Schedule NFL 2014: Jogos a Acompanhar

Paulo Pereira 7 de Maio de 2014 Calendário, NFL Comments
Denver vs Patriots

Schedule NFL 2014: Jogos a Acompanhar

A NFL libertou, FINALMENTE, a schedule de 2014. Finalmente porque o acto representa, simbolicamente, o pontapé de saída para a nova temporada. É um pequeno gesto, é certo, mas reconfortante para os fãs que, durante uns dias, entretêm-se com cenários hipotéticos, congeminando idas ao futebol com os amigos, matutando na strength of schedule e amaldiçoando os deuses da fortuna, que colocaram no caminho da sua adorada equipa demasiados escolhos. É esta a época em que todos os sonhos são possíveis, antes que o choque da realidade nos desperte de devaneios sem fim…

A temporada abre, como habitualmente, com o campeão em título, vitoriado por uma massa adepta sedenta de mais vitórias e celebrando, em comunhão espiritual, o troféu alcançado meses antes. Por isso, apontem nas vossas ocupadas agendas. Setembro, dia 4, é o pontapé de saída. E, com um misto de ironia, os Packers foram escolhidos para serem o adversário de Russell Wilson e Cª. Não podia ser melhor. Porquê, perguntarão os mais distraídos? Pois bem, rebobinem as vossas memórias e façam um rewind. 2012. Última jogada de um Seahawks vs Packers. Russell Wilson, com os segundos a esgotarem-se, procura uma linha de passe. É um acto de desespero que acompanha a bola, lançada em espiral para a end zone. Lá, um magote de jogadores salta, tentando apanhá-la. Golden Tate, o único Seahawk na imediação, envolve-se na disputa com Morgann Burnett, safety de Green Bay. O resto da história é sobejamente conhecido, tendo um lugar especial no panteão de fenómenos desportivos, com um nome apropriado: Fail Mary. Burnett conseguiu apanhar a bola…mas os árbitros validaram um touchdown que nunca existiu. Com a NFL a viver uma greve dos juízes, o erro de palmatória foi cometido por um grupo inexperiente, claramente impreparado para a pressão de um jogo deste calibre. Agora, com árbitros “oficiais”, os Packers tentarão a desforra. Será um duelo – mais um – de titãs. Aaron Rodgers versus Russell Wilson? I can’t wait…

Um dos momentos mais aguardados, SEMPRE, é saber quando ficam frente-a-frente ex-atletas com as suas antigas equipas. E este ano há tantos motivos de interesse. Comecem a colocar uma bola preta – ou vermelha – no calendário de parede, nas datas respectivas. São jogos imperdíveis!

1. Philadelphia Eagles vs Washington Redskins

DeSean Jackson, escorraçado de Philadelphia, encontrou um porto de abrigo seguro em Washington, rival de divisão. E na NFC East as rivalidades são levadas a peito. De forma intensa, quase como se se tratasse de inimigos figadais. O primeiro embate será logo na week 3. É tempo de aferir se Robert Griffin III está recuperado da lesão no joelho e se o ataque que no papel parece explosivo (RG3+Alfred Morris+DeSean Jackson+Pierre Garçon) leva a melhor sobre os Eagles, onde reside LeSean McCoy, o running back que venceu o título de mais jardas corridas, em 2013. Se um embate desta magnitude promete emoções fortes, o que dizer de dois? O segundo será na week 16, a uma mísera semana de terminar a regular season e com fortes probabilidades de ser decisivo.

2. New York Jets vs New England Patriots

Outro filho pródigo que regressa a casa, com a camisola do inimigo, é Darrelle Revis. Se há algo que o fã mais moderado dos Jets não perdoará é o clube escolhido pelo cornerback. Nos Bucs, tudo bem. Just business. Mas nos Patriots? É o insulto supremo. As duas franquias não morrem de amores, numa história repleta de estórias, com amores, traições e ódios. Primeiro jogo de Revis contra os Jets na semana 7, no conforto de Boston. Depois, na semana 16, que a NFL sabiamente reservou para embates divisionais, é melhor levar tampões para os ouvidos. Nova Iorque fará questão de relembrar a Revis que não lhe perdoa…

3. Baltimore Ravens vs Carolina Panthers

“Put your goggles on because there’s going to be blood and guts everywhere”. Sabem quem proferiu isto? Steve Smith. Em que cenário? Quando lhe perguntaram, após a saída de Carolina, onde a sua presença se confundia com a própria franquia, como seria reencontrar o clube com outra camisola vestida. Pois bem. Agora nos Ravens, saberemos qual a sensação. Semana 4. Ravens versus Panthers. Be ready. O confronto fará faísca…

4. Denver Broncos vs New England Patriots

Lembram-se da final de conferência na AFC, em Janeiro? Do hit que Wes Welker deu em Aqib Talib, levando a que o cornerback, com a camisola dos Patriots, saísse contundido do relvado? Bill Bellichick insurgiu-se contra o seu ex-pupilo, acusando-o de conduta rasteira. Numa daquelas partidas que o destino costuma pregar, Talib saiu dos Pats para…os Broncos, onde rapidamente desculpou Wes Welker, agora seu colega de equipa. Na week 9, Talib fará uma viagem até Foxboro, para um mediático – e regular – embate entre dois dos melhores quarterbacks de sempre: Peyton Manning versus Tom Brady. Mas este duelo de lendas não é a única história apetecível no embate. Como será recebido Talib? E Bellichick, que postura terá ao ver-se, cara a cara, com Wes Welker?

5. Chicago Bears vs Tampa Bay Buccaneers

Em qualquer competição, seja ela profissional ou amadora, não haverá melhor argumento do que aquele que envolve a procura de vingança. O sentimento, intenso e visceral, acalenta a alma e faz ruminar numa série de esquemas diabólicos para dar o “troco”. Lovie Smith, técnico reputado, foi despedido dos Bears por Phil Emery, o general manager, após um 10-6. Agora, de regresso às lides profissionais após um período sabático, Smith reencontrará a sua ex-equipa, comandando os Bucs. Se estes pareciam um saco de pancada, no ano passado, serão fortemente competitivos, em 2014 (digo eu). O mais curioso neste regresso a Chicago será a possibilidade de colocar igualmente frente-a-frente Jay Cutler e Josh McCown. Este último substituiu – e bem – Cutler em 2013, por lesão, produzindo jogos consistentes e mostrando enorme valor. Quem sairá vencedor deste confronto entre veteranos, apimentado pela presença na sideline de Lovie Smith?

6. Minnesota Vikings vs NFC North

Como fã dos Vikings, não gostei da saída de Jared Allen. Não pelo acto em si, uma mera gestão negocial, habitual quando o cap space dita leis, mas pelo clube que o resgatou na free agency. Ver Allen jogar num rival de divisão será excruciante. Como reagirão os fãs que, fisicamente, estarão lá, no regresso a casa do 69? Terão em linha de conta o enorme profissionalismo que Allen sempre demonstrou em campo? Premiarão as suas exibições, a sua ética de trabalho, o espírito bonacheirão? Ou o azedume por vê-lo com a camisola dos Bears levará a melhor sobre a natureza humana, e os apupos far-se-ão sentir? Teremos a resposta, na NFC North, quando a competição se iniciar. Primeiro na gélida Chicago, depois em Minnesota.

7. Outros Reencontros

Existe ainda um punhado de reencontros que merecem muma nota de rodapé. Julius Peppers será o equivalente de Allen, nos Bears. O defensive end mudou de ares e foi para Green Bay, rival de divisão dos Bears. Duas franquias repletas de história e rivalidade, nem sempre sadia. Chris Johnson, saído dos Titans, defrontará a antiga equipa, agora com o equipamento dos Jets. Gary Kubiak, despedido dos Texans, regressa a Houston com os Ravens, onde desempenha as funções de coordenador ofensivo. Como se vê, jogo a jogo, semana a semana, os motivos para visionar a competição não se esgotam. Bem pelo contrário…

Deixar de lado os reencontros não significa que o interesse esmoreça. Como escrevi acima, o que não falta são jogos e motivos para os visionar. A NFL, sagaz, sabe capitalizar cada um deles. A rivalidade mais acerrada actualmente é qual? É uma pergunta retórica. Durante anos a fio foi vendida, em horário nobre, a disputa territorial entre Steelers e Ravens. Jogos intensos, pontuados por batalhas individuais épicas, tudo envolto num embrulho com algo de belicista, fazendo jus ao ADN de ambas as franquias. Mas, actualmente, essa “guerra” foi suplantada pelo ressurgimento de duas equipas da NFC West. 49ers vs Seahawks é o embate dos tempos modernos que substitui o Steelers vs Ravens. Os jogos, campeões de audiência, têm uma verdadeira constelação de estrelas dentro de campo. E um forte antagonismo entre os clubes. No ano passado tivemos direito a 3 destes emblemáticos confrontos. Dois na regular season e um outro, bem mais importante, na final de conferência. Todos foram enérgicos, disputados no limite, com uma dose enorme de emoção a rodeá-los. Este ano a previsão é a mesma. Dois contendores que se digladiarão, tentando marcar posição. O primeiro deles está marcado para a week 13, em S.Francisco, na emblemática noite de Thanksgiving. Duas semanas depois, na week 15, Seattle acolhe a desforra.

Os Broncos, que devem ter passado a offseason a ferver em lume brando, magicando mil e uma maneiras de se vingarem dos Seahawks, terão essa possibilidade. Mas é aqui que entra o aviso: Cuidado com o que desejas. A equipa de Seattle estraçalhou Peyton Manning e Cª no Super Bowl. Fê-lo de forma admirável, denotando uma superioridade inquestionável. Se fosse eu, queria distância nos tempos mais próximos de Russell Wilson e os seus companheiros. Mas os Broncos terão oportunidade de testar o campeão, no seu próprio terreno, logo na week 3. Será interessante ver se a nova e reluzente colecção de brinquedos de John Elway (DeMarcus Ware, Emmanuel Sanders, TJ Ward) conseguiu encurtar a distância para os Seahawks.

No filão em que se transformou a NFL, as transmissões televisivas têm um peso enorme, atraindo novos públicos, ávido por consumir o produto. É, por isso, compreensível que a NFL tenha decidido esticar a quantidade de jogos fora do padrão normal de transmissões (Domingo e 2ª feira). Os jogos à 5ª feira deixam de ser excepção e passam a regra, com direito a um calendário feito à medida. O Thursday Night Football pretende encurtar a semana para o fã viciado, deixando um espaço temporal mais curto de descanso. A NFL, nesse quesito, foi ardilosa. Podia ter optado por colocar, nesse dia, jogos menos apetecíveis e/ou com equipas menos apelativas do ponto de vista mediático. Mas não. Usaram uma arma de destruição maciça. O TNF irá ter 14 jogos entre rivais de divisão, começando logo na semana 2 com o Steelers contra Ravens. Yippee-ki-yay, motherfucker. Isto sim, é futebol!

É normal, quando a schedule é libertada, fazerem-se exercícios de adivinhação, tentando descortinar quem será a equipa que, vinda dum recorde negativo, mais surpreenderá no novo ano. Ou o inverso. Olhando para o calendário, os Chiefs parecem posicionados para darem um valente passo atrás. Vindos dum surpreendente primeiro ano com Andy Reid, que se iniciou com um 9-0, para depois terminar com um 11-5 e uma dolorosa derrota nos playoffs contra os Colts, os Chiefs viram partir na free agency alguns free agentes importantes. E, pior, vão apanhar pela frente os Broncos (2 vezes), os Seahawks (em Seattle), os 49ers (ida a S.Francisco)e os Cardinals (em Arizona). Como se não bastasse, on the road, há idas a Miami, a Pittsburgh e San Diego. Em casa, o panorama não fica mais fácil, com recepções aos Patriots, Jets e os habituais rivais de divisão. Vida difícil, no pós-sucesso.

Para finalizar, e para todos aqueles que adoraram o Eagles vs Lions do ano passado, jogado sobre um manto de neve e sob condições climatéricas quase insanas, este ano deverá haver reedição. Os Vikings deixarão de ser, nos próximos dois anos, uma equipa de dome, jogando no emprestado estádio da universidade local. O que isso significa? Good news para quem adora jogos disputados sob os elementos da natureza. O Inverno, em Mineapolis, é duro e com borrascas/tempestades de neve. Apontem aí: semana 14 e 17, os dois últimos jogos dos Vikings em casa, contra Jets e Bears, respectivamente. Com uma pequena ajuda da metereologia, vamos ter neve, neve e mais neve. E 22 jogadores em campo, lutando contra a adversidade. Não podia haver melhor cartão postal para promover o desporto, pois não?

Inspirado no artigo de Don Banks, sportsillustrated.cnn.com

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.