Minnesota Vikings: Um Olhar sobre a Schedule
Não sou uma pessoa religiosa, daquelas de frequentar a Igreja ou, sequer, ter uma linha directa com Deus. Sou, aliás, algo que se aproxima dum ateu penitente, uma espécie de “baldas” neste território sagrado. Mas, se calhar, terei que rever todo este processo da fé. E começar a rezar, tentando obter alguns favores terrenos. Vem isto a propósito de quê? Da schedule dos Minnesota Vikings…
Antes do anúncio oficial de quem seriam os adversários e qual a ordem de confrontos, só pedia que o calendário fosse mais brando inicialmente do que no ano passado. Relembrando, os Vikings iniciaram 2013 com dois jogos fora de portas, contra rivais de divisão, Lions e Bears. Um expectável 0-2 que criou, desde logo, uma pressão adicional sobre a equipa, limitando igualmente qualquer possibilidade de uma escorregadela seguinte. Pois bem, se 2013 foi difícil, o que dizer do que nos calhou em sorte, para 2014?
Week 1
Jogo inaugural da nova época, com uma deslocação até Saint Louis, para defrontar os Rams. Não há adversários fáceis na NFL. Ponto. Mas iniciar a temporada on the road, contra um adversário da NFC West, considerada unanimemente a melhor e mais competitiva divisão da prova, é um duro início. A OL dos Vikings vai ter um início de pesadelo, sujeita à pressão de Chris Long e Robert Quinn, dois dos melhores pass-rushers da liga.
Week 2
Este ano não há Dome, com os jogos caseiros a serem disputados perante o beneplácito dos elementos da natureza. Em casa emprestada, na universidade de Minnesota, os Vikings dão as boas vindas a Tom Brady e Cª. Será um teste perfeito para perceber em que ponto está a equipa agora comandada por Mike Zimmer. Com várias questões em aberto, nomeadamente na posição de quarterback, a franquia apanha pela frente um QB lendário e um dos mais icónicos treinadores de todos os tempos: Bill Bellichick. Escusado será dizer que, nesta altura, a 5 meses de distância, o confronto parece desequilibrado. E é estranho ver Revis com uma camisola dos Patriots…
Week 3
Isto não dá folga. Num curto espaço de um mês os Vikings vão levar pela frente com Brady, Brees, Matt Ryan e Aaron Rodgers. Desta feita, se as coisas estiverem a correr mal (com um potencial 0-2 na classificação) o jogo em New Orleans não ajudará a aumentar os níveis anímicos. Lá reside um ataque temível, orquestrado por Drew Brees, com uma multiplicidade de alvos, onde se destaca Jimmy Graham e Marques Colston. Não sendo uma equipa isenta de falhas, é orientada superiormente por Sean Payton e tem na defesa, em processo acelerado de franca melhoria, o excêntrico Rob Ryan. É lá que reside Cameron Jordan, vindo de uma notável temporada, agora com um novo reforço: Jayrus Byrd, um safety que é um upgrade instantâneo para a secundária.
Week 4
Home sweet home? Not so fast. Jogo caseiro, contra os Falcons. Sim, é para ganhar, mas não se deixem levar por entusiasmos pueris por causa da temporada deles em 2013. Foi horrível, mas tem desculpas, sobretudo pela quantidade obscena de lesões sofridas. Defrontar um ataque com Matt Ryan, Steven Jackson, Roddy White e Julio Jones não me deixa confortável. Pelo menos dará para perceber se a nossa secundária, com Captain Munnerlyn e Xavier Rhodes como corners, consegue estancar a sangria de anos anteriores.
Week 5
Só imagino o que pensará Mike Zimmer, o novo head coach dos Vikings. Na sua primeira temporada, em que terá que implementar os seus esquemas tácticos, a aprendizagem terá que ser rápida na offseason, pois na competição a sério não haverá lugar para ajustamentos. Se a secundária, perante os QBs que defrontará, será colocada à prova logo desde início, há um sector que pode ser crucial: a DL. Sem Kevin Williams e Jared Allen, é sobre Brian Robinson, Everson Griffen, Corey Wooton e Linval Joseph que vai recair a necessidade de não deixar os ataques dos opositores funcionarem em pleno. Em Lambeau Field, coutada particular de Aaron Rodgers, joga-se mais do que um mero jogo. Celebra-se uma rivalidade histórica. Os Packers raramente são “meiguinhos” em casa, mas é sempre um prazer defrontá-los. Aaron Rodgers é o Houdini dos tempos modernos, um mágico que tudo faz acontecer.
Week 6
Novo jogo contra um rival de divisão, na recepção aos Lions. Ataque explosivo, com Matthew Stafford a ter uma empatia enorme com Calvin Johnson, este ano acompanhado por novo parceiro de aventuras, Golden Tate. Nesta equação não pode ser esquecido Reggie Bush, numa equipa que estreia também um novo técnico e parece ter um potencial ilimitado. Duelo faiscante, de certeza.
Week 7
O sortilégio do calendário colocou os Vikings a defrontarem, em 2014, as equipas da AFC East. Depois dos Patriots, na semana 2, é a vez dos Bills, em Buffalo. Jogo para ganhar, sem dúvida, aproveitando as incertezas que pairam sobre a franquia e a posição de QB. Mas atenção que estes Bills, se são parte integrante de comentários jocosos, têm uma defesa excelente, com epicentro na sua linha defensiva, uma das melhores da prova. Não é um jogo propício para Adrian Peterson correr acima das 100 jardas, quando do outro lado estão Kyle e Mario Williams, Marcell Dareus e Kiko Alonso, ou Alan Branch.
Week 8
Chegamos a meio da temporada. E os Vikings têm nova deslocação, até à solarenga Tampa Bay. Agora, é território de Lovie Smith e deve, nesta altura, ter serviço mostrado. O esforço na offseason, com várias contratações importantes (Alterraun Verner, Evan Dietrich-Smith, Josh McCown), apenas veio cimentar a candidatura da equipa na própria divisão. A defesa, desde a DL até à secundária, está recheada de talento. Não acreditam? Gerald McCoy, Lavonte David, Mason Foster, Mark Barron, Dashon Goldson, Michael Johnson. Jogo dificílimo pela frente…
Week 9
Recepção aos Redskins, a quem vencemos em 2013. RG3 tem ao seu dispor um ataque cheio de armas de destruição maciça. A Alfred Morris e Pierre Garçon, juntou-se este ano DeSean Jackson. Se eu fosse coordenador defensivo dos Vikings estaria à beira dum ataque de nervos. Num prometido duelo de qualidade a nível de ataque, os Vikings têm aqui uma oportunidade, perante o seu público, de vencer um encontro, antes da semana de bye.
Week 10
Tempo de recuperação. Pausa na pressão. Bye week.
Week 11
Regresso com as mazelas físicas curadas e curta deslocação até Chicago que, nesta altura do ano (16 de Novembro) é um sítio gélido, ventoso e nada propício a passeios turísticos. Os Bears, que andam afastados dos playoffs mas são competitivos todos os anos, apostaram forte na free agency, trazendo alguns complementos para o que já existia. Desde logo, como atracção principal no encontro, a reunião de Jared Allen com a sua ex-equipa. O defensive end, que se mudou para os Bears, quererá mostrar serviço, tentando ser um pesadelo para a nossa OL. Vai ser um reencontro giro…
Week 12
Tem início um arco temporal de 3 semanas com jogos consecutivos em casa. Sim, os Vikings têm 3 jogos seguidos na posição de anfitriões, podendo capitalizar, numa fase importante da temporada, esse factor. O jogo não é fácil, na recepção aos Packers, mas será um grandioso espectáculo, sobretudo se o Outono/Inverno, que costuma ser rigoroso naquelas paragens, nos presentear com um manto de neve. Isso sim, seria épico. Jogo crucial para as contas da divisão e apuramento para os playoffs.
Week 13
Jogo com reminiscências do ano anterior, com a vinda à cidade dos Panthers. No ano passado, a franquia de Carolina venceu confortavelmente, suportada por um forte jogo corrido e por drives lentas e cirúrgicas, que retiravam imenso tempo ao cronómetro. A filosofia não deverá ter sido alterada, mesmo com a saída de todo o corpo de receivers. Esperem mais do mesmo, com Cam Newton, DeAngelo Williams e Jonathan Stewart a serem elementos cruciais neste tipo de jogo. Tem a palavra a DL. Será imperativo parar a corrida do adversário e impedir os scrambles de Newton para fora do pocket.
Week 14
Caminhamos a passos largos para o final da regular season. Cada jogo conta. Parece um lugar comum dizê-lo, mas corresponde à verdade. Nesta semana, o circo mediático que acompanha os Jets vem até Mineapolis. Na recepção a esta equipa da AFC, alguns aspectos a reter: Rex Ryan continua a ser um guru na forma como pensa em termos defensivos. E o ataque recebeu um boost, com a inclusão dos veteranos Michael Vick e Chris Johnson. Se isso funciona é uma das perguntas ainda sem resposta, mas no papel os Jets parecem bem mais empolgantes do que no ano passado (em que terminaram 8-8). Com Eric Decker a assumir a batuta de WR1, pela primeira vez na sua ainda curta carreira, teremos espectáculo garantido.
Week 15
Ida a Detroit, na recta final do campeonato. Se o jogo será crucial é algo que não se sabe, nesta fase, mas numa competição equilibrada, será previsível que pelo menos uma das equipas necessite do triunfo, de forma desesperada. Condimentos perfeitos para uma tarde de Dezembro: um jogo previsivelmente intenso, uma lareira acesa e uns acepipes gastronómicos, nesta aventura televisiva.
Week 16
Nada como, em Dezembro, fugir por breves instantes para o sol da Flórida. Miami, sempre acolhedora, recebe os Vikings, num novo braço-de-ferro entre a NFC e a AFC. Os Dolphins, que procuram encurtar a distância que os separa dos Patriots, a besta-negra da divisão, remodelaram toda a OL, depois do escândalo do ano passado, protagonizado por Jonathan Martin e Richie Incógnito. Com uma previsível melhor guarda-pretoriana a resguardar Ryan Tannehill, os Dolphins sabem que só o playoff aplacará o coro de críticas. Esperam-se, por isso, problemas acrescidos. Será curioso verificar como está o anteriormente anémico jogo corrido, agora a cargo de Knowshon Moreno. Na defesa, será tempo de me deliciar com um dos meus jogadores predilectos, Cameron Wake.
Week 17
É aquela altura do ano em que os sentimentos se misturam. Por um lado existe ansiedade e excitação, com a aproximação das grandes decisões. Por outro, sente-se o crescimento da angústia por ter acabado mais uma temporada regular. Pelo menos, no caso dos Vikings, acaba em grande, com a recepção aos Bears. Jogo ideal, perante um inimigo figadal, para acertar contas antigas. Será a 1ª vez que Jared Allen pisará o solo de Mineapolis, após ter saído da equipa. Que recepção merecerá? Aplausos incontidos de uma massa adepta que o venerava? O seu profissionalismo exemplar e dedicação extrema, no tempo em que permaneceu nos Vikings, será relembrado e tido em conta? Ou o aparecimento dele em campo com a camisola dos Bears será uma afronta difícil de esquecer?
Conclusão
E pronto. É isto. O que dizer dum calendário exigente, que apanha a equipa ainda numa fase embrionária do seu crescimento, com enormes dúvidas em algumas posições e com provavelmente um quarterback rookie a ser maturado para outros desafios? É difícil ter um discurso optimista, perante este cenário, mas vamos lá ao jogo da adivinhação:
Projecção optimista: 10-6
Com vaga ganha nos playoffs, como 5ª ou 6ª seed. As vitórias acontecerão nas semanas 1, 4, 6, 7, 9, 12, 14, 15, 16, 17.
Projecção moderada: 6-10
Disputando o último lugar na divisão com os Lions e vitórias nos encontros das semanas 4, 6, 7, 9, 14 e 17
Projecção pessimista: 4-12
Cenário dantesco, com um início de pesadelo a colocar a equipa num 0-5, e a época regular a culminar um frustrante 4-12. Awful!