NFL Draft 2016: Dia 1 – Winners & Losers
É tão bom, não foi? Apetece dizer isto do draft. Passou demasiado depressa, para a ansiedade que criou, nas semanas prévias. Parecemos um daqueles tipos que, toda a vida, desejou a voluptuosa vizinha do lado para, na tórrida noite de amor, despachar o assunto em segundos. Mas foi bom, com o habitual twist, tornando os mocks drafts feitos pelos experts num exercício de futilidade. Existiram surpresas, desenlaces frustrantes para os fãs de algumas franquias e escolhas inesperadas. Entre vencedores e vencidos, eis os pontos de destaque do round 1:
Paxton Lynch | Denver Broncos
Foi a escolha de John Elway, que fez um trade up, subindo 5 posições, para apanhar o rookie que espantou meio mundo em Memphis. Se mencionei o nome do general manager dos Broncos, fi-lo por achar que esta escolha, ao contrário de outras franquias que apostaram, no passado, em rookies quarterbacks, tem um significado adicional. A reforma de Manning e a inesperada fuga de Osweiler na free agency ligaram os sinais de alarme na cidade dos campeões em título. Elway ficou com um roster pejado de talento…mas sem ninguém confiável na posição mais importante. A escolha de Mark Sanchez revelou-se uma operação de cosmética. O ex-Jets tem a seu favor a experiência e veterania de quem já disputou – e ganhou – jogos nos playoffs e seria capaz, naquele ambiente controlado, de comandar um ataque. Mas sabia-se que esta seria sempre uma solução a prazo, de recurso. Os rumores do desejo por Colin Kaepernick apenas adensaram a real situação: Elway tinha resolvido, parcialmente, o problema, mas queria mais. Tê-lo-á agora. Lynch é um miúdo com os intangibles necessários para evoluir, rapidamente, dentro daquilo que se espera. Um pocket passer puro, que poderá beneficiar do roster forte, aprendendo na sombra o playbook complexo, enquanto Sanchez joga a titularidade. Neste ambiente de maturação, Lynch tem tudo para se tornar, a breve prazo, o franchise quarterback dos Broncos, sempre bebendo da influência de um tutor nada desprezível: Elway himself! Caem assim por terra os boatos de eventuais trocas por Nick Foles, Kaepernick ou Sam Bradford.
Jalen Ramsey | Jacksonville Jaguars
É com enorme expectativa que se aguarda pela produção da franquia de Jacksonville. A recente free agency, que deu a Gus Bradley, um técnico de background defensivo, Malik Jackson e Prince Amukamara, tornou-se ainda mais adocicada quando, na posição 5, lhes caiu no colo um versátil atleta como Ramsey. Este, visto por alguns scouts como o melhor jogador presente no draft, é um jogador que pode jogar como cornerback, posição em que os Jaguars possuem profundidade suficiente (Davon House, Dwayne Gratz, Amukamara e Aaron Colvin), a safety, ou naquela híbrida posição de safety/linebacker, como os Cardinals tanto gostam de usar (Deone Bucannon), explorando as skills de Ramsey na coverage. Os Jaguars aparentam estar artilhados, até ao limite.
Ezekiel Elliott | Dallas Cowboys
Não está em causa o valor de Elliott, o melhor running back a aparecer no draft e um jogador que pode dar uma dimensão extra a qualquer ataque. É compreensível que os Cowboys, com a melhor linha ofensiva da competição, se tenham enamorado do jogador made in Ohio. Elliott é um power back, um daqueles que não se intimida com os tackles que lhe fazem frente e que é igualmente produtivo fora do backfield, sendo também competente como blocker, quando a jogada o obriga a permanecer como apoio na OL. Mas a equipa de Dallas tem outras necessidades e gastar uma pick tão alta no draft num running back, quando se tem nos quadros Darren McFadden e o recém-contratado Alfred Morris, parece um luxo dispensável. É provável que, com a surpreendente escolha de Bosa pelos Chargers, jogador que aparentemente os Cowboys tinham em mente para fortalecer o seu front-seven, a equipa se tenha virado para a sua opção B. Mesmo assim, pelos motivos mencionados, era preferível optar por outra posição (Jalen Ramsey, para a secundária, ou mesmo um OLB para o 4-3 da equipa), escolhendo-se nos rounds seguintes outro running back, numa classe que tem ainda alguns nomes interessantes para a posição.
Josh Doctson | Washington Redskins
Os Redskins, campeões em título na NFC East, continuam a acumular talento. Depois de, na free agency, terem fechado contrato com Kendall Reyes e Josh Norman, por exemplo, deram-se ao luxo de gastar a escolha no round 1 em nova arma para Kirk Cousins, escolhendo Doctson para o ataque. Com o rookie de TCU, Cousins fica com uma panóplia de armas de fazer inveja a qualquer quarterback: DeSean Jackson, Pierre Garçom, Jordan Reed, o contratado Vernon Davies e Andre Roberts. Uma unidade repleta de talento, em que a luta pelos snaps promete ser acesa, no training camp. O ataque está cada vez mais explosivo.
Laremy Tunsil | Miami Dolphins
A noite não correu de feição ao mastodôntico tackle de Ole Miss. Tunsil, tido quase unanimemente como o melhor offensive tackle no draft, era uma das picks previsíveis na 3ª escolha. Ou na 6ª. Ou nas restantes. Mas, para surpresa do próprio, levada a milhares de lares pelas câmaras de televisão intrusivas, o desconforto de não ouvir o próprio nome a ser chamado durou longo tempo, até que os Dolphins lhe puseram um fim. Antes disso, Ronnie Stanley, pretty boy de Notre Dame, saiu para os Ravens, sendo o primeiro OT escolhido este ano, ainda no top-10. A seguir, os Titans escolheram Jack Conklin, relegando mais uma vez Tunsil para uma espera excruciante. O que aconteceu a Tunsil para, de repente, passar a ser um produto tóxico? Simples. A vida extra campo, esmiuçada por todos os scouts, levada cada vez mais a sério na hora de desempatar entre jogadores similares, veio à baila, na altura errada. Um vídeo, posto a circular de forma quase assassina de carácter nas horas antecedentes ao draft, mostrava Tunsil a fumar duma daquelas geringonças chamada “bong”. Numa liga que procura cada vez mais ser asséptica nos costumes e politicamente correcta, ver um pretendente a jogador profissional fumar substâncias provavelmente banidas foi o suficiente para o levar à rejeição, por parte de algumas equipas.
Front-Office | Cleveland Browns
O front-office dos Browns pareceu um jogador de póquer, trocando lugares e ganhando escolhas extra. Começaram por aceitar a oferta dos Eagles, pela posição dois, recebendo em troca uma mão-cheia de picks, importantes para quem tem um roster cheio de buracos. Mas não ficaram por aqui, no que já seria um excelente acto de gestão. Donos da posição 8, aceitaram novo trade down, passando para a posição 15 e, recebendo em troca, mais duas escolhas altas: uma de 3º round em 2016 e outra de 2º round, em 2017. No meio desta azáfama, conseguiram um dos nomes sonantes na posição de wide receiver, escolhendo Corey Coleman, de Baylor, para ser o novo alvo de Robert Griffin III, curiosamente um produto de Baylor. Com as duas trades, os Browns podem agora meticulosamente criar um roster forte e competitivo, nos próximos anos. A súmula dos negócios é elucidativa: a franquia recebeu, por conta das trocas, uma pick extra de 3º round e duas de 4º round, este ano, mais uma pick extra de 1º round, no próximo ano, mais uma de 2º round, ficando ainda com uma pick extra de 2º round em 2018. Como se vê, o sonho materializado de qualquer general manager. Agora, é só escolher com critério e bom senso e a realidade de ver os Browns a vencerem a sua divisão poderá estar mais perto do que o esperado.
Karl Joseph | Oakland Raiders
Os Raiders continuam, sob a égide de Reggie McKenzie, a coleccionar talento, fortalecendo cada vez mais o icónico emblema. O safety de West Virginia não aparecia, na maioria dos mock drafts, como tendo potencial para o round 1 mas isso não inibiu a equipa da California do escolher. Joseph mostrou, antes de 2015, ano que foi abruptamente interrompido por lesão, skills excelentes, jogando em elevado nível e mostrando uma versatilidade que a NFL tanto valoriza. Confortável jogando na box ou mesmo no centro do terreno, será uma adição tremenda à secundária de Oakland, numa daquelas picks underrated, mas a quem será dada, num futuro a médio prazo, a devida valorização.