Buffalo Bills: Um Guia Para a Free Agency
Foi uma vitória pírrica…mas foi um triunfo. Rex Ryan não conseguiu, no seu ano 1 em Buffalo, mostrar uma equipa dominante, que pusesse cobro à hegemonia dos Patriots, mas conseguiu, já com a meta à vista, aplacar o seu espírito vingativo, vencendo os Jets, ex-equipa, impedindo-a de atingir os playoffs. O sabor da vingança, contudo, não pode ser perpétuo, dado que o grau de exigência para Ryan e os seus rapazes vai subir exponencialmente, em 2016. Tal como no ano passado, o futuro parece brilhante na cidade que vive na sombra de Nova Iorque, com um ataque que generosamente mostrou os seus dotes explosivos. Com Tyrod Taylor a ser uma das surpresas, pela positiva, do ano, coadjuvado pelo rookie Karlos Williams no solo e com Sammy Watkins a brilhar no jogo aéreo, os Bills aparentam ter poder de fogo para desafiarem os eternos reis da divisão. Mas, para isso, a offseason terá que ter a dose de sensatez que tem faltado, noutras ocasiões. Na free agency será imperativo estabilizar a linha ofensiva, dado que dois dos seus integrantes podem atingir o mercado de jogadores livres e o cap space não permite grandes manobras. O que fazer então? Engenharia financeira, criatividade e frieza negocial serão as chaves, sabendo-se sempre que alguém terá que ser sacrificado. Dispensar o mediático, mas pouco produtivo, Mario Williams, permitirá abrir quase 10 milhões no cap space, valor a usar nas prioridades. E quais são?
1. Prioridades
Left Tackle Cordy Glenn
Paulatinamente, Glenn tornou-se um dos melhores na posição, um verdadeiro franchise left tackle, figura habitualmente desejada por outras equipas com carências na posição. Os Bills falharam, até ao momento, todas as tentativas de estabelecer um compromisso a longo termo, com o jogador a ter a clara vantagem negocial num mercado esfomeado por offensive lineman de elite. A franchise tag é sempre uma opção, desde que a equipa esteja disposta a despender 13.5 milhões. Mas Glenn – e a sua produção – não podem ser perdidos, sob pena de evidente regressão na linha ofensiva. 2015 viu o left tackle ceder apenas 2 sacks e 2 hits, mostrando a sua fiabilidade, que não se esgota na pass protection. É também um apreciável run blocker. Left Guard Richie Incognito Aposta de risco, depois de afastado um ano da competição, Richie Incognito recompensou, com juros, a oportunidade dada pelos Bills, acabando a época de 2015 como um dos melhores guards da competição. Segundo o Pro Football Focus, foi mesmo o segundo melhor guard, mercê da sua dominância no run blocking (onde ficou apenas atrás do perene Marshall Yanda e de Evan Mathis), com a sua personalidade agressora a ser uma mais-valia para a função. Como pass protector, constituiu uma dupla tremenda com Glenn, tendo apenas cedido 2 sacks e 5 hits na prova. Manter o duo junto, mais um ano, poderá ser a linha definidora que tornará os Bills em contendores.
2. Rescisões
Wide Receiver Percy Harvin
Devia existir uma realidade alternativa, um universo paralelo onde pudéssemos dar largas à imaginação e resolver alguns dos “what if?” que pontuam a NFL. O que seria de Percy Harvin hoje, qual o seu real estatuto, se as lesões não o tivessem atormentado? Alguns poderão sentir-se tentados a escrever que o ocaso do jogador não se deveu apenas ao infortúnio, dado que o seu temperamento de prima-donna nunca foi o melhor conselheiro nas decisões tomadas, mas custa ver que o outrora exuberante jogador é hoje uma pálida cópia, alguém que caminha a passos largos para o esquecimento. Um dos mais explosivos wideouts terminou as últimas 4 temporadas lesionado, na IR ou, pelo menos, com o progresso exibicional sistematicamente interrompido por mazelas. Num grupo que conta com Sammy Watkins, Robert Woods e Chris Hogan, as skills de Harvin poderiam ser aproveitadas, mas apenas a um preço de saldo. Mesmo assim, a presença de Harvin no roster não consolidaria a principal necessidade da equipa, no ataque: encontrar uma real ameaça para emparelhar com Watkins, no 11 inicial. Linebacker Nigel Bradham Foi, provavelmente, o principal problema com que Ryan se deparou, no seu ano 1 em Buffalo, não tendo encontrado o antídoto para o resolver. A unidade de linebackers viveu um ano de pura confusão e Bradham surge como o epicentro disso, não tendo correspondido às expectativas nele depositadas. Jogando como linebacker exterior no esquema 4-3, foi permissivo na defesa contra o jogo corrido (o PFF coloca-o, aliás, em último lugar em OLBs de 4-3), revelando enorme fragilidade nesse quesito, a que nem a sua utilidade em coverage consegue apagar a má imagem. Bradham será mais vítima do que réu, dado que era um jogador com apreciáveis índices competitivos, nos anos anteriores à chegada de Rex Ryan e à consequente alteração de esquema táctico.
3. Potenciais Alvos
Defensive End Wallace Gilberry
É sempre especulativo avançar com nomes de candidatos a contratados, mas o exercício inócuo permite, pelo menos, a percepção das necessidades básicas das equipas. O Pro Football Focus fez o trabalho de sapa, analisando o mercado e apontando o caminho. Desde logo, há um pormenor que ressalta na abordagem que os Bills terão na offseason. Os problemas com o cap space colocam a franquia impossibilitada de atacar os principais free-agents. Contudo, mais do que o perfil mediático, os Bills procurarão produção e competência, numa base regular. Com a agora confirmada saída de Mario Williams, Gilberry surge como uma opção low coast, um pass rusher com números tímidos em 2015 (apenas 2 sacks, mas jogando num plano rotacional no front 7 dos Bengals), mas versátil o suficiente para jogar no exterior ou interior da linha, dando amplas possibilidades aos estratagemas criativos com que Ryan gosta de brindar os opositores.
Middle Linebacker Rolando McClain
O corpo de linebackers merecerá o grosso da atenção do staff técnico e McClain surge como uma opção viável, depois do seu ressurgimento, nos dois últimos anos, em Dallas. Um talento nato no college, McClain denotou sempre dificuldades para cumprir com as expectativas nele depositadas, mas encontrou uma segunda vida quando repescado pelos Cowboys. 2014 e 2015 serviram para pesar a influência do linebacker num esquema mais agressivo, sendo que a sua contratação, em 2016, seria encarada como um plug & play. As características de McClain tornam-no ideal na coverage, aliando esses instintos naturais a um bom desempenho contra a corrida.