Denver Broncos: The Day After

Paulo Pereira 12 de Fevereiro de 2016 AFC West, Equipas NFL, NFL Comments
Denver Broncos Champions

Denver Broncos: The Day After

E agora? Depois do trabalho de sapa de John Elway, aos comandos das decisões dos Broncos, levando a equipa a dois Super Bowls, o que acontecerá no rescaldo do triunfo da recente final? Serão os Broncos ainda contendores a ter em conta, a equipa a abater em 2016, na AFC? Ou, como tantas vezes no passado, a auto-regulação da NFL, com o seu cap space e as regras da free agency, fará mossa?
São, para já perguntas sem resposta, mas os próximos meses darão uma indicação sobre o perfil da equipa, no futuro mais imediato. Uma coisa é certa, no entanto. John Elway será um homem ocupado na offseason, com uma série de decisões importantes a tomar.

1. To Be or Not to Be?

Cinco título de divisão (AFC West) consecutivos e, nesse arco temporal, duas idas ao Super Bowl, ajudam a validar as palavras de Elway. Quais? Estas: “Do whatever it takes to compete for world championships every year”. Os Broncos tornaram-se uma das forças dominantes na conferência, pedindo meças aos Patriots, desde o momento exacto em que assinaram com Peyton  Manning e passaram a ter um quarterback de qualidade. Mas, após o triunfo frente aos Panthers, a equipa quase que regressa à casa de partida. É mais fácil construir um contendor do que mantê-lo e, mesmo com uma saudável situação no salary cap, há decisões difíceis a tomar. Von Miller, Evan Mathis, Malik Jackson, Danny Trevathan, Ronnie Hillman, CJ Anderson, Vernon Davis, Brock Osweiler, Brandon Marshall, Brandon McManus e Antonio Smith, só para falar dos nomes mais reconhecíveis, serão free agents a 9 de Março. Von Miller, o MVP do Super Bowl, não irá a nenhum lado. A equipa procurará, até à data limite, negociar um novo contrato com o jogador, que o poderá tornar o defesa mais bem pago da actualidade mas, caso as negociações falhem, sabe-se que a franchise tag será usada. Se este problema será resolvido, de uma forma ou de outra, ficam a faltar os outros. E são vários. Elway sabe que tem ainda uma espinha dorsal confiável, tendo previamente renovado o vínculo contratual com Derek Wolfe, mas o trio composto por Malik Jakcson e os linebackers Brandon Marshall e Danny Trevathan foi crucial ao longo da temporada. Deixá-los sair pode constituir um erro e muito do sucesso em 2016 resultará da forma como esta questão será abordada. A acompanhar, com muita atenção, até Março.

2. Quem Será o Quarterback?

Peyton Manning parece ter chegado ao fim a linha, emulando a mesma situação, ocorrida duas décadas atrás, com John Elway, que se reformou após vencer o seu segundo anel de campeão. Depois de 3 operações ao pescoço, de alguma complexidade, é visível que Manning há muito que não possui as qualidades que o tornaram um dos melhores de sempre, na posição. Não existindo ainda uma palavra oficial sobre o assunto, é dado como certo que o mais velho dos irmãos Manning se irá dedicar a outras actividades, deixando órfã a equipa na sua posição mais importante. Aqui, o leitor mais atento exclamará, mas e então Brock Osweiler? Pois, o backup de Manning que, durante parte significativa da regular season foi o titular, pode ser a alternativa válida. Falta é saber se os Broncos estão dispostos a dar-lhe o comando irrestrito do ataque, tornando-o o franchise quarterback, sabendo que essa decisão comporta um risco. Desde logo, Osweiler é um potencial free agent, tendo toda a vantagem negocial, num mercado que vive desesperado por jogadores para a posição. Osweiler será o principal interessado em permanecer em Denver, depois da aprendizagem do playbook e da confiança ganha com o staff técnico, mas verá nesta oportunidade a ocasião ideal para exigir números elevados no contrato. Os Broncos, nesta balança virtual de poder, são a parte mais debilitada e, provavelmente, oferecerão a Osweiler os valores pretendidos, entre os 12/15 milhões por ano. É muito para um quarterback com apenas 7 jogos a titular? É. Mas nesses 7 jogos Osweiler comandou um 5-2, com vitórias no prolongamento contra Patriots e Bengals. Não mostrou nada de assinalável, para além do expectável em alguém que consegue ascender à NFL. Braço Forte, equilíbrio no pocket, como características positivas, mas também a normal insegurança, em alguns momentos, e uma leitura das jogadas não muito rápida, levando-o a sofrer demasiados hits e, com eles, lesões. Sem Manning e sem Osweiler, os Broncos ficariam perdidos num limbo, sendo obrigados a um improviso que tinha tudo para correr mal. Veremos que coelho John Elway saca da sua cartola.

3. Free Agency

Com vários e importantes jogadores a atingirem a free agency, a prioridade dos Broncos será manter o maior número possível, evitando a perda de peças importantes, mais do que procurarem contratar quem quer que seja. Ainda não é sabido qual o cap space para 2016 mas, mesmo que este cresça, conforme esperado, há decisões a tomar. Peyton Manning custará cerca de 21 milhões, se mantido. Esta é uma mera questão de pro-forma, porque parece evidente que o quarterback se irá retirar. Mas, caso isso não aconteça, os Broncos nunca conseguirão suportar o seu custo. Para além de Manning, Ryan Clady, o left tackle que terminou a temporada na injury reserve, tem um custo previsto de 10,1 milhões. DeMarcus Ware, importante na criação de uma DL agressiva, custará, se não existir uma reestruturação, 11,67 milhões. Na OL, Louis Vasquez, que os Broncos foram resgatar em 2014 aos rivais Chargers, terá um custo de 6,75 milhões e, por fim, nos salários mais elevados, o punter Britton Colquitt tem um custo previsto de 4 milhões. O que é que isto significa? Que, entre tentativas de evitar uma sangria na free agency e a manutenção de um cap space fluído, alguns destes jogadores serão dispensados e/ou verão os seus contratos reformulados, para valores mais suportáveis. Em todo o caso, há muito trabalho para efectuar, em Denver. Independentemente do que venha a acontecer, estes Broncos continuarão a ser uma força considerável, na divisão e na AFC, para poderem ser descartados como potenciais candidatos ao título. É ainda muito prematuro adivinhar cenários, mas desde que a franquia não deixe fugir Osweiler, a competitividade não será profundamente afectada.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.