Nickelback: O Pro Bowl

João Morão 4 de Fevereiro de 2016 NFL Comments
Pro Bowl

Nickelback: O Pro Bowl

Chega-se a esta altura do ano e quase toda a gente diz mal do Pro Bowl… É moda.

São os memes em catadupa e as graçolas fáceis sobre o desinteresse que o jogo tem. São as opiniões que defendem outras opções em vez do modelo actual. Cada vez mais são os próprios jogadores que em estilo snob ou verdadeiramente zangados com a vida declinam o convite de presença.

Em resumo é tudo a bater e verdade seja dita a própria liga não ajuda nada. Chega a ser aflitivo nesta altura ver a liga em esforço total a tentar trazer maior interesse para o Pro Bowl. Meteram regras para maior circulação de bola e para um jogo mais aberto. Definem defesas que favorecem o homem a homem e onde se nega o nickleback (vejam o desaforo) e o dimeback. São drafts ao vivo, pedidos de mais intensidade no jogo e mais animação de cartilha.

A verdade é que entre críticas e esforços não se tem conseguido o desejado impulso comercial e tudo tem redundado em fracasso. Facto é que este Pro Bowl de volta ao Havai não passou de um desfilar de segundas linhas num jogo com pouco ou nenhum interesse desportivo.

Pessoalmente é um evento que sigo com atenção há muitos anos e sem vergonha ou embaraço partilho convosco a minha opinião:

EU ADORO O PRO BOWL!

Para mim o Pro Bowl é diversão pura e eu não perco um. Para ser honesto se me dessem a escolher poder ver durante a regular season de 2015 todos os jogos entre equipas da AFC South ou apenas o Pro Bowl. Eu escolhia o Pro Bowl sem pestanejar.

Com franqueza e em clara contra corrente até tenho alguma dificuldade em perceber as críticas de falta de competitividade ao Pro Bowl, pois em si é um jogo que encerra diversão e descompressão e não competitividade. Ninguém está ali para se aleijar nem para ganhar nada. Estão ali para se divertir e para nos divertir a nós e quanto a mim esse objectivo é mais que alcançado.

Eu divirto-me as lágrimas em ver a confraternização entre inimigos mortais em leves brincadeiras e em amena cavaqueira.

Adoro quando todos ajudam todos a levantarem-se do chão depois de uma jogada. Adoro o respeito e até o carinho com que todos os profissionais se tratam. Adoro ver irmão contra irmão e inimigos a tratarem-se como irmãos.

Os meus olhos não param em campo na observação das brutais e espectaculares dream teams que se juntam antes de cada snap. Adoro o jogo livre para o espectáculo em passe profundos onde as interceptions perdem o seu peso esmagador para se tornar diversão. Adoro ver o Sherman a Running Back e o Odell Beckham a Safety. Adoro as absolutas maluquices que são feitas na definição das jogadas e no exagero das trick plays.

Adoro saber o play calling dado por um sorridente Andy Reid antes do snap da jogada. Adoro o respeito venerado que acompanhou a nobre saída de Woodson do jogo. Adoro ver as velhas glórias e os velhos vídeos onde o novo se mistura com o antigo num tom de diversão e elevação.

O Pro Bowl para mim é pura e intensa diversão mas acima de tudo é uma ode aos heróis do jogo que os reconhece como superiores e que os eleva.

Honestamente entendo pouco as queixas sobre o Pro Bowl, pois o sendo tudo isto, difícil é ser outra coisa. Para mim quem se queixa do Pro Bowl devia também queixar-se de nos exercícios da NATO não se usarem balas e bombas a sério para se matarem uns aos outros! Senão é guerra é perda de tempo! Acredito também que quem se queixa do Pro Bowl se devia queixar por Gaspacho ser servido frio. Podemos gostar ou não gostar, mas não nos podemos queixar da essência das coisas.

E não me lixem pois mesmo os jogadores que por snobismo não vão ao Pro Bowl sentem um incontido orgulho em serem Pro Bowlers. É que ser Pro Bowler como distinção é mais importante que disputar o jogo em si. Eles sabem isso e por isso é que sabem que se podem dar ao luxo de não ir.

Como dizia Spinoza as coisas encerram-se na sua essência e para mim a essência do Pro Bowl encerra-se em valores não comerciais mas de respeito e de amizade. Verdade que tudo nos é servido de forma ligeira, mas para mim neste evento os grandes premiados não têm que ser obrigatoriamente os espectadores mas antes têm que ser os jogadores.

Os Jogadores sim são os verdadeiros fabricantes e consumidores do Pro Bowl. Nós apenas nos divertimos por inerência. Faz tempo que percebi qual é o meu lugar neste evento e por isso é que o adoro e por isso é que não me queixo.

Nickelback – is a cornerback or safety who serves as the fifth (in addition to the typical four) defensive back on the defense

About The Author

João Morão

As causas são múltiplas: Primeiro em 1998 colocado pela minha empresa na Alemanha, passei alguns fins-de-semana a jogar flag futebol numa base militar americana maioritariamente com a boa gente de Seattle. Desta altura vem o gosto. Depois em 2005 em Jackson Hole (Wyoming) assisti em directo à transmissão do Super Bowl XL dos meus Seahawks contra os Steelers. Foi um jogo de má memória e de pior arbitragem que me deixou um amargo permitido apenas pela perda de algo de que gostamos muito. Desta altura vem a militância. Finalmente: A desilusão e desgaste causado pelas assimetrias, manobras, golpadas e falta de fair-play do soccer, viraram-me definitivamente para um desporto mais justo, mais sério, mais competitivo, mais brutal (é certo), mas de maior entrega e de incomparavelmente maior emoção: O Futebol Americano. Nas horas “vagas” sou pai de 4 filhos (Um deles é dos Giants vai-se lá saber porquê!?).