Kansas City Chiefs: First Look 2015

Paulo Pereira 29 de Junho de 2015 Análises, NFL Comments
Kansas City Chiefs

Kansas City Chiefs: First Look 2015

Esta semana ficamos a saber, aqui no futebol americano, que existem fãs dos Chiefs em Portugal. E dos bons, com direito a envio de jersey com o logotipo da franquia e tudo. Por isso, nada melhor do que continuar a série de oferendas e desvendar um pouco do que poderá ser a temporada de 2015/16 da equipa chefiada por Andy Reid. O anafado, mas experiente treinador, terá uma árdua tarefa para levar a equipa aos playoffs. Não que o roster, que ainda se encontra em fase de criação, seja falho de talento, mas mais pela difícil competição que os aguarda, com os Broncos a surgirem à cabeça como o rival figadal a abater. Desde a chegada de Reid que se nota que os Chiefs são sólidos, difíceis de bater (os finalistas do último Super Bowl, por exemplo, foram derrotados quando se deslocaram ao reduto do “sea of red”). 2014 deixou, entre alguns amargos de boca, um daqueles recordes que ninguém gosta de possuir. Uma das histórias da temporada foi a total ausência de touchdowns por parte do corpo de receivers, mostrando que algo não ia bem no reino de Kansas. Ter um quarterback pouco expedito nos passes longos, com um braço mediano, inserido num esquema táctico ofensivo que segue à risca a west coast offense, confiando em screens e passes rápidos, rodeado de jogadores como AJ Jenkins, Jason Avant, Donnie Avery e Dwayne Bowe, ajuda a explicar a travessia do deserto. Mas, mesmo assim, nem um TD para amostra?

Andy Reid arregaçou as mangas, na offseason, e tratou de arranjar mais, e melhores, armas para Alex Smith. Dwayne Bowe saiu, na free agency, para Cleveland, deixando vago o lugar de receiver nº 1 na equipa. A vaga não demorou a ser ocupada, com a chegada de um nome conhecido pelo head coach. Jeremy Maclin, vindo de um ano de carreira, sob a tutela de Chip Kelly, com 85 recepções, 1318 jardas e 10 touchdowns, será o novo dono e senhor do jogo aéreo, um upgrade enorme no ataque dos Chiefs. A dúvida que persiste não está directamente relacionada com as características técnicas e qualidade do wide receiver. Ele, que obteve inúmeras recepções de 20 ou mais jardas, poderá emular o mesmo comportamento na nova equipa? Alex Smith, um dos QBs menos afoitos nas deep balls (apenas 8 passes em 2014 acima das 20 jardas), terá mãos para o novo brinquedo? Alguns poderão apontar o dedo ao playcalling de Reid, avesso ao risco, mas será o plano de jogo uma estratégia pré-definida e imutável ou antes uma estratégia gizada de acordo com as características (e falta delas) dos jogadores de que dispõe?

Depois de terem visitado os playoffs em 2013, apenas para cederem de forma quase surreal aos Colts, os Chiefs voltaram a ser resilientes em 2014, disputando até ao fim a hipótese de apuramento. O 9-7 final foi curto para manter as aspirações vivas, mas mostrou a competitividade da equipa, suportada em grande parte por uma defesa intratável, que terminou a temporada em 2º lugar (nos pontos concedidos) e em 7º (em jardas permitidas). O sector, capitaneado por Justin Houston, que ameaçou bater o recorde de sacks (chegou aos 22), parece ter ficado bem mais fortalecido com a chegada de Marcus Peters, o primeiro rookie eleito pelos Chiefs no draft deste ano. O cornerback parece ser o ideal para, juntamente com Sean Smith, tornarem a secundária mais coesa e capaz de suportar a marcação ao homem, com o front 7 a poder elevar ainda mais a disrupção que provocou em 2014. No fundo, é isto que os Chiefs têm para mostrar. Um quarterback decente, mas limitado, um jogo corrido liderado por uma das principais estrelas da prova, em Jamaal Charles, um grupo de receivers competente, sobretudo após a chegada de Maclin e uma defesa que terá que continuar a exibir-se num nível elevado, carregando as aspirações da equipa às costas

Previsão 2015: 9-7, 3º lugar na Divisão, Fora dos Playoffs

Melhor Aquisição: Ben Grubbs, Left Guard

Grubbs foi adquirido aos Saints em troca duma pick de 5º round, com os Chiefs a capitalizarem os problemas da franquia de New Orleans com o cap space. Grubbs é um jogador que contribuirá de imediato na OL e que será de crucial importância no crescimento competitivo de Eric Fischer como left tackle. Numa linha ofensiva que teve problemas, na época anterior, Grubbs será um elemento que, com a experiência adquirida e a sua predisposição para auxílio ao jogo corrido, funcionará como o ponto fulcral da unidade, o esteio, a cola que liga tudo o resto.

Maior Perda: Rodney Hudson, Center

Era difícil competir, na free agency, com outras equipas mais desafogadas no cap space e sequiosas de talento, para várias posições. Hudson, o elemento mais destacável na OL dos Chiefs, era um jogador que atrairia atenções, dificultando o desejo dos Chiefs de o manterem. Os Raiders, como previsível, ofereceram o mundo e a lua, dando 44 milhões e um contrato de 5 anos a Hudson. Este, um bastião de força na linha, era tido em muitos sectores como um center top-5 da liga. Sem ele, a vida torna-se mais problemática para Andy Reid e seus pares, sobretudo quando se constata que o eventual substituto poderá ser Eric Kush, jogador de 3º ano, ou Mitch Morse, rookie.

Underrated Draft Pick: Rakeem Nunez-Roches, DT, Southern Miss (217 overall pick)

Um jogador, nascido em Belize, prestes a cumprir o sonho de jogar na NFL? Se acontecer, será digno de um daqueles curtos vídeos, exaltando o american way of life, a história de redenção do rapazinho pobre que, mudando-se para a América, embarcou numa viagem que o levou do carro da mãe, onde morou inicialmente, até a uma bolsa escolar no estado de Alabama. Não no reino feudal de Nick Saban, mas em Southern Miss, onde acabou por vingar e recolher o reconhecimento público. Melhor jogador dos Golden Eagles, em 2014, com 3 sacks e 14 tackles for loss, parece uma pechincha ter sido eleito no 6º round. Jogador versátil, parece feito para o esquema defensivo de Bob Sutton, que “obriga” os seus interior linemen a jogarem múltiplos gaps, desde nose até end. Atlético, enorme, não deixa a sua dimensão corporal (cerca de 312 pounds) travarem a sua velocidade. É explosivo no primeiro passo, podendo ser um elemento disruptivo valioso no front seven.

Artigo inspirado no original de Doug Farrar

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.