Os 5 Piores Quarterbacks da Actualidade na NFL

Paulo Pereira 10 de Dezembro de 2013 Jogadores, NFL Comments
Top 5 Piores Quarterbacks

Os 5 Piores Quarterbacks da Actualidade na NFL

E pronto. É isto. A lista dos piores quarterbacks. Aviso à navegação. Não é baseada em estatísticas. Nem sequer usei as mesmas para penalizar alguém. É, como todos os rankings, fruto de uma opinião pessoal. Vincada. Especulativa. Passível, claro, de contra-argumentação. A lista não foi fácil de fazer, ao contrário do que se possa pensar. É bem mais simples preencher um top-5 na posição, mesmo correndo o risco de atrair a fúria alheia, do que escolher 5 para fazer o oposto. Colocar-lhes um rótulo virtual a dizer “estes são os piores”. E foram analisados, mesmo que de forma superficial, quem jogou/joga com alguma relevância em termos de tempo de jogo.

5 – Christian Ponder, Minnesota Vikings

Christian Ponder

Christian Ponder
Foto de USATSI

Escrevo o nome dele e sei que estou, em parte, a ser algo injusto. Ponder não é mau. Poderá ser mediano, com alguns flashes de talento. Mas, quase a terminar a sua 3ª temporada com a camisola purple & gold, pouco tem mostrado capaz de fazer o adepto acreditar que é ali que está a resposta. Demasiado inconstante, Ponder alterna o bom (epicentro no jogo com os Packers, na última semana da regular season, no ano passado), com o mediano, mau e muito mau. Escolhido com a pick 12 no draft de 2011, Ponder viveu para as expectativas, no ano I. Um rookie, na posição mais difícil da prova, tem sempre o respaldo para alguns erros. As suas exibições, não sendo deslumbrantes, nunca resvalaram para momentos depressivos, antes mostrando as habituais dores de crescimento. Alguns fumbles perdidos, erros de principiante e a precisão a precisar de maior trabalho, mas nada de anormalmente grave para um signal-caller no seu ano de transição. O problema veio com a falta de evolução natural. Se existiam preocupações com a força do seu braço, devido à grave lesão sofrida num ombro, no College, elas nunca foram suficientemente respondidas, com o uso intenso de play action, na ofensiva de Bill Musgrave, a camuflar eventuais deficiências. E é aí que Ponder brilha. As jogadas de play action, com ele a denotar um à vontade e uma eficiência que, infelizmente, não encontram eco no resto do jogo. Vendo com regularidade semanal os jogos dos Vikings, irrita-me constatar o contínuo lançamento de deep balls com um arco desnecessário, tornando-as floaters. Ponder não é sagaz na leitura de jogadas, cometendo erros primários a definir algumas jogadas. Mas, lá está, aparenta ter algo, o chamado intangível, que pode levar a uma progressão rápida. Improvável, eu sei, mas a merecer ainda nova oportunidade.

4 – Geno Smith, New York Jets

Geno Smith

Geno Smith
Foto de Associated Press

Sim, antes que me comecem a apodar com nomes feios, faço uma ressalva. É demasiado cedo para ter uma opinião definitiva. Mas Geno tem sido uma desilusão profunda no seu ano de estreia na liga. Gostava dele. A sério. Em West Virginia, tornou-se um pistoleiro. Um gunslinger cheio de estilo, jogando numa pistol offense com dois puros-sangue como receivers: Stedman Bailey e Tavon Austin. O jogo dos Mountainners chegava a ser empolgante, uma máquina de fabricar pontos contínua. Geno aparecia à cabeça como um dos principais rostos na classe de quarterbacks a entrar para o draft. A lista que enumerava as suas virtudes era imensa. A sério. Braço forte, capaz de fazer todos os lançamentos. Boa visão de jogo. Trabalhador árduo, verdadeiro rato de biblioteca, analisando vídeos nas horas livres. Lançador preciso e, jóia da coroa, “raramente lança intercepções”. Guardo aqui um espaço para colocarem os sorrisos irónicos ou, pura e simplesmente, rirem-se de forma debochada. “Raramente lança intercepções”. ‘Tá bem tá. Outra pérola recolhida dos relatórios de scouts: “Melhora o jogo dos companheiros”. Sintam-se livres para mais umas gargalhadas. Recuperem o fôlego. Ainda há mais. “Excelente segurança com a bola”. “Confiante”. Ufa. Podia continuar. Como disse,  lista é extensa. Mas já chega. Eu chamo-lhe a versão negra de Mark Sanchez. Geno é, usando um eufemismo, irregular. Teve, é certo, bons jogos. Atlanta aparece à cabeça. Sim, aquele Geno podia levar os Jets à glória. Ou mesmo o que apareceu no jogo caseiro contra os Patriots. O problema nem é a inconsistência. Para que essa exista, é porque nos apercebemos de períodos bons mesclados com outros maus. Mas Geno, excepção feita a um punhado de jogos, atingiu um nível assustador de inutilidade. Não é tudo culpa dele. Ponto. Facto. Mas, jogando na posição mais visível, exige-se mais. Mesmo a um neófito. E sobretudo quando o plano de jogo se assemelha a uma daquelas bicicletas com rodinhas, para auxiliar a aprendizagem. Ou seja, tem sido tudo menos complexo, claramente facilitado para uma curva de aprendizagem suave. E, mesmo assim, mesmo com a necessidade visível do coordenador ofensivo lhe tirar a bola das mãos, na maioria das jogadas, Geno comete erros. Tremendo. Merece o benefício da dúvida? Sim. Mas não deixa de figurar nesta lista por causa disso.

3 – Mark Sanchez, New York Jets

Mark Sanchez

Mark Sanchez

Não tenho nada contra a franquia verde de NY. Juro. É mera coincidência escolher dois dos seus quarterbacks para integrar este ranking. Mas é difícil ficar indiferente aos disparates de Sanchez, agora resguardado da atenção mediática devido a lesão. Sanchez tem uma desculpa. Vive na Big Apple, joga na posição mais destacada e integra uma das franquias mais mediáticas da NFL. Logo, estaria sempre, desde a sua chegada, sujeito a intenso escrutínio. A pressão da imprensa é dura e não relativiza nada. Sanchez chegou logo sobre polémica, por ter sido escolhido com o nº 5 no draft de 2009. Chegando ao mundo profissional com pouca experiência, dado que apenas foi titular em USC (treinado por Pete Carroll, agora head coach dos Seahawks) na última das suas 4 temporadas na universidade, Sanchez teve um início duro em 2009, completando apenas 53% dos seus passes, com 12 touchdowns e 20 intercepções. Numa equipa com um forte jogo corrido e com uma das melhores defesas da NFL, a irregularidade e inexperiência de Sanchez foram maquilhadas, com Schottenheimer (coordenador ofensivo) a criar um plano de jogo simples e conservador no passe. Pese isso, Sanchez pouco evoluiu, no seu 2º ano como profissional, mantendo o mesmo desacerto no passe (54% de passes completos, 17 touchdowns e 13 intercepções), não contribuindo nas alturas decisivas, com a equipa a baquear, novamente, na final da conferência da AFC. Numa crescente relação de amor/ódio com os adeptos, Sanchez, quando liberto do espartilho táctico, mostrou a sua mediania, incapaz de ser a resposta necessária para o ataque. Para a história, numa viagem feita de altos e baixos, fica um dos momentos humorísticos protagonizados acidentalmente: o buttle fumble. Um sucesso imediato!

2 – Brandon Weeden, Cleveland Browns

Brandon Weeden

Brandon Weeden
Foto de USATSI

Ai Weeden, Weeden. Tanto que eu batalhei por ti, pá. Gostava dele. Ignorei os erros recorrentes, confesso. Naquelas tertúlias na net, perdido em fóruns obscuros, gabava-lhe a precisão, a calma, a confiança, baseado na observação dos jogos do College. Ele e Justin Blackmon era habitualmente o entretenimento predilecto, nas tardes/noites de Sábado, quando jogavam em Oklahoma State. Weeden, quando declarou para o draft, era diferente dos outros quarterbacks. Era mais velho. Bem mais velho. Porquê? Carreira profissional no beisebol. Cinco anos, depois de escolhido em 2002 pelos Yankees, trocado posteriormente pra os Dodgers e terminando numa lesão oportuna que o afastou definitivamente do desporto. Depois de entrar na universidade e de trilhar o seu caminho, Weeden foi a escolha 22 dos Browns. O seu franchise quarterback, num histórico da franquia de consecutivos falhanços na posição. Com um tamanho ideal para a posição (6,3), os números brutais das suas estatísticas podem ter ditado o amor repentino dos Browns. Mas a maioria dos scouts alertou, na altura, para a fragilidade dessa decisão. Weeden jogava em Oklahoma num Air Raid System, que privilegiava os vertical throws (aproveitando a principal característica de Weeden), contrabalançando com screens, para manter a defesa pouco confortável. Nesse esquema, Weeden sempre se mostrou confortável, com uma óptima mecânica de movimentos, um footwork correcto e boas decisões. Então, o que falhou no nível seguinte? Pressão em demasia, levando-o a decisões irreflectidas, em momentos cruciais. A mudança na equipa técnica, que mostrou desde logo pouca paciência e fidelidade à titularidade de Weeden, foi a gota de água. Weeden tem aparecido esporadicamente, provando que tem mais vidas do que um gato. Quando se pensa que ele jamais jogará, Brian Hoyer lesiona-se. Depois…Jason Campbell. Weeden tem feito pouco para aproveitar esses infortúnios, continuando a acumular erros primários. Terá ainda um futuro na NFL?

1 – Blaine Gabbert, Jacksonville Jaguars

Blaine Gabbert

Blaine Gabbert
Foto de Chris Trotman/Getty Images North America

Curiosamente, Gabbert, agora na sua 3ª temporada, vinha com algum hype do College. Militando dos Tigers de Missouri, que este ano chegaram à final da SEC, Gabbert parecia reunir todos os condimentos necessários à posição. 6,4 de altura (aproximadamente 1,93 metros), braço forte, adensando as expectativas em seu redor. Gabbert tinha sido um prospect 5 estrelas, vindo do high school, pontuação máxima que o transformou num alvo mediático. Detentor de um pro-style, foi avaliado por vários scouts como sendo NFL ready, sobretudo pelos pontos fortes que apresentava: a força de braço e a sua mecânica, aliadas a um óptimo trabalho de pés e à quick release. Fadado ao sucesso, certo? Alguns já terão torcido o nariz. Compreensivelmente. Os seus detractores apontavam-no como um system quarterback, devido à spread offense de Missouri, onde praticamente engatilhava o braço e disparava, sem ter consciência do campo todo e da miríade de possibilidades. Escolhido com a pick 10, pelos Jaguars, Gabbert recebeu uma imensa responsabilidade. Ser o novo franchise quarterback. A evolução requerida dinamitou essa hipótese. Num mundo profissional mais acelerado,Gabbert nunca desenvolveu o equilíbrio necessário no pocket, incapaz de chegar a um patamar mais consentâneo com as exigência. Há algo que li, de um scout, que sintetiza todos os motivos para o falhanço dele, na NFL. Resumiu-o a uma só palavra. MEDO. Gabbert nunca se mostrou confortável perante a pressão dos pass rushers, soltando a bola demasiado cedo e denotando um nervosismo incompatível com a função. Junte-se a isso a ineptidão em ser regular e mover o ataque, e temos um bust caro. Os Jaguars estão novamente no mercado, à procura do próximo franchise quarterback. Gabbert já era…

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.