Third Down Nightmare, by Washington Redskins

Paulo Pereira 20 de Julho de 2015 Equipas NFL, NFL Comments
Washington Redskins

Third Down Nightmare, by Washington Redskins

Primeiro down. É a altura do jogo mais relaxada, quer dentro, quer fora de campo. O fã, nas bancadas ou em casa, não sente (ainda) a pressão de ver a jogada a ser bem-sucedida. Lá dentro, a abordagem pode variar entre o conservador, endossando a bola ao running back e esperando que este galgue as 10 jardas necessárias para novo primeiro down, ou ser mais ousada, apostando no passe e na miríade de jogadas/rotas disponíveis.

Segundo down. Não é, ainda, a altura de roer as unhas, dos semblantes carregados, do nervosismo que começa a corroer as entranhas, enquanto se reza em surdina a todos os deuses conhecidos. Não. O botão de pânico ainda não foi carregado. Se estamos aqui, neste 2º down, é porque a jogada laboriosamente criada nos gabinetes e ensaiada vezes sem conta nos relvados não resultou. Pelo menos, totalmente. Ainda se pode arriscar, ser criativo, usar um estratagema que congele momentaneamente os adversários.

Terceiro down. Eis-nos perante o abismo. Nas bancadas, os adeptos afectos às cores de quem ataca suspendem a respiração, até ao limite possível. Ficam presos num limbo particular, ansiando por ver a bola, carregada por um jogador, transpor a marca visível de novo down. Na sideline nota-se, sendo quase palpável, a preocupação. Homens com auscultadores presos à cabeça dão instruções, de forma sigilosa, evitando dar vantagem a quem os possa ver. Sabe-se a importância do down. É aqui, nesta altura crucial, que se decidem jogos. Que se traça uma divisão entre vencedores e vencidos. Entre vitória e derrota.

Pronto. Não vos maço mais. Criei o cenário e coloquei as peças de xadrez nos seus locais. E agora? Agora, para que se perceba o quão intimo do triunfo ou desaire está a taxa de conversão de terceiros downs, vamos a uma história. Com um protagonista que elucida bem o escrito acima. Paremos na capital. No feudo de Dan Snyder, o obscenamente rico dono dos Redskins. A franquia, que persegue sob a égide do seu dono, a glória de antigamente, tornou-se um cemitério de técnicos reputados e de jogadores afamados. Sem estabilidade, os projectos vão-se sucedendo. Um após outro. Jay Gruden tornou-se o escolhido para liderar a reestruturação da franquia. No seu ano 1, a lei de Murphy actuou. Tudo o que podia correr mal… correu mesmo. Gruden viveu 12 meses num casamento de conveniência com o franchise quarterback da equipa, Robert Griffin III, por quem tinha sido pago o resgate de um rei, no draft que o elegeu. Entre avanços e recuos, facadas nas costas, amuos e reconciliações, a temporada foi desastrosa. Um 4-12 final que torna imperial, em 2015, uma melhoria. As explicações para o descalabro já foram escritas, inúmeras vezes, em sites especializados. Mas vi uma estatística que ajuda a explicar, sem grandes palavras, onde residiu o problema.

Os Skins tiveram, em 2014, 197 jogadas em 3º down. O resultado das mesmas foi:

  • 6 intercepções (3 por RG3 e as restantes por Kirk Cousins);
  • 7 fumbles (um de RG3, 2 de Cousins, 2 de Colt McCoy e 2 de receivers, após completarem a recepção). 3 dos fumbles foram recuperados pelos Skins;
  • 23 sacks sofridos (12 em RG3, 7 em McCoy e 4 em Cousins);
  • 35 passes completos, dos quais não resultou um first down (algumas das jogadas realmente desconcertantes, como passes de 7 jardas em jogadas de 3-and-15);
  • 6 scrambles (5 de RG3 e 1 de McCoy, tendo daí resultado apenas um first down);
  • 10 handoffs para o running back, em jogadas de 3-and-1 ou 3-and-2. Alfred Morris foi parado 3 vezes, em 3-e-1, tendo concretizado outras três;
  • 6 handoffs em 3-and-10. Obviamente, sem resultados práticos e sem nenhum first down obtido;
  • No total, em 38 3-and-10 ou maior, os Skins converteram apenas 5 jogadas em first downs.

E pronto. É isto, despido até à sua essência. Quando uma equipa tem um aproveitamento tão pobre/patético ao enfrentar um 3º down, ao longo da época, não pode desejar melhor sorte do que a que teve. E a culpa não é só de RG3, do seu joelho inconsistente ou dos problemas de mecânica no lançamento ou no footwork. Isso é uma falácia simplicista, em que só acredita quem quer. É bem mais profundo e transversal a todo o roster, incluindo a equipa técnica. Será no debelar desta fraqueza que residirá o sucesso para a temporada que se avizinha.

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.