A Maratona Até ao Metlife Stadium

Marco Castro 21 de Outubro de 2013 NFL Comments
A Maratona Até ao Metlife Stadium

O que faz um fã convicto dos Patriots (devidamente vestido como tal) no MetLife Stadium a assistir ao encontro entre os New York Giants e os Pittsburgh Steelers? Era a pergunta essencial, à qual uma senhora sentada atrás de mim fez questão de responder correctamente (ainda que a meter-se comigo): deves ter vindo a voar com o furacão Sandy! Bem, não foi exactamente isso mas quase!

Irmão de um maratonista, desloquei-me em Novembro último a Nova Iorque para assistir à sua participação na maratona daquela cidade. Um evento único, marcado para dia 4, o mesmo dia do jogo acima referido. Fã dos Giants, o meu irmão ofereceu-me um bilhete, para que em conjunto com o nosso pai, fossemos os três ao football. Ia ser correr a maratona e logo depois correr para o estádio. Ia, mas não foi. Com a maratona cancelada devido às dramáticas proporções que o furacão acabou por ter, tivemos assim mais tempo, mas menos meios para chegar ao MetLife Stadium. Com os comboios também parados, só restavam aos autocarros alternativos. E foi justamente na espera para comprar os bilhetes que começou o cheiro a gameday. Jerseys azuis e brancos a conviver na maior com jerseys pretos e amarelos. Muitos Mannings, muitos Roethlisbergers, muita cerveja, muito entusiasmo, muita alegria. Percebe-se porquê! Numa época regular com apenas 16 jogos (em que só 8 são disputados em casa), cada encontro é transformado numa verdadeira festa tipo Jamor, mas à americana!

A primeira imagem ao sair do BUS

A primeira imagem ao sair do BUS
Foto de Marco Castro

Foi exactamente isto que senti quando saí do BUS e vi um tremendo parque de estacionamento, cheio de pessoas a celebrar a ocasião . Desde famílias com os seus pequenos churrascos, às mega festas (as famosas Tailgate Partys) onde, pagando um X, se tem direito a comer, beber, fumar charutos, ver um mini museu e curtir um som antes do jogo. Atenção, nada disto que escrevo faz verdadeira justiça àquilo que vi. Amigos a fazer de quarterbacks e a passar a bola entre si, pessoas a dançar em cima de auto-caravanas, antigas glórias dos Giants a vender autógrafos e fotografias, churrascos churrascos e mais churrascos, fogueiras acesas e toneladas de lenha pronta a arder (a temperatura máxima nesse dia foram 5º), porcos no espeto, enfim, um ambiente de verdadeira celebração, onde o convívio se faz com muito fair-play e boa disposição. Derrubados dois hamburgers feitos na grelha com o queijo posto por cima para derreter e depois regados com um sem número de molhos, foi tempo de preparar a entrada no estádio, com a finalidade de capturar todos os momentos que antecedem um jogo de NFL. Junto aos portões onde se formavam as filas, ecrãs gigantes com as transmissões dos jogos que estavam a decorrer (o nosso jogo era às 16h25 e grande parte da jornada arranca às 13h). Um verdadeiro luxo!

A Maratona Até ao Metlife Stadium

Todos os jogos em directo. Um luxo!
Foto de Marco Castro

Logo após entrar no recinto exterior do estádio, uma banda a tocar o Buddy Holly dos Weezer (hell yeah!) e logo ali ao lado, uma das várias Giants Stores Móveis. Sim, aqui tudo é business e na verdade, faz todo o sentido que assim seja. Nenhum pormenor é deixado ao acaso e cada produto parece mais apetecível do que o anterior. Subidas as escadarias, eis que chega finalmente um dos grandes momentos do dia – entrar no MetLife Stadium. Majestoso, moderno, confortável, espectacular. Podia gastar mais adjectivos e não estaria a exagerar. Corremos imediatamente para a 1ª fila, onde era possível ver já alguns jogadores a fazer exercícios de aquecimento.

A Maratona Até ao Metlife Stadium

Entrada em campo… para o aquecimento
Foto de Marco Castro

Nos ecrãs (mesmo) gigantes, ora imagens de touchdowns nos jogos a decorrer, ora imagens do aquecimento, tudo isto ao som das músicas dos iPods dos jogadores dos Giants. Ideia simples, gira e eficiente. Depois foi assistir à entrada das field goal units (já devidamente equipadas), para fazerem também o seu aquecimento. Seguiram-se as equipas de ataque e de defesa. Terminados estes exercícios, os jogadores retiraram-se para dar lugar aos militares que se alinharam para a grandiosa entrada em campo das equipas. Esta acontece em separado (como antigamente se fazia por cá, com o nosso futebol), sendo que a entrada dos Giants foi a mais espectacular, com fogo de artifício e muito entusiasmo à mistura. Acto contínuo, a entrada da (mega) bandeira americana, que uma vez aberta, ocupou todo o perímetro do relvado e o pedido do speaker para que todas as pessoas se ponham de pé, que retirem gorros e bonés, para que se cante o hino Americano (neste caso, pela voz de uma actriz cujo nome não fixei), naquela tarde dedicado às vítimas do Sandy.

A Maratona Até ao Metlife Stadium.

Quando uma imagem vale mais do que mil palavras (no ecrã, Manning toca a bandeira)
Foto de Marco Castro

Que momento! O momento! Mesmo sendo Português de gema, não contive a emoção e ainda hoje lembro a voz grossa de um homem que estava atrás de mim, quase um tenor. Lembro-lhe a voz e o sentimento que metia em cada palavra que entoava. Verdadeiramente arrepiante, seguramente inesquecível. Ao contrário do que acontece no Gillette Stadium, nenhum avião fez o fly over no fim do hino.

Ouviu-se mais fogo de artifício e avançou-se rapidamente para a cerimónia da moeda ao ar. Estava a chegar a hora do kickoff! O estádio estava cheio e com uma impressionante presença de adeptos dos Steelers. O pontapé inicial foi dado por Shaun Suisham e era mesmo verdade, podia beliscar-me, estava a ver um jogo de NFL ao vivo e a cores. No estádio a festa é outra e nenhum detalhe escapa ao espectador. A cada snap, o speaker comunica o resultado da jogada. Quando há dúvidas, vê-se a repetição. Tudo é claro como a água. Ao touchdown dos Giants ouve-se o New York Groove dos KISS, aliás, foram 3(!!!) as músicas que ouvi desta banda (uma das minhas preferidas), neste estádio. O jogo em si foi espectacular, os Giants chegaram ao intervalo a ganhar 14-10. No 3º quarter fizeram mais dois field-goals e elevaram para 20-10, mas no último quarter sofreram dois touchdowns e conseguiram perder o jogo por 20-24. Perguntava-me a mim próprio a razão de não terem tido este bloqueio, tão típico desta equipa, no Super Bowl da época anterior, contra os meus Pats! Grrrrrrr!!! Enfim… por aqui as derrotas aceitam-se com desportivismo. Como me dizia um companheiro de bancada, at the end of the day, it's just sports.

Nas bancadas, um espectáculo dentro do espectáculo

Nas bancadas, um espectáculo dentro do espectáculo
Foto de Marco Castro

À saída, estava reservado o mais duro de todos os testes. Esperar mais de 3 horas, ao vento e ao frio gelado, por um autocarro. Sem comboios, o caos instalou-se e foi preciso a imediata intervenção da polícia para ordenar as filas de espera (dando total prioridade a pessoas com crianças, pois claro!). Mas em poucos minutos, já tudo fazia sentido e foi preciso apenas paciência (e muita resistência) para que a nossa vez de entrar no autocarro chegasse. Passava já da 1h da manhã quando chegámos a Times Square, ao coração de Nova Iorque e ao fim deste dia que por mais anos que viva, jamais esquecerei. Para terminar e só por curiosidade: fui para o jogo com um blusão dos Patriots e passei o tempo a ser abordado por adeptos dos Giants e dos Steelers. Ninguém foi indelicado comigo. Muitos diziam até gostar bastante dos Pats. É outra forma de estar no desporto e seguramente mais um motivo para gostar cada vez mais da NFL.

Fiquem com as fotos desta aventura.

O Marco Castro é o fundador da página do Facebook Patriots Portugal

A Página Patriots Portugal tem como finalidade ser um local de encontro. A “sede” virtual de uma comunidade de pessoas que partilham uma paixão comum, os New England Patriots e que, diariamente, gostam de saber aquilo que se passa com o seu franchise preferido. Por aqui, conversa-se em Português, de uma forma leve e bem disposta. Sem pretensões nem certezas absolutas. Apenas com o prazer de contribuir para que muitos como nós, possam alimentar a sua devoção Patriota.

About The Author

Marco Castro

Cheguei ao Futebol Americano em 2006. Estava de férias em New Bedford, estado de Massachusetts, quando perguntei a um amigo meu aqui emigrado que me explicasse as regras deste jogo. Perguntei-lhe também qual a equipa dele e como nesta matéria estava a zeros, optei por seguir o seu conselho e dar mais atenção a uns tais de Patriots. No regresso a Portugal, consumei este namoro muito graças ao NASN (mais tarde ESPN America), o canal de desporto americano que existia na TV por cabo. Lembro-me de achar "cool" esses tais de Patriots, com os seus capacetes e calças prateadas e lembro-me igualmente de começar a investigar um pouco mais sobre um certo Tom Brady. Hoje em dia sou um Patriota fanático, (aliás, criei e faço a gestão da página de Facebook Patriots Portugal www.facebook.com/patriotsportugal), coleccionador de todo o tipo de merchandising desta equipa e acima de tudo, sofredor Domingo após Domingo, em frente à televisão, colado ao Gamepass (melhor invenção do homem, depois da roda). No trabalho e entre amigos, sou um pouco visto como "lá vem este com o futebol americano só porque foi aos Estados Unidos". Vivo bem com isso. Aliás, tento explicar-lhes "há mais táctica e estratégia neste jogo, do que nas outras modalidades todas juntas" e acrescento "é um jogo espectacularmente justo". Nada os demove a eles, mas também nada me demove a mim! Razão pela qual continuarei a alimentar esta minha paixão Patriota e o sonho de um dia, assistir a um jogo em pleno Gillette Stadium (já lá estive, mas o preço dos bilhetes adiou-me a sua concretização). Se num destes dias os Patriots vencerem o 5º SuperBowl, já sabem, podem encontrar-me a festejar (provavelmente sozinho, ou talvez não) em pleno Marquês de Pombal!