Nickelback: Manning vs Brady
Não venham ao engano. Esta crónica não serve para justificar quem é o melhor Quarterback de sempre na NFL. Até porque eu acho que dentro das circunstâncias e do contexto de época o melhor Quarterback de sempre foi o Joe Montana. Já o futuro melhor Quarterback de sempre da história da NFL (pelo menos nos meus sonhos) será o Russell Wilson com mais anéis que o Brady e mais records que o Manning.
Posta de lado a discussão clássica da velha guerra estilo o meu “Manning” é maior que o teu “Brady” vamos então ao que para mim é o cerne da questão: Nesta permanente e até enervante comparação entre dois bons Quarterbacks, qual é o papel que cada um deles escolheu desempenhar no desenrolar deste filme?
Primeiro temos o everyday average guy que consegue superar-se e ter uma carreira bem ao jeito do American Dream. Manning personifica o homem de família, o tipo com ar simpático e não muito atlético. Há uma desmesurada humanização e relação com o comum na vida de Manning que o vulgariza e aproxima do cidadão comum. Toda esta caracterização trabalhada é um contra-senso à essência de Manning que na verdade é um individuo de linhagem, upscale e dinástico. Mas a imagem de homem comum traz mais aceitação. Tudo isto nota-se nos patrocínios que este estereótipo atrai, temos regularmente Manning a comer uma sandes na cozinha para vender seguros ou a ser o labreguncho que à maneira hardselling americana embucha a pizza ao lado do horripilante Papa John.
Já o segundo num estilo muito mais elitista vende essencialmente relógios e roupa de luxo. Brady é o homem Tag Heur que normalmente aparece vestido de smoking. É o bonitão casado com a supermodelo e personifica a história de sucesso que também vende tão bem. Brady sem deixar de ser um estereótipo trabalhado, acaba na minha perspectiva e na sua essência por ser mais genuíno que o moldado Manning. Mas a premissa de ganhar a qualquer preço sem subterfúgios traz muita animosidade e má imprensa e este é o mote básico que anima e polariza este self-maid men.
Mas saindo destes estereótipos e se quebramos a superfície e tirarmos as capas dos perfis fictícios de cada um deles não os vejo muito diferentes. Naturalmente movem-se ambos no mesmo contexto da NFL onde é comum a autoflagelação polémica e o histerismo das comparações, das excitações e dos exageros que vendem jornais e dão audiência. Ora dentro desta realidade ser considerado o melhor é mais que um simples princípio de legado ou de orgulho. É também uma base de liquidez e dinheiro e neste contexto a lógica de desportista passa para segundo plano.
O curioso de toda esta reflexão é a conclusão que o que mais une Manning e Brady é este afastamento da lógica desportista e de desporto. Eles têm que ganhar não pelo jogo, não por os adeptos, não por a cidade ou pela equipa. Eles têm que ganhar pelo que representa para eles e para as figuras superiores que eles entendem que se tornaram e que têm que alimentar e é aí que começam os exageros de ambos e o princípio da vitória a qualquer custo. Manning é o tipo do caso de esteróides, da mal contada história de envolvimento sexual. É o egoísta que se coloca à frente da equipa. Brady está ligado a batota desportiva e económica e a lógicas judiciais que nada têm a ver com os valores básicos de quem assiste por gosto a jogos da NFL.
Não vou ser naïf ao ponto de defender os ideais de Cobertin num desporto que em geral se massificou numa indústria. Mas comprar encobrimento através de mecanismos legais e pagamento a testemunhas não é saudável em nenhum contexto, nem mesmo numa realidade industrial. Para mim neste momento o que une Manning e Brady é que se sentem maiores que as suas equipas e que o jogo e permanentemente tentam manipular e reescrever a sua história.
O imperador Qin Shi 200 anos antes de cristo ao unificar a China mandou queimar todos os livros escritos antes do seu reinado com a ambição de obrigar a história a começar nele. O esforço que une Manning e Brady não é tão megalómano mas para mim é igualmente inútil.
Tomem nota antes que subam as críticas exacerbadas de ambas as trincheiras: Da minha parte não defendo uma supremacia moral e até compreendo o contexto e a ânsia com que Manning e Brady manobram e defendem os seus legados. Mas compreendam também a minha posição: A história não se discute com emoção nem com proximidade. É uma ciência que necessita de distanciamento e contexto e enquanto não chegamos a esse patamar eu prefiro ver jogos a alimentar polémicas.
Em resumo: Tiro mais prazer em ver os Titans a jogar contra os Browns na week 4 da pré-epoca que alimentar esta discussão que para já é estéril.
Nickelback – is a cornerback or safety who serves as the fifth (in addition to the typical four) defensive back on the defense