Free-Agency Review: Washington Redskins

Paulo Pereira 6 de Abril de 2015 NFC East, NFL Comments
Washington Redskins

Free-Agency Review: Washington Redskins

A NFC East é uma daquelas divisões que me fascina. Desde sempre. Não sei se é pela rivalidade apimentada entre as equipas. Ou pelo hype existente, que transforma os Cowboys, Giants, Eagles e Redskins em mais do que meras franquias. Sei apenas que os embates divisionais são imperdíveis, em verdadeiros choques de titãs, rivalidades exacerbadas, levadas ao extremo, em partidas pontuadas por doses calibradas de espectáculo e dramatismo. Uma das equipas mais cativantes, por encerrar em si mesma aquela porção de tragédia grega, são os Redskins. A famosa e polémica equipa da capital americana tem uma história repleta de sucesso, de ícones, mas vive um longo período de frustração, numa sucessão de treinadores e jogadores que mostram o lado esquizofrénico de Dan Snyder, o seu endinheirado proprietário. A chegada de Jay Gruden, no início de 2014, parecia poder ser o movimento que colocaria a franquia no trilho certo. Mas, tal como tantas outras vezes, a época saldou-se por um fracasso absoluto, minada por guerrilhas internas, embates entre egos sobredimensionados e pouca qualidade. A offseason de 2015 era (e ainda é) importante na tentativa de ressurreição da equipa. Uma boa free agency e draft poderia dotar os sectores de qualidade suficiente para discutir o título de divisão que, francamente, parece não ter um favorito.

Recorde 2014: 4 vitórias – 12 derrotas
Adversários 2015: Giants, Eagles e Cowboys, por duas vezes, mais Saints, Buccaneers, Bills, Dolphins, Rams (todos estes em casa), Falcons, Panthers, Patriots, Jets e Bears (fora de portas)

Quem Saiu?

Os Skins perderam até ao momento 3 jogadores para outras equipas, desde a abertura do mercado de jogadores livres. O mais relevante e mediático foi Brian Orakpo, que aceitou os termos dos Titans e transferiu-se para Tennessee. O outsider linebacker, draftado em 2009 no 1º round, nunca atingiu o potencial previsto, muito por culpa de sucessivas lesões. Orakpo, que tinha levado com a franchise tag em 2014, após uma temporada excelente que o viu ir ao Pro Bowl, não viveu para as expectativas posteriores. A sua saída poderá ser colmatada via draft. No ataque, Roy Helu também se despediu, fazendo as malas e partindo para os Raiders. Do running back pode ser dito tudo o que foi escrito sobre Orakpo. Jogador com um tremendo potencial, apenas o mostrou parcialmente, nunca se assumindo como uma referência no jogo corrido. Excelente como pass-catcher, no que pode dar uma dimensão extra ao ataque, com a sua inclusão, Helu tem tudo para brilhar em Oakland. O 3º elemento a sair, desta feita para os Falcons, foi Leonard Hankerson. Numa unidade que tem DeSean Jackson, Pierre Garçon e Andre Roberts, a saída do wide receiver não será sentida. Para além deste trio, existem ainda mais jogadores que permanecem no mercado, sem contrato, existindo esperanças que possam reassinar pelos Redskins, em condições mais modestas. É o caso de Stephen Bowen, Barry Cofield, Brandon Meriweather e Tyler Polumbus.

Quem Entrou?

Em primeiro lugar, Scot McCloughan, a nova aposta de Snyder para general manager. Tido como um guru, McCloughan reaparece na liga após um longo hiato, período em que esteve a curar as suas mazelas – e vícios – psicológicas. A sua filosofia já se fez sentir, com os Redskins a abandonarem os cabeçalhos, onde geralmente eram reis e senhores, após contratações sonantes e milionárias, optando por uma abordagem mais low profile. Apontando para um tipo de jogador menos oneroso, mas igualmente produtivo, McCloughan dotou o roster de qualidade e talento em zonas nevrálgicas. A chegada de Stephen Paea (defensive end), Ricky Jean-François (defensive end) Terrance Knighton (nose tackle) solidificam o front seven, com o trio a poder vir a formar uma parede impressionante com Jason Hatcher. Detectando que a secundária era o calcanhar de Aquiles da formação, chegaram reforços experientes, como forma de evitar a porosidade do sector. Chris Culliver, cornerback que vem de um bom 2014 nos 49ers, deverá ser o titular imediato no lado direito, deixando o esquerdo para DeAngelo Hall. Jeron Johnson, contratado aos Seahawks, é desconhecido do grande público, por ter vivido no anonimato atrás dos mediáticos Kam Chancellor e Earl Thomas, mas dará profundidade à unidade de safeties.Recentemente, numa trade com os Bucs, chegou Dashon Goldson, uma aposta de pouco risco (4 milhões) num jogador que pode ser produtivo e instrumental. Acima de tudo, McCloughan adoptou a regra não escrita da NFL para um general manager na free agency: contrata quem conheces. Quase todas as aquisições são sobejamente conhecidas do novo GM (draftou Goldson nos 49ers, esteve nos Seahawks na altura da contratação de Jerod Johnson, escolheu Ricky Jean-François no draft), o que permite sempre um capital de segurança maior.

No ataque, a prioridade foi reassinar com alguns elementos que, sendo backups, têm o crucial papel de permitir a rotatividade com a manutenção da qualidade. Colt McCoy permanecerá na luta pela posição de quarterback, posição fulcral e que tem um enorme ponto de interrogação sobre a titularidade, enquanto Niles Paul, vindo de um óptimo 2014, formará uma dupla de tight end excelente com Jordan Reed.

E Agora?

Agora, vem o draft. A pick nº 5 é dos Redskins e será curioso ver o que a equipa fará com ela. Quem será o eleito? Pese o bom desempenho do novo general manager na free agency, será pelo draft que o seu trabalho irá ser medido, avaliado e escrutinado pela ávida imprensa de Washington. A escolha do round 1 constitui assim um teste, duro e implacável, ao neófito no comando dos destinos da franquia. Irão os Redskins manter a aposta em RG3, resguardando a pick para outras posições, ou irão entrar na lotaria e escolher um potencial franchise quarterback? Quem for eleito terá que ser um diference-maker, um jogador com um impacto imediato no jogo da equipa, e os mocks drafts que inundam a internet mostram várias opções, desde um offensive lineman que solidifique a OL até um pass rusher capaz de ombrear com Ryan Kerrigan e que faça esquecer a saída de Orakpo. A minha aposta é que os Skins se deixem encantar por Vic Beasley, fenomenal OLB vindo de Clemson. A escolha do jogador permitirá uma diminuição da pressão sobre Kerrigan e criará um front 7 temível, com os nomes já aventados vindos da free agency.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.