NFC South – Previsões ou (Des)Ilusões?
Esta divisão alberga os Carolina Panthers, vencedores da NFC e finalistas do Superbowl da época passada. Estes dominaram a época regular da NFL, mas quando chegou a hora da verdade não conseguiram vencer os Broncos na final. Agora, numa nova época entre Falcons, Sains e Buccaneers, poderão os Panthers repetir a sua hegemonia?
Atlanta Falcons
Os Falcons ainda têmalguns problemas para resolver nesta pré-época, sobretudo na defesa. Weatherspoon (LB) e Trufant (CB) têm o talento, mas já depois de alguns anos na liga parecem ainda ficar aquém das expetativas. Worrilow (LB) poderá fazer uma época interessante e Deion Jones (rookie LB, segunda escolha dos Falcons na draft) terá certamente muito a aprender com ele, mas é o rookie Keanu Neal (SS) quem concentra todas as atenções desta defesa. A primeira escolha dos Falcons na draft deste ano é bastante forte fisicamente, muito bom a fazer placagens, aquele tipo de safety que cria uma barreira defensiva e tem muito mais o tipo de corpo de um linebacker. Isso levante um problema: não é muito rápido, ou melhor, apenas é rápido em distâncias curtas e por isso é capaz de ter dificuldades em deep coverage, aliás, para desempenhar bem o seu papel, vai precisar de desenvolver as suas capacidades de cobertura, quer seja man to man, quer seja à zona. Mas certamente que os Falcons vão ter atenção a isso no trainning camp e o rookie pode vir mesmo a ficar no top 15 dos defensive backs deste ano.
Também no ataque há muito a melhorar, Matt Ryan (à partida, o QB1, apesar de uma pré-época interessante por parte de Schaub) tem um dos melhores receivers da liga ao seu serviço com Julio Jones, mas este núcleo não tem mais grandes opções para além dele e Mohamed Sanu. O rookie Devin Fuller é capaz de ser uma boa deep threat (4.37 segundos nas 40 jardas), mas é provável que os Falcons tenham de recorrer ao tight end Tamme em certas jogadas até estabelecerem um bom WR3.
Contudo, os Falcons têm dois bons running backs, Freeman e Coleman, sendo que o primeiro é certamente uma opção a ser explorada no passing game.
No entanto e vendo bem a agenda, mantenho a ideia que os playoffs estão um bocadinho fora do alcance de Atlanta este ano.
Carolina Panthers
Não se preocupem, o Super Cam está a caminho. Devo dizer que não vejo os Panthers a terem a época do ano passado, mas penso que o título desta divisão vai voltar para a Carolina do Norte. Cam Newton está bem guardado por Oher (OT) e tem à mão Kelvin Benjamin (WR), Ted Ginn (WR), Devin Funchess (WR, de quem se espera um breakout year) e Olsen (TE). O running game, apesar de não ser a arma favorita dos Panthers, conta com Stewart (RB), os backups Whittaker e Artis-Payne e o fullback Mike Tolbert, algo que não é comum de se referir hoje em dia, onde esta posição parece estar em extinção na NFL.
Mas é a defesa dos Panthers que mais me intriga. Prevê-se que seja das 10 melhores este ano, mas vejo esta defesa mesmo a chegar ao top 5. Uma boa DL com Charles Johnson (DE), Kawann Short (DT, que tem como backup o rookie e primeira escolha da draft dos Panthers, Vernon Butler) e Addison (DE) que é o backup de Ealy (DE). O linebackers core é sólido com Shaq Thompson, Thomas Davis e aquele que foi para mim o melhor LB da liga o ano passado, Luke Kuechly. Mas a intriga que falei é-me suscitada pela secondary: Coleman e Boston são os safeties de eleição, mas os cornerbacks (falo dos starters) dos Panthers são todos rookies. James Bradberry e Daryl Worley são os CB1 e 2 e também a segunda e terceira escolha da draft dos Panthers; logo atrás como CB3 e NB1 vem Zach Sanchez, quinta escolha da draft e produto de Oklahoma e muita atenção a este miúdo que demonstrou saber ler bem os QB’s no college. Um passe mal calculado para a zona dele e ele faz-vos pagar por isso.
Não é que os Panthers estejam acima disso, mas a agenda parece não ser propriamente um factor. Começam a época em Denver, o que vai ser um teste muito difícil de passar e ainda apanham mais 3 defesas fortes – Vikings, Arizona e Chiefs – mas estes devem estar à altura do desafio. Se tudo correr bem, os miúdos em Charlotte vão continuar a receber muitas bolas de borla.
New Orleans Saints
Podemos não falar da defesa? Não me entendam mal, o talento está lá: Jordan (DE), Anthony (LB), Laurinaitis (LB), Breaux (CB), Vaccaro (CB) e a isto ainda se juntaram os rookies Sheldon Rankins (DT, que está correntemente lesionado e não tem uma data prevista de regresso – até lá Fairley está à altura do trabalho), Onyemata (DT) e Vonn Bell (S); mas mesmo assim esta defesa foi praticamente a pior da época passada e há muita gente que diz que isso é capaz de se repetir, mas ainda não sei se concordo. Será que há um problema com a água em “N’arleans”?
O ataque tem como arma de eleição o passe e há razões para isso: Drew Brees é o rei deste “carnaval”, protegido pelos tackles Armstead (Peat foi relegado para OT3) e Strieff e servido por Coleman (WR), Cooks (WR), Snead (WR) e o rookie Michael Thomas (WR) de Ohio State (para variar) que tem demonstrado muito talento nesta preseason. Além destes ainda conta com a nova adição na posição de TE, Coby Fleener.
Esta passing offense (a melhor do ano passado) permite um running game mais ocasional por parte dos Saints, com Ingram a RB1 seguido por Hightower e CJ Spiller e ajudados pelo fullback John Kuhn. No entanto, achei uma boa ideia dos Saints irem buscar o rookie RB Daniel Lasco dos Cal Bears, pois Hightower e Spiller já não vão para novos e Ingram foi starter em apenas 10 jogos a época passada devido a lesão.
A agenda também é algo que não influencia muito os Saints porque esta é uma equipa de make it or brake it, mas certamente terão encontros complicados com os Panthers e para além disso vão defrontar Arizona e Chiefs fora; recebem ainda uma visitinha dos Broncos e outra dos Seahawks. Acho que os Saints podem ser melhores que o ano passado, talvez à custa dos Falcons, mas cuidado com Tampa Bay que pode muito bem ser uma ameaça a New Orleans este ano.
Tampa Bay Buccaneers
Os Buccaneers podem vir a ter uma breakout season. A defesa foi uma das 10 melhores do ano passado e conta com Gerald McCoy (DT) e Lavonte David (LB e quem sabe top 3 nessa posição) e os recém chegados Vernon Hargreaves (CB) e Noah Spence (DE), primeira e segunda escolha dos Bucs nesta draft, que podem adicionar bastante talento a esta equipa.
O ataque, ainda que discreto, pode vir a causar danos, sobretudo pela sua versatilidade. Winston está melhor, perdeu peso, mais móvel no pocket e parece estar bem integrado neste sistema e ainda que o wide receiver core não vá muito além de Mike Evans e Vincent Jackson, os Bucs colocam à sua disposição um conjunto de receivers pouco usual. Cameron Brate e Seferian-Jenkis são dois bons tight ends e talvez ainda se veja Dan Vitale. Este último, rookie de Northwestern, fullback de origem (agora adaptado a TE) era muitas vezes usado pelos Wildcats como um extra receiver e acreditem, ele surpreende. Para além disso, os running backs Doug Martin e Charles Simms também podem muito bem ser usados no passing game e Tampa tem trabalhado nisso.
Os Buccaneers ainda são uma caixa bem fechada e esta pode vir a conter surpresas ou estar vazia. A agenda certamente que é difícil, para além da complicada defesa dos Panthers ainda vão defrontar Kansas City, Seattle, Arizona e Denver. Os playoffs parecem um bocado inalcançáveis para esta jovem equipa.
Conclusão
O engraçado desta divisão é que parece que a única coisa que é um dado adquirido é os Panthers manterem o primeiro lugar, deixando Falcons, Bucs e Saints a lutarem pelos restantes e com alguma sorte, um wildcard. As mudanças em relação ao ano passado parecem vir a ser feitas de baixo para cima: os Buccaneers procuram ameaçar os Saints e os Saints procuram ameaçar os Falcons, mas Atlanta parece não ter ainda o que é preciso para ameaçar os Panthers. Acho que “os panteras” são os reis desta selva…