AFC West: Como Está o Jogo Corrido?

Paulo Pereira 9 de Julho de 2013 AFC West, NFL Comments

AFC West: Como Está o Jogo Corrido?

Denver Broncos

O corpo de RBs parece ter densidade suficiente para aguentar as agruras duma temporada dura. 2012 serve de parâmetro para aferir isso. Quando Willis McGahee caiu, lesionado, perdendo grande parte da temporada, Knowshon Moreno conseguiu suprir a ausência, fazendo-o a um nível que afastou, de forma definitive, o rótulo de draft bust. Quando o azar teimou em ceifar Moreno, vítima de lesão, o depth chart dos Denver Broncos foi levado ao limite, com o jogo corridor entregue nas mãos de Ronnie Hillman, rookie. Hillman, inexperiente mas com reconhecido potencial, apresenta uma característica diferenciadora. É uma arma confiável for a do backfield, podendo ajudar no jogo de passe. Dificilmente os Broncos gastarão uma pick dos primeiros rounds em novo running back, se não existirem desenvolvimentos adicionais quanto à recuperação de McGahee e Moreno. Se as lesões forem debeladas, conforme esperado, sem deixarem sequelas no jogo físico de ambos, a depth chart do corpo de corredores parece estar já preenchida, com opções variadas e que permitirão consolidar o ataque dos Broncos como uma arma temível e letal.

Kansas City Chiefs

Jamaal Charles foi um achado, no draft de 2008, um dos raros exemplos dum back total, explosive e imparável. Podendo ainda melhorar o seu jogo, sobretudo como receiver, Charles é um daqueles jogadores empolgantes, de quem se espera sempre a realização duma big play. O trabalho de sapa dele, mesmo com uma OL deficitária como run blocker, permite números obscenos nas estatísticas. O problema, olhando para o roster remodelado dos Kansas City Chiefs, após a chegada de Andy Reid, é que falta qualidade e quantidade, nos backups de Charles. Actualmente, os restantes nomes na depth chart são Shaun Draughn e Cyrus Gray, que entrarão na 2ª época como profissionais e estão num estado intestado. Draughn foi, dos dois, o que mereceu mais tempo de jogo em 2012, com 59 corridas e 24 recepções, mostrando alguns fogachos de talento. Gray, antiga estrela de Texas A&M, teve uma participação meramente residual, sendo ainda uma incógnita no exigente mundo profissional. Numa divisão onde os Broncos serão o alvo a abater, os Chiefs necessitam de reforçar claramente o corpo de running backs, sendo previsível que esse fortalecimento venha pelo draft, numa classe de rookies onde impera talento em quantidade. A opção pode, no entanto, ser escolher um alvo com experiência, aproveitando a free agency, onde ainda está por assinar Ahmad Bradshaw. Mas as regulares mazelas físicas do ex-Giants são uma red flag que tem afastado os potenciais interessados.

Oakland Raiders

Nos Oakland Raiders, que como franquia quase foram implodidos por Al Davis, nos seus últimos anos à frente dos destinos, a tarefa de crier um roster homogéneo e de qualidade tem sido hercúlea. Reggie McKenzie, o general manager vindo dos Packers, ainda se debate com o cap space, verdadeira dor de cabeça, e com a falta de picks no draft, mercê de alguns ruinosos negócios (só a contratação de Carson Palmer custou escolhas de 1º e 2º round). No entanto, no meio do caos em que a franquia está mergulhada, o corpo de running backs dá algumas garantias. A nível qualitativo é, teoricamente, uma das melhores áreas da equipa. A sua estrela é Darren McFadden, atleta de inegável valor mas que, infelizmente, parece feito de vidro, tantas são as lesões que o afastam dos jogos. Mas mesmo a ausência de McFadden não retira brilho exibicional à equipa, no jogo corrido. Marcel Reece é ainda um dos segredos mais bem guardados da NFL, mas por pouco tempo. É um atleta all-around. Aparece como fullback, mas mostrou predicados suficientes para fazer salivar o corpo técnico. Jogou como running back e mostrou apetência para aparecer como receiver, terminando a temporada com 52 recepções. Jogador explosivo, tem que ser obrigatoriamente usado no esquema táctico dos Raiders, de forma a potenciar as suas habilidades. O roster perdeu Mike Goodson, para os Jets, substituído por Rashad Jennings, vindos dos Jaguars. Este tem uma oportunidade única de relançar a carreira, após o fiasco em Jacksonville, onde nunca revelou ser opção válida para substituir Maurice Jones-Drew. Jennings tem um arquétipo físico diferente dos outros backs do roster. É fisicamente maciço, podendo ser usado como blocker adicional na OL. O corpo de running backs parece formado, apresentando qualidade, mas viverá rodeado de incertezas. McFadden tem apenas 25 anos, mas um longo histórico de lesões, nunca tendo jogado mais do que 13 jogos numa temporada. Se ele conseguir manter-se saudável, teremos um ground & pound que fará mossa nos adversários. Independentemente de tudo, não é crível que os Raiders gastem alguma pick no draft para reforçar a posição. As escolhas são escassas e deverão ser canalizadas para outros sectores, mais necessitados.

San Diego Chargers

A grande novidade nos San Diego Chargers veio na free agency, com a equipa a conseguir contratar Danny Woodhead, com carreira sólida construída nos Patriots. A escolha representa bem o dilema em que a franquia de San Diego se encontra. Gastaram uma pick de 1º round no promissor Ryan Matthews, mas ainda não beneficiaram da escolha. O jogador, nº1 no depth chart do corpo de RBs, tem perdido imenso tempo de jogo, com mazelas físicas. E, quando joga, a sua produção é questionável, com alguns fumbles comprometedores. Woodhead surge como apólice de seguro, se Matthews continuar a não elevar o seu jogo. Lutador e bravo, o ex-jogador dos Patriots funciona bem fora do backfield, podendo ser usado inclusive como slot receiver. Num ano de drásticas mudanças na franquia, com novo treinador e general manager, é com expectativa que se aguardam as decisões primárias. Ronnie Brown inicia a temporada como RB nº 3, podendo ser um auxílio precioso devido à sua experiência. Uma coisa parece certa. Mais do que incrementar o grupo de running backs, os Chargers têm que reforçar a linha ofensiva, que pouco produz como auxiliar no jogo corrido. Não sendo uma necessidade básica, dificilmente aparecerão novos nomes para o grupo. A equipa pode beneficiar das características distintas dos 3 nomes apontados, que têm qualidade de sobra para ressuscitar o ataque dos Chargers.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.