NFL Preseason Drama: Equipas Com o Credo Na Boca!
Para a maior parte dos seguidores da NFL, os jogos da preseason (que, tendo começado no domingo, com o Hall Of Fame Game, na verdade apenas começa a sério amanhã) são um mero refresco para adoçar uma boca seca e sedenta de “football” após a longa travessia do deserto da “offseason”.
No entanto, esta preseason pode ser bem mais importante para algumas equipas do que normalmente se esperaria e que têm de mostrar sinais positivos. Já há falanges de adeptos à beira de uma ataque de nervos:
1. San Francisco 49ers
Há anos que os geólogos e cientistas que estudam os fenómenos sísmicos lançam, de forma regular, avisos que o próximo grande terramoto de San Francisco está para chegar. Depois dos “big ones” de 1906 e 1989, a verdade é que o dito cujo nunca mais chega.
Mas depois do que vimos nesta “offseason” dos San Francisco 49ers, a impressão que fica é que o “Next Big One” aconteceu e ninguém deu por ele. Com epicentro em Santa Clara, no novíssimo Levi's Stadium, para sermos mais precisos. 15 jogadores abandonaram o clube, em reformas antecipadas ou com contratos com outras franquias. Isto para não falar do capitão do barco Jim Harbaugh, que foi, aliás, o primeiro a abandonar o dito cujo, regressando ao fabuloso mundo do “college football” com um não menos fabuloso contrato com os Michigan Wolverines.
No meio deste verdadeiro vendaval, Jim Tomsula, o novo “head coach” terá, pelo menos, uma desculpa absolutamente inquestionável para justificar uma mais do que provável época para esquecer dos homens de San Francisco: deram-lhe uma equipa… desfeita! E se quiser, pode até usar a frase celebrizada por Mike Singletary, o treinador da equipa, na era pré Jim Harbaugh, que, numa conferência de imprensa após mais um jogo e mais uma derrota, disse de forma desassombrada: “Can't play with him!” (referia-se a Vernon Davis). Ninguém o vai levar a mal se Tomsula adaptar a frase e clamar: “Can´t win with them!”
Mas com as expectativas tão em baixo, pode ser que os 4 jogos da preseason possam trazer revelações e surpresas que atenuem as angústias e alimentem as esperanças dos adeptos da equipa de San Francisco. Afinal Collin Kaepernick, Vernon Davis, Anquan Baldwin, Darnell Docket, Marcus Cromartie, Carlos Hyde e Torrey Smith, só para citar alguns, são nomes com anos de experiência na liga e que podem servir para relançar os “Niners” no caminho dos sucessos dos anos mais recentes. As dúvidas são muitas, mas não custa acreditar… um bocadinho que seja!
2. Cleveland Browns
A saga dos Cleveland Browns tem um ponto de partida, mas não se sabe qual será o ponto de chegada. Desde o fim da carreira do grande Bernie Kosar, em 1993, a equipa usou e, quase que literalmente, deitou fora 26 (!!!!), isso mesmo, 26 “quarterbacks” em busca do digno sucessor de Kosar. E com a excepção do ano 2001 em que Tim Couch foi o único QB utilizado, todos as restantes épocas foram um carrossel de jogadores e frustrações acumuladas na mais importante posição da equipa.
E quando em 2014 Mike Petine e os responsáveis de Cleveland escolheram Johnny Manziel na 1ª ronda do draft, toda a nação Brown suspirou de alívio esperando que a longa espera tinha acabado.
Engano puro! Depois de semanas de hesitação entre entregar a titularidade a Bryan Hoyer ou ceder aos gritos do “Dawg Pound”, a claque mais fanática dos Browns, Mike Petine colocou Manziel no comando do ataque da equipa na semana 15 frente aos Cincinnati Bengals. Mas o desastre dificilmente poderia ser pior como comprovam as estatísticas do jogo: 10-18, 80 jardas, 2 intercepções e 3 sacks. Resultado do jogo 0-30, Bengals! Mike Petine ainda tentou de novo a fórmula na semana seguinte, mas os resultados foram parecidos, agravados com uma lesão do QB.
A desilusão de Manziel foi tão grande que se chegou a falar na hipótese da equipa ir buscar um novo QB (o 27º em 22 anos) no draft deste ano. Após uma longa reflexão, os responsáveis dos Browns preferiram ir buscar o experiente Josh McCown e dar uma hipótese mais a Johnny “Football”. As notícias que nos chegam do “training camp” dizem-nos que o QB vindo de Texas A&M tem mostrado sinais evidentes de progresso, aliado a um comportamento fora do campo bem mais discreto e regrado.
Esperemos pelos jogos frente aos Washington Redskins, Buffalo Bills, Tampa Bay Buccaneers e Chicago Bears para vermos se as melhoras se confirmam. Uma coisa é certa: os jogos dos Browns, na “preseason” são dos que aguardamos com mais ansiedade.
3. New York Jets
O fim da era Rex Ryan e a entrada do bem mais discreto Todd Bowles, parecia ser a fórmula certa para uma época mais esperançosa para os New York Jets. O regresso de Darrelle Revis e um “draft” bem conseguido apenas reforçaram a ideia que 2015 poderia ser o ano do regresso dos “green”. Ainda por cima com os arqui-rivais New England Patriots ensarilhados na confusão do “deflategate”. Tudo era um mar de rosas…
Até esta semana! Geno Smith, o QB da equipa, envolve-se numa discussão com um colega de equipa, no balneário, por causa de uma alegada dívida de 600 dólares e acaba com um soco na cara e um fractura no maxilar que o vai afastar dos treinos e jogos da equipa por um período de 6 a 10 semanas… Ou seja, na melhor das hipóteses regressa na semana 2 da época regular, em Indianapolis, frente aos Colts ou, se calhar, apenas na semana 6, frente aos Washington Redskins. Quem se deve estar a rir com tamanho sarilho são os rivais Miami Dolphins e Buffalo Bills do ex-técnico Rex Ryan, que, por agora, vão fugindo das primeiras páginas dos jornais, mantendo-se discretamente à espreita.
Com Geno Smith fora, avança o veterano Ryan Fitzpatrick, uma vez que o “rookie” Bryce Petty e o desconhecido Jake Heaps não parecem ser opções credíveis por agora. Em todo o caso, dependendo das performances de Fitzpatrick, um QB tão dado a “turnovers” não deixará de ser curioso ver em acção Petty, um QB que impressionou em Baylor e deixou boas indicações no combine de Fevereiro passado.
4. New England Patriots
Os New England Patriots são mais uma equipa com problemas na “QB position” e mais uma equipa da AFC East que vai ter de aproveitar e muito bem o ” training camp” e os jogos da “preseason” para resolver o sarilho criado pelo já estafado e inacreditável dossier “Deflategate”. A suspensão de Tom Brady nos 4 primeiros jogos da época ainda está pendente da decisão de um juiz federal que, aparentemente, antes de julgar e decidir o caso, não se cansa de pedir às partes em conflito (Brady, a NFL e a NFLPA) que cheguem a um entendimento. Mas não acreditamos que, no fim da história e com os sinais que nos chegam dos USA, os 4 jogos não sejam mesmo para cumprir.
Bill Belichick tem assim a difícil tarefa de aprimorar o jogo de Jimmy Garopollo e, dentro do possível, limitar ao mínimo os danos que possam advir dos confrontos com os Pittsburgh Steelers (c), Buffalo Bills (f), Jacksonville Jaguars (c) e Dallas Cowboys (f), nas primeiras 5 semanas da época regular (os “Pats” folgam na semana 4). Tudo o que seja um registo igual ou superior a 50% nesses primeiros 4 jogos será um sucesso.
Nunca uma equipa campeã do Super Bowl iniciou uma época seguinte com tanta pressão e polémica dentro e fora do campo como os New England Patriots 2015. E tudo por causa de mísero PSI/bar a menos nas bolas de “football”. Ora bolas!!!