. A saber, Josh Gordon, Jordan Cameron e Alex Mack. Facto, parte II. But…
Posso ser só eu, que vi dois anos seguidos das aventuras colegiais de Manziel, e sei do que o rookie é capaz. Posso estar iludido, não preservando a minha análise de algumas doses de emotividade. Mas os Browns têm ganho, pese terem Hoyer. É esse o meu ponto de vista. O quarterback não arrisca um milímetro com a bola nas mãos, não lançando downfield, limitando-se a uns quantos screens e passes de curta distância. Sim, não tem o apoio de um jogo corrido consistente. Mas ver a forma como ele quase perdeu o jogo, contra os Bucs, provocou-me alguma náusea. As suas duas intercepções foram anedóticas, manifestando péssima leitura das jogadas por parte da defesa, para além das várias idas à red zone apenas terem valido os pontos da praxe de Billy Cundiff. Os Browns não ganham por causa de Hoyer. Ganham, APESAR de Hoyer. Ter um talento inegável como Manziel, capaz de revitalizar em qualquer altura o ataque, no banco, é um crime. Quantas vezes mais é preciso perder contra os Jaguars (sim, os Browns de Hoyer perderam com os Jags), para que se aposte de forma efectiva numa mudança?
2- The Butt Touchdown
Quão fundo é o poço em que os Jets mergulharam? Quão longa é a queda, que parece não ter fim? A franquia de Nova Iorque parece presa num limbo, verdadeiro microcosmos onde tudo lhe acontece. É a célebre Lei de Murphy, levada ao expoente máximo. Depois da famigerada jogada que envolveu Mark Sanchez, denominada jocosamente como “butt fumble”, os Jets têm uma sequela. Não tão famosa e infame, mas igualmente reveladora de que tudo o que pode acontecer, de mal, vai mesmo acontecer. Numa evidente queda livre, coleccionando derrotas consecutivas, a equipa apareceu em Kansas de cara lavada, procurando erradicar ao máximo os erros do seu jogo e entregando os comandos do ataque a Michael Vick. As melhoras foram evidentes e os Jets bem mais competitivos do que em jogos anteriores. O resultado, esse, foi o mesmo. Novo desaire, o 8º da temporada, num jogo em que, pese a ausência de turnovers, não foram suficientemente bons para vencer. O que resta agora? Muito pouco. É elucidativo do estado a que chegou a franquia que o melhor que pode acontecer é mesmo garantir a pick nº 1 no próximo draft. Olá, Marcus Mariota. Nem sabes onde te vais meter, miúdo.
Nenhum jogo dos Jets estaria completo sem um dos habituais truques a que nos habituamos. Uma espécie de comédia em movimento, um reminiscente dos filmes de Buster Keaton. O que aconteceu desta feita? Os Chiefs estavam na red zone e Alex Smith tentou um passe para o seu lado direito. Calvin Pace, linebacker dos Jets, interveio, adivinhando o movimento e interpondo os braços à frente. A bola, deflectida nas mãos do defesa, adoptou um efeito estranho. Sobrevoou algumas cabeças e aterrou docilmente em…Anthony Fasano, que tinha entrado na jogada no scrimmage como blocker. Fasano, com o decorrer da mesma, tinha tropeçado. E ficou ali, no meio do caos, sentado. Tudo se passou num ápice. A bola, conforme referido, encontrou-o sentado. Fasano abriu os braços, recebeu-a e gatinhou um metro até à end zone. Tudo acontece aos Jets. E quanto mais excêntrico, melhor!
3- O Meu Quarterback é Melhor do que o Teu
É, não é? As redes sociais são perniciosas nesse aspecto. Cada um tem opinião, não se coibindo de a mostrar ao mundo. De forma recorrente, lá vamos assistindo a intermináveis debates sobre o mérito de um quarterback, sempre com o contraponto no demérito de outro. A questão é actual, depois do enésimo embate entre Tom Brady e Peyton Manning. Bastou uma vitória – mais uma, gritarão sem decoro os adeptos patriotas – para que se apontassem dedos a Manning, de forma desdenhosa, e se multiplicassem artigos de opinião glorificando Brady. Nada contra. O desporto, em qualquer competição, é feito do momento, devendo o mesmo ser dissecado. Convém é não entrar em histerismos e na criação de mitos, muitas vezes resultantes de argumentos deturpados. Os Patriots venceram de forma justa e inequívoca os Broncos. Ponto. E fizeram-no suportados por vários factores, um dos quais foi a exibição segura e confiante do seu quarterback. No final, relembraram-se confrontos passados e foi tirada a conclusão que Brady, o eterno queridinho de parte da América, é muito melhor do que Manning. Justa a conclusão? Não a pretendo clarificar, nem demonstrar presunção em retirar mérito a quem quer que seja. Brady ganhou a maioria dos embates deste duelo particular. Tem mais anéis de campeão. Mais vitórias em jogos. Mas Manning possui a sua quota parte de feitos, desde o maior número de touchdowns, até jardas conseguidas. Não é de todo despiciendo relembrar que a maioria dos jogos entre ambos (10 deles) foram disputados em “casa”, e que naqueles mais a “doer” (leia-se a eliminar), os dois conquistaram o mesmo número de vitórias. Em 4 partidas dos playoffs, duas vitórias para cada lado. Por isso, Brady é melhor do que Manning? Cada um terá a sua resposta, mas porque carga de água não se pode glorificar a carreira de ambos? Porque é que não se pode, simplesmente, ter o mero prazer de ver dois monstros a jogar em alto nível, retirando daí a satisfação de presenciarmos momentos únicos na história da competição? Porque é que um tem que ser sempre tão achincalhado, apenas para fazer o outro luzir mais?
4- Under Construction – Work in Progress
Já todos vimos sinais destes, certo? Geralmente, em obras intermináveis nas estradas, com a sinalética a apontar para o facto de que, ali, estão homens a trabalhar, geralmente para melhorar uma gama de serviços já existentes. Lembrei-me deles ao ver os Eagles jogar, contra os Texans. Estes são previsíveis como tudo. Muito talento individual, com um notável JJ Watt e contribuições de qualidade de Whitney Mercilus, Andre Johnson, Arian Foster e DeAndre Hopkins, mas pouco mais. O jogo dos Eagles em Houston foi assim, um trabalho em progresso, que foi sofrendo visíveis melhorias com o decorrer dos minutos. A equipa começou por se auto-liquidar, com os habituais pecadilhos dos turnovers. Foram 4, neste encontro, depois dos 3 da semana passada, contra os Cardinals. Os turnovers resultaram todos em touchdowns para os Texans, agradecidos com tamanha bondade. Essa generosidade estendeu-se à OL, com notórias dificuldades em proteger Nick Foles (acabou por sair lesionado como resultado de um sack) e em criar rotas para o jogo corrido. Depois, com o decorrer da partida, notou-se o efeito benéfico dos regressos de Jacon Kelce (center) e Lane Johnson (right guard), com uma protecção mais consentânea com o exigível e, sobretudo, auxiliando o jogo terrestre. LeSean McCoy e Chris Polk foram os principais beneficiários disso, correndo para um total de 190 jardas, no que se revelou decisivo para o desfecho final do encontro. Foles foi substituído pelo até então maligno Mark Sanchez, que se pode gabar de ter tido um regresso positivo à ribalta. Mesmo com duas INT’s (uma delas claramente culpa do receiver), Sanchez teve alguns momentos empolgantes, passando para dois touchdowns e dando a ideia de que pode, caso a lesão de Foles o afaste dos relvados, conduzir a bom porto estes Eagles. Nota de rodapé para mais um fantástico jogo de Jeremy Maclin, somando 158 jardas e mais 2 touchdowns para o seu total da época. Porque raio não o escolhi eu para as minhas equipas de fantasy?