Free Agency Recap

Paulo Pereira 17 de Março de 2014 Free Agency 2014, NFL Comments
Free Agency 2014

Free Agency Recap

O mercado disse-nos algo. Essencialmente, que este é um bom ano para os cornerbacks. Mas também para linebackers e defensive tackles e ends. O culpado? Os Seahawks, que se atreveram a ganhar um Super Bowl com uma defesa poderosa, claramente a unidade mais valorizada na equipa. Por outro lado, o mercado tem tratado com desdém os running backs. Alguém ouviu falar deles? De interesse inusitado em LeGarrette Blount? Ou Ben Tate? Ou mesmo em Knowshon Moreno? Pois. Isso denota a evolução do jogo, com a liga transformada num festival de passe e as equipas a serem capazes de encontraram running backs talentosos no draft, em rounds tardios (vide o caso de Alfred Morris ou Zac Stacy).
Mas vamos lá desvendar algumas das sonantes trocas de camisolas. Começando por aqueles que considero os melhores negócios.

New Engand Patriots

Os Patriots, duma assentada, resolveram o eterno calcanhar de Aquiles da equipa. A secundária. Robert Kraft, habitualmente sovina com o dinheiro gasto, abriu os cordões à bolsa. Primeiro, deu uma bicada num inimigo figadal, os Jets, e trouxe para Foxbourough um antigo astro e ídolo em NY, Darrelle Revis. Um ano de contrato e 12 milhões, mas os Patriots conseguiram o seu shutdown corner. Não se ficou por aqui a incursão da franquia de Boston aos mercados. Com Revis chega outro cornerback. Brandon Browner, que fez dupla com Richard Sherman nos campeões em título, assinou por 3 anos e 17 milhões. Os números são consideráveis, mas beneficiaram de desconto. Browner terá que cumprir quatro jogos de suspensão, por uso de substâncias dopantes. Para os Patriots isso pouco relevo terá. A divisão é eminentemente fraca, com rivais disfuncionais.  Disseram adeus a Aqib Talib, mas resolveram a saída. Em duplicado. E com upgrade pelo meio.

Denver Broncos

Quem teve uma semana produtiva foram o Broncos. A franquia, que sente que a janela de oportunidade de vencer a competição tem-se encurtado, aposta tudo em 2014. Com uma série de problemas pendentes, a estratégia de John Elway foi simples. Deixou os seus free agents testar o mercado, pouco preocupado em perdê-los (falamos de Eric Decker, Dominique Rodgers-Cromartie, Khowshon Moreno, Zane Beadles e Shaun Phillips) e optou por ir buscar outros, para as mesmas funções.  Primeiro, veio Aqib Talib. Contrato algo obsceno, com 6 anos a valerem 57 milhões, mas em termos de dinheiro garantido os Broncos precaveram-se das regulares mazelas físicas do jogador, dando “apenas” 26 milhões garantidos. Estava dado o primeiro passo para reforçar a secundária, que os tem comprometido nas fases decisivas. Depois de Talib, TJ Ward, safety saído dos Browns e que aterra em Denver, com a promessa de 4 anos de contrato e 23 milhões. TJ Ward é um safety notável, que joga essencialmente na box, onde é bastante eficaz. Faltava algo. Até se pode reforçar a secundária, mas se não existir um pass rush eficaz, isso de nada serve. Um QB com tempo encontra sempre forma de ferir o último sector defensivo. A pensar nisso, os Broncos foram lestos a aproveitarem a benesse dos Cowboys, obrigados a libertarem DeMarcus Ware por causa do cap space. Um contrato de 3 anos e 30 milhões e temos o OLB a emparelhar com Von Miller. Que dupla temível pode sair daqui!

Oakland Raiders

Existia uma equipa que podia dominar o mercado. Os Raiders. Dois anos sufocantes, presos a um cap space que os obrigou a dispensarem bons jogadores, mas que tinha agora o reverso. 65 milhões para serem esturrados na free agency. Seriam os Raiders cirúrgicos na procura de jogadores, ou fariam de novos ricos, começando a gastar de forma irresponsável? Por momentos, parecia a 2ª hipótese, quando fecharam um contrato com Roger Saffold, offensive guard, por inacreditáveis 42 milhões. As repercussões negativas na base de fãs dos Raiders, aliado ao histórico de lesões do jogador ex-Rams, levou à não assinatura do contrato, por motivos “médicos”. Tá bem, tá. Depois disto, os Raiders perderam Jared Veldheer, um left tackle underrated, para os Cardinals, e o seu melhor rusher, Lamarr Houston, para os Bears. WTF?, terão pensado os adeptos dos homens de negro. Keep cool, terá respondido Reggie McKenzie, general manager. Duma assentada trouxe Justin Tuck, defensive end (ex-Giants), LaMarr Woodley, OLB (ex-Steelers) e Antonio Smith, DE (ex-Texans) revitalizando o pass rush da equipa. Depois disso, Austin Howard, OG (ex-Jets) chega para a OL, e Tarrell Brown, CB (ex-49ers) para dar qualidade à secundária, que perdeuTracy Porter na free agency para os Redskins.

Indianapolis Colts

Outra equipa agressiva no mercado são os Colts, que cedo pretendem passar uma mensagem: Vamos ser contenders. Trataram de manter o núcleo do special team sob contrato, renovando com Adam Vinatieri, kicker e com o punter Pat McAfee. Depois disso, mangas arregaçadas, e nova vida para a DL. Dos Ravens chega Arthur Jones, defensive end que vem dum excelente 2013. Para o corpo de linebackers, o confiável D’Qwell Jackson. Entretanto aproveitam para renovar com Vontae Davis, o seu melhor corner, e conseguem uma apólice de seguro, para o caso de Reggie Wayne (já com 36 anos) não recuperar da grave lesão contraída em 2013, trazendo Hakeem Nicks. O receiver, que se catapultou para o top da posição nos Giants, vem com um contrato que reflecte as dúvidas actuais quanto à sua real valia: 1 anos e 3,5 milhões. Nicks tem visto a sua produção regredir, nos últimos 3 anos, à conta de sucessivas mazelas físicas. Se bem fisicamente, será um importante reforço para uma unidade inexperiente, onde actualmente apenas brilha TY Hiton.

Tampa Bay Buccaneers

Uma nova era iniciou-se em Tampa. Primeiro, com a chegada do novo head coach, o respeitado Lovie Smith. Depois, com alguma agressividade no ataque a jogadores que interessavam. O mais surpreendente nem foi a aquisição de Josh McCown, backup de Jay Cutler no ano passado, tendo mostrado uma precisão e jogo empolgante, quando assumiu as rédeas do ataque. Dois anos de contrato, valendo 5 milhões cada um, para um veterano experiente, não parece demasiado. Mas Lovie Smith foi ousado, afirmando publicamente que McCown será o quarterback dos Buccaneeers. E Mike Glennon, pergunto eu, como fica no meio desta história? Depois disto, o aeroporto em Tampa nunca mais conheceu sossego. Aterraram Brandon Meyers, tight end vindo uma passagem frustrante pelos Giants, mas com um 2012 excelente nos Raiders, Evan Dietrich-Smith, center que era dos Packers, Anthony Collins, OT vindo dos Bengals e as cerejas no topo do bolo: Michael Johnson e Alterraun Verner. Este último, 25 anos, foi fantástico em 2013 nos Titans, tendo assinado por 4 anos e 26,5 milhões. A secundária começa a ganhar forma, depois das entradas em 2013 do rookie Johnthan Banks e em 2012 do safety Mark Barron. Será que Lovie Smith vai implementar o cover 2, tão do seu agrado? Michael Johnson é o upgrade indicado para a DL. O trio da frente conta agora com Johnson, um óptimo pass rusher e com Gerald McCoy, um dos melhores defensive tackles da liga. Parece que os Buccaneers ameaçam os Saints e Panthers pela supremacia na divisão.

Baltimore Ravens

E quanto ao resto? O que dizer de Steve Smith, o veterano wide receiver que saiu dos Panthers para os Ravens? O jogador assinou por 3 anos, 12 milhões, mas apenas 3,5 deles garantidos. Depois de terem perdido Anquan Boldin para os 49ers, no ano passado, a equipa de Baltimore garante um importante reforço, que fará par com Torrey Smith e dará mais armas a Joe Flacco. De regresso está ainda Dennis Pitta, o excelente tight end que perdeu a época passada por lesão. Novo contrato e uma arma pronta a usar na red zone. Tem a palavra Flacco agora. Conseguirá ele recuperar de um ano menos bom?

Cleveland Browns

Não podíamos falar de free agency e não tocar nos Browns. A franquia bipolar tem novo técnico, o 20º desde 1999 (demencial o estado de coisas em Cleveland). Pergunta que se impõe? Terá Mike Pettine tempo para produzir um trabalho sólido? O ex-coordenador defensivo dos Bills, onde realizou um bom trabalho, perdeu na free agency TJ Ward e D’Qwell Jackson, dois emblemáticos jogadores, mas mantém ainda no roster talento inegável, como Joe Haden, Joe Thomas, Josh Gordon, Alex Mack. A esses juntou Donte Whitner, safety vindo dos 49ers e Karlos Dansby, middle linebacker que vem de um ano memorável nos Cardinals.

Seattle Seahawks

E os campeões, perguntam vocês? Esses estão com o piloto automático ligado. Deixaram sair quem era dispensável (excepção feita a Golden Tate, mas o receiver pode ser substituído com facilidade via draft) e renovaram com quem interessava. Tate, como escrevi, saiu para os Lions. 31 milhões era uma quantia incomportável para os Seahawks, que optaram por manter no roster Michael Bennett, um dos elementos cruciais na DL e Tony McDaniel, DT com excelente prestação contra o jogo corrido. A baixa de Brandon Browner (para os Pats) não provoca mossa, depois do bom desempenho de Byron Maxwell e Jeremy Lane em 2013. Red Bryant, DE que foi para os Jaguars, era igualmente uma peça que, face à riqueza da DL, podia ser dispensada. Breno Giacomini, o RT que foi para os Jets, não deixa grandes saudades. A OL será, porventura, o sector de menor qualidade na franquia, e deverá merecer alguns reparos na offseason. Mas não confundam a ausência de movimentos sonantes com letargia. As fundações para a criação de uma equipa competitiva e contendora já foram criadas, nos 3 últimos anos. Agora, basta fazer pequenos ajustes para manter a equipa no topo.

New York Giants

Uma das equipas mais afamadas e com enorme contingente de fãs são os Giants. Depois do ano horribilis, é tempo de renovação. Ponto um: jogo corrido. Veio Rashad Jennings, com boa prestação em 2013 nos Raiders. O running game bateu no fundo no ano passado, com opções desesperadas em Brandon Jacobs e Peyton Hillis, após as lesões de David Wilson e Andre Brown. Para a OL chega um dos melhores right guards da actualidade, Geoff Schwartz, saído dos Chiefs. Perdas essas, foram muitas, com Linval Joseph a aceitar o convite dos Vikings (boa!), Brandon Meyes a ir para a solarenga Tampa e Justin Tuck a optar por visitar Oakland.

E vocês, que movimentos gostaram mais? Quem acham que tem estado bem nas contratações? E, no lado oposto, quem tem sido a franquia que mais tem perdido?

Update 15 Março

Green Bay Packers

Sábado, que estava a decorrer de forma lânguida a pachorrenta, despertou. Os Packers, extremistas adeptos da construção do roster via draft, perderam a cabeça e foram ao mercado. Buscar quem? Julius Peppers, defensive end que, nos últimos anos, coleccionou 38 sacks e foi a três Pro Bowls com a camisola dos arqui-rivais Chicago Bears. O veterano, ultimamente indolente em Chicago, pode formar uma tremenda dupla com Clay Matthews a aterrorizarem os quarterbacks na NFC North. O contrato, que pagará hipoteticamente 30 milhões em 3 anos, apenas dá ao jogador 8,5 milhões neste primeiro ano.

Cleveland Browns

Os Browns, de que falei acima, resolveram um dos problemas que tinham, ao contratarem Ben Tate. O jogo corrido ganha rosto, com um jogador que, pese ter vivido na sombra de Arian Foster em Houston, sempre mostrou qualidade e é um trabalhador incansável.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.