A Insustentável Leveza… dos Acontecimento…
Colin Kaepernick já foi operado ao seu ombro esquerdo e as notícias referem que a intervenção decorreu com sucesso. Colin disse que pretendia ir ver o embate divisional com os Cardinals no estádio, mas acabou por não concretizar o desejo, pois o seu médico desaconselhou a deslocação.
Assim sendo, as grandes notícias do passado domingo acabaram por ser a notícia da avioneta que circulou por cima do Levi Stadium com uma tarja que dizia “Jed & 49ers should mutually part ways”, paga por um grupo de fãs dos 49ers, e, recuperando a expressão utilizada para descrever o despedimento de Jim Harbaugh.
A tarja em questão vem precisamente satisfazer o pedido feito por Jed York no defeso – ele deveria ser responsabilizado caso as mudanças dessem um mau resultado – e foi mais um dos sinais visíveis do descontentamento crescente dos simpatizantes. Esta forma, embora criativa, representa um dispêndio de verbas e poderá não ser tão eficaz como outras formas de protesto com impacto real nas finanças do clube – como por exemplo, as pessoas deixarem de pagar as licenças para poderem comprar bilhetes de época, suspenderem as compras de merchandising do clube, ou deixarem de ir aos jogos e deixarem de gastar dinheiro nas concessões e em estacionamento – sugestões que se começam a ver de uma forma frequente em fóruns de simpatizantes. Esta última sugestão já está a ser posta em prática, como se pode ver pelo aspecto desolador das bancadas na terceira jogada do jogo contra os Cardinals.
Efectivamente, a única maneira de um dono de uma equipa de futebol americano sentir alguma pressão é ver as receitas da sua equipa a baixarem, pois por muito que ele goste de ganhar, enquanto o seu clube for rentável, não sentirá necessidade de fazer grandes mudanças. A sugestão de as pessoas deixarem de pagar as licenças para comprar bilhetes (as famosas PSL’s, licenças que chegam em alguns casos a custar $80.000, a que acresce o preço dos bilhetes a cada temporada) surge na sequência do preço de revenda das licenças estar a ser muito abaixo do seu custo original, o que faz com que pessoas que tenham adquirido as mesmas num modelo de leasing equacionem sériamente deixar de pagar as prestações ainda em falta. Esta interpretação saiu reforçada durante esta semana pelas declarações de Brent Jones – emblemático TE da equipa entre 1987 e 1997, tendo conquistado 3 SuperBowls durante esse período – referindo que considera que o preço das PSL’s é elevado, e que como ex-jogador e Alumni, a equipa não facilitou a sua aquisição das mesmas. As declarações valem o que valem, e é certo que a propriedade da equipa transitou de Eddie DeBartolo para a sua irmã, Denise York, e o respectivo marido – John York – pais de Jed York, mas se a equipa trata desta forma antigas estrelas, talvez não seja difícil de imaginar que apenas o lucro os move, e desta forma, a melhor maneira de os afectar é efectivamente no bolso.
No entretanto, mais um rumor absolutamente venenoso – mas um que, pessoalmente, não me custa nada a acreditar face às evidências – foi também lançado na manhã do jogo com os Cardinals. Bill Romanowski – LB de referência entre 1988 e 1993, tendo conquistado 2 anéis de campeão, a que acrescentou mais dois já no zénite da sua carreira em Denver – referiu que actualmente os jogadores recebem o playbook em forma de iPad e que este método permite controlar a quantidade de tempo que os jogadores dispendem a estudar o mesmo e a estudar filme dos adversários. Ora, segundo Romanowski (citando uma fonte interna anónima do clube, como de costume) Blaine Gabbert passava, ainda enquanto back-up de Kaepernick – surpresa, surpresa! – aproximadamente 5 vezes mais tempo que Kaepernick a estudar o playbook (http://www.cbssports.com/nfl/eye-on-football/25393932/romanowski-gabbert-studied-way-more-film-than-kaepernick-in-backup-role). Tyrann Mathieu, CB dos Cardinals veio durante a semana dizer que Gabbert era uma melhor opção para QB dos 49ers, pois Kaepernick era demasiado previsível na forma como jogava, permitindo aos Cardinals montarem “armadilhas” que resultaram nas 4 intercepções do jogo da semana 3, e que resultou no descalabro que já todos sabemos.
Para finalizar, a loja dos 49ers começou os saldos nos produtos – em especial jerseys – de Kaepernick. Uma vez mais, tal atitude vale o que vale, mas atentando ao facto de as jerseys de Patrick Willis e Justin Smith – jogadores que já não estão activos, mas não têm a aura sagrada como Rice, Montana, Young ou Lott têm – continuarem com o preço normal, “the writing is on the wall” …
Portanto, quem quiser é aproveitar agora … ou à luz do exposto dois parágrafos acima, é melhor de todo não aproveitar.
O Melhor Ataque da Liga
O jogo opunha o melhor ataque da liga – Cardinals – contra o pior. A jogar com os uniformes negros – NÃO GOSTO, Ponto Final! – e com a opção de escolha de campo (visto os Cardinals terem ganho a moeda ao ar, e optado por receber a bola na segunda metade) os Niners conseguiram escolher o campo mais afectado pelos elementos – ás vezes parece que a o facto casa no Levi Stadium é inexistente! Resultado? Bruce Ellington deixa cair um punt devido a ser encadeado pelo sol, e Tramaine Brock completamente sozinho na end-zone e com a bola na sua direcção, como se ele fosse um WR, é também afectado pelo sol e deixa cair a intercepção mais fácil da história do futebol Americano. Pelo caminho, uma situação caricata onde ninguém – árbitros, Jim Tomsula e Bruce Arians – se entendia sobre qual o down correcto; e um passe de Gabbert na direcção de Patton (coberto por Mathieu), e que por ter ficado curto, foi interceptado – um bocadinho mais de força na bola e Patton teria conquistado um bom pedaço de terreno, pois não tinha ninguém pela frente. O play-calling foi no entanto demasiado conservador, em especial no final do segundo período, com os 49ers na linha das 15 jardas de Arizona, com um first-down 57 segundos para jogar e a perder por 6, e os 49ers a não tentarem de forma ostensiva o TD. A jogar em casa, contra o melhor ataque da liga, e a perder apenas por 6, não é que field-goals que se vai lá!
A segunda metade começa praticamente com Tramaine Brock a permitir que John Brown fizesse uma recepção de 48 jardas. A drive termina com uma goal-line stand de San Francisco, onde Arizona dispõe de 10 (!!!) jogadas consecutivas dentro das 3 jardas de San Francisco, e não consegue marcar. Pelo meio, Arizona beneficia de 3 Defensive Pass Interferences (dois questionáveis), e Jaquiski Tartt faz uma grande placagem para perda de terreno para Arizona, depois de Mike Purcell sózinho ter quebrado a linha de Arizona.
Na drive seguinte, precisamente também na segunda jogada, broken play e Gabbert “inventa” um passe que resulta em 48 jardas para Blake Bell. Três jogadas depois, TD 49ers, num passe para Vance McDonald, 13-10 e o jogo está vivo. De notar que todos os 4 passes para TD de Gabbert foram para TEs.
Num jogo com demasiadas penalties, e já com o jogo empatado a 13, os Cardinals têm a bola na sua linha deas 35 jardas com 7m06s para jogar no quarto período. Quinton Dial desembaraça-se do homem encarregue de o marcar e tem uma oportunidade limpa de fazer um sack a Carson Palmer. Dial não desperdiça – e faz uma placagem absolutamente limpa, acertando-o no torso e com a cabeça na posição normal. Palmer encolhe-se e isso faz com que a fivela do queixo contacte com a faz-mask de Dial. Personal Foul, primeiro-down, 15 jardas, e a drive que ia terminar nos pontos que dariam a vitória a Arizona estava viva. INACREDITÁVEL!
Há quatro semanas atrás no jogo contra os Titans Drew Brees beneficiou de 3 penalidades de Unnecessary Roughness. Na terceira dessas penalidades, David Bass tem uma chance limpa de chegar a Brees e faz uma placagem como mandam as regras: aponta para o torso de Brees, “vê aquilo que placa” (ou seja, não avança com a coroa do capacete) abraça o quarterback e acerta-lhe em cheio. Brees, apercebendo-se do que vai acontecer, encolhe-se e ao encolher-se torna o contacto entre as face-masks inevitável (um pouco à imagem do que aconteceu aqui há três épocas atrás entre Ahmad Brooks e Drew Brees em New Orleans, e que acabou por custar aos 49ers uma vitória). Personal Foul, 15 jardas (que acabaram por ser menos, visto os Saints se encontrarem na linha das 11 jardas dos Titans e primeiro down (seguido de mais duas penalidades de unsportsman-like conduct a jogadores dos Titans, furiosos com a decisão original). Que devia ter feito Bass? Se tivesse apontado para as pernas, seria falta pois graças à Brady-Rule um defesa que acerte nas pernas do QB é falta. Sabendo também que acertar na cabeça é falta, a única parte legal para placar é o torso. Acontece que, quando um QB se encolhe, este consegue efectivamente reduzir a área legal para contacto. O caso de Palmer foi em tudo semelhante. No limite os defesas têm uma zona de aproximadamente 20 centímetros – ou menos – para acertar no QB. Por este andar, não falta muito até os QBs passarem a jogar com uma jersey de côr diferente – como nos training camps – e deixar de ser possível de acertar no QB de qualquer modo. Daí até passarmos a ter todo o futebol como two-hand touch não há-de ser muito. Esta brincadeira de proteger de uma forma completamente exagerada o QB (e os jogadores de ataque) vai acabar por matar o futebol americano.
Os 49ers ainda dispuseram de mais uma oportunidade, mas uma vez mais, um play-calling conservador fez com que na derradeira jogada Anquan Boldin tivesse corrido uma rota sem a profundidade suficiente para um first-down, e o passe de Gabbert ficou a uma curta jarda de manter a drive e as esperanças vivas, quanto ainda havia 1m02s para jogar e dois time-outs … Os 49ers perdiam contra o melhor ataque da liga, sofrendo apenas 19 pontos – o segundo registo mais baixo da época, superando os Cardinals em jardas, e com Gabbert a ter melhores números que Carson Palmer em jardas e Rating.
As arbitragens têm efectivamente impacto nos resultados, e esta arbitragem foi tão má, que já durante esta semana, e pela primeira vez que eu me recorde, foi anunciado que esta equipa de arbitragem tinha sido sancionada pela liga, e relegada para um jogo com menos relevância ao invés do jogo de domingo à noite que era suposta apitar. Face ao que se passou, sabe a pouco … a pouquíssimo!
Que Se Segue?
Os 49ers defrontam na próxima semana os Chicago Bears, equipa que conta como coordenadores ofensivo e defensivo respectivamente Adam Gase e Vic Fangio, dois homens que foram entrevistados no âmbito do processo de recrutamento de treinador dos 49ers em Janeiro passado. Debaixo da tutela de Gase, tem-se assistido a um renascimento do ataque de Chicago. Assim, será de esperar que o esquema defensivo de Chicago seja feito com “insider knowledge”, face aos 4 anos de Fangio como ex-coordenador defensivo de San Francisco. Será Gabbert capaz de ultrapassar esta contingência?