Minnesota Vikings Report: Venha o Próximo!

Paulo Pereira 19 de Outubro de 2015 Equipas NFL, NFL Comments
Kansas City Chiefs vs Minnesota Vikings

Minnesota Vikings Report: Venha o Próximo

Aspecto positivo: Ganhámos!

Aspecto negativo: Parafraseando um catedrático do soccer, vencemos mas sem nota artística!

Não foi bonito o jogo contra os Chiefs. Perante um adversário sem Jamaal Charles, o equivalente deles a Adrian Peterson, e com uma OL criticada, que já tinha cedido 21 sacks, os Vikings nunca colocaram grande pressão sobre Alex Smith e permitiram, após o intervalo, o crescimento do opositor. Travis Kelce foi sempre um quebra-cabeças e o touchdown de Albert Wilson foi ridículo, com uma Blitz mal ensaiada a abrir uma autoestrada para o receiver dos Chiefs. Se a defesa teve os seus altos e baixos, o ataque imitou-a. Teddy esteve intranquilo, lançando duas intercepções, se bem que conseguiu reagir aos erros e efectuar uns lançamentos em alturas cruciais (recordo-me dum 3-e-14, por exemplo, no 4º período), que ajudaram a manter a liderança. Mas, perante outro adversário, podia ter sido desastroso. Se juntarmos isso à incapacidade da OL em auxiliar o jogo corrido, vê-se que o ataque viveu de soluços. Sem All Day, que se fartou de receber snaps para conseguir 60 jardas, Stefon Diggs conseguiu o melhor jogo da sua carreira, continuando a deslumbrar. 7 recepções para 129 jardas, num jogo quase perfeito.

Mas vamos lá dissecar o sofrimento, depois de um 13-0 que terminou em 16-10:

Os melhores Purple & Gold

Stefon Diggs: Diggs. Diggs. E mais Diggs. Depois da preseason, com o receiver a ser um dos destaques em Mankato, o local que acolhe os treinos dos Vikings, aguardava-se com expectativa o seu aparecimento na equipa titular. Não parecia muito difícil, sobretudo porque Charles Johnson tem lutado contra as lesões, Cordarrelle Patterson só está no roster para não se tornar um sem-abrigo e Mike Wallace é bom mas é no Madden. Mas Zimmer, que tem uma pose de sargento duro, uma cópia de Clint Eastwood em qualquer filme militar, pensou de maneira diferente. Durante os 3 primeiros jogos, Diggs esteve confortavelmente sentado em casa, num sofá, comando da tv na mão, fazendo um zapping pelos canais de cabo americanos, enquanto os outros jogavam. Finalmente, após um suspense digno de qualquer episódio do The Walking Dead, o rapaz lá teve a sua oportunidade. Contra os Broncos, não se intimidou com o Aqib Talib, o Chris Harris e os outros nomes sonantes, e deu nas vistas. Pela positiva, diga-se. Agora, contra os Chiefs, foi apenas a confirmação para calar os mais cépticos. Com 2 jogos jogados, alguém tem dúvidas que é o melhor receiver da equipa?

Erin Kendricks: Gosto de miúdos assim, arrojados, despretensiosos, que se tornam uma espécie de plug & play. Kendricks tornou-se aquilo que os Vikings necessitavam. Um MLB que estanque a corrida, interventivo de sideline a sideline, bom nos tackles em open field. O ex-jogador de UCLA foi omnipresente, colecionando 9 tackles, uma série de paragens aos running backs contrários e um sack. Chupa Alex Smith!

Blair Walsh: Isto merecia abrir os telejornais, assim com um aviso em letras garrafais, a dizer “breaking news”. Blair Walsh marcou, meus senhores e senhoras. Não um. Nem dois. Mas sim três field goals. Até pensei que lhe desse alguma coisa, com tanto esforço. O primeiro foi de 28 jardas, mas eu e qualquer fã dos Vikings, que tenha acompanhado os tremeliques recentes do kicker, rezou. Ou susteve a respiração. Ou ambas as coisas em simultâneo, se bem que acho que não dá jeito nenhum rezar com a respiração suspensa. Não tentem isso em casa. O que é certo é que a bola passou pelos postes, e no sítio correcto. Ainda não estás redimido, rapaz, mas o caminho é esse. Continua a marcar field goals, sem falhas, nos teus próximos 145 jogos, e estarás perdoado.

Sharrif Floyd: Posso fazer uma piadola? Pergunta retórica, pois claro que vou fazer, dado que isto é o meu feudo. “There’s a new Sharrif in town”. Pronto. É isto. Perceberam? O colosso, que até tem sido interventivo na temporada, terá tido o momento do jogo, naquela fase em que os Vikings não davam uma para a caixa e os Chiefs iam encurtando distâncias. Já na red zone, Reid mandou abançar as tropas num 4-e-1. A bola foi colocada nas mãos de Charcandrick (mas quem é que coloca um nomes destes a um filho?) West e…pumba, o pobre moço chocou contra uma parede. Só que aqui, nesta história, a parede mexeu-se e provocou-lhe uma série de nódoas negras. O pobre do Charcandrick (acho que preferia ter um pai que me açoitasse, como o Adrian Peterson, do que ter um nome assim) nem sabe o que lhe aconteceu e ainda hoje julga que foi atropelado por um camião. O que importa é que a paragem evitou pontos para os Chiefs e deu algum momentum aos Vikings.

Danielle Hunter: Tem nome de miúda, mas joga como thug, com espírito de combate. No seu primeiro jogo com acção a sério, deixou-se empolgar e conseguiu um fumble, no quarto período, quando os Chiefs procuravam a vantagem. O lance colocou um ponto final no encontro.

Os Piores Purple & Gold

Arbitragem: Já repeti para mim mesmo que o futebol americano não é soccer, que falar de arbitragens é coisa de maus perdedores, bla, bla, bla. Mas, como até nem perdemos o jogo, nada como apontar o dedo ao grupo de juízes que deixou passar um clamoroso safety que poderia ter reflexos no resultado final. Se os Chiefs estavam contra a parede, colados à end zone e se a pressão os leva a pisar essa mesmo end zone, como é que a holding call sobre o Ben Grubbs não resultou num safety? Até o Mike Pereira, aquele tipo presumido e com voz afectada, que faz o papel de big brother na NFL Newtwork, disse claramente que os árbitros tinham errado. Fomos gamados!

Robert Alford: É simples. Um tipo que se assume como WR 1 não pode ter drops, sobretudo ridículos e em número par. Dois, num jogo de escassas oportunidades? Nunca gostei de Wallace. Acho-o uma prima-donna, sobrevalorizado pelos anos em que andou no bem bom, a receber bolas do Ben Roethlisberger. Assim também eu, mesmo com um joelho todo lixado, ganhava uns tostões. Wallace é daquele género de ficar à espera da papinha feita, não se sacrificando muito em prol da equipa. Se a bola for lançada com um desvio de 0,001 na sua trajectória, o senhor já fica amuado e acha que está a ser vítima duma conspiração qualquer. Acorda para a vida, pá. 23 jardas é uma miséria, mas ninguém me manda ser parvo e ter-te escolhido na minha equipa de fantasy.

O Freguês que se Segue

Agora, dois jogos on the road, contra rivais de divisão. Domingo, em Detroit, onde aparentemente Matthew Stafford aprendeu a passar, este fim-de-semana, e descobriu que tem um tipo chamado Calvin Johnson na equipa. O Megatron é a antítese do Mike Wallace. O jogo dos Lions é simples. A OL protege o QB para o seu 5-ou-7 step drop back. Este envia a bomba downfield. E o Calvin vai busca-la, mesmo em double coverage e independentemente da bola ir cair no sítio B e ele estar no A. É ISTO QUE UM RECEIVER Nº 1 FAZ, MIKE WALLACE!

O jogo em Detroit será um desafio. Os Lions não estão mortos e têm armas no ataque para fazer mossa na secundária dos Vikings. Não é só o Megatron. É também o Golden Tate. E o Lance Moore, que a maioria pensava que tinha morrido, quando o meteorito matou os dinossauros, mas ainda anda por aí e a fazer jogos de 100 jardas. Ok, foi contra a defesa dos Bears, mas mesmo assim, respeitinho. Já deve jogar o Everson Griffen, o que se traduzirá num front seven mais agressivo e a obrigar o Stafford a lançar mais pressionado. A secundária dos purple & gold está mais sólida, mas continua com um elo mais fraco: o posto de strong safety. Caraças, o Andrew Sendejo é mau. Tão mau que, por vezes, os colegas o tratam por Geno Smith. Há ofensa pior? No ataque, vai ser uma incógnita. O Adrian Peterson só corre se for minimamente auxiliado e, para isso, é preciso que a OL dê uma ajudinha. A DL dos Lions já não tem o Suh, nem o Nick Fairley, o que torna a tarefa menos hercúlea, e é importante não obrigar o Teddy a expôr-se tanto. Para já, vitória após a bye, 3-2 no recorde e controlo do próprio destino.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.