Minnesota Vikings: Versão 2016 – Loading

Paulo Pereira 18 de Fevereiro de 2016 Equipas NFL, NFC North, NFL Comments
Minnesota Vikings

Minnesota Vikings: Versão 2016 – Loading

O Super Bowl 50 já pertence à história, tal como a temporada que culminou no grande jogo. Agora, enquanto ainda nos tentamos adaptar a uma dura realidade, convivendo com 7 longos meses sem ver os nossos ídolos a jogar, é a altura de começar a analisar o que aí vem. Em relação aos Vikings, pressente-se que a franquia está num daqueles momentos cruciais da sua história. 2016 será o ano 3 de Zimmer, à frente da equipa e, se os dois anteriores mostraram algo, foi a notória evolução. Terminar 2015 com um recorde de 11-5 e o título de campeão na NFC North, colocando cobro a um período longo de intenso domínio dos Packers, acrescenta uma dose extra de responsabilidade. A próxima época terá, se quiser ser classificada de sucesso, que mostrar um passo em frente. O que é que isso significa, em termos práticos? Em primeiro lugar, a manutenção da hegemonia na divisão. Depois, com o título divisional ganho, uma entrada nos playoffs com factor casa. O objectivo passará sempre por atingir a final da NFC. Difícil? Sim. Impossível? Claro que não. Mas, para isso, a offseason terá que ser cirúrgica, atacando os pontos fracos, expostos no último campeonato, criando condições para uma explosão de talento.

1. Tornar o Ataque Mais Explosivo

Este deve ser o mantra, o lema que guiará Norv Turner, em 2016. O ataque fez uma série de coisas boas, em 2015. Terminou em 4º lugar, no jogo corrido, a mesma posição nas equipas que menos turnovers deram aos adversários, tendo melhorado de forma tremenda no quesito das penalidades. Mas foi sempre evidente que faltava algo. A big play. Os Vikings foram previsíveis, no seu jogo conservador, apostando as fichas todas em Adrian Peterson e resguardando Teddy Bridgewater, evitando a exposição do quarterback, vítima de uma OL porosa e pouco protectora. Em 32 equipas, os purple & gold foram 31º na marcação de touchdowns de passe (apenas 14) e anémicos nas jogadas acima de 10 jardas (131). Para a equipa ser um contendor a sério, o jogo aéreo terá que ser revitalizado. Essa evolução só será possível com uma série de factores, mas estes têm que ser criados para permitir as condições perfeitas para que Teddy, finalmente, comece a ser um factor a ser tido em conta. Como se fará isso? Em traços genéricos, melhorando o pass protection (leia-se reforçar a linha ofensiva) e dando armas mais explosivas ao quarterback.

2. Free Agency

Não sei se Rick Spielman, o general manager, é adepto da filosofia dos principais rivais de divisão, os Packers, que são uma das franquias menos agressivas na free agency. O lema vigente, em Green Bay, é o de desenvolver os próprios jogadores, via draft, evitando o mercado de jogadores livres e os seus preços sempre inflacionados. Os Vikings, no reinado de Spielman, têm ido à free agency, com resultados distintos. O GM procurou, para o ataque, dotar a equipa de playmakers, mas as suas apostas resultaram em fracassos. Greg Jennings e Mike Wallace pautaram a sua presença em Minnesota com discrição, nunca jogando ao nível do estatuto. Por outro lado, quando Spielman apostou num perfil de jogador menos mediático, as coisas resultaram bem, como se constata na produção obtida nas contratações de Tom Johnson, Linval Joseph e Terence Newman. Essa astúcia e conhecimento do mercado será crucial, na free agency de 2016. Obter reforços sem detonar o saldo bancário é a palavra de ordem. A vinda de algum conceituado elemento para a secundária, nomeadamente para a posição de safety, ao lado da de Harrison Smith, não está fora de causa.

3. Quem Fica e Quem Sai

Ainda antes do pontapé de saída na free agency, os Vikings terão que sopesar as suas opções, analisando quem, dos elementos do roster que podem ficar livres em Março, merece uma renovação contratual. São 14 os jogadores nessa situação que, se nada for feito até 9 de Março, podem dizer adeus à cidade que os acolheu, até agora. Alguns são contribuidores regulares, como Mike Harris, uma agradável surpresa na OL, Chad Greenway, claramente no ocaso da sua carreira, mas um nome lendário na franquia e com um nada desprezível capital de experiência, Rhett Ellison, um TE com skills excelentes como blocker, Terence Newman, cornerback que, pese a provecta idade (prestes a fazer 38 anos), foi instrumental na defesa ou Andrew Sendejo. Dado que na offseason os rosters podem ser expandidos até aos 90 jogadores, não parece difícil que a maioria dos jogadores mencionados permaneça, pelos menos até se iniciarem os cortes finais, lá mais para o Verão.

4. O Draft

É o momento mais aguardado da offseason, uma produção digna de Hollywood, com pompa e circunstância, glamour e expectativa. Spielman tem sabido movimentar-se nos meandros do draft como ninguém, tendo criado nos últimos anos as fundações para um plantel forte, com as vindas de Bridgewater, Anthony Barr, Eric Kendricks, Xavier Rhodes, Jerick McKinnon ou Danielle Hunter. Com a pick 23 no round 1, mais uma pick em cada um dos rounds do 2 até ao 6 e duas picks no round 7, espera-se novo draft de qualidade, reforçando sectores deficitários. Quais? No round 1 atrevo-me a predizer que os Vikings irão buscar um linebacker, alguém que possa substituir Chad Greenway, um playmaker que forme um trio tremendo com Barr e Kendricks. A outra possibilidade, que acontecerá por certo num dos 3 primeiros rounds, é a escolha de um offensive tackle. Matt Khalil tem sido uma decepção, nos últimos 3 anos, mostrando estar cada vez mais longe daquilo que se espera de um franchise left tackle. Os Vikings aparentam ainda não ter desistido de Khalil, mas o seu potencial substituto no futuro deverá ser agora escolhido, mesmo que em 2016 jogue no lado direito da OL. Finalmente, sendo esta também uma posição de necessidade, a vinda de um wide receiver será uma realidade. Cada vez mais a posição tem sido um plug & play, com os rookies, nos dois últimos anos, a tomarem de assalto a NFL.

5. Breakout Season

Quando se tem um roster pejado de juventude e talento, mercê da aposta clara no draft, é sempre de aguardar um ano de excelência de algum deles, uma temporada em que a capacidade, apenas aflorada até então, aparece de forma constante. Foi esse o caso de Anthony Barr, que se tornou num dos mais dinâmicos linebackers da competição, ou de Stefon Diggs, uma escolha de 5º round que mostrou dotes de playmaker no ataque. 2016 poderá ser o ano de Trae Waynes, que passou despercebido no seu ano de estreia, apenas jogando de forma regular no special team. Waynes, é bom lembrá-lo, foi eleito pelos Vikings à frente de Marcus Peters, cornerback que se tornou o Defensive Rookie of the Year. O talento está lá, mas a capacidade de adaptação pode reivindicar ainda algum tempo, para a necessária maturação. Quem parece estar no ponto é Danielle Hunter, um defensive end usado como mero elemento rotacional, ainda cru, mas com skills que deixaram água na boca. Explosivo, com um primeiro passo poderoso, foi um pass rusher notável, terminando a época com 6 sacks, produzidos em poucos snaps. O papel de Hunter não se limitou ao ataque ao quarterback, como demonstram os10 tackles for loss, mostrando-se destemido como run defender e nunca regateando esforços. Poderá ser uma peça-chave nos intrincados esquemas defensivos de Zimmer.

6. Novo Estádio

Sim, será uma das histórias da temporada e é com ansiedade que se aguarda a abertura das portas. Moderno, funcional, high tech, com uma arrojada arquitectura, tem tudo para se tornar no palco dos sonhos. É também a concretização de um sonho antigo, unindo ainda mais a equipa aos seus indefectíveis adeptos. Jogar num “dome” será, para quem passou os últimos dois anos a suportar as intempéries do inclemente tempo naquela zona geográfica, um alívio. E poderá beneficiar a produção de alguns dos jogadores dos purple & gold.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.