Draft dos New England Patriots, A Análise

Marco Castro 15 de Maio de 2014 Draft, NFL Comments
New England Patriots

Draft dos New England Patriots, A Análise

É quase todos os anos a mesma coisa. Dezenas de previsões, de análises, de palpites e no fim, Bill Belichick a surpreender toda a gente. O draft deste ano era aguardado com grande ansiedade pela comunidade dos New England Patriots, sobretudo para se saber quem seria o substituto de Aaron Hernandez. A falta de tight ends no roster é por demais evidente, a oferta tinha alguns jogadores apetecíveis e no fim, nenhum jogador escolhido para esta posição. A aposta dos Patriots foi claramente reforçar o sector defensivo e sem esquecer o ataque, nomeadamente a protecção a Tom Brady. Mas vamos às escolhas, uma por uma.

Ronda 1, Escolha #29: Dominique Easley, Defensive Tackle, Florida

Dominique Easley, Defensive Tackle, Florida

Dominique Easley, Defensive Tackle, Florida
Foto de Jake Roth-USA TODAY Sports

Muitos antecipavam uma troca por mais escolhas secundárias, mas em vez disso, os Patriots usaram a sua escolha de 1ª Ronda num dos jogadores mais arriscados de todo o draft. Dominique Easley é um talento nato mas o seu historial de lesões pode tornar a sua carreira num eterno processo de recuperação. É sabido que desde 2009 (o primeiro ano após a saída de Richard Seymor) os Pats precisam de reforçar o seu interior pass rush e nesse aspecto, Easley pode muito bem (se saudável) preencher essa lacuna. Esta selecção vem confirmar a preferência Patriota por jogadores mais baixos, mas mais explosivos e com mais fluidez de movimentos. Easley é uma incógnita, dependendo da sua condição física, sendo certo que tem tudo para se tornar numa das mais fascinantes escolhas dos últimos tempos. Os Patriots talvez tivessem conseguido este jogador na 2ª Ronda, mas claramente não quiserem arriscar perder este jogador (para grande tristeza dos Seahawks).

Nota: Bom+

Ronda 2, Escolha #62: Jimmy Garoppolo, Quarterback, Eastern Illinois

Jimmy Garoppolo, Quarterback, Eastern Illinois

Jimmy Garoppolo, Quarterback, Eastern Illinois
Foto de Jay Grabiec

Muito se falou da quantidade de quarterbacks que visitaram o Gillette Stadium antes do draft. Jimmy Garoppolo foi um deles, mas poucos esperavam que fosse o escolhido. A verdade é que os Patriots gostaram das suas qualidade, a rapidez na tomada de decisões e mentalidade. No entanto, há um senão. Garoppolo joga na FCS e não enfrentou defesas muito complicadas. Além disso, tem mãos pequenas e alguns problemas de fumbling. Ora, com o tempo inclemente de New England, isto pode ser um problema sério. Em 2014, este jogador estará no banco, como backup de Brady e até que o contrato do #12 acabe (2017), os Patriots terão tempo para perceber se Garoppolo tem ou não estofo para ser o futuro quarterback da franquia.

Nota: Suficiente+

Ronda 4, Escolha #105: Bryan Stork, Center, Florida State

Bryan Stork, Center, Florida State

Bryan Stork, Center, Florida State
Foto de Phil G. Sears

Nos últimos anos os Patriots têm tido dificuldades em proteger Tom Brady no centro da linha ofensiva, Ryan Wendell que o diga. Pois bem, Bryan Stork parece ser a resposta adequada, já que este jogador além de tremendo (1,93m e 143kg), demonstra grande inteligência para o jogo, sobretudo na forma como se desloca para bloquear os defensores adversários. Stork foi uma boa escolha, sendo de estranhar a estar ainda disponível na 4ª ronda.

Nota: Bom+

Ronda 4, Escolha #130: James White, Running Back, Wisconsin

James White, Running Back, Wisconsin

James White, Running Back, Wisconsin
Foto de Mike De Sisti

Já se sabe que os 3 running backs de serviço terminam contrato no final desta temporada, pelo que o reforço da posição era importante. White mostrou qualidade, sobretudo em espaços curtos e correu no ano passado 1.444 jardas, numa média de 6.5 jardas por transporte. O seu porte não é do outro mundo (1,75m e 93kg) e o tamanho curto dos seus braços pode afastá-lo do papel de receiver (apesar das 39 recepções feitas em 2013), mas apesar disso, White vem reforçar uma posição medianamente carenciada e até é bem provável que venha a ser o #3, logo a seguir a Ridley e Vereen.

Nota: Bom

Ronda 4, Escolha #140: Cameron Fleming, Offensive Tackle, Stanford

Cameron Fleming, Offensive Tackle, Stanford

Cameron Fleming, Offensive Tackle, Stanford

Mais um importante reforço para a linha ofensiva. Fleming é um offensive tackle massivo (1,96m e 149kg) e poderoso, com mãos fortes e uma agilidade surpreendente. No lado dos defeitos, está o seu trabalho de pés, que necessita ser melhorado, de forma a tornar-se num potencial titular. Quando em confronto com rushers rápidos, este jogador sente dificuldades e acaba por vezes, batido. É provável que a ideia de Belichick seja desenvolvê-lo ao longo do tempo, desde que Nate Solder e Sebastian Vollmer estejam saudáveis.

Nota: Bom-

Ronda 6, Escolha #179: Jon Halapio, Guard, Florida

Jon Halapio, Guard, Florida

Jon Halapio, Guard, Florida
Foto de Frederick Breedon/Getty Images

Mais um reforço para a linha ofensiva e mais um “gigante” de 1,90m e 146kg. Uma compleição física a fazer lembrar Marcus Cannon. Halapio é muito duro, muito forte, sendo até mais eficaz no uso dessa força do que Bryan Stork e Cameron Fleming. O grande problema deste jogador é a sua quase imobilidade, ou seja, muito eficiente da cintura para cima, mas pouco ágil da cintura para baixo. As previsões apontavam-no para a 7ª ronda ou mesmo para os undrafted free agents, mas os Patriots assim não entenderam, em nome do reforço da sua linha ofensiva.

Nota: Suficiente

Ronda 6, Escolha #198: Zach Moore, Defensive End, Concordia

Zach Moore, Defensive End, Concordia

Zach Moore, Defensive End, Concordia
Foto de Justin Oakman Photography

Um achado! Vindo da 2ª Divisão, é certo, mas um atleta com características excepcionais para a sua posição. More, de 1,95m e 122kg, era o melhor pass-rusher disponível nesta altura do draft e tem como principal arma, a rapidez com que arranca para cima dos adversários. Outra qualidade deste jogador é a sua capacidade de trabalho, muito dedicado e focado na união da equipa. Como qualquer rookie, terá de ser trabalhado, mas em algumas jogadas, poderá já dar algum descanso a Chandler Jones e Rob Ninkovich

Nota: Bom+

Escolha 6, Escolha #206:

Jemea Thomas, Safety, Georgia Tech

Jemea Thomas, Safety, Georgia Tech

 

Safety era uma das posições que os Patriots precisavam de reforçar e a escolha para a posição chegou na 6ª ronda. Jemea Thomas não é enorme (1,75m e 87kg), mas é duro de roer. Trata-se de um jogador rápido em espaços curtos, capaz de reagir às mudanças de direcção dos running backs. Além disso, é tido como um jogador de alto carácter, algo que certamente encaixará muito bem na cultura Patriota. No lado dos problemas, estarão aos confrontos desiguais que terá com os tight ends.

Nota: Bom

Ronda 7, Escolha #244: Jeremy Gallon, Wide Receiver; Michigan

Jeremy Gallon, Wide Receiver; Michigan

Jeremy Gallon, Wide Receiver; Michigan
Foto de Rick Osentoski-US PRESSWIRE

À 7ª ronda, uma arma para Tom Brady, mas em vez de um tight end, chegou um wide receiver, curiosamente da mesma universidade do #12. Gallon destacou-se nesta última temporada, com 89 recepções para 1373 jardas e 9 touchdowns. Refira-se que este jogador também tem experiência em kick returns, contabilizando 79 kick ou punt returns. O grande problema de Gallon poderá estar no seu físico. Os seus 1,70m e 84kg tornam-no muito vulnerável ao impacto de jogadores muito maiores que ele. Veremos se ganha um lugar no roster, visto que para slot receivers, existem Julian Edelman, Danny Amendola e Josh Boyce.

Nota: Suficiente+

Conclusão

Não foi o que todos esperavam, mas na realidade, será que alguém esperava não ser surpreendido? Belichick conhece melhor do que ninguém as debelidades do roster Patriota e escolheu o que achou mais importante. Os tight ends vieram depois, como undrafted free agents, mas isso, já são contas de outro rosário. Resumindo, um draft com escolhas positivas, alguns riscos e muita preocupação defensiva à mistura. Agora, que venha a temporada!

About The Author

Marco Castro

Cheguei ao Futebol Americano em 2006. Estava de férias em New Bedford, estado de Massachusetts, quando perguntei a um amigo meu aqui emigrado que me explicasse as regras deste jogo. Perguntei-lhe também qual a equipa dele e como nesta matéria estava a zeros, optei por seguir o seu conselho e dar mais atenção a uns tais de Patriots. No regresso a Portugal, consumei este namoro muito graças ao NASN (mais tarde ESPN America), o canal de desporto americano que existia na TV por cabo. Lembro-me de achar "cool" esses tais de Patriots, com os seus capacetes e calças prateadas e lembro-me igualmente de começar a investigar um pouco mais sobre um certo Tom Brady. Hoje em dia sou um Patriota fanático, (aliás, criei e faço a gestão da página de Facebook Patriots Portugal www.facebook.com/patriotsportugal), coleccionador de todo o tipo de merchandising desta equipa e acima de tudo, sofredor Domingo após Domingo, em frente à televisão, colado ao Gamepass (melhor invenção do homem, depois da roda). No trabalho e entre amigos, sou um pouco visto como "lá vem este com o futebol americano só porque foi aos Estados Unidos". Vivo bem com isso. Aliás, tento explicar-lhes "há mais táctica e estratégia neste jogo, do que nas outras modalidades todas juntas" e acrescento "é um jogo espectacularmente justo". Nada os demove a eles, mas também nada me demove a mim! Razão pela qual continuarei a alimentar esta minha paixão Patriota e o sonho de um dia, assistir a um jogo em pleno Gillette Stadium (já lá estive, mas o preço dos bilhetes adiou-me a sua concretização). Se num destes dias os Patriots vencerem o 5º SuperBowl, já sabem, podem encontrar-me a festejar (provavelmente sozinho, ou talvez não) em pleno Marquês de Pombal!