NFC South do 8 ao 80
No ano passado, a NFC South foi a pior divisão da NFL. De longe! Nenhuma das equipas conseguiu sequer um registo de .500. A divisão foi ganha pelos Carolina Panthers com 7v-8d-1e, com os New Orleans Saints a terminarem logo atrás com 7v-9d. Os Atlanta Falcons somaram 6v-10d e os Tampa Bay Buccanneers 2v-14d, naquele que foi o pior registo de toda a NFL, que lhes valeu a primeira do draft deste ano.
Depois de um ano tão mau, os analistas e especialistas adivinharam, antes do arranque da época 2015, novo ano de mediocridade. Não podiam estar mais enganados. Chegados a quase metade da regular season 2015, a NFC South é a divisão com o melhor registo da NFL. As quatro equipas somam um total de seis derrotas fora da divisão (obviamente não podemos para esta contabilidade considerar os jogos divisionais pois alguém terá sempre de perder). Apenas a AFC East apresenta igual registo, com apenas seis derrotas no somatório das quatro equipas em jogos fora da divisão. A diferença é que a NFC South tem mais jogos disputados pois duas equipas (Saints e Falcons) ainda não tiveram a sua bye week.
É difícil explicar esta metamorfose, contrariando todas as expectativas. Mas, em primeiro lugar, tem que se destacar a imprevisibilidade da NFL. É possível passar do 8 ao 80. E na realidade, olhando por exemplo para os Panthers, parecem ser uma equipa com potencial para sonhar com a vitória na NFC e consequente chegada ao Super Bowl.
Caso a caso, o destaque são mesmo os Panthers. Com registo totalmente vitorioso nos sete jogos cumpridos, a explicação para o sucesso residirá na sua fantástica defesa, que já o era, a que se junta agora um ataque mais eficaz, com Cam Newton finalmente a dar um pulo para a elite, mesmo não tendo nenhum receiver de referência depois das lesões sofridas no arranque. O jogo de corrida também está mais consistente e isso explica este registo imaculado.
Já nos Falcons, a explicação terá mesmo de ser a mudança técnica. O pai da Legion of Boom, Dan Quinn, ex-coordenador defensivo dos Seattle Seahawks, assumiu os comandos da franquia de Atlanta e o salto qualitativo foi gigante. Especialmente em termos defensivos, passando de uma das piores defesas da NFL para um que não compromete… e que continua a evoluir. No ataque, que já era muito produtivo no passe, passou a contar com o melhor RB da NFL até ao momento, Devonta Freeman, que está imparável e tem ajudado às muitas vitórias da equipa. Poderá ainda ser cedo para sonharem com grandes voos, mas as ambições do playoff são totalmente legítimas. A ver se a ligeira quebra que parecem estar a sofrer não será fatal nessas aspirações.
Os Saints começaram como há um ano, mas tinham a desculpa de ter uma equipa recheada de rookies (são a equipa com mais snaps com rookies a jogar). As dores de crescimento eram expectáveis, mas ficou a certeza também do muito talento desta juventude. Assim é como os resultados agora demonstram. Três vitórias seguidas e a crença de que ainda é possível chegar ao postseason, até porque o seu calendário é muito acessível. Com Drew Brees de novo a jogar ao seu melhor nível, depois de uma lesão que o afastou durante uma semana, nem precisam de um leque de receivers de elite. A mestria de Brees torna jogadores até então vulgares em referências ofensivas. A isto junta-se um jogo de corrida cada vez mais produtivo, com Mark Ingram como estrela maior, a atingir números muito interessantes, depois da renovação do contrato no último defeso. E a defesa, que era a pior da NFL com os Falcons, está melhor. Ainda tem muito trabalho pela frente, mas são consideravelmente melhores do que há um ano, mesmo com tantos rookies na equipa titular.
Por fim, os Buccanneers, que foram a pior equipa em 2015 e que, apesar de serem a única franquia da divisão com registo negativo, apenas estão a uma vitória de sair desse estado. Claro que é normal serem os mais fracos da divisão, mas as melhorias são muitas. A escolha do QB Jameis Winston parece começar a revelar-se acertada, apesar de ainda revelar muitas inconsistências. A defesa já era fora, pelo que as principais melhorias são mesmo no ataque. Um QB mais competente ajuda aos receivers de elite, como Mike Evans e Vincent Jackson atingirem outro nível. A isso junta-se um running game mais eficaz, com Doug Martin a regressar a um nível que apresentou na sua época de estreia.
É verdade que ainda vamos a meio e muito poderá mudar, mas uma coisa é certa, as previsões de que seria mais um ano miserável na NFC South não poderiam estar mais enganados. É difícil a vida de um analista da NFL…