New York Giants Draft Grade

Paulo Pereira 19 de Maio de 2014 Análises, Draft, NFL Comments
New York Giants

New York Giants Draft Grade

Foi bom, não foi? O draft. A expectativa. A ansiedade. A frustração, quando a pick da nossa equipa não correspondeu aos anseios gerais. O espectáculo. A envolvência. O cheirinho a competição, quando ainda faltam 4 longos meses. Mas acabou. Num ápice, o draft de 2014 veio, fez-se e desapareceu. Deixou, no entanto, atrás de si um imenso rasto de sensações palpitantes. Tanto para analisar e compreender.

Podem duas equipas da mesma cidade serem tão diferentes? Na forma de abordarem a offseason, de contratarem segundo um determinado perfil, de fugirem ou desejarem o mediatismo? Podem. Os New York Jets e os New York Giants são distintos na maneira de darem um rumo à franquia. Vamos, nas próximas linhas, determo-nos nos blues de Nova Iorque. Avessos ao circo mediático que, geralmente, persegue os vizinhos da urbe, os Giants trabalham na sombra, num low profile que vai recolhendo dividendos, de tempos a tempos. Depois de uma desastrosa temporada em 2013, o que se pode esperar deles, esta época?

A Melhor Escolha

Uma contratação pelo valor da posição e pelo que ela poderá fazer pela OL, e não pelo glamour, talento ou mediatismo. Falo da escolha que os Giants reservaram para o 2º round quando, numa incursão cirúrgica, pescaram Weston Richburg, center de Colorado State. Lá está. No 2º round existiam vários nomes grandes, daqueles que fazem os fãs sonhar com feitos grandiosos no terreno de jogo. Mas os Giants já tinham dado pistas, na free agency, de qual o caminho que pretendiam trilhar, com uma inesperada agressividade na busca de elementos para a linha ofensiva. No mercado de jogadores livres conseguiram o OT Charles Brown (ex-Saints), o OG John Jerry (ex-Dolphins) e o OG Geoff Schwartz (ex-Chiefs). Três movimentos que mostraram o grau de preocupação com o estado a que chegou a linha protectora de Eli Manning. Três escolhas impactantes, destinadas a resolver a falta de coesão nessa trincheira tão específica. Draftarem o center Richburg foi, mais do que um movimento para conferir profundidade à OL, uma escolha inteligente, com foco no médio e longo prazo. Depois de terem gasto uma pick de 1º round, no ano passado, em Justin Pugh, os Giants adicionam mais um talento jovem, com uma margem de progressão apreciável, começando a criar as fundações para uma OL sólida, na década mais próxima. E sim, Weston Richburg pode ser titular já este ano, ultrapassando JD Walton na depth chart. Quem deverá ter sorrido, depois de todos estes upgrades, foi a unidade de running backs. O jogo corrido, terrivelmente anémico em 2013, terá agora apoio crucial para se desenvolver para parâmetros mais distintos.

A Pior Escolha

Colocar aqui um nome, independentemente da franquia, constitui sempre um enorme exercício de especulação, terrivelmente subjectivo. Não houve, na minha opinião, muitas escolhas más, nos dois primeiros rounds, daquelas que coloquem um adepto à beira dum ataque de nervos. Existiram sim algumas escolhas surpreendentes que, pelo inesperado, podem ser catalogadas de excêntricas. Outras, preterindo uma posição em que estavam carentes, por outra onde a debilidade era menos acentuada, podem caber neste quesito. Como a dos Giants, quando gastaram a pick nº 12 no draft em Odell Beckham Jr. Um aviso importante: não está em causa a qualidade do jogador. Nem, sequer, a necessidade que a franquia tinha de um receiver. Duas das principais lacunas no roster dos Giants estavam devidamente identificadas. OL e WR. Por esta ordem. Anos e anos a negligenciar a linha ofensiva colocaram Eli Manning a lutar pela vida, em todos os jogos, enquanto os homens destinados a protege-lo eram invariavelmente ultrapassados e vencidos pelos adversários. O jogo aéreo não foi a principal vítima, como se viu em 2013, com o jogo corrido a atingir um nível quase patético. Numa balança virtual de equilíbrio precário, era sabido que o corpo de receivers que estavam no draft era profundo, com enorme qualidade. Por outro lado, offensive tackles de elite contavam-se pelos dedos de uma mão. Era fácil tomar uma decisão, certo? Not so fast. Mesmo com Zach Martin, OT, ali à mão de semear, os Giants preferiram outro caminho, não elegendo o jogador de Notre Dame, unanimemente considerado um dos melhores na posição e NFL ready, para escolherem o receiver de LSU. Martin é um mais que provável starter, desde o 1º dia, podendo revolucionar a qualidade da OL. O seu impacto, acrescido à escolha de Justin Pugh no ano passado e, sobretudo, à de Geoff Schwartz na free agency, colocariam a linha ofensiva num nível bastante aceitável. E, depois, no 2º round os Giants escolheriam o receiver para colmatar a saída de Hakeem Nicks. A equipa optou por outra via. Beckham tem qualidade, mas parece um clone físico de Victor Cruz, com apenas 5’11 de altura e a mesma rapidez. Não seria preferível um WR mais físico, capaz de trazer outras qualidades para o ataque?

Escolha Mais Surpreendente

Depois de perderem Andre Brown na free agency, os Giants devem ter salivado de satisfação ao constatar que, no 4º round, inteiramente disponível, estava o fenómeno de Boston College. Andre Williams conseguiu, durante 2013, chamar a atenção. Pelos melhores motivos, destacando-se dentro de campo com as suas corridas e o amealhar de jardas. Provavelmente, os Giants sairiam deste draft com um RB, mesmo tendo conseguido Rashad Jennings na free agency e tendo ainda no roster o enigmático David Wilson. Mas essa previsível escolha estaria reservada para o último round…não fosse o frémito apaixonado que sentiram, ao ver que mais ninguém se tinha interessado por Williams. O jogo corrido, com o auxílio de uma OL renovada, poderá ter alguma predominância em 2014. E Andre Williams fará parte disso, estou certo…

Nota Final

12 Valores

Sólido, mas não espectacular ou empolgante, eis o draft dos Giants. O trabalho de sapa estava maioritariamente feito na free agency, quando a franquia esteve ocupada, resolvendo alguns casos prioritários, como o reforço da OL, a aquisição de um running back titular e a contratação de shutdown corner. Esse trabalho poderá ter retirado alguma pressão do draft, mas isso não afectou a credibilidade das escolhas. Se é questionável a opção por um WR no round 1, os Giants acertaram na escolha de Richburg, adicionando uma agradável prenda, quando escolheram Andre Williams. Duas picks interessantes de que gostei particularmente. Depois, a escolha do DT Jay Bromley, no 3º round, é apontada como um reach (o atleta estava catalogado para sair no round 5 ou 6), mas os seus 10 sacks, jogando numa posição interior na DL, mostram um jogador com capacidade disruptiva, o que o torna valioso. Nos casos restantes, nada de assinalável. Pelo 2º ano seguido os Giants escolheram um safety (em 2013 Cooper Taylor e agora Nat Berthe), mas esta parece ser mais uma escolha para o special team do que para reforço da equipa, o que não deixa de causar alguma estranheza, dado que Antrell Rolle está no último ano de contrato, Stevie Brown vem dum torn ACL e Will Hill está suspenso. Não poderiam os Giants ter sido mais afoitos e criteriosos na procura dum safety, nos 3 primeiros rounds?

Lista de Escolhas

Round 1, Pick 12: Odell Beckham, WR, LSU
Round 2, Pick 43: Weston Richburg, C, Colorado State
Round 3, Pick 74: Jay Bromley, DT, Syracuse
Round 4, Pick 113: Andre Williams, RB, Boston College
Round 5, Pick 152: Nat Berthe, S, San Diego State
Round 5, Pick 174: Devon Kennard, OLB, USC
Round 6, Pick 187: Bennett Jackson, CB, Notre Dame

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.