O Cosmos da Bola Oval

João Malha 2 de Fevereiro de 2014 NFL, Superbowl Comments
Seahawks vs Broncos

O Cosmos da Bola Oval

Faltam poucas horas para o grande jogo. O mais esperado da época. Super Bowl XLVIII. Na cidade que nunca dorme. A cidade que faz parte do imaginário de milhões. Que é palco de alguns dos mais memoráveis filmes do cinema. Será também palco de um dos mais inesquecíveis Super Bowls da história da NFL?

E que mais se podia desejar quando temos pela frente o melhor ataque contra a melhor defesa? E simultaneamente as duas equipas que ficaram em primeiro na AFC e NFC?  Os astros parecem ter-se alinhado. Deu-se o Cosmos. Ou como Carl Sagan o definiu “tudo o que já foi, tudo o que é e tudo que será”.

Esta será a quinta vez que a melhor defesa e o melhor ataque se defrontam no Super Bowl. E já lá vão 24 anos desde a última vez, quando em 1990, Giants e Bills se encontraram no jogo decisivo apresentando igual registo. Curioso é que nos quatro anteriores confrontos semelhantes, apenas por uma vez o melhor ataque se superiorizou à melhor defesa, foi em 1989, na vitória dos 49ers contra, curiosamente, os Broncos.

Este é também o 10º confronto entre as top seeded teams (primeiro na época regular) de cada uma das conferências. A última foi em 2009, com os Saints a vencerem os Colts em Miami. E quem era o QB dos Colts? Peyton Manning…

Outro dado estatístico de relevo é o facto de ser a quarta vez que o Quarterback (QB) que lidera a temporada em jardas de passe e passes para Touchdown (TD) – os outros três foram Dan Marino, Kurt Warner e Tom Brady – chega ao SB.. Nota: todos perderam…

Manning vai ainda tentar escrever história, pois em caso de vitória, será a primeira vez que um QB o consegue em duas equipas distintas ao longo da carreira.

Mas nem tudo são dados estatísticos assustadores para a equipa do Colorado. As equipas da NFC West (divisão dos Seahawks) têm uma série consecutiva de quatro derrotas nos últimos 12 anos. Cada uma delas chegou ao Super Bowl (Seahawks, 49ers, Rams e Cardinals) mas sempre saíndo com o peso da derrota. Se no caso dos 49ers que têm cinco títulos e os Rams um, já sabem o que é o sabor do título da NFL, o mesmo não se passa com os Cardinals e Seahawks que apenas lá chegaram uma vez e como referido, sem sucesso.

Manning Vs Sherman

Muito se tem falado ao longo das últimas duas semanas sobre o frio e a neve de Nova Iorque. Mas o nevão deixou de ser ameaça e apenas o muito frio com temperaturas ligeiramente negativas parece poder ser um factor de influência para a decisão.

Mas mais do que falar da meteorologia (não temos o Antímio de Azevedo na nossa equipa… o que é uma falha nossa), importa falar dos trunfos e dos factores que podem ser o Big Bang do Super Bowl XLVIII. O primeiro da história ao ar livre com um clima invernal.

E quando vamos às chaves que poderão decidir a contenda, muito nos surpreenderá se os nomes Manning, Lynch e Sherman não fizerem parte da equação.

Os Denver Broncos

Do lado dos Broncos (ler Road to The Super Bowl dos Broncos), todas as fichas no ataque, apesar do excelente nível demonstrado pela defesa nos Playoffs. Peyton Manning quer tornar-se uma lenda e precisa desta vitória para o fazer (apesar de ser certa a sua presença no Hall of Fame). Provavelmente já não terá muitas oportunidades para viver novo Super Bowl. Tem 37 anos e caminha a passos largos para o fim.

O slot de receivers do ataque lidera ajuda a justificar os vários recordes que bateu em 2013, como o número de jardas de passe (5477) ou o número de passes para TD (55). Os Wide Receivers Demaryius Thomas, Erick Decker e Wes Welker e o Tight End Julius Thomas são um naipe de trunfos que tornam mais fácil a vida a Peyton Manning. Demaryius foi o quarto melhor receiver da Regular Season e Decker o 12º, com os dois juntos a somarem 25 TD, quase metade dos que Manning conseguiu por passe.

Os Seattle Seahawks

Porém, pela frente terá a melhor defesa da época (ler Road to The Super Bowl dos Seahawks) e o muito frio que se fará sentir esta noite. Factores que poderão ser determinantes. O frio, pela falta de sensibilidade que provoca nas mãos, dificulta sobremaneira o passe e a recepção. E se isso já é uma barreira, o que dizer de Richard Sherman, o Cornerback dos Seahawks, que liderou a liga em intercepções (8), sendo a figura principal da Legion of Boom, a aterradora secundária da equipa do noroeste dos Estados Unidos.

O menor número de jardas permitidas, menor número de pontos sofridos, menos número de TD concretizados pelos adversários, 24 fumbles forçados, 15 deles recuperados e três resultando em TD, a que se juntam 28 intercepções. Chega para assustar? Richard Sherman, Kam Chancellor e Earl Thomas são as três figuras que prometem pesadelos a Manning. Contudo, curiosamente, perante Drew Brees, o segundo melhor QB da época em termos estatísticos, não somaram qualquer intercepção… apesar de terem ganho os dois jogos em que defrontaram a estrela dos Saints este temporada.

O último elemento desta equação que acreditamos poderá decidir o já chamado de Snow Bowl será Marshawn Lynch. O Running Back dos Seahawks, o grande aríete ofensivo desta equipa, conhecido como The Beast e louco por Skittles. Num jogo de muito frio, o jogo pelo chão costuma ser o factor-chave e antes da bola começar a voar no Metlife Stadium, parece óbvio a vantagem dos Seahawks a este nível.

Lynch somou 1257 jardas e 12 TD’s na regular season, sendo o sexto melhor Running Back, mas nos Playoffs é o melhor na posição, com 249 jardas e 3 TD’s, o que demonstra o seu momento de forma. Será fundamental para a defesa dos Broncos conseguir suster o poderio de Lynch, pois os Seahawks têm apresentado limitações no jogo pelo ar.

Terá a palavra Russel Wilson, o jovem QB da equipa de Seattle, na sua segunda temporada na NFL, que apresenta como grande qualidade o read option (leitura da jogada após a saída da bola), enganando por completo as defesas contrárias quando muda a jogada quando a bola já está em jogo. O regresso do WR Percy Harvin, que praticamente não jogou toda a temporada, abre mais opções a Wilson no passe, mas teme-se como aconteceu ao longo da época, um pequeno espirro de Harvin o possa colocar fora da partida.

Tudo está preparado para um jogo épico! Omaha ou Boom? Qual será a palavra que vingará no final da contenda?

 

About The Author

João Malha

Profissional da área de comunicação e marketing, e sempre ligado ao desporto, sempre me fascinou o conceito de showbiz dos norte-americanos no que toca à promoção de qualquer espectáculo desportivo. Quando em 2003, a SportTv transmitiu pela primeira vez o Super Bowl, com estrondosa vitória dos Buccaneers de John Gruden sobre os Raiders, a curiosidade cresceu e ano após anos comecei a seguir as transmissões do maior evento desportivo mundial. Mas como em tudo na vida (pelo menos na minha forma de estar), é preciso um motivo mais forte para nos agarrarmos às coisas. Uma paixão que nos alimenta. E foi isso que aconteceu em 2010, aquando da final de Miami, ganha pelos Saints frente aos Colts do lendário Peyton Manning. Nesse dia senti finalmente que aquela era a minha equipa! E o aparecimento da ESPN America ajudou a não mais largar este desporto espectacular, que sigo semanalmente. Na Week 1 da temporada 2012/2013, cumpri o sonho de ir ver um jogo dos Saints ao vivo, ao Mercedes-Benz Superdome. Não vi os Saints vencerem, mas quem sabe se não terei a oportunidade de dizer que assisti ao primeiro jogo na NFL de um dos maiores QB’s da sua história, Robert Griffin III. Ver os Saints ao vivo foi uma experiência única que me faz olhar para o desporto com outros olhos. Quero saber mais e mais sobre o jogo, a sua história, lendas, regras, tácticas, etc. Let’s play ball!!!!