AFC North: Como Estamos de Running Backs?

Paulo Pereira 8 de Julho de 2013 AFC North, NFL Comments

AFC North: Como Estamos de Running Backs?

É um artigo que pretende apenas ser um primeiro “tomar de pulso” aos clubes da AFC North. Com a free agency e o draft a serem já memórias distantes, e a pouco tempo de se iniciarem os training camps, como está o jogo corrido das franquias? Quem apostou forte e quem viu o seu poder terrestre enfraquecido?

Baltimore Ravens

Ray Rice tem apenas 26 anos, ainda longe da estipulada idade em que o declínio dos running backs se acentua, de forma visível. Mas Rice tem, igualmente, o seu quinhão de pancadas, transformado num árduo trabalhador, com centenas de snaps/época. 2012 não foi excepção, com Rice a ter performances brilhantes, contribuindo com o seu quinhão para a improvável corrida ao Super Bowl. Foi notório, no entanto, que fisicamente o pequeno RB sofreu um desgaste acentuado, com as exibições nos playoffs a ressentirem-se. São 4 temporadas consecutivas com mais de 250 corridas, tendo ainda, pelo menos, 61 recepções a acrescentar às estatísticas. Em cada época. Ray Rice continuará a ser potente, mas os Ravens parecem ter apreendido algo, nos últimos tempos, acrescentando depth ao corpo de running backs, procurando minimizar os efeitos do desgaste. Bernard Pierce, eleito no draft de 2012, não tem ainda as skills de Rice, quer como recebedor, quer como pass protector. Contudo, a produção de Pierce , como corredor nato, foi interessante, suprindo a baixa de produção de Rice no final da temporada. Foi, inclusive, mais efectivo na postseason, amealhando 4,9 jardas por corrida. Mais alto do que Rice, fisicamente poderoso, Pierce pode ser uma arma crucial em 2013, sobretudo em jogos em que os Ravens detenham vantagem no marcador, e onde a presença física dum RB com a sua estampa, para além de minimizar o risco de turnovers, permite o ganho cirúrgico de jardas e downs. O resto do corpo é constituído por Bobby Rainey, igualmente a entrar no seu 2º ano. O produto made in Florida Gators é, dos 3 running backs, o menos dotado fisicamente, quase como se fosse uma versão light. Tem, pese isso, um bom balanço, óptimos pés, ajudando a equipa especialmente no special team

Cincinnati Bengals

BenJarvus Green-Ellis continua a ser, pelo menos no campo teórico, o running back top da franquia. O Mister Reliable, com sólidas mãos e forte impacto em short yardages, vê o seu reinado ameaçado por um neófito. Giovani Bernard chega, escolhido no draft deste ano, com a devida pompa e circunstância, devido à sua carreira universitária. São dois extremos, prestes a colidirem. Green-Ellis é confiável. Comete poucos fumbles. É competente nos bloqueios. Consegue arrastar, por vezes, alguns tacklers. Tem competência escrita em cada poro. É um daqueles jogadores que sabemos cumprirá com o plano de jogo, mas sem acrescentar qualquer centelha de brilhantismo. Gio Bernard é o oposto. Um prospect empolgante, podendo ser um potencial playmaker. Corre furiosamente pelo interior, com uma agilidade surpreendente e com um poder insuspeito. É também perigoso no perímetro, capaz de ludibriar os tacklers, usando a sua velocidade de ponta. Em open field é uma arma perigosa, juntando ainda uma característica que o distingue facilmente do seu rival. É um sólido alvo no jogo aéreo, constituindo mais uma peça na engrenagem, já se si excitante, que os Bengals estão a criar no ataque. A profundidade é dada por Bernard Scott (que pode não sobreviver ao training camp), que terá a competição de um outro novato, Rex Burkhead.

Cleveland Browns

Trent Richardson foi o principal destaque dos Browns, no ataque, em 2012. O produto de Alabama, de 21 anos, mostrou enorme capacidade, sobretudo nas situações na red zone ou de curtas distâncias. A época dele só não merece um elogio perpétuo devido às mazelas físicas, responsáveis pelo abrandamento na sua evolução. Este ano existe enorme curiosidade em ver que utilização estará reservada para Richardson, com Norv Turner como novo coordenador ofensivo. Turner, considerado uma das mais brilhantes mentes ofensivas em actividade, tem histórico de utilizar um running back como dínamo das suas estratégias de ataque. Se as referidas lesões que o apoquentaram forem debeladas, na totalidade, 2013 poderá assistir à explosão definitiva de Richardson. Ele tem praticamente tudo o que é requerido a um running back de elite. A combinação de poder físico com o burst que ele tem, ao receber o snap, conjugados com a agilidade lateral e com as skills de receiver, tornam-no numa arma potencialmente demolidora e desequilibradora. A principal dor de cabeça será mesmo a profundidade, no chart dos Browns. Actualmente, o nº 2 é Montario Hardesty, que tem namorado na sua ainda curta carreira com demasiadas lesões, para ser considerado uma alternativa válida e credível. Na luta por um lugar no roster estão Dion Lewis, Brandon Jackson e Chris Ogbonnaya. Desse trio, Jackson é o mais conhecido, tendo uma passagem de algum sucesso pelos Packers. Enorme, consegue usar o físico como um aríete, correndo com poder. Isso poderá dar-lhe alguma vantagem, quando se iniciar o training camp e os cortes começarem a moldar o roster. Dion Lewis perde na comparação com Jackson, no quesito poder físico, mas vence em velocidade. Ambos usam as características que os distinguem prioritariamente em third downs. Ogbonnaya, por sua vez, é um daqueles running backs que nada tem de especial. Fisicamente forte, corre com alguma destreza, mas é apenas um “corpo”, usado para desgastar defesas ou conceder minutos preciosos de descanso à estrela do grupo.

Pittsburgh Steelers

Rashard Mendenhall é já passado em Pittsburgh. A imagem do jogo corrido sofrerá uma previsível e radical transformação. 2012 mostrou, se fosse preciso, que os Steelers teriam que tomar providências. Isaac Redman não capitalizou a ausência forçada de Mendenhall, por lesão, não conseguindo ser o running back por quem a franquia ansiava. Tendo deixado boas indicações no final de 2011, Redman tinha tudo para ascender na hierarquia da unidade. O seu falhanço em se impôr levou ao uso de Jonathan Dwyer, um colosso físico que, por momentos, parecia ser a solução. Mas também ele, vítima de lesão, viu o sonho adiado em se transformar em actor principal nos palcos de eleição. Dwyer e Redman são cópias um do outro, que no aspecto físico, quer no tipo de jogo. Possantes, conseguem usar esse vigor no contacto inicial, mas depois revelam falta de dinamismo, nunca acrescentando mais do que mero esforço. São o protótipo do backup na NFL. Com isso em mente, os Steelers não se fizeram rogados e gastaram uma pick de 2º round em Le’Veon Bell, um dos mais dinâmicos RBs vindos do draft. Bell aparenta ter tudo. É novo, com um tamanho ideal, estabelecido no passing game [marcando claramente a diferença em relação a Redman e Dwyer] e com velocidade estonteante. Será, livre de lesões, a arma primária no solo, com a franquia a depositar enormes esperanças na sua capacidade. Chris Rainey foi usado, em 2012, como ajuda no retorno, com a equipa a tentar criar nele um híbrido RB/WR no ataque. Foi uma aposta falhada, levando o clube a procurar outra solução. A offseason viu chegar LaRod Stephens-Howling, uma antiga escolha de 1º round, com dinamismo apreciável no special team, podendo incorporar o que os Steelers pretendiam de Rainey. Um jogador difícil de marcar, pelas defesas, podendo auxiliar pontualmente como WR, ou ser usado a partir do backfield. Outro jogador que tem uma hipótese, entrando no training camp, é Baron Batch, um dos preferidos dos adeptos da equipa de Pittsburgh, com uma história de vida feita de dificuldades e superação. Batch, usado de forma residual, mostrou algumas qualidades, que podem não ser suficientes para ganhar um lugar no roster.

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.