Resumo Week 14 – Parte I

Paulo Pereira 13 de Dezembro de 2012 Análise Jogos NFL, Sem categoria Comments

New Orleans Saints, 27 @ New York Giants, 52

Os Giants levam a peito a expressão “next man up”. As lesões aparentam não constituir qualquer problema na franquia. Stevie Brown é um desses exemplos. Destinado a ser um mero backup, com direito a poucos snaps por jogo, tornou-se titular após uma das regulares onda de lesões no roster. As suas duas intercepções elevam o seu total para 7, na temporada, tornando-o um dos melhores activos dos Giants na defesa;

Não é só a defesa que tem direito ao seu quinhão de histórias redentoras. André Brown tornou-se uma daquelas “feel good stories”, ascendendo na importância crescente no jogo corrido. A sua lesão grave abriu portas a David Wilson, rookie vindo de Virgínia Tech e caído em desgraça após alguns erros comprometedores no início. Wilson conseguiu o jogo da sua ainda curta carreira. Começou num explosivo retorno de 97 jardas, marcando um TD. Continuou depois, como alternativa fiável a Ahmad Bradshaw no jogo corrido. Mais fresco, explorou as inúmeras debilidades da defesa dos Saints, para marcar mais 2 TDs e amealhar um total de 100 jardas. Impressionante.

Os Saints caíram com estrépito. Drew Brees e o ataque ainda foram conseguindo camuflar as carências da equipa. Mas, quando o quarterback começou a perder o rumo, entrando no pior período da sua carreira (são 9 intercepções nos últimos 3 jogos), a equipa desabou por completo. A defesa é uma miséria, permissiva no passe e incapaz de estancar o jogo corrido. Contra os Giants salvou-se da mediocridade Darren Sproles, marcando 2 TDs, coleccionando 84 jardas e sendo sempre uma ameaça letal. Também Joshua Morgan, um wide receiver rápido, mostrou qualidade como deep threat, conseguindo 106 jardas em apenas 2 recepções. Quanto ao resto, tudo demasiado mau, desde o special team que permite retornos com imenso ganho de terreno (para além de DavidWilson também Jerrel Jerrigan conseguiu 60 jardas num retorno), até à defesa, extremamente permeável ao passe. Um THE END na temporada, sem honra nem glória.

Chicago Bears, 14 @ Minnesota Vikings, 21

Nas bancadas do estádio dos Vikings já se grita, com toda a propriedade, MVP, MVP, MVP. Adrian Peterson, conhecido como All Day e, mais recentemente, Purple Jesus, é a história do ano, surgindo ainda mais imparável após uma lesão traumática. Abriu hostilidades logo na 1º jogada do desafio, com uma corrida de 51 jardas. Terminou o 1º período com 2 touchdowns e 104 jardas corridas. Findou a partida com mais 154 jardas para o pecúlio anual, numa mostra de qualidade que o torna, indiscutivelmente, o melhor running back da liga. A história não termina aqui. Adrian Peterson leva 1600 jardas, a 3 jornadas do final. O seu melhor ano, em 2008, terminou com 1754. Será possível chegar, pela 1ª vez, à mítica marca das 2000 jardas? Poderá o fantástico recorde de Eric Dickerson, o running back dos Rams em 1984, de 2.105 jardas, estar ameaçado? Ele pensa que sim, mas o facto de ser agora a única arma do ataque, com Percy Harvin lesionado e Christian Ponder em queda livre exibicional, torna a tarefa quase utópica. Mas, em relação a AP, é esperar para ver…

Os Bears, depois do 7-1 inicial, vão em 4 derrotas nos últimos 5 jogos. Já não é só a liderança na NFC North que está em perigo. É o próprio apuramento para os playoffs. Sem Brian Urlacher e Tim Jennings, a defesa soçobrou na tentativa de parar Adrian Peterson. Com Cutler igualmente desastrado, o único destaque positivo continua a ser Brandon Marshall. O wide receiver, completamente transfigurado nesta sua vinda para Chicago, conseguiu mais um jogo acima das 100 jardas (foram 160 e 1 TD), obtendo igualmente mais uma marca notável: passou das 100 recepções na temporada (é a 4ª vez que isso acontece, na sua carreira).

Tennessee Titans, 23 @ Indianapolis Colts, 27

Continua o efeito Andrew Luck a varrer a cidade de Indianápolis. O rookie nem realizou uma grande partida, completando menos de 50% dos seus passes, mas liderou nova winning drive, colocando de forma inesperada os Colts às portas dos playoffs. Na difícil vitória caseira, outros nomes imperaram, conseguindo mostrar que a renovação efectuada no início do ano tem valido a pena. Cassius Vaughn, com uma intercepção crucial, e Vick Ballard, o rookie running back, foram instrumentais na reviravolta. Ao intervalo, os Titans estavam confortavelmente na liderança, vencendo por 20-7;

Se o jogo terminasse ao intervalo, estaríamos a escrever loas a Jake Locker. O quarterback dos Titans esteve perto da excelência, falhando apenas 4 passes na primeira parte e liderando drives cirúrgicas. O pior veio depois, com a sua pick 6, num erro tremendo, a ser o momento galvanizador para o adversário.

Dallas Cowboys, 20 @ Cincinnati Bengals, 19

Jogo carregado de emoções, após nova tragédia que, desta feita, bateu à porta da equipa de Dallas. Com um dos elementos da practice squad morto e outro colega de roster indiciado por homicídio involuntário, os Cowboys jogavam muito do sucesso da temporada nesta partida. A vitória, arrancada quase no último suspiro num field goal de Dan Bailey, manteve a franquia viva na difícil NFC East, com 7-6. O triunfo deu igualmente razão à paciência que Jerry Jones, o todo-poderoso dono da equipa, tem tido. Anthony Spencer, fortemente criticado em 2011, tem estado num nível elevado, tendo sido o melhor elemento em campo. Jogando do lado oposto a DeMarcus Ware, o linebacker foi espantoso no pass rush, criando sempre enormes dificuldades à OL contrária. A tolerância também se verifica no crescimento do enfant terrible que é Dez Bryant. Com tanto de talento quanto de problemático, o wide receiver tem estado em bom nível, contribuindo com rotas precisas e recepções importantes à confiança que em si depositaram. Nos últimos 5 jogos, Bryant marcou 7 TDs e conseguiu 33 recepções, para 525 jardas

Os Bengals, vindos de 4 vitórias consecutivas, claudicaram de forma inesperada, quando venciam por 19-10 no 4º período. Desta feita AJ Green não foi o factor diferenciador, bem marcado por Brandon Carr (o cornerback dos Cowboys fez a sua melhor exibição da época, conseguindo uma intercepção), com o grosso dos aplausos a irem para Andrew Hawkins, o wide receiver que passou algum tempo na liga do Canadá. Bom no slot, foi dinamizador no ataque, conseguindo um belo TD. Uma palavra final para um forte candidato a Defensive Player of the Year: Geno Atkins é um monstro, claramente num patamar de qualidade acima de todos os outros intervenientes no jogo. Um defensive tackle sólido contra a corrida mas igualmente forte contra o passe.

Kansas City Chiefs, 7 @ Cleveland Browns, 30

O crescimento sustentado dos Browns tem dado frutos recentemente, com 3 vitórias consecutivas, tornando-se num adversário a evitar. Com um ataque que tem algumas armas (Trent Richardson, se tarda em fazer um jogo acima das 100 jardas, continua a ser uma ameaça letal na goal line e em terceiros downs) e uma defesa sólida, os Browns podem ter esperança num futuro melhor, a curto prazo. Destaques no jogo para Jabaal Sheard que, mesmo longo do fulgor de 2011, conseguiu um belo jogo, imperial como run defender e pressionante no ataque ao passe e para o veterano Sheldon Brown, que realizou novo jogo meritório como cornerback, secando por completo Dwayne Bowe

Nos Chiefs, depois da épica vitória na semana passada, que serviu para homenagear a morte de Jovan Belcher, a derrota constituiu o regresso à normalidade. Num jogo em que existia a curiosidade do regresso de Rome Crennel, Peyton Hillis e Brady Quinn a Cleveland, o único destaque positivo foi o explosivo Jamaal Charles. O running back, que correu 165 jardas, iniciou o jogo em grande estilo, com uma poderosa arrancada que terminou em TD. Pena que a lesão sofrida o tenha afastado do jogo, ainda numa fase prematura. No resto, nota mais para um dos melhores cornerbacks da liga, Brandon Flowers, que esteve em bom plano, e nova exibição inócua de Dontari Poe. O rookie, nose tackle, escolhido em 11º no draft, não tem correspondido às expectativas. E é pena ver uma equipa com tanto talento na defesa (Tamba Hali, Derrick Johnson, Justin Houston, Eric Berry) soçobrar de forma regular, em todos os jogos.

Nota final para o bombástico retorno de um punt, por parte do rookie Travis Benjamin. 93 jardas electrizantes, feitas de fintas, velocidade estonteante e capacidade de aceleração. Um dos melhores touchdowns do ano!

Miami Dolphins, 13 @ San Francisco 49ers, 27

Se a derrota, na semana passada, frente aos Rams reacendeu o debate sobre a justiça de Colin Kaepernick ser o titular, a polémica encerrou novamente após nova exibição superior do ex-jogador de Nevada. Kaepernick esteve excelente no passe, conseguindo 18/23, 185 jardas, um rating de 100,2 e um passe para TD. Mas, para além disso, revelou o dinamismo que o diferencia de Alex Smith. Com as pernas, Kaepernick é mortífero, conseguindo sempre estender jogadas que parecem perdidas. E a sua corrida, no último período, para um TD de 50 jardas, foi apenas a cereja no topo do bolo, ilustrando o mundo de possibilidades dos 49ers, com ele no comando do ataque.

Nem só de Kaepernick é feita a história recente da franquia de San Francisco. Outro jovem, igualmente no seu 2º ano, tem deslumbrado. Aldon Smith é hoje o melhor pass rusher da liga, evoluindo agradavelmente num espaço de 12 meses. De mero linebacker situacional, usado de forma limitada em jogadas de passe, até a um jogador fulcral no núcleo defensivo, foi um mero passo. Smith entrou no jogo com 17,5 sacks, empatado na história da franquia com Fred Dean. Os dois conquistados colocam-no no topo do clube e, igualmente, na NFL. É mais um desafio interessante a acompanhar, nas últimas 3 jornadas. Faltam 3,5 sacks para Aldon Smith bater o recorde de Michael Strahan, de 22,5. Com um dos jogos a ser contra os Cardinals, que pateticamente se arrastam em campo, parece que a marca irá ser ultrapassada, de forma bem impressiva. Merece crédito também Justin Smith, que suporta muitas vezes duplos bloqueios, abrindo espaço para as incursões de Aldon.

Se é de saudar a estreia de LaMichael James, o rookie RB vindo de Oregon, a contínua produção de Michael Crabtree, após as recepções e mais uma temporada acima das 1.000 jardas, de Frank Gore, os 4 sacks sofridos por Kaepernick revelam alguma porosidade na linha ofensiva;

Detroit Lions, 17 @ Green Bay Packers, 27

Continua a seca dos Lions, que não vencem os Packers no seu terreno há 21 anos. Esteve perto, desta vez. Em condições atmosféricas extremas, com a neve a prejudicar o jogo aéreo, os Lions pareciam ter descoberto a fórmula para vencer, colocando a bola nas mãos dos running backs Mikel Leshoure e Joique Bell. Os 14-0, no 1º período, faziam antever uma noite de glória para a equipa de Detroit, que lamenta ter perdido demasiados jogos por diferenças de apenas um parcial, no marcador. Mas dois erros de Matthew Sttaford e a presença de Aaron Rodgers, do outro lado, inverteram a tendência inicial.

Calvin Johnson continua o momento de forma transcendente. Mesmo em condições extremas, Megatron foi sempre perigoso, conseguindo esticar várias drives mercê de cirúrgicas recepções. Conseguiu novo jogo acima das 100 jardas (118), perseguindo o recorde de Jerry Rice. No jogo aéreo, nota para o aparecimento de Kris Durham, que recebeu um passe, realizando uma acrobática recepção com apenas uma mão.

Aaron Rodgers é, provavelmente, o quarterback mais cool da NFL. No pocket parece possuir um sentido extra, que o avisa das investidas contrárias. Excelente no timing, encontra quase sempre um alvo a quem endossar a bola ou, em alternativa, resolve o assunto por si mesmo. Como no belo TD marcado, numa corrida de 30 jardas, mostrando um controlo perfeito do ataque. Nem só de Rodgers foi feita a recuperação dos Packers. O jogo corrido teve, finalmente, expressão, com Alex Green e o estreante DuJuan Harris a conseguirem 140 jardas terrestres, coadjuvados pelo regressado Ryan Grant. Na defesa, mesmo sem os emblemáticos Clay Matthews e Charles Woodson, a tarefa foi cumprida, com colaborações de Casey Heyward, um dos cornerbacks que merece ser destacado, na liga, e de Mike Daniels, o rookie defensive tackle, que quebrou o momentum dos Lions recolhendo o fumble de Sttaford e correndo com alguma graciosidade para a end zone.

Arizona Cardinals, 0 @ Seattle Seahawks, 58

Sim, não existe qualquer gralha no resultado. O correctivo foi mesmo esse. Rotundo e exclamativo, num encontro entre rivais de divisão que mostrou um oceano de diferenças entre os contendores. Os Cardinals continuam a via-sacra, depois das 4 vitórias iniciais. Os problemas no ataque são muitos, passando por uma OL que não protege ninguém, e terminando no caos que se tornou a posição de quarterback. Existia alguma esperança que o regresso de John Skelton à titularidade trouxesse qualidade ao jogo aéreo. Mas essa expectativa durou pouco tempo. Skelton jogou de forma horrível, sempre acossado no pocket e incapaz de ser preciso no passe. Foi interceptado 4 vezes, mostrando que depois da experiência com o rookie Ryan Lindley, esta também não durará. Entretando foi resgatado das waivers Brian Hoyer, antigo backup de Tom Brady. Será desta que os Cardinals acertam na escolha? Torna-se motivo de piedade ver um receiver como Larry Fitzgerald passar jogos inteiros sem ser servido com qualidade. Um enorme desperdício.

Mas nem só no ataque os Cardinals estiveram mal. O que dizer de Patrick Peterson, cornerback e homem dos retornos, que no ano passado marcou 4 touchdowns, retornando kicks e punts? Peterson foi directamente responsável por 14 pontos adversários, tendo fumbles comprometedores em dois punts, em zonas proibitivas. De resto, a ideia que passa é que a equipa desistiu de lutar, arrastando-se de forma patética em campo.

Os Seahawks continuam a perseguir o sonho dos playoffs, com as qualidades reconhecidas a virem ao de cima. Russell Wilson não teve um jogo particularmente brilhante (foi interceptado uma vez), mas contribuiu para a fluidez do ataque. O principal destaque foi mesmo o jogo corrido, onde Marshawn Lynch marcou 3 TDs e chegou às 122 jardas corridas. O seu backup, o rookie Robert Turbin, conseguiu a sua melhor prestação na temporada, obtendo pela primeira vez na carreira profissional a marca de 100 jardas corridas. Destaque ainda para a participação inesperadamente gorda em números do tight end Anthony McCoy, que se tornou o principal alvo de Wilson no jogo, conseguindo 105 jardas em apenas 3 recepções. A defesa não se ressentiu da ausência forçada do cornerback Pro Bowler Brandon Browner, suspenso por 4 partidas por uso de substâncias proibidas. Numa defesa notoriamente jovem, sobressaiu o rookie linebacker Bobby Wagner, com duas intercepções, continuando a mostrar enorme qualidade neste seu ano de estreia. Wagner entra nas cogitações finais para a escolha do rookie defensivo do ano

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.